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sábado, 26 de maio de 2012

FENOMENOLOGIA EM COMUNICAÇÃO COM O AMOR


* Por Cinthia Vilas Boas

fenomenologia é uma postura que reformula o entendimento a respeito das coisas mais básicas. A fenomenologia nasce a partir das análises sobre a intencionalidade da consciência humana, tratando de descrever, compreender e interpretar os fenômenos que se apresentam à percepção. Assim sendo, a consciência não é uma substância, mas umas atividades, constituídas por algo, percepção, imaginação, especulação, volição, paixão, etc... Com os quais visa algo intencional.

A fenomenologia procura abordar o fenômeno, aquilo que se manifesta por si mesmo, de modo que não o parcializa ou o explica a partir de conceitos prévios, de crenças ou de afirmações sobre o mesmo, enfim, de um referencial teórico. Entretanto, ela tem intenção de abordá-lo diretamente, interrogando-o, tentando descrevê-lo e procurando captar sua essência. Esse método, denominado método fenomenológico se define como uma “volta às coisas mesmas”, isto é, aos fenômenos, aquilo que aparece à consciência, que se dá como objeto intencional, não só o “agora”, mas a inter-relação de pessoa, objeto, experiência, passado, presente ou futuro. Para tudo isso, faz-se necessário um método próprio que focalize a experiência vivida e sua significação.


Experiências vividas e as significações atribuídas por quem passa pela experiência, só podem ser comunicadas na sua maior autenticidade por protagonistas. Ressaltando que não se pode separar o sujeito que questiona e aquele que é questionado; sujeito e objeto constituem uma mesma relação, sendo a mesma, um diálogo entre o Eu e o Tu. Ai esta a redução fenomenológica. O Eu-Tu é o instante no qual o indivíduo está mais próximo dos sentimentos do outro, fazendo deste o momento onde um Eu se mostra para seu Tu, deixando fluir as potencialidades do outro através de umprocesso dialético, que posteriormente se transforma em alteridade.

O Amor nas teorias psicológicas
De acordo com a visão psicanalítica freudiana, o amor surge das pulsões sexuais, ou seja, é consequência do fato de uma pessoa ser responsável pela satisfação sexual da outra, uma transferência do amor edipiano, no qual a menina tem como primeiro objeto de amor o pai e o menino, a mãe. Para Melanie Klein e demais discípulos de Freud, o amor faz parte da teoria das relações objetais, diferindo pela não utilização do Complexo de Édipo para explicar a transferência de afeição ao pai do sexo oposto, mas sempre pela mãe. Assim, o amor adulto baseia-se no amor materno com probabilidade antagônica de ser imitativo ou oposto.
Conforme Skinner e o behaviorismo, o amor é construído pelo reforçamento que nem sempre é contínuo, podendo elucidar-se de forma intermitente. Sendo a relação, um impulso primário, inato, associado com a necessidade biológica e diretamente envolvido com a sobrevivência do organismo.
Para fenomenologia, o amor é uma arte que necessita ser desenvolvida com acurácia, exigindo condições de conhecimento acerca do seu significado real, mesmo que esse conhecimento esteja camuflado pelos intempestivos arroubos da paixão. A vivência do amor é constituída por uma inter-relação Eu-Tu, na qual se busca a autenticidade e a compreensão do ser amado. Segundo a visão fenomenológica, a intenção da consciência é primordial para a percepção dos fenômenos (Intensão); há necessidade de se despir da ignorância que o primeiro julgamento provoca e tentar conhecer o que se passa dentro e fora do sujeito questionado. O encontro de amor pressupõe justamente essa lógica, à medida que o tu-amado recebe o apelo do eu-que-ama e se desvincula das atribuições atrativas do outro, torna-se um ser-junto em essência. Não se observa, pois, facticidade nessa relação, mas sim uma subjetividade advinda do apelo amoroso que torna a existência do ser amado mais profunda.

Comunicação do amor
A comunicação sempre acontece, basta ter um olhar afinado para que se possa perceber. Ela pode ser objetiva ou subjetiva. Todavia, a exposição da subjetividade nas relações pode causar desconforto ao indivíduo, já que se espera a comunicação do que é sentido por ele, e essa expressão é muitas vezes tida como “difícil”, talvez pelo uso inadequado de vocábulos que indicam apenas uma insípida sentimentalidade e deturpam o sentimento. Tudo que é objetivo é mais fácil, o que não significa a mesma facilidade em comunicar.
Ao se fazer um elo entre a fenomenologia e o amor é inevitável argumentar que a busca pela significação da essência da inter-relação eu-que-ama e tu-amado, encontra-se fundamentada pela liberdade e criatividade do indivíduo. O apelo amoroso ao ente amado não significa que o que ama queira obrigar, dominar ou possuir o outro. O amor deseja a liberdade desse tu-amado, levando-o a sua própria liberdade de escolha de caminhos, tornando-o, este outro, responsável por sua própria atitude.
O testemunho mais eloqüente da criatividade do sujeito, enquanto amante, é a consciência de não estar mais “sozinho”, porque além de ajudar na formação do outro, o amor cria um “nós”, um “juntos”, diferente do que se experimenta com qualquer “nós” vivido em todos os outros tipos de encontros e capacitando o eu-que-ama a superar o isolamento das demais pessoas, mantendo ao mesmo tempo a integridade individual.
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Cinthia Vilas Boas é Psicologa e Dirigente do Movimento Negro - APNS


Um comentário:

  1. este texto me parece ser retirado de um site de Psicologia : https://psicologado.com/abordagens/humanismo/eu-tu-uma-fenomenologia-do-amor

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