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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

A visão mercadológica da política eleitoral conquistense




* Por Herberson Sonkha

Pensar na política conquistense é, sobretudo, fazer uma análise histórica do cerne dos acontecimentos eleitorais no município. Normalmente o senso comum induz ideologicamente as pessoas a pensar, independente de sua classe social, a política como sendo um comportamento mercadológico, portanto, mercadorização das relações política. Esta transformação conceitual das relações sociais faz subsumir o caráter transformador da política, transformando-a em mero joguete de forças, passando a atuar simplesmente como trocas de favores. Portanto, as eleições constitui-se num momento para os depauperados realizar trocas.


Como todo mercado move-se pelo fetiche, os agentes que operam a política institucional tornaram-se objeto deste fetiche, decompondo o caráter transformador da ação política num pobre mercado de trocas, com grandes investimentos imediatos. Por quê? Há inúmeras explicações esses fenômenos.

Para melhor analisa-lo é possível organizá-los por aproximação em três categorias para compreender a dinâmica deste despolitizado “mercado de investimentos”. 1) hereditário; 2) financista; 3) coletivo.

Os agentes hereditários aqui observados são aqueles que derivam da tradição sociopolítica do século passado, conhecido pelas suas características coronelistas. Não há um projeto político de transformação social que justifique seus pleitos e por isso buscam manter a prática patrimonialista e assistencialista. Observa-se a presença de acordos fisiológicos com lideranças ligadas ao associativismo visando constituir uma capilaridade e consequentemente a densidade eleitoral necessária para eleger.

Os agentes financistas também observados aqui são aqueles patrimonialistas que apesar de possuir características dos agentes hereditários, não são iguais. Além de negar qualquer tipo de ação popular fazem a financeirização do processo eleitoral. O perfil destes agentes é diferenciado, pois, na maioria das vezes possuem formação superior e retórica tecnocrata. Também não há um projeto de transformação social, pelo contrário, de conformação social. Sua práxis social é afirmação da sociedade atual e visam minimizar os efeitos deste modelo de sociedade. Por serem patrimonialistas estes agentes fazem grandes investimentos neste mercado, profissionalizando as relações partidárias, operando valores estratosféricos com contratações precárias de desempregados, peças publicitárias enganosas para propagandear a imagem de agentes sérios e comprometidos com o social.

Os agentes coletivos atuam no lócus politicus visando transformação social, portanto, são aqueles que militam em associações, sindicatos, órgãos de classe, movimento estudantil, étnico, gêneros e propõe ruptura com o modelo de sociedade estabelecida. No que pese compreender que o Estado é um espaço de disputa de projetos políticos de governo, não obstante, reconhece seu caráter fundante burguês. Diferente dos hereditários e financista estes agentes são fortemente influenciados por teses revolucionárias e defendem formas de organização populares. O projeto político que dá sustentação a militância é o socialismo.

A partir desta rápida analise dos agentes políticos que operam na política conquistense podemos compreender cada discurso. Outra questão a ser observada aqui é fonte mantenedora dos gastos realizados neste período são diversas e muitas vezes omissas. O volume de dinheiro que circula em torno deste mercado é absurdo e possuem dois aspectos, a saber: os declarados ao fisco e os não declarados, que na maioria das vezes surpreende quando observados contabilmente.

Este mercado possui um sistema nevrálgico de caráter econômico e opulento. Seus agentes são empresários, altos dirigentes concursados e agentes de confiança da máquina estatal. Além de participarem do processo eleitoral com suas presenças, lideranças, recursos financeiros contam com uma pernóstica postura de preconceito, racismo, homo-lesbofobia e exclusão das lideranças ligadas aos movimentos sociais.

Por fim, cabe aqui uma última análise da política conquistense no sentido de afirmar que a proposta de alternância de governos nas sociedades capitalistas a partir das eleições democráticas padece por ser subsumida pelas regras de mercado. O dinheiro ainda exerce forte influencia, senão determina em ultima instancia as disputas eleitorais e, na maioria das vezes, põe em risco governos avançado e sua legitimidade, além de inviabilizar a gestão popular.
segunda-feira, 10 de setembro de 2012

“Aos amigos, tudo. Aos inimigos, os rigores da lei”



* Por Lúcia Maria Rodrigues

Faz anos vem sendo plantado pela mídia o conceito de que TODO POLÍTICO NÃO PRESTA. O Congresso não presta, o governo não presta, ninguém presta, na área política. Isto começou a acontecer com o fim da ditadura. Quando a imprensa escrita e televisionada percebeu que iria perder sua “boquinha” no poder. Com a abertura democrática outros ventos chegaram ao Brasil e a mídia não gostou. Triste isso. Depois de 25 anos de ditadura militar, quando enfim podemos recuperar nossa dignidade e começar a discutir e votar nos rumos que queremos para a nação, nossa impren$a presta-se ao serviço de desmoralizar sistematicamente as instituições democráticas. Não foi e não é á toa essa lenga-lenga. Ao conseguir enfiar este conceito na cabeça de seus leitores e telespectadores, os jornais e principalmente as televisões esperavam crescer como as ÚNICAS FORÇAS ISENTAS E CAPAZES DE DEFENDER O POVO dos seus inimigos verdadeiros. 


Os políticos. Desta forma, os poderosos meios de comunicação mantém reféns todos os que ocupam ou concorrem a cargos públicos por que, com uma materiazinha num jornal, com uma manchete, com uma chamada num jornal televisivo, se destroem ou constroem candidaturas e principalmente, reputações. Sem serem necessário provas, nem a favor e nem contra. Nossa imprensa televisiva e escrita, salvo raras e honrosas exceções, sempre foi alinhada com os grandes banqueiros, com os grandes industriais e notadamente com os interesses estrangeiros. E é a estes que serve. Não ao povo. Nesta linha, quando começa uma campanha contra pessoas, contra seus desafetos, contra quem fica no caminho de seus interesses e, sem ter que dar satisfações a ninguém que a questione, a mídia, que deveria ter o papel de informar, passa ao seu abjeto papel de lixo histórico.


 Não é nenhuma novidade, pois, a verdadeira ojeriza que os meios de comunicação têm da esquerda, mais precisamente do PT, que interrompeu de certa forma sua tentativa de hegemonizar as mentes dos brasileiros e que contra sua vontade, histericamente manifestada, ganhou as eleições e modificou muito conceitos por ela plantados. O PT ganhou as eleições. Ganhou novamente. E ganhou de novo. Isto foi e é totalmente insuportável para aqueles meios de comunicação que já se achavam os donos da opinião pública, os donos e construtores das vontades populares. Deram com os burros n’água aí, mas não deixaram de continuar construindo seu lixo anti político e antidemocrático, de tal forma que mesmo o que não pode ser de forma alguma comprovado, está agora na mais alta corte do país, como se fosse natural e justo que ali estivesse. E ai de quem ousar desdizer aquilo que publicam e disseminam! O Supremo Tribunal Federal – STF, a exemplo de nossa impren$a, que não deve explicações a ninguém e muito menos desculpas ou retratações, está neste momento agindo de acordo com a opinião publicada.

 Interesses políticos e eleitorais transformaram aquele tribunal em um circo de horrores em que se chuta a legislação, ateia-se fogo em garantias constitucionais e, perdoem a expressão, “caga-se” na justiça. Aonde esses interesses políticos e eleitorais pretendem chegar nós sabemos. Se conseguirão, é uma outra história. Advogados e magistrados de todo país, mesmo os mais conservadores, têm-se chocado com as posições injustificáveis do STF, e por essa eles não esperavam. Até mesmo pessoas antipáticas ao PT tem manifestado surpresa com o linchamento manifestado por aquele tribunal e com a versão manipulada da impren$a sobre os últimos acontecimentos.

 A velha máxima: “Aos amigos, tudo. Aos inimigos, os rigores da lei” tem se mostrado convenientemente eficaz. Mas por quanto tempo? A velha mídia está começando a ser substituída por nós. Pelas redes sociais, que não têm permitido que aquela continue sendo a única voz ouvida, mesmo que ainda não tenhamos conseguido o alcance de uma televisão. A continuar com sua propaganda anti política e antidemocrática, que destrói projetos e reputações, os mentores da velha mídia vão ter que, em algum momento, colocar as opções que defendem em contraposição à democracia, mesmo ainda frágil, que temos. Farão isso? Acho que não.

Morreu o profeta do semiárido.


Dom José Rodrigues de Souza, Bispo de Juazeiro


* Por Roberto Malvezzi (Gogó)


D. José José Rodrigues foi o homem certo, no lugar certo, na hora certa. Quando chegou a Juazeiro para ser bispo, a barragem de Sobradinho estava em construção. Então, ele assumiu a sorte dos relocados, depois dos pobres em geral e nunca mudou. Chegou em 1975.

Aqui era área de segurança nacional, regime militar, ACM governador, prefeitos nomeados pelo presidente da república. Não havia partidos, nem organizações populares. Então, com poucos padres e religiosas, chamou leigos para apoiar os 72 mi relocados. Assim, a diocese foi durante muito tempo o abrigo para cristãos, comunistas, ateus, qualquer um que movido pela justiça assumisse a causa do povo.


Depois enfrentou o período das longas secas. Criou pastorais populares. Fez o opção radical pelos pobres e comunidades eclesiais de base. Usava as rádios e seu poder de comunicação para defender os oprimidos pelo peso dos coronéis e do regime militar.

Quando um gerente do Banco do Brasil foi seqüestrado, ele aceitou ser trocado. Ficou sob a mira dos revólveres por dias, começando sobre a ponte que liga Juazeiro a Petrolina. Depois visitou seus seqüestradores na cadeia e ainda fez o casamento de um deles.

Abrigou na diocese toda convivência com o semiárido, muito lembrado nesses tempos de estiagem. Por isso, quando a ASA fez um de seus encontros nacionais, quis fazê-lo em Juazeiro para homenagear esse profeta do semiárido.

Costumava contar que recebeu muitos presentes quando chegou e foi reverenciado pela elite. No terceiro ano ganhou três camisas. No quinto ano ganhou de presente uma única camisa dada por uma prostituta que freqüentava a escola Senhor do Bonfim, trabalho feito junto às prostitutas da cidade.

Quando foi embora saiu com toda a mudança que trouxe: uma mala que cabia uma muda de roupas – que ele lavava todas as noites para vestir no dia seguinte – e seu livro de oração.
Na celebração de despedida afirmou na catedral: “nunca trai os pobres, nem em época de eleição”.

D. José faleceu nessa madrugada, dia 9 de Setembro, em Goiânia, comunidade redentorista de Trindade, para onde foi depois de 28 anos em Juazeiro.

Seu corpo será transladado para Juazeiro na segunda-feira, onde será enterrado. Aqui, sua memória jamais será esquecida por aqueles que com ele conviveram, sobretudo, pelos em situação de pobreza, nos corações dos quais ele reside.

Quem foi Dom José Rodrigues de Souza?** 

Dom José nasceu no Estado do Rio de Janeiro, em 1926. Foi professor de português no Seminário de Aparecida (SP), e entre 1966 e 1968 fez o Curso de Especialização em Catequese e Pastoral em Bruxelas. Voltando ao Brasil, trabalhou nas Missões em São Paulo, Minas, Paraná e Amazonas. Em 1970 foi eleito Superior Provincial dos Missionários Redentoristas de Goiás e Distrito Federal. Em 1975 foi ordenado Bispo e nomeado para a Diocese de Juazeiro.

Na ocasião, a construção da Hidroelétrica de Sobradinho tinha desalojado 72.000 pessoas. Dom José entrou logo na luta em defesa dessas pessoas. Foi a primeira das muitas lutas pelos direitos dos pobres do sertão na qual ele se envolveu, enfrentando inclusive a ferocidade da ditadura militar.

Sua capacidade de luta, seu sentimento de solidariedade com o povo excluído e sua intransigência na defesa dos direitos humanos, fizeram que ele fosse freqüentemente acusado (pelos mais favorecidos, é claro,) de ter uma atuação mais política que religiosa. 


Desde que chegou a Juazeiro promoveu nove Pastorais Sociais (da Terra, da Criança, da Juventude do Meio Popular, da Mulher Marginalizada, da Saúde, dos Pescadores, Carcerária); criou o Setor Diocesano da Comunicação Audiovisual, com uma Biblioteca com 45.000 volumes, equipamentos de produção de rádio e televisão, jornalismo impresso, uma locadora com 2.000 títulos de vídeos para escolas e professores além de 3 programas de rádio semanais. Foi o criador do projeto Cisternas Caseiras (para armazenar água de chuva), de tanto sucesso que o Ministério do Meio Ambiente pretende copiá-lo.



Dom José já prestou depoimento em numerosas CPIs, como aquela - sobre a grilagem na Bahia em 1977; na Comissão da Bacia do São Francisco em 1978, quando falou nos problemas causados pela construção da Barragem de Sobradinho – e na do Terror em 1981 entre outras.  Dom José participou de numerosos debates sobre a seca e a fome no nordeste.

Membro da Associação Bahiana de Imprensa durante seis anos seguidos Dom José recebeu o Troféu Mandacaru de Ouro, criado por um grupo de jornalistas da Bahia para homenagear os destaques do ano em política, economia, arte, cultura e religião. 

Em 1992 publicou-se sua biografia em alemão, já traduzida e publicada e sob o título “O Bispo dos Excluídos: Dom José Rodrigues.”

Wikileaks tira máscara da mídia brasileira e comprova: estão a serviço dos EUA

William Waack, da Globo, aparece nos documentos secretos


Aconteceu o que já era de conhecimento dos menos desavisados. A grande imprensa brasileira foi finalmente desnudada, com tudo comprovado em documentos oficiais e sigilosos. Quem ainda tinha motivos para outorgar credibilidade à estes veículos e seus jornalistas, não tem mais

Novos documentos vazados pela organização WikiLeaks trazem à tona detalhes e provas da estreita relação do USA com o monopólio dos meios de comunicação no Brasil semicolonial.
Um despacho diplomático de 2005, por exemplo, assinado pelo então cônsul de São Paulo, Patrick Dennis Duddy, narra o encontro em Porto Alegre do então embaixador John Danilovich com representantes do grupo RBS, descrito como “o maior grupo regional de comunicação da América Latina“, ligado às organizações Globo.

O encontro é descrito como “um almoço ‘off the record’ [cujo teor da conversa não pode ser divulgado], e uma nota complementar do despacho diz: “Nós temos tradicionalmente tido acesso e relações excelentes com o grupo”.

Outro despacho diplomático datado de 2005 descreve um encontro entre Danilovich e Abraham Goldstein, líder judeu de São Paulo, no qual a conversa girou em torno de uma campanha de imprensa pró-sionista no monopólio da imprensa no Brasil que antecedesse a Cúpula América do Sul-Países Árabes daquele ano, no que o jornalão O Estado de S.Paulo se prontificou a ajudar, prometendo uma cobertura “positiva” para Israel.

Os documentos revelados pelo WikiLeaks mostram ainda que nomes proeminentes do monopólio da imprensa são sistematicamente convocados por diplomatas ianques para lhes passar informações sobre a política partidária e o cenário econômico da semicolônia ou para ouvir recomendações.

Um deles é o jornalista William Waack, apresentador de telejornais e de programas de entrevistas das Organizações Globo. Os despachos diplomáticos enviados a Washington pelas representações consulares ianques no Brasil citam três encontros de Waack com emissários da administração do USA. O primeiro deles foi em abril de 2008 (junto com outros jornalistas) com o almirante Philip Cullom, que estava no Brasil para acompanhar exercícios conjuntos entre as marinhas do USA, do Brasil e da Argentina.

O segundo encontro aconteceu em 2009, quando Waack foi chamado para dar informações sobre as conformações das facções partidárias visando o processo eleitoral de 2010. O terceiro foi em 2010, com o atual embaixador ianque, Thomas Shannon, quando o jornalista novamente abasteceu os ianques com informações detalhadas sobre os então candidatos a gerente da semicolônia Brasil.

Outro nome proeminente muito requisitado pelos ianques é do jornalista Carlos Eduardo Lins da Silva, d’A Folha de S.Paulo. Os documentos revelados pelo WikiLeaks dão conta de quatro participações do jornalista (ou “ex-jornalista e consultor político”, como é descrito) em reuniões de brasileiros com representantes da administração ianque: um membro do Departamento de Estado, um senador, o cônsul-geral no Brasil e um secretário para assuntos do hemisfério ocidental. Na pauta, o repasse de informações sobre os partidos eleitoreiros no Brasil e sobre a exploração de petróleo na camada pré-sal.


Cai também a máscara de Fernando Rodrigues, da Folha.
Fernando Rodrigues, repórter especial de política da Folha de S.Paulo, chegou a dar explicações aos ianques sobre o funcionamento do Tribunal de Contas da União.
Outro assunto que veio à tona com documentos revelados pelo WikiLeaks são os interesses do imperialismo ianque no estado brasileiro do Piauí.
Um documento datado de 2 de fevereiro de 2010 mostra que representantes do USA participaram de uma conferência organizada pelo governador do Piauí, Wellington Dias (PT), na capital Teresina, a fim de requisitar a implementação de obras de infraestrutura que poderiam favorecer a exploração pelos monopólios ianques das imensas riquezas em matérias-primas do segundo estado mais pobre do Nordeste.
A representante do WikiLeaks no Brasil, a jornalista Natália Viana, adiantou que a organização divulgará em breve milhares de documentos inéditos da diplomacia ianque sobre o Brasil produzidos durante o gerenciamento Lula, incluindo alguns que desnudam a estreita relação do USA com o treinamento do aparato repressivo do velho Estado brasileiro. A ver.




Fonte1: Pragmatismo Político
Fonte2:http://almocodashoras.blogspot.com.br/2012/09/wikileaks-tira-mascara-da-midia.html

Após mensalão e privatização, o que esperar mais do PT?

exame.abril.com.br


* Por Rogério Castro

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso parece que agora pode descansar em paz. Após dois mandatos sob forte oposição do PT, que o acusou de acobertar casos de corrupção e de levar a cabo privatizações de empresas e serviços públicos, ele sabe agora que os seus ex-oposicionistas – no poder – fizeram tudo aquilo que diziam censurar. E isso – para os que irão registrar o momento presente do nosso país daqui a alguns anos – já pode ser dado como certo. À exceção de ingênuos e mal-intencionados, ninguém mais espera guinada ou mudança de rumo no PT. Destarte, a pergunta é: e depois do PT, o que teremos?


É essa a principal disputa de nossos dias. A saída estaria pela esquerda, ou pela direita? Qual o fardo que fica para a esquerda brasileira após um decênio de governo petista? Pois bem. O PT transitou até a sua chegada ao poder, em 2003, da defesa do socialismo até o lema (último) da “ética na política”. Após os julgamentos e as recentes condenações do STF sobre o escândalo do mensalão, essa – que talvez tenha sido uma das últimas bandeiras empunhadas pelos petistas – já não pode mais ser desfraldada. As privatizações alcunhadas de entreguistas outrora foram “repaginadas” com nomenclaturas “suaves”, que mudam na forma mas não no conteúdo. “O ‘demônio’ (das privatizações) não é tão mau assim”, teria se reconfortado – com razão (pela ironia) – FHC. O projeto da esquerda, então, teria sido reduzido a pó?

Vista do plano histórico, a esquerda brasileira não pode ser reduzida ao PT. Ela não começa no ABC paulista nem está fadada a acabar no banco dos réus (caso do mensalão). Não obstante a confusão e o esfacelamento provocado pelo petismo, assim como o peso da desconfiança e da frustração por ele causado, a nossa esquerda precisa sair da crise que se abateu sobre ela revigorada. E revigorar-se aqui significa desvencilhar-se de pseudomarxismos, desconstruir mitos, entender que o eixo central da sociedade é o trabalho (e que isso tem implicações), tirar lições. Ela tem que realmente se afirmar com mais firmeza do que antes para que possa ter força para suplantar o petismo. É com este, hoje, que ela mede forças (no campo da esquerda); e essa é a principal batalha que precisa ser travada para que possamos adentrar num novo ciclo – sem mais a hegemonia do petismo.

Mas esse é um processo contraditório. Salvador pode nos dá um bom exemplo. As eleições municipais que se avizinham podem levar de volta ao poder a conhecida família Magalhães. O petismo, que apoiou o primeiro dos dois mandatos consecutivos do inepto prefeito atual, contabiliza em sua conta um forte desgaste do seu governador, Jacques Wagner, pela repressão a movimentos grevistas, como o de professores. A esquerda que disputa com o PT, no entanto, não conseguiu, até então, reunir as forças necessárias para fazer frente aos dois projetos. E é esse o pior dos riscos para ela. Não conseguir fechar o ciclo atual a tempo e passar para o próximo sendo hegemônica, é o principal risco para a esquerda, pois, como nos mostra Salvador, ao invés de um novo ciclo se iniciar, podemos ter um recomeço (não um regresso) do velho – por conta da permanência da hegemonia petista no campo da esquerda (agora na oposição).

E essa hegemonia é um dos principais problemas para a recomposição. Embora esta dê sinais de um fenômeno irreversível, nos dias de hoje tal hegemonia se constituiu num obstáculo a ser inteiramente removido. Como disputam no interior de um mesmo campo, a recomposição anda jungida à decomposição do petismo. Dessa forma, podemos afirmar que, quando um se fortalece, o outro tende a desandar; ou seja, um se nutre da fraqueza do outro. Só que no caso aqui em questão uma diferença se interpõe: o fortalecimento da esquerda aumenta no aparente fortalecimento do petismo. Isto é, para a recomposição avançar – mesmo que lentamente, mas num ritmo regular – é melhor que o petismo esteja no poder (e a esquerda sozinha na oposição – no flanco esquerdo) do que fora dele, na oposição – com o qual, caso contrário, ela teria que disputar no interior do mesmo campo de oposição (vide o possível caso de Salvador).

Se a nossa hipótese estiver certa, os ventos tendem a soprar para a esquerda. Isso porque, segundo Frei Betto, o PT estaria cada dia mais obcecado pela disputa do poder pelo poder. A máquina de angariar votos na qual o partido havia se transformado poderia, portanto – segundo nosso entendimento – voltar-se contra si própria; ou seja, o seu fortalecimento significaria o avançar progressivo da sua autodestruição – mas desde que a outra parte (a esquerda) não deixe de cumprir efetivamente o papel que lhe cabe e passe a ocupar majoritariamente o seu campo natural de atuação. Nesse cenário, portanto, o petismo passaria de vez para os anais da história.
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*Rogério Castro é doutorando em Serviço Social pela UFRJ – rogeriocastrouesb@hotmail.com

Quem tem Medo do José Dirceu?

UM MILITANTE NÃO PRECISA DE CARGOS E POSTOS PARA TRAVAR UM BOM COMBATE- José Dirceu

Em junho de 2005 José Dirceu poderia ter renunciado para não ser cassado. Foi orientado a fazer isso. Mas não o fez.

O objetivo dos conservadores era derrubar o governo Lula ou impedir que fosse reeleito, com enorme campanha política e midiática.


 Apesar de defendermos a Reforma Política, no tabuleiro eleitoral  vigoravam as regras de sempre - o caixa2 -, e por terem sempre se utilizado dele e saberem que não havia como fugir, foi fácil virar contra nós, do PT, tal prática;

Este ataque desviou o debate político eleitoral dos projetos de desenvolvimento propostos pelo PT nos últimos 30 anos, já em andamento onde o PT governou e no governo Federal, com Lula, e o reduziu a um circo armado com acusações, amplamente propagadas;


José Dirceu foi protagonista desta história de projetos e construção partidária, que mudou o país na última década, e que sem sombra de dúvida representou uma mudança radical nos rumos do nosso país e do nosso povo;

 Em 1987 o PT passou a lutar dentro de uma estratégia de mudanças estruturais que combinasse lutas sociais, conquistas eleitorais e construção de novos modelos para a gestão pública, o que levou à formação da Frente Brasil Popular.

Junto com o PSB e o PCB, em 1989, na primeira eleição democrática, estivemos perto de eleger Lula, mas as mesmas forças conservadoras e sempre aliadas aos meios de comunicação conseguiram evitar nossa vitória, a primeira alternativa popular em 50 anos;

 Como resultado, os anos 90 foram marcados pela sanha neoliberal e suas privatizações, passando o Estado a ser colorido como um vilão, seguindo as orientações dos interesses estrangeiros, notadamente de Washington;

 Na contramão do ideário dos neoliberais e da mídia, o PT deu combate a tais absurdos e denunciou onde e como pode as mazelas que adviriam da confiança excessiva no tal mercado, tratado como um deus pelo governo e sua “corte” de então;

 A resistência às privatizações se deu liderada pelo PT, pela CUT e pelo MST, e conquistamos ainda o apoio da UNE, da CONTAG, do PSB, do PDT e do PCdoB e, com isso, conseguimos salvar a Petrobrás, estatal estratégica para o país, numa imensa e histórica mobilização;

O projeto alternativo que o PT consolidou então conquistou as eleições em 2002, e representava o combate à subordinação da economia nacional ao capital financeiro, com a retomada do desenvolvimento e a recuperação do Estado como agente regulador e dirigente além da criação de um mercado interno de massas, a implantação de políticas distributivas e a adoção de uma política internacional soberana, voltada para integração regional da América Latina;

 Consolidou-se aí também a política de alianças que pudessem expressar o amplo leque de setores sociais, dos trabalhadores e seguimentos do empresariado, sendo José de Alencar, um nacionalista e desenvolvimentista, seu exemplo mais reconhecido, e que veio a ser vice de Lula;

 Houve resistências às alianças mais ao centro e depois, as óbvias tensões em administrar tais coalizões dentro de um governo que buscava a realização de um projeto à esquerda, mas com elas conseguimos que nossa mensagem chegasse a uma parcela mais ampla da população;

O amadurecimento político do país, dado o caráter socialista do PT, trouxe e traz um debate inevitável, mas as vitórias alcançadas com a implantação dos projetos de nosso governo foram abraçadas pela população cada vez mais convencida de seus resultados positivos em todos os aspectos;

 Hoje, o Estado brasileiro é forte e confiável, induz o desenvolvimento e incentiva a participação popular, o que se traduz na patente satisfação que se vê nas ruas, na recuperação da autoestima de nosso povo. Além disso, em nível mundial, tornou-se referência de democracia, economia e inclusão social.

 O PT e seus aliados afastaram o desemprego, a fome, a pobreza, a estagnação econômica, as desigualdades entre regiões e as dívidas internacionais;

 Por isso tudo José Dirceu se recusou a seguir o caminho mais fácil, o da renúncia. Mesmo sabendo que não tinha chance, preferiu enfrentar as forças atrasadas e suas redes de mentiras para não abrir mão de sua trajetória política, de seu legado histórico.

Arcou, assim, com a cassação e com as consequencias negativas de sua decisão pois, achou preferível isso, a prejudicar um projeto pelo qual muitos deram a própria vida.

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* Extraído por Lucia Maria Rodrigues da Introdução do Livro Tempos de Planície de José Dirceu.
segunda-feira, 3 de setembro de 2012

OUTRO MUNDO POSSÍVEL

 

* Por Professor João Paulo

Há muito tempo venho participando de discussões sobre como transformar as relações sociais, políticas, econômicas e construir um mundo mais justo, mais humano, mas fraterno, onde as diferenças sociais acabem ou ao menos sejam reduzidos os abismos que separam as classes sociais. Várias teorias já foram desenvolvidas e defendidas pelos mais diversos pensadores e militantes políticos, de diversas correntes de pensamento de diferentes linhas do conhecimento filosófico, religioso, científico e até do empirismo, pois mesmo o senso comum sonha com um mundo novo.

 Por várias vezes estivemos em debates acalorados, discutindo uma ou outra teoria, um ou outro caminho para a tão sonhada “revolução”. E hoje no início do século XXI, quando definitivamente o capitalismo hegemoniza totalmente o planeta, transformando as relações humanas em um produto de mercado, a cultura em uma mercadoria para gerar lucro e acumulação de riquezas para tão poucos, maltratando o planeta Terra nosso “ethos comum” na busca irracional pelo lucro, quando a necessidade do “ter” suplanta definitivamente o “ser” e o homem perde valores e princípios inalienáveis, como o amor, o cuidado, o respeito às diferenças, se tornando dia a dia mais antropofágico, na busca de seu espaço social, compreendo que o caminho já foi dito, escrito e traçado por Jesus Cristo.

 Se quisermos viver em outro mundo possível, onde a vida seja definitivamente plena, precisamos começar a fazer nossa revolução pessoal. Mesmo que um dia aconteça a revolução defendida por Marx e Engels, ainda assim não há garantias de mudanças plenas da sociedade. Não basta romper as estruturas econômicas, políticas e sociais, se a raça humana não estiver pronta para essas mudanças, e a cada dia nós perdemos nossa condição humana, claro que essa perda é fruto de um projeto que tem o objetivo de gerar este homem competitivo, individualista, egoísta, ganancioso, prepotente, é este que serve aos interesses do grande capital.


 Mas podemos ir todos os dias fazendo uma revolução pessoal, alguns pensadores deste novo momento histórico chamam de “revolução molecular”, aqui vou chamar de “transfiguração”, como na passagem bíblica. Precisamos renascer a cada amanhecer, precisamos ser todo dia melhor do que fomos ontem, fazer um exercício continuo de nos revolucionarmos, de olharmos o outro como a nós mesmo, como disse o próprio Jesus Cristo. Desta forma estaremos construindo o mundo novo.

 É claro que isso não implica em negarmos a participação política, não implica em militar junto com outros companheiros, mesmo que estes não pensem como nós, a “libertação” é coletiva, as mudanças que acontecerem em meu coração, devem ser compartilhadas para que possam chegar a toda a humanidade, Jesus Cristo, foi crucificado por que era um homem livre, livre do pecado, livre do egoísmo, livre do ódio, livre da ambição, livre do orgulho, cheio da centelha divina, completo em sua capacidade de compreender o outro e de viver harmonicamente com as diferenças e com o mundo, capaz de amar sem limites, saiu e compartilhou isso coletivamente, fez de sua capacidade de amar, uma arma na luta por um novo mundo, por uma nova vida, um instrumento na construção do “Reino definitivo de Deus”, e isso incomodou aos poderosos, que o condenaram.

 Como Ele, todas as vezes que nossa revolução molecular, nossa transfiguração, nossa mudança de atitude chegar aos ouvidos e olhos dos poderosos, seremos também condenados, muitos já sofreram por isso após a ressurreição de Jesus, muitos que compreenderam a mensagem e fizeram de suas vidas exemplos de luta e de desejo de construírem e viverem em outro mundo possível, por isso estou convencido que o caminho mais curto e também mais eficaz para a construção de um novo mundo é todos os dias estarmos abertos as mudanças, buscar nas diversas formas de conhecimento subsídios para nos fortalecermos intelectualmente, superar definitivamente o senso comum, nos fortalecermos espiritualmente, nos aproximando dos desígnios divinos, nos fortalecermos politicamente, pois precisamos está aliados a todos que também sonham com um mundo novo, independente serem Cristãos ou não, pois só assim estaremos no caminho para vivermos em outro mundo possível.
 
* João Paulo Pereira, Historiador, Professor da rede pública estadual e militante petista. 

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