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sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Anagé fortalecendo as políticas públicas contra o racismo

Professor Dr. Claúdio Felix, UESB

* Por Herberson Sonkha

A Secretaria Municipal de Educação e Cultura, por intermédio da Coordenação Municipal de Promoção da Igualdade Racial e a Escola Família Agrícola promoveram nesta quinta-feira (23) durante a manhã, no refeitório da EFA, o ciclo de palestras sobre práticas de racismo no ambiente escolar e o pertencimento étnico racial afro-indígena brasileiro. O Ciclo de Palestras sobre o racismo e as políticas públicas municipais de combate ao racismo visam contribuir para erradicação do racismo e o fortalecimento da boa convivência democrática e com alteridade no ambiente escolar.


Professor Iranildo Freire
Além dos discentes da EFA que participaram ativamente debatendo o tema, o evento contou também com a importante participação das duas turmas do 3º ano do ensino médio da Rede Estadual de Educação (CERV), sob a responsabilidade e orientação para atividades acadêmicas do professor historiador Iranildo Freire, incentivador da leitura e da vivencia dialógica sobre temas históricos que atormentam a população brasileira na contemporaneidade.

Professora Aurenice Cardoso, Lícia
Segundo a Coordenadora Municipal de Promoção da Igualdade Racial, Professora Aurenice Cardoso, (Lícia) especialista em Gestão Escolar, esta atividade faz parte da programação da Secretaria Municipal de Educação e Cultura que antecede ao vinte de novembro para aquecer as atividades preparativas do Dia Nacional da Consciência Negra no município de Anagé.

Cardoso disse que foram convidados para dialogar sobre a temática, o Historiador docente da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Professor Cláudio Felix, Doutor em Educação que falou sobre a mistificação no olhar da sociedade para o tema do racismo e a alfabetização que estimula uma lógica de perceber o mundo que escamoteia as contradições intrínsecas ao capitalismo e suas instituições políticas, principal responsável pelas desigualdades materiais e intelectuais no mundo desde o seu surgimento no século XV e XVI na Europa, fazendo com que a população não perceba a raiz de todos estes males por causa do estranhamento.

Também participou como palestrante o Coordenador Municipal do Programa Mais Educação, Presidente do Conselho Municipal de Educação de Anagé e dirigente nacional do Movimento Negro APNS, Herberson Sonkha que desenvolveu a temática a partir do tencionamento dos Movimentos Sociais, particularmente da população afro-brasileira no país para incorporação das pautas do Movimento Negro nas agendas governamentais e participação na elaboração das políticas públicas voltadas para promoção e proteção das populações afro-indígenas no Brasil.


terça-feira, 14 de outubro de 2014

CONSTRUINDO O ÓDIO AO PT

"construção da ideia de que os pregadores do início do século no nordeste em inimigos da pátria e de Deus, dos revolucionários que enfrentaram a ditadura militar em terroristas, dos militantes da teologia da libertação em comunistas, dos comunistas em representantes do mau e agora dos Petistas em Petralhas ou quadrilheiros."


* Por Professor João Paulo Pereira 

É eleição no Brasil, e mais uma vez nos deparamos com uma avalanche de denuncias contra o partido que está ao lado dos trabalhadores. A velha prática da burguesia, de demonizar tudo que se coloca no seu caminho, o mesmo processo que outrora foi construído com a cultura afro-brasileira, com a musicalidade vinda da África, com as religiões de matrizes africanas, com as transformações da doutrina anarquista em bagunça, com a transformação dos tenentes em revoltosos, da construção da ideia de que os pregadores do início do século no nordeste em inimigos da pátria e de Deus, dos revolucionários que enfrentaram a ditadura militar em terroristas, dos militantes da teologia da libertação em comunistas, dos comunistas em representantes do mau e agora dos Petistas em Petralhas ou quadrilheiros.


Essa lógica sempre utilizada no Brasil, desde que nos tornamos uma nação, voltou com toda força, nesta eleição presidencial, sabendo da impossibilidade de vencer o Partido dos Trabalhadores, no debate franco de idéias, as elites se organizaram para construir o que chamaremos aqui de Indústria do Antipetismo.

Para garantir o sucesso de construção desta ideologia, a classe dominante brasileira, buscou inicialmente, difundir uma crítica acirrada a corrupção. Primeiro, mudar o foco do debate sobre corrupção em uma perspectiva sociológica, tirar do debate as questões de caráter estrutural da corrupção, como fruto das relações de competição exercidas dentro do próprio sistema capitalista e criar culpados externos ao sistema a corrupção.

Prioritariamente esse culpado único deveria ser o Partido dos Trabalhadores. Inicialmente com o que a mídia burguesa classificou de “Mensalão”, uma prática comum, infelizmente, na estrutura do Estado de Direito no Brasil, que se desenvolveu desde a primeira eleição em 1843, e que em função da necessidade de demonizar o Partido dos Trabalhadores, a mídia criou o discurso e colocou na boca do senso comum, palco ideal para a alienação e para o processo de desconstrução da imagem de alguém, de um seguimento social, religioso e político.

Mesmo transformando os militantes do PT em quadrilheiros, em petralhas, não se deram por satisfeitos, veio à copa do mundo, a classe dominante brasileira passou a alimentar o ódio antipetista dentro do senso comum, mas agora não mais só no senso comum, desta vez era preciso alem de afirmar a corrupção, criar mais uma mácula, para o partido político que se levantou contra o poder dos muito ricos no Brasil. E aí veio, mas uma série de denuncias de corrupção, acompanhada do estimulo a juventude a ocuparem as ruas das cidades, reivindicando contra sabe-se lá o que, mas a ordem era reivindicar, de qualquer forma, agredindo, espalhando o terror, com bandeiras desconectadas, sem um cunho político e, sobretudo, a partidária.

Da forma que estes movimentos aconteceram era necessária uma ação repressiva, pois as reivindicações chegaram a níveis de violência jamais vistos no país, nem mesmo durante a ditadura militar e uma violência gratuita contra tudo que parecia diferente da postura dos militantes de última hora. As medidas repressivas usadas para conter a fúria da multidão insana, foram classificadas como autoritária, ditatorial, pela mídia, esse discurso chegou de forma contundente nas vozes da nossa ultra-esquerda, que fazendo coro com a mídia burguesa passou a defender uma suposta tentativa do Partido dos Trabalhadores, de instaurar um governo centralizador, autoritário, com base no stalinismo soviético. Essa pauta se tornou mais um projeto para a construção da demonização do Partido dos Trabalhadores e estimulo ao “ódio ao PT”.

Internacionalmente o resultado desta ofensiva antipetista, também teve suas ramificações, primeiro pela necessidade Norte-Americana de reconquistar o domínio econômico e político do mundo e do mercado. Diante do fracasso do neoliberalismo e mediante a crise econômica que se fortaleceu desde 2007, o Estado norte-americano, passou a investir na construção de uma prerrogativa fascista, para o planeta. Investindo pesado na dissolução de governos e regimes estabelecidos por décadas, como aconteceu no norte da África e no Oriente Médio.
O Estado norte-americano compreendeu também que a retomada do seu poderio econômico, passa pelo enfraquecimento do BRICS, dos países emergentes que fazem oposição a estratégia de reconquistas do mundo pelos Norte Americanos e o G7. Inicialmente contribuíram para a derrota da Dinastia Gandhi na Índia, que elegeu um remanescente do Nazi-Fascismo ao poder, depois passou a atacar o governo de Vladimir Putin na Rússia, instigando conflitos com a Ucrânia, onde setores com bandeiras Nazi-Fascistas derrotaram um governo liberal e instituíram um novo governo. Na América Latina, de forma aparentemente involuntária, setores com prerrogativas fascistas, emergiram, liderando movimentos pelos principais países de resistência ao imperialismo norte-americano, Brasil, Venezuela, Argentina.

O Partido dos Trabalhadores se tornou uma ameaça, a construção deste projeto e uma pedra no caminho dos Estados Unidos da América, desta forma, toda a elite dominante brasileira, aliou-se aos interesses norte-americanos, com o objetivo claro de derrotar o PT, ferir de morte o maior opositor ao capitalismo na América Latina. Compreenderam que derrotar eleitoralmente o Partido dos Trabalhadores não era suficiente, era preciso o processo de desconstrução da história deste partido e assim teve início o processo de construção ao “ódio ao PT”.

O primeiro passo foi reforçar a afirmativa que todos são iguais. Jogar o PT na vala comum da história, apagar a história de luta deste partido, desde o seu surgimento até a mácula da corrupção. Para isso, foi necessário criar a idéia de que toda a corrupção do país teve início nos governos do PT, apagaram a história anterior a 2002, atribuiu todos os erros de condução do projeto político a corrupção e estabeleceu um único culpado por isso.

Segundo ponto foi condenar figuras históricas do partido, que serviram como o modelo de petista desenvolveu a idéia de que todo petista é como aqueles que estão presos, criando uma referência nacional e desenvolvendo o codinome de Petralhas, para tudo que está ligado ao Partido dos Trabalhadores, é comum ouvirmos em reuniões de petistas, o desconsolo por termos passado pela vergonha do “mensalão”.

O terceiro passo e o mais perigoso foram estabelecer uma distancia entre o Partido dos Trabalhadores e as novas gerações. Primeiro por terem embutido nestas novas gerações um padrão ideológico com características fascistas, formaram jovens conservadores, cheios de toda tipo de preconceitos de classe, de gêneros, étnicos, individualistas, meramente consumistas, que tem como projeto “ostentar” um padrão social, que possa colocá-los no centro das rodas de amigos, bem vistos nos ciclos sociais, seja na classe média, ou nas periferias, o importante é ser notado, a forma não importa muito. Depois a esses jovens, foi imposta uma doutrinação apolítica, apartidária, o papel do jovem passou a ser meramente figurativo socialmente, é o cara que tem que curtir, afinal ele é jovem.

Por fim, trataram de dizer para essa juventude que todos os problemas que ele vivencia no seu cotidiano são por culpa da corrupção do Partido dos Trabalhadores. Se a saúde tem problema é por que o PT, desvia o dinheiro da saúde por conta da corrupção, se há problemas na educação é por que o PT desvia dinheiro para a corrupção, se há problemas com a segurança pública é por que o PT desvia dinheiro para a corrupção desta forma fortaleceu o “ódio ao PT”.

Essa é a lógica que prevalece atualmente, nesta eleição, as elites nacionais e internacionais se apegaram mais uma vez ao modismo para tentar derrotar o Partido dos Trabalhadores, assim com fazem com a música, com o futebol, onde nosso povo vive de modismos, trouxeram para a vida política do país. Nosso povo hoje vai decidir o futuro do país por modismo. E agora está na moda a negação ao PT, foi introduzido no imaginário coletivo do povo brasileiro, sobretudo, de nossa juventude, que não conhece o passado recente do país, desconhece nossa história, se tornou um analfabeto funcional e vai servir neste pleito eleitoral, aos interesses de classe, aderindo a aqueles que os oprime.
segunda-feira, 13 de outubro de 2014

É SÓ MAIS UMA RESPOTA

"O governo de FHC criou o Bolsa Escola, o Bolsa Alimentação e o Vale Gás, estes programas repassavam os seguintes valores respectivamente. R$ 15,00, para os dois primeiros e R$ 7,50 para o último."

* Por Professor João Paulo Pereira 
Todas às vezes falamos em programas sociais de distribuição de renda no Brasil, criado pelo governo do Partido dos Trabalhadores, tem sempre um desinformado de plantão que seguindo o discurso oficial da mídia burguesa, se arvora a economista e afirma que quem começou o Bolsa Família foi o senhor Fernando Henrique Cardoso e que o PT só deu continuidade a estes programas. Então vamos tentar entender isto a luz de uma discussão, mas real. O governo de FHC criou o Bolsa Escola, o Bolsa Alimentação e o Vale Gás, estes programas repassavam os seguintes valores respectivamente. R$ 15,00, para os dois primeiros e R$ 7,50 para o último.
Estes valores não tinham conexão uns com os outros, e muitas famílias não se enquadravam, nos em todos os critérios necessários para receberem os benefícios o que diminuía o valor de seus proventos, ou seja, alguns recebiam o bolsa escola, outros o vale gás, outros o bolsa alimentação. Desta forma não se constituíam em um programa de redistribuição de renda para as famílias pobres destes país, era somente uma ajuda, bem na lógica do que a classe média e a burguesia fazem por desencargo de consciência no natal ou no dia das crianças, os famosos mutirões da cesta básica, ou a distribuição de brinquedos, campanhas do agasalho.

Com a eleição do Partido dos Trabalhadores, a parti desta possibilidade já existente, o então presidente Lula, percebeu a viabilidade de criar um programa de caráter econômico de transferência de renda no país, unificando todos os programas em um único que foi chamado de Bolsa Família, desta forma, não haveria exclusão de nenhuma família que vivia a baixo da linha da pobreza, pois os critérios para atendimento foram substituído por um só, “renda inferior a R$ 100,00 e manutenção de crianças em idade escolar nas salas de aula”. Os valores antes repassados que em sua maioria eram de R$ 15,00 já que o Vale Gás, era repassado de dois em dois meses, sofreu um acréscimo de em média 300% garantindo um atendimento a estas famílias muito mais efetivo que os programas da era FHC.

Outro fator que tem que ser lembrado nessa discussão é que a era FHC, desenvolveu no Brasil um economia de capital, investimentos nas grandes indústrias, nos grandes proprietários rurais e no capital especulativo para que estes crescessem acumulassem riquezas, para só então garantir a melhoria de vida da classe que vive do trabalho, a velha política capitalista e liberal de “fazer o bolo crescer para depois dividir”, que todos sabem, não deu certo nem na gênesis do capitalismo liberal no século XIX, sendo responsável direto da crise de 1929 e do crescimento do pensamento Nazi-fascista na Europa e na Ásia que provocou a segunda grande guerra mundial, será que esta lógica nefasta do capital dará certo hoje?

Por outro lado, o programa de transferência de renda criado pelo Partido dos Trabalhadores, o Bolsa Família, contribuiu e contribui para a inversão de prioridades proposta pelo partido, ao invés da aposta em economia de capital, como nos tempos do PSDB, o governo Petista, apostou na economia de custeio, ou seja, uma economia voltada para o mercado interno, onde a população das Classes C e D, trabalhadores ou assistido pelo Bolsa Família, que hoje, 42,3% já se tornaram micro empreendedores, números do IBGE, ajuda m a manter a estabilidade econômica do país, antes os membros das classes B e A, assistidas pela política econômica do PSDB, promovia uma evasão de divisas, produzindo para exportação, e promovendo o momento de maior acumulação de riquezas da história deste país. É só lembrar que ao chegar ao poder o Partido dos Trabalhadores se deparou com um índice de 62% da população vivendo a baixo da linha da pobreza, com uma inflação, dita controlada, de 12,25% no acumulado trimestral, com o IDEB, com a media nacional em 3,2 pontos.

Outra discussão que tem que ser feita é essa sobre o Governo Dilma, o senso comum, levado pelos discursos produzidos pela mídia burguesa e até mesmo setores da “intelectualidade” brasileira, igualmente guiado pelo discurso oficial da mídia, defendo o governo Lula, e afirma que o governo Dilma foi muito ruim, marcado por escândalos de corrupção. Vamos ver isto mais de perto.

Durante o Governo Dilma o Bolsa Família do governo Lula foi transformado em Brasil Sem Miséria, um programa que amplia o programa de Transferência de Renda do governo do PT e sugeriu um combate radical a fome e a miséria no país. Criando programas complementares de moradias rurais e moradias urbanas destinadas a população pobre deste país, o Minha Casa Minha vida, rural e urbano. Além do Programa de Aceleração do Crescimento, que visava em primeiro plano à geração de serviços capazes de garantir divisas para o país e se tornar ao mesmo tempo um programa de geração de emprego. É só perceber que mesmo em momentos de crise econômica mundial, o Brasil continua gerando emprego, tendo atualmente uma das menores taxas de desemprego do planeta. Algo parecido com o que foi feito pelos presidentes Roosevelt, nos Estados Unidos, Schacht, na Alemanha e Churchill na Inglaterra, dando início ao Estado de Bem Estar Social, ou Social Democracia, teoria defendida por John Keynes, economista inglês.

Claro que aqui no Brasil, o que está acontecendo é uma adaptação ao novo momento histórico e econômico do planeta, mas as bases teóricas estão alicerçadas nas teorias do Estado de Bem Estar Social. Vamos então para os números, desemprego no governo Dilma é o menor da história do país, 4,8%, contra 18,30% de FHC, inflação trimestral é de 6,75% no final do governo Dilma, bem diferente dos 12,25% de FHC, governo de FHC em 8 anos gerou 2,5 milhões de empregos formais, nos 4 anos do governo Dilma foram gerados 5,6 milhões de empregos formais. Final de 8 anos do PSDB 62% da população brasileira viva a baixo da linha da miséria, hoje o Brasil saiu pela primeira vez do mapa da fome dados da ONU. Então não dá pra ficar fazendo essas afirmações de senso comum que o governo do Partido dos Trabalhadores, na gestão de Dilma Rousseff fracassou isto é discurso eleitoral criado pela mídia burguesa, já que as principais bandeiras defendidas pela presidente foram cumpridas.

Quanto à questão dos muitos escândalos de corrupção no governo, é precisa parar para pensar um pouco, vamos aos fatos, denuncias de corrupção na Petrobrás, até parece que foi o Partido dos Trabalhadores, que criou a empresa. O funcionário dito como delator do esquema de corrupção, é um funcionário de carreira com 30 anos de empresa, que foi colocado como cargo de confiança durante a gestão de FHC, foi mantido no cargo pelo PT por bom desempenho das funções, logo não tem nenhuma relação direta com o partido. É minimamente estranho o fato destas denuncias acontecerem somente durante o período eleitoral, ter acompanhado todo o primeiro turno e no segundo turno dois dias depois da ida do candidato do PSDB para o pleito, aparecer um vídeo sem rosto com alguém dizendo que “acha” que 3% dos valores desviados eram destinados ao PT.

Por fim vamos novamente conceituar o que é corrupção numa perspectiva de uma sociedade de classes e, sobretudo, no capitalismo onde buscar facilidades para galgar espaços sociais se tornou prática comum. O princípio renascentista do individualismo colocou o homem um contra o outro, ao afirmar que somos seres únicos e estamos competindo por um lugar no espaço, foi aberta temporada de caça a este lugar e a história mostrou que desde sempre o homem se apagou a práticas ilícitas para garantir seu lugar no espaço, não foi o Partido dos Trabalhadores o criador da corrupção, já deixando claro uma coisa, sempre que colocamos esta questão em pauta aparecem alguns falsos moralistas, afirmando que estamos defendendo a corrupção do PT, quero avisar a essa gente, que não se trata disto, estou apenas levantando aqui um questionamento, pois o discurso oficial da mídia burguesa, passado para o senso comum é de que o PT é responsável por tudo de errado que aconteceu na história do país. 

Quero sugerir apenas que antes de seguir essa afirmação eleitoreira e descontextualizada, faça ao menos as leituras necessárias sobre como se formou o Estado burguês no Brasil, de onde vem às práticas do uso de ilícitos para se garantir o poder político e econômico, para que seu discurso não caia no ridículo do senso comum midiático, me obrigando a rotulá-lo de massa de manobra ou outros adjetivos menos carinhosos. Por tanto, não se faz política sem leitura, sem pesquisa e sem uma discussão qualificada sobre as ciências humanas e sociais, neste processo eleitoral precisa ser utilizado para educar a população e não para transformá-la em ferramenta para interesses de classe. Portanto, ao ler este texto, busque outras fontes para traçar um quadro comparativo e formem suas opiniões, sem se deixar ser dominado pela grande mídia burguesa, pois ela tem lado e não é o dos trabalhadores.
domingo, 12 de outubro de 2014

Ao presado Professor amigo...


* Por Herberson Sonkha

Meu caro Professor amigo eu bem seu o quanto sua vida é corrida e difícil, especialmente porque o Senhor tem várias turmas para dar conta para garantir um orçamento doméstico alto e muitos planos para sua família. A conta de água, energia, telefone fixo e móvel, sinal fechado de TV, medicamentos, roupa, prestação da casa própria, mensalidade escolar das crianças, do carro, plano de saúde, viagens de veraneio, férias, carnaval, pascoa, semana santa, carne da aposentadoria, São João, Natal e a faculdade dos filhos... É professor... A vida realmente é bem difícil. Esse padrão de vida sempre foi à aspiração da classe media alta brasileira e o Senhor contestava tanto porque afirmava ser o “Sonho Americano” dos imperialistas ianques malvados.


Professor amigo, o Senhor se lembra daquelas suas aulas mágicas em que ficávamos maravilhados e boquiabertos com seu domínio do conhecimento histórico e econômico e da oratória impecável. Se uma agulha caísse no chão daria para escutar porque estávamos todos vidrados em silencio para escutá-lo falar. Recordo-me que o Senhor ficava indignado só em falar do e entreguismo da riqueza da nação com as privatizações de FHC que destruiu parte do patrimônio brasileiro, estratégico ao desenvolvimento social e econômico do país; do salário defasado do professor que mal dava para comprar um livro, do sucateamento da educação, da falta de espaços lúdicos e pedagógicos, da carga horária extenuante, do plano de carreira e etc...; da carestia do aluguel que subia a cada seis meses e comia no mesmo prato com o Senhor; dos preços de produtos da cesta básica, roupa, livros, carros, passagens áreas, gasolina; das filas intermináveis, da sujeira e ambiente tenebroso nos corredores dos hospitais e do preço da consulta médica; da inflação que não deixava nem comprar uma cesta básica descente; desemprego que obrigava o professor aceitar trabalhar no comércio ou qualquer outro trabalho diferente da formação acadêmica recebida. Hoje, anos depois gostaria de falar um pouco para o Senhor sobre o que aconteceu em minha vida depois de todas aquelas aulas maravilhosas. Ah... Naquela época eu não tinha maturidade muito menos uma relação pessoal com o Senhor madura que permitisse dizer estas coisas que agora vou lhe dizer. E também porque eu não compreendia, embora sentisse na pele o sofrimento porque passavam os filhos das classes trabalhadoras desempregado, negros, indígenas, crianças e adolescentes, idosos, mulheres, LGBT.

Nasci numa cidade do interior da Bahia, Vitória da Conquista no início dos anos 70, do século XX. Vitória da Conquista dos anos 70 era pequena no só no tamanho, mas na mentalidade tacanha, ao contrário da exagerada pobreza, e do frio que duía nos ossos. Nasci na mesma maternidade que a maioria esmagadora dos conquistenses que moravam na periferia da cidade, quando não era pelas mãos abençoadas das parteiras que além de ajudar a vir ao mundo fazia de tudo para evitar a morte da parturiente. Na pequena Conquista, eram poucos os que nasciam bem nascidos. Quanto a nós, filhos de trabalhadores e desempregados urbanos e rurais a vida sempre fora muito difícil e sofrida. Ser filho da periferia de Vitória da Conquista era o mesmo que ser um cachorro sarmento malcheiroso que deve ser exterminado ou mantido longe da vida social dos ricos conquistenses.

Éramos vitimas das péssimas condições socioeconômicas e prejudicados pela inoperância político-administrativa dos dirigentes políticos ricos que governavam a cidade com mãos de ferro naquela época e eram ferrenhos perseguidores de seus adversários políticos. Os governos conservadores nos tornavam indigentes vulneráveis a ponto de chegar a quase 50% de óbitos entre crianças de 0 a 1 anos de vida. Infelizmente morria-se aos montes como cachorro sem dono, ou melhor, sem “parentes nem derentes”. Entre as estatísticas estavam às complicações durante a gravidez ou no trabalho de parto, cujas causas iam das doenças infecto-parasitarias mais conhecidas como amebíase, doença de chagas, giardíase, leishmaniose, toxoplasmose, tricomoníase à inanição velada por falta do que comer diariamente.  

Não havia o SUS com suas infindáveis opções de procedimentos médicos e um portfolio de exames de diagnósticos laboratoriais e por imagem que o SUS oferece hoje, mesmo com toda demora, era infinitamente melhor do que naquela época em que éramos obrigados a enfrentar madrugada fria adentro nas filas intermináveis do INAPS ou FUNRURAL na Avenida Santos Dumont. Aliás, para aventurar uma consulta médica, isto é, quando havia vinculo empregatício comprovado em carteira de trabalho que era menos de 20% da população urbana e menos que 10% da população rural. Não havia tantos hospitais ou postos médicos que dessem conta da sintomatologia decorrente das infecções parasitarias. Sentíamos febre, cefaléia, adinamia, cansaço, sensação de mal-estar indefinido, sonolência, corrimento nasal, lacrimejamento, dor de garganta, tosse, dor torácica e abdominal, estertores pulmonares e sopros cardíacos, dor abdominal, diarreia, náuseas e vômitos, icterícia, disúria, rash cutâneo (aparecimento de manchas ou pápulas na pele), presença de gânglios palpáveis, hepatomegalia (doença do fígado), esplenomegalia (crescimento anormal do baço), rigidez de nuca, convulsões e coma, lesões e / ou corrimentos genitais.

Mesmo antes de chegar à universidade pública, que se deu tardiamente porque precisava trabalhar para ajudar em casa, a militância me ensinou muita coisa. A universidade vem me ajudando sistematizar para ter mais clareza dos fenômenos socioeconômicos.  Mas, foi nas atividades de militância que descobrir que a desigualdade socioeconômica entre trabalhadores/desempregados e patrões era extrema e parte importante destas razões residia no modelo estrutural de sociedade adotada pelos ricos representantes das oligarquias cafeeiras que exploram a mão de obra. Dei-me por convencido também Professor amigo que parte destas explicações residem implicitamente na manutenção da renda familiar per capta média expressa em salario mínimo (que até setembro de 1991), segundo o ICV-Renda, era de apenas 0,81, sendo que em 1970 era de 0,41. Em 1991 59,47% da população pobre de Vitória da Conquista vivia com renda inferior a 50% do salário mínimo.

Meu caro professor amigo quando conheci um militante que me apresentou um livro da professora da UESB, Maria Aparecida, Sertão da Ressaca, passei a ter conhecimento histórico de qual era a verdadeira história de Vitória da Conquista, desde a "conquista" do Sertão da Ressaca, passando pelo surgimento do Arraial da Conquista até à última geração do Colonizador João Gonçalves da Costa, que foi o Senhor José Pedral Sampaio. Vitória da Conquista da minha infância Professor amigo era uma cidadezinha provinciana e atrasada para a maioria da população pobre, mas só para os trabalhadores porque as elites conquistenses desde 1958 frequentavam o luxuoso e moderníssimo Clube Social Conquista. O glamour das elites conquistenses era proporcionado pelo ouro verde explorado dos humildes catadores de café que sobreviviam na penúria da pobreza sofrida pelos arredores de uma Vitória da Conquista fria e ingrata para com os seus filhos.

Éramos pouco desenvolvidos, pois nosso Índice de Desenvolvimento Humano era de apenas 0,353. Em 1970 apenas 0,58% dos jovens com até 25 anos tinham mais de 11 anos de estudo, em 1980 chegamos a 1,77% e os anos 1990 atingimos 3,68%. Isso piora se observarmos que havia uma distorção série-idade entre as crianças de 10 a 14 anos, em 1991, de próximo de 77%. A situação de saneamento em 1991 era 55,88% era atendida no abastecimento de agua canalizadas internas ligadas a rede geral, destes apenas 0,35% dos moradores do campo tinham água canalizada, 66,75% na área urbana e 49,11% utilizavam poços ou nascentes sem canalização ou qualquer tipo de tratamento desta água.

Segundo o SIAB, 28% da população permaneciam sem acesso à abastecimento de água por meio de rede pública. Em 1991 as instalações sanitárias são precárias ou inexistentes para morados do campo, pois 78,65% não possuíam qualquer tipo de instalação sanitária e 17,02% possuíam fosses rudimentares. Na área urbana a situação não diferente, pois 35,21% habitavam em domicílios com fossas sépticas sem escoadouro, 22,93% estavam ligados a rede geral de esgoto e 29,45 possuíam fosses rudimentares.

Meu querido Professor amigo, os efeitos negativos ocasionados pela ausência histórica de qualquer tipo de política pública e principalmente de saúde pública voltada para as populações periféricas vão ser duramente sentidos até o final dos anos 90. Entre 1996 e 1998 aproximadamente 10% do total de óbitos em Vitória da Conquista ocorreram entre crianças de 0 a 1 anos de vida, destes 42,70% decorrem de afecções perinatais, sendo principalmente transtornos respiratórios e cardiovasculares específico do período perinatal. Também se constata que 14,61% são de doenças infeciosas e parasitarias e 10,11% doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas. O estudo mostra que 7,87% destas crianças morriam por doenças do aparelho respiratório, malformações congênitas, deformações e anomalias cromossômicas (6,18%).

Por isso meu caro Professor amigo, quem nunca viveu esta triste realidade de Vitória da Conquista dificilmente saberá as razões pelas quais a população empobrecida de Vitória da Conquista votou em 1996 e continua votando na proposta de governo do Partido dos Trabalhadores. No que pese saber que muitos dos que cresceram socioeconomicamente através da ascensão acadêmica deveu ao seu esforço e determinação pessoal, no entanto, sabe-se também que isso só foi possível porque milhares de trabalhadores e desempregados empobrecidos os mantem com suas rendas tributadas, recolhidos na forma de impostos compulsórios cuja fonte de recolhimento são oriundas das populações pobre porque historicamente rico não paga impostos neste país. Dona Maria Preta, uma tia que faleceu sem nunca ter conhecido, nem por dentro nem por fora a UESB e até o momento sua ascendência não a conhecem também, mas mesmo assim pagou e os seus continuam pagando compulsoriamente pelo estudo e a carreira acadêmica de muita gente.

É uma sensação de traição de classe vê hoje em dia um professor(a), ainda bem que o Professor amigo mantem-se fiel as lutas das classes trabalhadoras, que doutorou-se com dinheiro público defender programa de governo que prejudica os trabalhadores é uma imoralidade. Essa gente acomodou-se com o conforto proporcionado pelos bens e serviços consumidos pela classe média alta e perdeu sua relação de pertencimento com a história e as lutas das classes trabalhadoras. Assim como o Senhor nos ensinou Professor amigo, não se pode brincar com a vida de milhões de pessoas que precisam de políticas públicas que visam proteger e promover mais 115 milhões (60%) da população brasileira vive com menos de um salario mínimo e os 22,5% da população ganha de um a dois salários mínimos, muito menos brincar com os 15,8% da população que ganham a partir de dois salários mínimos, porque são estes que mantem o financiamento para construções públicas, habitação, cultura, educação, saúde e desenvolvimento social e principalmente com a folha de pagamento de servidores públicos municipais, estaduais e federais. Como pode ser? Milhões de trabalhadores assalariado mantem o financiamento de seu conforto e a recompensa e dizer que o projeto neoliberal é o melhor para o Brasil. E os milhões de brasileiras que financiam sua estabilidade devem ser explorados, excluídos e depauperados?

Ah... Professor amigo... Realmente os tempos são outros, mas continua a exploração de uma classe que domina de forma privada as riquezas, os meios de produção, as terras, matérias primas e insumos, contra as classes trabalhadoras que só possui sua força de trabalho para manter-se viva. Ah... Professor amigo descobrir que herdei do Senhor a mesma indignação... A vaidade intelectual de uma academia estéril que está a serviço da reprodução do capital e do status quo de uma elite intelectual. Ah... Professor amigo, a maioria deles são muito diferentes do Senhor. Eles preterem pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica, produzindo artigos científicos e discursos fáceis a favor de projetos neoliberais que só atendem aos interesses do capitalismo, só porque já estão com suas vidas resolvidas pelo contracheque acima da media da população brasileira. Dizem não devem nada a ninguém porque chegaram lá por méritos próprios, sem sequer reconhecerem que devem sim aos trabalhadores um retorno porque são os trabalhadores que financiam as universidades e seus programas de pós-graduações.

Por último meu caro Professor amigo, queria agradecê-lo por contribuir com minha consciência de classe trabalhadora. É por isso que voto pela manutenção de programas e políticas públicas que visem melhorar as condições materiais e intelectuais dos trabalhadores e desempregados empobrecidos deste país pagam impostos altíssimos, enquanto isso, as elites além de explorar, locupletar-se com dinheiro dos cofres do Estado, sonegam impostos e ironicamente alegam serem vitimas da política fiscal. Professor o que nos deixa angustiado nessa gente é o insolência. E o que mais sínico nisso tudo é que fazem discurso alegando que a carga tributaria é escorchantes.  

Queria dizer que é chegado o momento de tachar as grandes fortunas deste país, tocar nas estruturas fundiárias para democratizar o acesso a terra para acabar com o latifúndio improdutivo possibilidade a quem de fato produzi a agricultura familiar. De envidar esforços da base governista para criminalizar a homolesbofobia, misoginia, machismo, xenofobia; viabilizar o casamento civil igualitário entre pessoas do mesmo sexo; reestruturar a Rede Própria de Saúde com equipamentos e tecnologias, procedimentos multiprofissionais curativos e preventivos, exames laboratoriais e diagnósticos por imagens por quantidade per capta de pessoas de acordo o perfil socioeconômico de contingentes vulneráveis; investimentos necessários ao combate de epidemias, particularmente DST/Aids conforme áreas de vulnerabilidades;   avançar na titulação de áreas quilombolas e indígenas com prazos menores e mais agilidades; reestruturar a Rede Própria de Educação levando em conta a execução orçamentaria do PNE, politica de promoção, qualificação e qualidade de vida aos professores da rede pública com tempo determinado e agilidade na execução destas políticas; coibir, punir, confiscar e evitar com austeridade todas as formas ilícitas de evolução patrimonial de a gentes públicos de livre nomeação, eletivos e concursados das três esferas de poder Executivo, Legislativo e Judiciário.
Ao Professor amigo.





sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Carta para além do muro (ou por que Dilma agora)

Jean Wyllys foi reeleição ao cargo de Federal do Rio de Janeiro pelo PSOL, com 144.770 Votos

Aécio representa uma coligação de partidos de ultradireita, com uma base ainda mais conservadora que a do governo× Dilma no Parlamento. 




O muro não é meu lugar, definitivamente. Nunca gostei de muros, nem dos reais nem dos imaginários ou metafóricos. Sempre preferi as pontes ou as portas e janelas abertas, reais ou imaginárias. Estas representam a comunicação e, logo, o entendimento. Mas quando, infelizmente, no lugar delas se ergue um muro, não posso tentar me equilibrar sobre ele. O certo é avaliar com discernimento e escolher o lado do muro que está mais de acordo com o que se espera da vida. O correto é tomar posição; posicionar-se mesmo que a posição tomada não seja a ideal, mas a mais próxima disso. Jamais lavar as mãos como Pilatos – o que custou a execução de Jesus – ou sugerir dividir o bebê disputado por duas mães ao meio.


Sei que cada escolha é uma renúncia. E, por isso, estou preparado para os insultos e ataques dos que gostariam que eu fizesse escolha semelhante às suas.

Por respeito à democracia interna do meu partido, aguardei a deliberação da direção nacional para dividir, com vocês, minha posição sobre o segundo turno. E agora que o PSOL já se expressou, eu também o faço.

Antes de mais nada, quero dizer que estou muito feliz e orgulhoso pelo papel cumprido ao longo de toda a campanha por× Genro. Jamais um(a) candidato(a) presidencial tinha assumido em todos os debates, entrevistas e discursos – e, sobretudo, no programa de governo apresentado – um compromisso tão claro com a defesa dos direitos humanos de todos e de todas. Luciana foi a primeira candidata a falar as palavras "transfobia" e "homofobia" num debate presidencial, além de defender abertamente o casamento civil igualitário, a lei de identidade de gênero e a criminalização da homofobia nos termos em que eu mesmo a defendo; mas também foi a primeira a defender, sem eufemismos, as legalizações do aborto e da maconha como meios eficazes de reduzir a mortalidade da população pobre e negra, a taxação das grandes fortunas, a desmilitarização da polícia e outras pautas que considero fundamentais. O PSOL saiu da eleição fortalecido.

Agora, no segundo turno, a eleição é entre os dois candidatos que a população escolheu: Dilma Rousseff e Aécio Neves. E eu não vou fugir dessa escolha porque, embora tenha fortes críticas a ambos, acredito que existam diferenças importantes entre eles.

A candidatura de Aécio Neves – com o provável apoio de Marina Silva (e o já declarado apoio dos fundamentalistas MAL-AFAIA e Pastor Everaldo; do ultrarreacionário Levy Fidélix; da quadrilha de difamadores fascistas que tem por sobrenome Bolsonaro e do PSB dos pastores obscurantistas Eurico e Isidoro) – representa um retrocesso: conservadorismo moral, política econômica ultraliberal, menos políticas sociais e de inclusão, mais criminalização dos movimentos sociais, mais corrupção (sim, ao contrário do que sugere parte da imprensa, o PT é um partido menos enredado em esquemas de corrupção que o PSDB), mais repressão à dissidência política e menos direitos civis.

Mesmo com todos as críticas que eu fiz, faço e continuarei fazendo aos governos do PT, a memória da época do tucanato me lembra o quanto tudo pode piorar. Por outro lado,× Aécio representa uma coligação de partidos de ultradireita, com uma base ainda mais conservadora que a do governo× Dilma no Parlamento. Esse alinhamento político-ideológico à direita entre Executivo e Legislativo é um perigo para a democracia.

Vocês, que acompanham meus posicionamentos no× Congresso, na imprensa e aqui sabem o quanto eu fui crítico, durante esses quatro anos, das claudicações e recuos do governo Dilma e do tipo de governabilidade que o PT construiu. Mas sabem, também, que tenho horror a esse antipetismo de leitor da revista marrom, por seu conteúdo udenista, fundamentalista religioso, classista e ultraliberal em matéria econômico-social. Considero-o uma ameaça às conquistas já feitas, que não são todas as que eu desejo, mas existem e são importantes, principalmente para os mais pobres. As manifestações de racismo e classismo que vi nos últimos dias nas redes sociais contra o povo nordestino, do qual faço parte como baiano radicado no× Rio, mais ainda me horrorizam.

Por isso, aderindo à posição da direção nacional do PSOL, que declarou "Nenhum voto em Aécio", eu declaro que, neste segundo turno das eleições, eu voto em Dilma e a apoio, mesmo assegurando a vocês, desde já, que farei oposição à esquerda ao seu governo (logo, uma oposição pautada na justiça, na ética, nas minhas convicções e no republicanismo), apoiando aquilo que é coerente com as bandeiras que defendo e me opondo ao que considero contrário aos interesses da população em geral e daqueles que eu represento no× Congresso, como sempre fiz.

Hoje, antes de dividir estas palavras com vocês, entrei em contato com a coordenação de campanha da presidenta× Dilma para antecipar minha posição e cobrar, dela, um compromisso claro com agendas mínimas que são muito caras a mim e a todas as que me confiaram seu voto.

E a presidenta× Dilma, após argumentar que pouco avançou na garantia de direitos humanos de minorias porque, no primeiro mandato, teve de levar em conta o equilíbrio de forças em sua base e priorizar as políticas sociais mais urgentes, garantiu que, desta vez, vai:

1. fazer todos os esforços que lhe cabem como presidenta para convencer sua base a criminalizar a homofobia em consonância com a defesa de um estado penal mínimo;

2. fazer todos os esforços que lhe cabem como presidenta para mobilizar sua base no× Legislativo para legalizar algo que já é uma realidade jurídica: o casamento CIVIL igualitário (ela ressaltou, contudo, que vai tranquilizar os religiosos de que jamais fará qualquer ação no sentido de constranger igrejas a realizarem cerimônias de casamento; a presidenta deixou claro que seu compromisso é com a legalização do CASAMENTO CIVIL – aquele que pode ser dissolvido pelo divórcio – entre pessoas do mesmo sexo);

3. realizar maior investimento de recursos nas políticas de prevenção e tratamento das DSTs/Aids, levando em conta as populações mais vulneráveis à doença;

4. dar maior atenção às reivindicações dos povos indígenas, conciliando o atendimento a essas reivindicações com o desenvolvimento sustentável;

5. e implementar o Plano Nacional de Educação (PNE) de modo a assegurar a todos e todas uma educação inclusiva de qualidade, sem discriminações às pessoas com deficiências físicas e cognitivas, LGBTs e adeptos de religiões minoritárias, como as religiões de matriz africana.

Por tudo isso, sobretudo por causa desse compromisso, eu voto em Dilma e apoio sua reeleição. Se ela não cumprir serei o primeiro a cobrar junto a vocês.


terça-feira, 7 de outubro de 2014

O ANALFABETISMO POLÍTICO E A INDÚSTRIA DO ANTIPETISMO



* Por Professor João Paulo

A história do Brasil está recheada com fatos históricos que mostram o ódio de classe estabelecido pelas elites dominantes sobre o povo deste país, não é segredo para ninguém a escravidão, inicialmente dos nossos Povos Originários, depois dos Africanos, Sudaneses e Bantos, trazidos para o trabalho forçado, tratados como sub-raça humana, do genocídio oficial contra os Povos Originários com o Bandeirantismo, mais tarde o extermínio de todos que ousaram questionar a ordem colonizadora portuguesa, ou durante o império, como aconteceu nas conjurações do início do século XIX e durante o Período Regencial, na Cabanagem, na Balaiada e na Sabinada.


O trem da história do Brasil foi passando e novamente à repressão contra todos que se levantavam contra a ordem estabelecida por estas elites foram surgindo, a perseguição aos movimentos Messiânicos no Nordeste e no Paraná com o Contestado durante a primeira república, a prática destas elites sempre a mesma ante de massacrar os infiéis, sempre o processo de difamação, transformando pessoas sonhadoras em representações do mal, como fizeram com Antonio Conselheiro, Padre Cícero, José de Ibiapina, José Lourenço, para depois exterminar o que era ruim para a manutenção do poder estabelecido.

Finalmente veio a Revolução de 1930, um sinal de mudanças no país, era chegada a hora dos pobres e o sonho se tornou um pesadelo, o Período Getulista, diga-se de passagem, era mais um representante das elites que por uma questão de localização de poder havia ficado fora da partilha, a chamada “burguesia nacionalista”, criou uma ditadura civil, reprimindo a todos que questionavam o regime e ceceava o direito de organização da classe que vivia do trabalho, estabelecendo regras para a submissão da classe trabalhadora.

Não satisfeito com isso, a burguesia internacionalista brasileira, contraria ao modelo proposto pela burguesia nacionalista, se aliou ao imperialismo norte americano, criou o “golpe militar” em 1964, reprimindo violentamente todos que ousaram sonhar em viver em um país mais justo, mais humano e mais fraterno. Neste momento, a burguesia internacionalista descobriu que não bastava a opressão física, era preciso oprimir culturalmente e ideologicamente, chega à vez da televisão.

Utilizando dos meios de comunicação de massa, como ferramenta para garantir a aceitação da ordem através de um amplo processo de dominação cultural, as elites construíram o padrão de consciência coletiva para o Brasil, em um verdadeiro processo de bestialização social, fazendo aqui uma analogia ao livro do professor de história José Murilo de Carvalho, quando discuti a participação popular na proclamação da República.
Desde então nosso povo perdeu completamente a capacidade de compreender criticamente a sociedade, passando a aceitar com naturalidade o processo de dominação do grande capital sobre as suas vidas, claro que isso não é um privilegio brasileiro, esse processo se dá de formas diferenciadas e por outros caminhos em todo o mundo, entretanto, aqui pretendemos discutir o caso específico do país.

Com o nascimento do Partido dos Trabalhadores, a elite por medo da organização livre da classe que vive do trabalho iniciou um processo de desconstrução da imagem dos trabalhadores, primeiro criando o estereótipo dos “bagunceiros”, “promovedores de greves”, “baderneiros”, “comunistas”, “terroristas”, se utilizando ainda da INDÚSTRIA DO ANTICOMUNISMO NORTE AMERICANO. Mas este partido cresceu, ganhou corpo político, passou se tornou a principal representação da esquerda mundial, chegou ao governo, garantiu mudanças claras na sociedade brasileira, tirando milhões de pessoas da condição de miseráveis, gerando milhões de empregos, elevando o nível de vida da população brasileira de forma geral, fazendo um enfrentamento com o grande capital internacional, construindo um novo bloco hegemônico internacional. 

Essa postura do Partido dos Trabalhadores tem incomodado aos setores hegemônicos do Brasil e do mundo, aí outro processo político passa a ser construído por estas elites, agora o antigo partido dos baderneiros, que mudaram a história política deste país, passou a ser o “partido da corrupção”, se utilizando de um discurso retórico, essa elite criou a idéia que toda corrupção no Brasil, começou com Partido dos Trabalhadores, esse discurso, veio recheado de maldade, da intencionalidade do ódio ao PT, criou-se no Brasil a política do ANTIPETISMO, como o objetivo de atingir a juventude, que não conhece a real história brasileira, que não viveu os períodos em que a burguesia estivera no poder.

Essa política da burguesia brasileira, dos Estados Unidos e dos organismos capitalistas internacionais, está alicerçada em alguns princípios básicos para a manutenção do poder do grande capital no mundo. O primeiro deles é o combate a corrupção petista, criou a idéia de que toda a corrupção do país teve inicio com o PT, primeiro passo foi apagar a história, esqueceram todos os atos de corrupção de nossa história, não se houve, mas nada na grande mídia, depois fabricaram a partir da Veja e da Rede Globo uma avalanche de denúncias contra o PT, a maioria sem conclusões das investigações, mas com a afirmação do crime, impondo a opinião pública uma verdade estabelecida a partir dos interesses da grande mídia.
Esse discurso também contaminou setores da esquerda, que foram também impulsionados pela defesa da ética, a se posicionar criticamente ao PT, não percebendo que estão sendo usados pela direita, cumprindo também o papel de carrasco de um projeto em que eles deveriam assumir até para deslocá-lo para um campo mais a esquerda e fortalecer o movimento dos trabalhadores brasileiros.

Outro pilar de sustentação da direita é o ódio gratuito ao Partido dos Trabalhadores. Com um discurso em defesa da ética e da moral, a burguesia nacional e internacional, vem levantando a juventude, em sua maioria, alienados, sem defesa clara de nenhum projeto político, desinformados, a políticos e a partidários, contra o PT, para isso se vele do fato deste partido está no poder, no Brasil, já foi construído há muito tempo o ideário coletivo popular que todo mundo que está no governo é ruim, pois “todo político é igual”, “todo político é ladrão”, “todo mundo que entra na política” isso se aprende no berço. Se aproveitando disso as elites produziram o “ódio ao PT”, visto com facilidade nos bestializados discursos de nossa bestializada juventude, que usam de frases prontas, criadas pela mídia burguesa para justificar seu ódio gratuito, cabe também isto para setores de nossa ultra- esquerda sem rumos.

Só não se deram conta ainda que este ódio esteja fugindo ao controle destas elites que podem está criando um exército ou uma horda sinistra, colocando vidas em jogo. Mas também essa não é a preocupação das elites internacionais e, sobretudo, dos Estados Unidos, que criaram um terceiro pilar de sustentação, diante da crise econômica estabelecida por eles mesmo, e a partir da impossibilidade de superá-la a partir da lógica neoliberal, estão propondo desde 2007 a superação da crise econômica, a partir do estabelecimento, de governos Nazi-Fascistas, pois estes do ponto de vista econômico, garanti a manutenção da política neoliberal, garantindo a acumulação da grande burguesia mundial, ao mesmo tempo que reprime todos aqueles que ousarem se mostrar contrários ao regime.

Para garantir o sucesso deste empreendimento, os Estados Unidos tem através da CIA, espalhado o terror pelo mundo, iniciando com as manifestações por toda a Europa no primeiro momento de crise que fez crescer por todos os cantos o ideário Fascista que atingiu grande parte da Juventude Européia. Depois a com a Primavera Árabe, que sacudiu o Norte da África e o Oriente Médio, depois gerando conflitos entre países da Europa Oriental e a Rússia, claramente opositor às pretensões econômicas Norte Americana e seus aliados do G7. Interferência nas eleições na Índia, derrotando a dinastia Gandhi, que já governava há meio século o país e garantindo o poder a um defensor do Nazismo.

Na America Latina diante do crescimento dos governos de Centro-Esquerda e da formação de um bloco econômico forte, capitaneado pelo Partido dos Trabalhadores, os Estados Unidos tem se dedicado a difusão do ódio ao mesmo tempo em que fortalece o ideário fascista, fortalecendo líderes com estas características em países chaves como o Brasil, Venezuela, Argentina, impondo comportamentos violentos, disseminando ódio, provocando e organizando movimentos reivindicatórios com características de defesa da família, pátria.
Por traz disto está claro um projeto, para que os Estados Unidos restabeleça o controle mundial, é preciso derrotar seus principais adversários no mundo, o presidente Vladimir Putin, o regime cubano, o Chavismo Venezuelano, promover o enfraquecimento da China e derrotar o Partido dos Trabalhadores no Brasil. São estes os setores que conjunturalmente estão na oposição aos interesses imperialistas Norte Americano e para o estabelecimento deste novo projeto de reconquista do planeta eles não mediram esforços para consolidar, mesmo que para isso vidas sejam ceifadas.

Esta eleição presidencial no Brasil, que agora vai para o segundo turno, com a polarização clara de um projeto de esquerda representado pelo PT e por Dilma Rousseff, contra um projeto de direita agora capitaneada por Aécio Neves e o PSDB, não é apenas mais uma eleição no Brasil, ela é também definidora da correlação política e econômica, que o mundo certamente viverá nos próximos anos, a vitória do Partido dos Trabalhadores, certamente se transformará em uma “pedra no caminho dos Estados Unidos”, pode se transformar, por exemplo, na inauguração de uma nova ordem mundial, e é em função disto que se instituiu o ódio ao Partido dos Trabalhadores e inocentemente e/ou bestializadamente, absorvido por nossa juventude que não percebe que são apenas ferramentas para garantir o mandonismo norte americano sobre o mundo.

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