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quinta-feira, 31 de maio de 2012

Para Paulo Paim, a discriminação racial no Brasil ainda é forte




Um dia após a data em que se comemora a Abolição da Escravatura no Brasil, 13 de maio, o senador Paulo Paim lembrou em plenário, nesta segunda-feira (14/05), a importância, a coragem e o massacre do grupo de escravos conhecido como Lanceiros Negros, que tiveram participação destacada na Revolução Farroupilha, que movimentou o Rio Grande do Sul ainda durante o Império. O batalhão, formado exclusivamente por negros cuja única arma eram lanças, foi massacrado em 14 de novembro de 1844, num episódio histórico que ficou conhecido como “A Surpresa dos Porongos” – hoje município de Pinheiro Machado.

A Revolução Farroupilha começou em 1835 prometendo dar liberdade aos escravos que lutassem a seu favor. Segundo Paim, o batalhão dos lanceiros compôs o verdadeiro grupamento de heróis da Guerra dos Farrapos. “Lembro aqui que nós, brasileiros, não sabemos sequer o nome dos lanceiros negros”, lamentou.


“No final de 1844, já há 9 anos em guerra, a província desgastada, a guerra parecia perdida. Com o intuito de dar um fim ao conflito, na madrugada de 14 de novembro, foi dada a ordem pelo poder imperial para que tirassem as armas dos escravos negros. O argumento era o medo de que esses se rebelassem, exigindo o fim da escravidão. Assim, por volta das duas horas da madrugada, as tropas imperiais entraram no campo de Porongos e o corpo dos lanceiros negros, desprotegido, foi então dizimado”, recordou.

O senador gaúcho aproveitou também a “comemoração” da abolição para lembrar que, embora muito esperada e comemorada com alegria, a libertação dos escravos não foi capaz de por fim de fato à escravidão. “Nós estamos vivendo, há 124 anos, a abolição da escravatura não conclusa, tanto que o Supremo Tribunal Federal somente agora, agora, nos últimos dias, aprovou a possibilidade de os negros terem direito a quotas para chegarem a uma universidade. Passados 124 anos, nossa realidade mostra que a população negra continua sofrendo as consequências da escravidão”, disse.

Munido de dados de pesquisas, Paim argumentou que ainda é forte a chamada “discriminação racial na sociedade brasileira”. Segundo ele, essa discriminação é o que determina diferentes padrões de atendimento e tratamento, por exemplo, de saúde, educação e segurança da população negra.

“O risco de morte por desnutrição é, por exemplo, para o negro, 90% maior do que para aqueles que não são negros. Fonte: Ministério da Saúde. A chance de morrer por tuberculose entre adultos é 70% maior do que para aqueles que não são negros. A Organização Mundial da Saúde recomenda, no mínimo, seis consultas de pré-natal. Pois bem. As estatísticas mostram que o índice de mulheres que passam por mais de seis consultas no pré-natal é de 62% entre mães de nascidos vivos que não são negros e de apenas 37% entre as mulheres negras. Ou seja, 62% de mulheres que não são negras fazem os exames seis vezes e as mulheres negras, 37%, praticamente a metade. 
A mortalidade de crianças negras até o quinto ano de vida é de 36 por mil, diminuindo para 28 por mil se se tratar de crianças que não são negras”, relatou.

E concluiu, afirmando que, mesmo passados 124 anos da Abolição, a taxa de pobreza entre negros é bem mais alta que entre aqueles que não são negros. A diferença também vale para a taxa de analfabetismo no Brasil, que é 50% maior entre os negros.

APNs se destacam em sessão afro na Câmara de Maceió


* Por Helciane Angélica – Coordenadora de Comunicação e Mobilização/APNs

Nessa sexta-feira (25 de maio) - Dia da África ou Dia da Libertação Africana - foi ainda mais especial na capital alagoana. Aconteceu a sessão solene de outorga das comendas Dandara e Zumbi dos Palmares, na Câmara Municipal de Maceió, proposta pelas vereadoras Fátima Santiago (PP), Silvânia Barbosa (PPS) e Tereza Nelma (PSDB).

Foram homenageadas 17 personalidades que defendem as questões étnicorraciais e a entidade nacional do movimento negro, os Agentes de Pastoral Negros do Brasil (APNs). E a entidade ainda teve cinco integrantes do Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô (Mocambo Anajô) entre os homenageados, foram eles: Allex Sander Porfírio de Souza (Professor e Economista), Helciane Angélica Santos Pereira (Jornalista), Helcias Roberto Paulino Pereira (Arte-Educador), Severino Claudio de Figueiredo Leite (Professor de Educação Física e Mestre de Capoeira) e Valdice Gomes da Silva (Jornalista).


A solenidade foi marcada por discursos políticos, leitura dos currículos dos novos comendadores e comendadeiras sobre a formação pessoal e sobre os feitos sócio-cultural e políticos em prol da igualdade racial nos mais diversos setores. Também teve decoração afro de Dona Filó Decoração e Eventos; e a apresentação artística de Igbonan Rocha acompanhado pelos músicos China e Altair Roque, que interpretaram grandes clássicos da música afro.

O Coordenador Geral do APNs, Nuno Coelho, foi até Maceió receber pessoalmente a homenagem em nome de todos os malungos e malungas dos 12 Estados que a entidade encontra-se presente. Na ocasião, utilizou a tribuna para agradecer publicamente a homenagem e destacar a importância histórica do Estado de Alagoas onde se desenvolveu o Quilombo dos Palmares e a necessidade da população se apropriar mais das heranças dos guerreiros e guerreiras quilombolas e investir mais no pertencimento étnico-cultural. Também lembro que os APNs celebrará em 2013, os 30 anos de existência nas cidades alagoanas de Maceió e União dos Palmares.

No encerramento todos os APNs presentes no plenário, inclusive, os que foram prestigiar se reuniram para tirar a foto oficial do evento com as vereadoras.

Waldenor discute seca no Brasil em Debate



A presidenta Dilma Rousseff cobrou do ministro da Integração Nacional que as iniciativas do governo para amenizar os efeitos da seca no Nordeste cheguem às famílias afetadas. Somente no Nordeste, 769 municípios decretaram estado de emergência. Até o momento, o governo federal repassou R$ 2,7 bilhões para os estados mais afetados da região. Para falar da seca no Nordeste, os convidados do Brasil em Debate desta terça-feira foram os deputados Waldenor Pereira e Gonzaga Patriota, do PSB pernambucano.

PGE SE PRONUNCIA SOBRE DECISÃO DO TJ ACERCA DA GREVE DOS PROFESSORES



A Procuradoria Geral do Estado da Bahia entendeu que a liminar que determinou o pagamento dos salários aos professores estaduais em greve há quase dois meses tem conteúdo contraditório em relação à decisão anterior que reconheceu a ilegalidade do movimento grevista. Informa que não foi citada dos termos da ação promovida pela APLB, que resultou em decisão liminar proferida pela desembargadora Lícia Laranjeira e esclarece que “o entendimento, já manifestado pelo Supremo Tribunal Federal, não autoriza o pagamento de salários diante de uma greve, salvo circunstâncias excepcionais, o que não é o caso”. Quanto ao acesso dos professores e respectivos dependentes conveniados ao PLANSERV, a PGE esclarece que o mesmo não sofreu qualquer interrupção no curso do movimento grevista.


EXCLUSIVO: Justiça manda Wagner devolver salários



O mesmo Tribunal de Justiça que considerou ilegal a greve dos professores da rede estadual também considerou ilegal o não-pagamento dos salários dos docentes grevistas. A liminar determinando o imediato pagamento dos salários foi concedida pela desembargadora Lícia de Castro Laranjeira Carvalho, que parece ter levado em conta os argumentos da APLB que, entre outras coisas, afirma que a medida do governo Wagner fere a dignidade humana. Parece que o governador Jaques Wagner estava adivinhando que a Justiça lhe seria desfavorável, porque hoje, em seu programa semanal de rádio – Conversa com o Governador, fez um apelo comovido aos professores para voltar às aulas, prometendo inclusive o pagamento dos salários. A Justiça se adiantou e já determinou o pagamento. Clique aqui para ler o inteiro teor da liminar. LIMINAR PAGAMENTO DO SALÁRIO.

Precisamos ler Sun Tzu



* Por Josafá Santos


Colegas professores… me perdoem, mas alguns pontos precisam ser ditos, por nós, sobre nós, a nós mesmos. Por mais estranho que pareça a alguns, na assembleia aqui em Conquista, no dia 13 de abril, dois dias depois dela haver sido decretada em Salvador, eu votei CONTRA se entrar na greve. Sim, eu votei CONTRA. Uma vez decretada, nela aqui estou, participando, opinando, com outros valorosos colegas, por ela suando, sofrendo, por ela dando o sangue, literalmente falando.

Mas assumo: votei CONTRA a greve; e o fiz por diversos motivos, mas vou citar apenas alguns: Votei CONTRA por enxergar nela, desde muitos antes, o cheiro indisfarçável da engrenagem politicalhesca, típico odor que predomina em todo ano eleitoral. Não é preciso entrar em detalhes sobre o que falo, do claro uso da mesma com fins eleitorais ou de barganha de espaços no poder estabelecido, onde mais uma vez o uso da categoria como massa de manobra, seria uma engrenagem posta em andamento, em especial por certo partido, o PCdoB, que publicamente já assumiu direcionar o nosso sindicato.


Votei CONTRA a greve, pela forma como dela soubemos, como dela fomos avisados pelo sindicato: NÃO SENDO. Não fomos convocados, questionados, avisados, nada. Soubemos que os professores do Estado da Bahia (nós) havíamos deflagrado greve, pela TV… Votei CONTRA essa greve, em posição pessoal, por não ter mais tanta certeza na eficácia dos movimentos grevistas puramente paredistas, em especial depois de ter praticamente brigado com diversos colegas que usaram TODOS os dias de paralisação dos anos passados, para ficarem… paralisados. Votei CONTRA a greve por antever nela a mesma estrutura canhestra, amadora, intencionalmente falha, das outras tantas greves orientadas por esse sindicato (falta de propaganda, falta de maior embate, o sempre mesmo posicionamento peleguista, os acordos de finalização sem o menor respeito à base, etc, etc,etc). Mas também votei CONTRA a greve, por discordar de uma falha que, no meu ponto de vista, já vem se tornando uma marca desse movimento: Nós, como sempre, vamos buscar o apoio dos estudantes, dos pais de alunos, da sociedade para a nossa causa, para nossa greve… DEPOIS DELA TER SIDO DECRETADA… Só agora, somente agora, que as escolas estão fechadas, é que muitos colegas (talvez) entendam para que deveríamos ter usado todos aqueles dias de paralisação em que ficamos… paralisados.

Tenho em mente, e me desculpem os discordantes, que uma greve não tem de ser simplesmente DECRETADA… acredito e defendo que ela, PRIMEIRAMENTE, deve ser CONSTRUÍDA, aolongo de semanas, meses mesmo, durante todo o ano. Como essa, assim como tantas outras, não o foi, aqui estamos, mais uma vez: SEM fundo de greve… SEM uma estrutura sindical funcional… SEM um lastro operacional efetivo e organicamente operante… SEM uma rede realmente organizada de intercomunicação… SEM uma necessária TRANSPARÊNCIA dos rumos do movimento de suas diretrizes… SEM uma estratégia de contra propaganda REALMENTE EFETIVA E COMBATENTE… E principalmente: SEM o devido esclarecimento, convencimento, comprometimento e apoio material dos nossos alunos, dos pais destes, da sociedade de um modo geral. Mais uma vez, estamos pagando caro por um a falha grave de organização prévia e assim nos encontramos no meio do campo de batalha, ainda tentando construir pontes que nos liguem aos nossos aliados, alguns, bem próximos, próximos mesmo, os nossos alunos e seus pais.

Sun Tzu, em “A arte da Guerra” deixa um ensinamento claro: Entrar numa guerra sem estar-se devidamente preparado para ela, para se enfrentar todos os seus dissabores e desafios, sem provisões suficientes, sem estratégias antecipadamente definidas, sem se conhecer a fundo o inimigo e suas facetas, suas armas, os seus (e os nossos) generais, sem formar um exército realmente preparado, organizado, combativo, numérica e qualitativamente falando, é um conjunto de erros que pode ser fatal e geralmente o é. A experiência mostra que improvisos ou estratégias de última hora raramente funcionam numa guerra, frequentemente levam um exército à baixas desastrosas, quando não ao pior lado do embate…

Josafá Santos, professor da rede estadual
josafasantos71@yahoo.com.br

TRÁFICO E SOCIEDADE

*por Vinícius Barbosa de Moraes

Esse registro parte da indicação do amigo Herberson quanto ao texto de Ronaldo Ferraz intitulado “A Maconha, a Política e a Saúde – Parte I”**, dentre outras leituras, observações e ideias minhas que, a meu ver, deveriam permear a cabeça de qualquer pessoa que reflita sobre o assunto. Que assunto? COMBATE AO TRÁFICO DE DROGAS.


Antes de continuar, vamos partir de alguns pressupostos.

· Você acredita que qualquer um que escreva sobre esse assunto é um usuário e tenta facilitar seu acesso às drogas? Sugiro rever seus conceitos antes de decidir se continuará a ler o texto. Afinal, todo ser que pense, pode refletir sobre um tema qualquer.

· A droga alimenta o crime, causa mortes e, se assim o é, têm de ser exterminada da sociedade? Espero que o resto do texto lhe faça repensar o assunto.

· Como a massa na sociedade, você acredita que não deva questionar qualquer ordem do Estado, nem mesmo refletir sobre o assunto ou que isso não é de sua responsabilidade? Peço sua reavaliação ao final da leitura.

Ok. Que drogas causam mortes, dependência, geram violência, etc. todos nós sabemos. Também se sabe que é a renda gerada pelos usuários que financia tais reflexos e geram inúmeros impactos na sociedade. Mas você gosta de uma cervejinha no final de semana? Achou engraçado o comercial onde homens saltam sem paraquedas de um avião para salvar sua sagrada cerveja? Ainda assim, claro, você não se sente constrangido ou um financiador do crime por isso. Não é?

Se as respostas para as questões acima foram sim, melhor você começar a ler mais sobre o assunto e descobrir que SIM, você deveria se entender enquanto criminoso e financiador de milhares de mortes no país. Tal sentimento por reflexo direto dos inúmeros acidentes de trânsito, agressões em família, destruição de vidas pelo vício, dentre outras “maravilhas” causadas pelo lícito e benquisto álcool.

Mudando de droga, você também não vê problemas em se aceitar o fumo como lícito, ainda que cause tantas mortes e um elevado custo para o governo. Certo?



O velho Milton Friedman*** questionava o combate ao tráfico e isso não foi agora ou na “ondinha” que até Fernando Henrique Cardoso entrou. Qual razão? Era usuário ou planejaria investir no ramo do tráfico? NÃO. Como um economista e até mesmo crianças no ensino fundamental, este entendia que onde há demanda, SEMPRE haverá oferta. Dessa forma, o combate inflacionaria o produto e, ao invés de desestimular a aplicação em tal “investimento”, ampliaria os ganhos de seus “empreendedores”.

Estudos recentes indicam uma queda no preço das drogas. Então Friedman errou e o tráfico está perdendo? NUNCA. A questão é simples e parte de questões que ele não vislumbrava, ao menos no vídeo citado. Se a demanda aumenta, a busca por oferta segue a mesma linha e, maior oferta, menor preço. Isso as crianças também aprendem em séries iniciais.

Antes de prosseguir, voltemos à cerveja e seu citado comercial. Se o item jogado do avião fosse um baseado, não a sagrada cerveja e os mesmos homens pulassem para salvá-lo você ficaria estarrecido(a) com a cena e entenderia como apologia a algo que deve ser exterminado? Peço voltar aos pressupostos supracitados.

Falando da cerva, nos Estados Unidos da América de 1920 a 1933 foi praticada a chamada Lei Seca também conhecida como The Noble Experiment, onde o comércio de bebidas alcoólicas era proibido. Essa lei foi revogada por quase causar um estado de guerra civil por lá. Dúvidas sobre a ligação disto com o tráfico de drogas? Sugiro lembrar-se do “teatro” do Alemão no Rio de Janeiro e a situação em que se encontra o México na guerra contra o tráfico além, claro, de refletir se esses acontecimentos estão restritos aos locais citados.

Como o termo guerra foi lembrado, é de se atentar que perdas e lucros se ligam diretamente a esta. Nisso cabe uma reflexão se o tráfico perde com as ações da polícia, a apreensão de carregamentos, etc. A resposta para isso é NÃO. Traficantes dizem claramente a repórteres que os carregamentos apreendidos o foram por serem plantados para tal fim. Afinal, com a polícia ocupada apreendendo e se exibindo com uma ou duas toneladas ditas como “tiradas das ruas”, outras CENTENAS destas passam despercebidas por rotas não avisadas.

Mas se o tráfico não perde com as apreensões o que este ganha? Simples, uma ótima desculpa pela suposta redução da oferta, aumento dos riscos, consequentemente, maior preço e aqui o ganho óbvio. Ainda que com preços mais baixos que num período anterior, como citado no trecho em referência a Friedman, a produção nunca esteve em tão alta escala e a demanda também não. Maior escala de produção, menor preço. Mais uma brincadeira econômica. As estratégias do tráfico evoluíram como o aprendizado natural e crescente que qualquer empreendimento acumula. Dessa forma, novas rotas, conexões, itens e possibilidades foram inclusas no jogo.

Outro aprendizado do tráfico com o mercado lícito foi o destino dado aos “resíduos” da produção. Vamos lá, digamos que você seja dono(a) de uma fábrica de cadeiras de madeira. Obviamente, no processo de fabricação, parte da madeira comprada e destinada à linha de produção vira apenas um resto de matéria-prima em pó. Seria natural crer em seu descarte ou, no máximo, seu subaproveitamento numa necessidade interna. No entanto, digamos que sua empresa inove e crie outro produto que use esse resto como insumo principal e, ainda que com um preço de mercado mais baixo, sua empresa consiga a inserção desse novo produto em ampla escala. Em que isso se liga ao tráfico? O trecho abaixo tenta esclarecer.

Crack é obtido a partir da mistura de resto da pasta-base de coca, com bicarbonato de sódio e água. Resumindo, o Crack seria "a inovação” da sua fábrica de cadeiras. Ao invés de apenas descartar o resíduo, o tráfico encontrou um meio de lucrar e muito com ele. Mais eficiente que sua empresa, o tráfico percebeu que, ainda nesse novo produto, há novamente um resíduo e “inovou” mais uma vez o destinando a fabricação do Oxi. O Oxi é resultado da mistura também do resto da pasta-base de coca com querosene ou gasolina, cal virgem e líquidos Oxidantes. Seu preço em alguns locais chega a ser um terço da pedra de Crack, sendo que a pedra deste custa de 30 a 50 por cento do valor cobrado na grama de cocaína, variando em cada região.

A velocidade de transformação do usuário em dependente pelo Crack é absurdamente maior que a cocaína e o Oxi consegue ser tão ou ainda mais potente. Por seu preço baixo e velocidade de expansão, o Crack assusta a sociedade pelo grau de destruição causado aos seus usuários e a todos que o cercam, sejam familiares ou meio próximo e possível de servir para o acesso (assalto) a mais uma pedra. Tendo um preço ainda mais baixo que o Crack, o Oxi segue a mesma trajetória e provavelmente tomará seu posto de entorpecente preferencial dos moradores de rua, etc.

Aqui começamos a tratar outras variantes de entorpecentes, seus impactos e possíveis ações para redução destes. Voltemos a um dos pensamentos centrais na exposição de Friedman, no vídeo cujo link está no final do texto e aquele saber das crianças nas séries iniciais. Milton Friedman percebe O DESEJO pelo consumo como algo além da capacidade de controle por parte do Estado. Afinal, quem pode impedir o surgimento do desejo? Que esclarecimentos e ações em prol deste possam e devam ocorrer é óbvio. Tão óbvio quanto é entender que prevenir e informar pode reduzir a ocorrência ou esclarecer sobre as consequências do atendimento desse desejo, mas evitá-lo é outra questão.

Uma informação pouco difundida, mas muito relevante para o tratado a partir desse ponto é o fato de que NÃO É o tráfico de drogas o mais rentável meio ilícito. Este, em determinadas pesquisas ocupa o segundo lugar em algumas outras aparece em terceiro ou quarto, perdendo para a pirataria ou o tráfico de animais e humanos*****. Assim, que meio ilegal ocupa o posto de mais rentável no planeta? É o tráfico internacional de ARMAS. Dúvidas a respeito podem ser sanadas por qualquer pesquisa sobre estudos relacionados ao crime.

Dito isto, surgem algumas questões esclarecedoras. Se não é de seu conhecimento e não tem de ser, são os Estados Unidos da América que “ordenam” ao resto do mundo não admitir o tráfico de drogas e que se usem todas as formas de ação em seu combate. Onde isso se relaciona com o primeiro lugar no ranking do lucro no crime é percebido ao se saber que também é dos EUA a mais ampla e influente indústria bélica do mundo. E daí? Voltemos com as crianças, agora brincado de polícia e ladrão e, ao mesmo tempo, de vendedores. Perguntando-se para uma das que se fazem de vendedores, se gostariam de vender apenas para a polícia ou apenas para os ladrões, provavelmente responderiam o óbvio. Eu quero é vender para OS DOIS.

Pois então, o leitor evidentemente é livre para duvidar disso, mas a indução ao combate por parte dos EUA está diretamente ligada ao desejo de manutenção/ampliação dos rendimentos de sua indústria bélica. Diriam: mais isso é um crime e nenhum governo participaria de tal iniciativa. Sugiro se livrar das informações oficiais e buscar detalhes sobre as motivações “ocultas” das duas Grandes Guerras, o ataque a Pearl Harbor, os interesses por trás da “defesa do Kuwait” no início da década de noventa, a piada das armas de destruição em massa contada por George Bush e a mais recente e hipócrita atrocidade cometida por essa mesma dupla (indústria bélica / Bush), o 11 de Setembro****.

Ué, mas não foi o barbudo em sua batcaverna que controlou os aviõezinhos e os jogou em Nova Iorque? Só uma informação prévia, segundo o The New York Times, a guerra do Iraque iniciada em 2003 custa CINCO MIL DÓLARES POR SEGUNDO. Junte isso com a guerra do Afeganistão, os recentes levantes pró-pseudodemocracia no Egito, Líbia, Síria, o ódio contra o Irã e derivadas afins, junte isso com o investimento por parte das nações contra o tráfico, os investimentos bélicos dos próprios traficantes e imagine que indústria estaria sorrindo com tamanha tragédia (o lucro). Sim, busque saber também as fontes da fortuna acumulada por Osama Bin Laden.



O investimento realizado por todos os governos no combate ao tráfico e o acesso cada vez mais rápido e amplo de armamentos mais potentes (caros) expõem como essa relação se configura e estende. Outra informação solta e que explica a colocação no ranking é o fato de um ser humano, por exemplo, custar MENOS que um AR-15 ou outros armamentos queridinhos dos traficantes nas bocas.

Aqui citamos outra questão. Você acredita mesmo que são as favelas e bairros periféricos as sedes do poderio do tráfico? Ou seja, é invadindo o morro do Alemão ou qualquer outra área da periferia que se exterminará o comércio de drogas? Sugiro reavaliação, pois não são os traficantes nos morros que decidem investir em combate, não são eles os que fazem a oculta apologia ao consumo e o poder de ação e influência de um morador dessas regiões é limitado demais para conseguir tal “sucesso”. Pois então, é no poder público e nos bairros de elite que residem os verdadeiros mandantes desse jogo. Afinal, pobres não podem, por renda própria, se dar ao “luxo” de distribuir / consumir drogas como cocaína. Citando esta, saiba que é ela que sustenta a manutenção do tráfico. Maconha, Crack, Oxi e derivadas químicas como Extasy dão lucro sim, mas não o suficiente nem equiparado ao volume acumulado do lucro com a coca.

Então o que fazer quanto a este problema social? Friedman já sugeria...LIBERE o uso. A razão de tal escolha não se relaciona com preferência própria ou qualquer variante pessoal. É simples, não há como impedir o desejo e a busca em atendê-lo então, permita. Muitos diriam que isso tornaria a questão fora de controle, a sociedade entraria em colapso (e não está assim?) ou que custaria muito caro ao Estado cuidar dos atuais e futuros dependentes, isso seria irresponsabilidade, etc. Vamos tentar relacionar alguns desses problemas a seguir.

Níveis toleráveis do uso de cada substância usada poderiam ser determinados. Talvez alguém diga: mas isso é impossível, não há como usar uma droga e estar apto ao convívio em sociedade. Quem acreditar nessa hipótese, favor me ajudar a compreender como determinaram quanto álcool você pode beber antes de dirigir ou como você pode fazer uso desse mesmo álcool e ficar em casa, ir ao trabalho, etc. Mas o efeito das drogas é muito mais forte e pior para o exercício de qualquer função. Se o é, gostaria também de entender como músicos e saiba que são menos entre as bandas de rock, utilizam “coisas fracas” como cocaína e passa duas horas fazendo shows ou cinco, seis até oito horas num trio elétrico.

Mais pessoas do que se imagina fazem uso de drogas pesadas como cocaína e exercem suas funções diárias sem chamar a atenção de colegas e parentes. Pesquisas demonstram a ampliação da descoberta desse fato em empresas em diferentes regiões do mundo. Ademais, você permite que um fumante ou frequente usuário de álcool visite sua casa, trabalhe para você ou mesmo dirija um automóvel.

Que os gastos do governo se ampliariam consideravelmente no custeio de tratamentos, etc. é óbvio. Mas e a arrecadação com a venda do agora lícito produto? Você talvez creia que não seria suficiente ou não aplicado de forma adequada por um Estado acostumado com o desvio do dinheiro público. Se essa for sua dúvida, gostaria que refletisse sobre como é aplicada a verba destinada aos órgãos de controle do trânsito e a saúde, pois você “permite” que a condição de aceitação da dupla álcool/volante continue. Afinal, passada a “fase de moda” e novidade da lei seca, essa já é quase esquecida pelos motoristas, além de que as punições e mesmo o simples teste para detecção do uso expõem uma ação patética e meramente passageira.

É também óbvio dentro dessa linha de pensamento que não teríamos um paraíso com a legalização do comércio das drogas. No entanto, a atual guerra contra o tráfico se mostra perdida desde seu planejamento e isso nada tem de engano ou mero erro. O problema se dá pelo interesse real por trás da decisão do que vem a ser ilícito. Afinal, decidiram que você não pode sequer desejar algo e não levaram as suas, minhas ou a opinião de quem quer que seja em conta, por essas poderem impedir a consumação dessa guerra que mata muitos, escraviza tantos outros, mas dá lucro e muito lucro a quem decidiu por nós.

Nessa guerra, digamos que um usuário vá a uma boca próxima a sua casa e da qual você nem tinha conhecimento que existia. Digamos também que a polícia resolva agir nessa área no mesmo momento e aconteça uma troca de tiros no local. Você, um ente querido, amigo ou qualquer vizinho poderia acabar levando um tiro fatal sem nada ter nem com o crime da venda, nem com o consumo. Isso é algo justo ou aceitável em sua opinião? Sendo ou não, acontece diariamente nas áreas onde a polícia “cumpre seu dever”. Alguém que não tem nenhuma relação com as drogas, nem o desejo de seu consumo, acaba pagando por algo que decidiram fazer sem consultar sua opinião. Policiais em inúmeras dessas mesmas áreas pagam com a própria vida pelo erro decidido, previsível, mas nem mesmo no imaginário questionado.

Se o comércio fosse liberado, provavelmente seria a indústria farmacêutica a responsável pela produção e distribuição desses itens. Dessa forma, um controle de qualidade e nível de efeito das drogas poderia sim ser controlado. Assim acontece com o álcool e com o fumo. Possivelmente haveria ainda uma produção clandestina e um comércio oculto de drogas, mas isso ocorre também com o álcool e o fumo e, nem por isso, a sociedade questiona a legalidade do seu comércio. Outra questão se dá quanto à corrupção gerada pelo poderio do tráfico e sua influência, quer com seu inimigo mais próximo, a polícia, quer com seus “companheiros”, os políticos. Uma arrecadação tributária planejada e o simples fato de não se entender mais como crime a venda ou consumo dessas substâncias diminuiria consideravelmente a ocorrência dessa corrupção e efeitos colaterais.

Um mercado operado na legalidade e, como citado, provavelmente controlado pela indústria farmacêutica, anularia as forças do tráfico por simplesmente limitar seu lucro aos que optassem por comprar drogas de origem e locais não autorizados. Que o número de dependentes possivelmente aumentaria também parece lógico, mas novamente cito o consentimento com o álcool e fumo e questiono a ideia da criminalização como melhor saída. A informação, agora possivelmente mais clara e abrangente que o mero “droga é uma droga”, resultaria num fator de consciência que seria determinante na decisão do uso e conhecimento sobre seus efeitos.

Hoje temos uma mídia, além dos agentes supracitados, usando de uma hipocrisia ímpar no tratamento da questão drogas. Como exemplo cito filmes e novelas que, sempre que acham ser conveniente, incluem um usuário de drogas caricato e adequado ao interesse maior, ampliar a audiência. Um exemplo simples eu diria ser o filme “Meu Nome não é Johnny”. Este tem um casal de atores famosos e referências para a juventude que passam o filme inteiro cheirando cocaína. E aí morrem no final ou acabam em clínicas de reabilitação totalmente destruídos pela droga? NÃO. Terminam o filme expondo uma vida de “curtição” sustentada pela droga e “ricos”. Se isso não serve como exemplo de apologia (e é apenas um), creio não conhecer outro mais claro.

Ações amplas para redução da pobreza e o estender do acesso à saúde, educação real, gratuita e de qualidade, além de meios justos de sobrevivência tem um poder muito maior e duradouro que o mero enfrentamento armado. Afinal, alguém já se questionou sobre o motivo de os antigos “cheiradores de cola” terem virado usuários do Crack? A razão é simples, o Crack é muito mais barato que a cola e seu efeito espanta por maior tempo a mais assustadora sensação destes sujeitos, A FOME. Ampliar programas bem-sucedidos, mas limitados, como o Bolsa Família seriam uma das possíveis ações. Pois este apesar de salvar muitas famílias da fome extrema, se limita ao assistencialismo e não prevê extensões como ampliação da rede pública de educação e saúde, do tratamento sanitário, cursos profissionalizantes para pessoas sem formação escolar prévia e vagas de emprego para os mesmos. Assim, o programa ajuda e muito, mas não age claramente para reduzir o número de beneficiados e melhorar suas condições de vida num prazo maior que os quatro anos de um governo.

Talvez se pense que os gastos do governo se ampliariam em demasia com a tomada dessa nova frente de ação. Afinal, hospitais, clínicas e profissionais especializados no tratamento da dependência custariam caro. Ok. Mas existe aqui uma diferença clara entre esta e a atual linha de ação. Hospitais, clínicas e meios para o tratamento da dependência custam dinheiro sim, mas o nome disso é INVESTIMENTO. Eles durarão por um prazo muito maior que palhaçadas como a do Alemão no Rio que se configura como GASTO, ou seja, dinheiro que não volta. Nisso também há de se considerar a realocação dos recursos hoje gastos com armas, publicidade, etc.

O tratado até aqui visa apenas lhe fazer pensar e questionar se a melhor saída para o problema existente é a que o Estado diz ser. O número de mortos e afetados diretamente pela expansão do poderio do tráfico se amplia a cada dia. Permitir o consumo e venda não seria uma “solução” sem efeitos colaterais, mas esses parecem muito mais ponderáveis e passivos de ação que o mero enfrentamento armado contra o tráfico. De toda forma, esse texto não tenta determinar novos caminhos, apenas lhe fazer pensar sobre o assunto e refletir como poderíamos realmente apreender as causas, efeitos e ações contra o problema.






REFERÊNCIAS
*Graduando em ciências econômicas pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.


**O texto citado e indicado pelo amigo Herberson:


***O vídeo de Milton Friedman sobre o combate ao tráfico:


****Um filme com quase duas horas de duração e que trata sobre o poder do discurso exercido pela religião, pelo Estado e pelo capital. Se não deseja refletir sobre suas crenças religiosas, É COMPREENSÍVEL, adiante o filme para 40 minutos e 35 segundos, é onde começa a segunda parte que trata do ataque em Nova Iorque. Caso tenha problemas emocionais, duvide que governos possam agir de forma criminosa em favor do lucro de alguns ou não queira se sentir um idiota por ter acreditado nas informações oficiais...NÃO ASSISTA.


*****No caso do Brasil, o mais rentável meio ilícito é a corrupção, conforme pesquisas sobre o assunto.

Ocupa Banco do Brasil - MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores)



*por: Laysa de Gouveia - Lalaay

DCE - Gestão Nada será como antes

Na manhã do dia 30 de maio, dando continuação a sua jornada de lutas, o MPA – Movimento Dos Pequenos Agricultores ocupou mais um órgão público de 17 estados do país, e hoje foi à vez do Banco do Brasil, que no caso de Vitória da Conquista é gerenciado por um homem extremamente grosso e intransigente que atende pelo nome de Valdir Canguçu.

Há anos os Pequenos Agricultores vêm sofrendo com a intransigência do referido gerente, que se negou por vezes até mesmo recebê-los para renegociação de suas dívidas, por isso estão em luta para que a gerência do banco seja mudada, com gritos como “aha uhu fora canguçu”, pediam a substituição do gerente. Os camponeses querem ainda poder abrir créditos no banco para financiar a agricultura que alimenta o Brasil, já que são proibidos a anos de realizar essa transição devido às dívidas que o banco se nega a renegociar.

Os lutadores e lutadores do MPA infiltraram-se na agência do Banco do Brasil um a um, e por volta das 11 horas da manhã o banco foi declarado ocupado. Com muita cantoria, gritos de ordem, bandeiras, violão e muita garra os camponeses permaneceram na agência por duas horas sem mínima manifestação do gerente ou do superintendente. Após muita insistência e descobrir uma mentira dita pelo gerente Canguçu que afirmou aos ocupantes que o superintendente não estava presente, dois companheiros foram então encaminhados para uma conversa no andar a cima da mobilização. Enquanto os companheiros da coordenação do movimento de Vitória da Conquista dialogavam com o gerente e com o superintendente a ocupação continuou na área dos caixas eletrônicos, com muita cantoria e gritos de ordem em nome das lutas do campo.

A intransigência do gerente da agência se mostrava em todos os momentos da ocupação. A polícia militar foi acionada assim que o espaço foi declarado ocupado, e como na maioria, se não em todas às vezes, se colocou ao lado dos poderosos, sendo completamente grosseiros com os ocupantes. Inclusive, dois policiais apareceram com metralhadoras, numa ocupação de cunho completamente pacífico. De um lado estava o povo que luta por direitos, do outro a polícia que viola direitos. Os ares condicionados foram desligados logo após ter dado início a ocupação a fim de incomodar ou fazê-los desistir, mas da luta do povo os camponeses não se retiraram. Foram ainda completamente proibidos de fazer uso dos banheiros do banco, banco do Brasil, dos brasileiros...(?)

Por fim, após três horas de ocupação os companheiros desceram com os informes da reunião. Foi acordado com o Banco que na tarde de amanhã (31 de maio), os camponeses poderão ir à agência para renegociar suas dívidas. Pagarão então 3% do valor da dívida e renegociarão o restante. Quando 20% da dívida estiver paga poderão então fazer um novo crédito. O sistema de crédito usado pelos pequenos agricultores é o PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar). O programa financia projetos individuais ou coletivos que gerem rendas aos agricultores e assentados da Reforma Agrária.

A luta se estenderá em Salvador, já que o Banco do Brasil se propõe a financiar os créditos do PRONAF somente para o monocultivo da mandioca, e o movimento entende todo e qualquer monocultivo como prejudicial à agricultura brasileira, a luta continua para que eles possam plantar todos os vegetais que desejam afinal ninguém se alimenta só de mandioca, e são os camponeses responsáveis pela alimentação de 70% da população brasileira.

Ainda em março foi aprovada pela Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional, a criação de um fundo de investimento para o agronegócio. Sim... aqueles que produzem alimentos cheios de venenos, que prolifera o câncer, má formação de bebês, abortos espontâneos, entre tantos outros problemas a saúde humana. Há um investimento de 8 bilhões de reais para o agronegócio. Em sua jornada de lutas o MPA defende também a agricultura camponesa, livre dos venenos do agronegócio.


Se de dia os camponeses vão à luta, de noite se recolhem para estudar. Durante a jornada de lutas, os camponeses do MPA separam todos os dias um espaço para a formação dos seus militantes, pois entendem a importância da educação para todo e qualquer ser humano, espaços esses alguns dias facilitados por estudantes e professores da UESB. Fazem ainda uma crítica à educação brasileira, que está sendo sucateada pelos nossos Governantes, e ainda mais a educação no campo, que não conta com profissionais habilitados para trabalhar com as pessoas que têm realidades diferentes das criadas no meio urbano. Lutam ainda pela reabertura e melhoramento das escolas na zona rural, já que boa parte delas foram fechadas e as que ainda funcionam seguem cada vez mais sucateadas.

UM ENCONTRO COM O HELINHOCENTRISMO


* Por João Paulo Pereira

Na história da humanidade todos os movimentos de contestação da ordem, ou mesmo na história da evolução humana, foram marcados pela liberdade de pensar, que proporcionou uma pluralidade de ideias que contribuíram para o avanço da humanidade no campo das ciências, na política, na economia, podemos até citar alguns exemplos, no Egito antigo, Hicsos, Núbios e Egípcios divergiam sobre a forma de governar a região, na Mesopotâmia, Sumérios, Acádios, Assírios, Caldeus, Hititas e Amoritas, sempre divergiram sobre quem deveriam comandar a região entre os rios Tigre e Eufrates, e ninguém cerceou o direito deles pensarem diferentes.


Na Grécia, mas especificamente em Atenas, o debate de ideias era incansável, era facultado a todos os homens livres o direito de pensar e debater suas ideias, sem que ninguém os considerasse menores ou maiores por isso, e aqueles que não discutiam eram chamados de “idiotas”, ou seja, aqueles que não discutiam política, da mesma forma aconteciam nas assembleias romanas durante a República.

Mesmo durante o Feudalismo havia divergências de ideias, até na Igreja Católica que dominou o período, é só perceber que filosoficamente, Santo Agostinho e São Thomas de Aquino, divergiram, o Alto Clero não comungava o mesmo pensamento do Baixo Clero, e isso foi salutar ao crescimento e aprofundamento teórico e cultural da sociedade, o que fez nascerem às escolas, as faculdades, e daí os grandes pensadores, que transformaram culturalmente a Europa Ocidental, e por consequência o mundo. Com o advento da tão famigerada burguesia, e que naquele momento era a classe social revolucionária, um turbilhão de ideias, permearam o ambiente humano, o que deu origem a tudo que nós conhecemos hoje em dia.

Na Revolução Francesa, companheiro, havia vários pensamentos envolvidos, 1º Estado, 2º Estado, 3º Estado, e no último aí, tínhamos várias correntes de pensamento, disputando o poder, Girondinos, Feuillants, Jacobinos, Sans Cullots. No Bolchevismo na Rússia, também houve divergências, Lênin, Trotski, Stalin, Zinoviev, Kamenev, Bukharin, Plekhanov, kroptkin, Tolstoi, todos tinham direito a pensar e todos fizeram a revolução. Em Cuba, será que Guevara, Fidel ou Raul tinham a obrigação de pensarem a mesma coisa? Não, acredito que não, mas a revolução veio e todos sonhamos em repeti-la no Brasil no início de nossas militâncias, até o Olodum, rsrsrsrs.

Se na história da humanidade sempre foi assim companheiro, por que agora toda a esquerda conquistense é obrigada a compartilhar de sua linha de raciocínio? Ou será que você acredita mesmo que é o último ser pensante da face da Terra? Compreenda que o direito a livre expressão do pensamento é a base para a construção da democracia, e aí recorrendo aos clássicos da política e da sociologia, construir o socialismo, é democratizar ao extremo as relações humanas, sobretudo.

E aí companheiro baseado nessa tal liberdade do pensamento vou te fazer um alerta que é claro que você não precisa aceitar, pois tem também todo direito, de pensar como quiser, mas toda vez que vamos muito à esquerda acabamos fazendo uma volta de 360º e aí chegamos de costas na direita. Já parou para avaliar que as discussões que levanta aqui são de um senso comum incrível? Que está perdendo a erudição, fundamentando sua militância num criticismo irracional a tudo e a todos, sem se dá conta que age em um anarco direitismo, pois está sempre batendo na esquerda, fazendo o mesmo discurso da direita conservadora, e autoritária que a tanto domina o país? E ao mesmo tempo esse radicalismo sem fronteiras, te coloca em linha de confronto, contra os grupos da esquerda sejam eles degenerados ou não, mas que em nenhum momento você confronta com o verdadeiro inimigo, que é o inimigo comum o capitalismo? E que a erudição é importante para o momento histórico já que vivemos uma realidade marcada pelo ceticismo e pela cultura de massa que definitivamente não permiti ao povo se levantar para o confronto com o neoliberalismo e até com os setores adesistas da esquerda que não tem dado as respostas transformadoras tão sonhadas?

Enfim, companheiro, não quero que passe a pesar como eu, suas prerrogativas são um direito e é assim respeitando as diferenças e apostando nessa pluralidade de ideias que construiremos um novo momento para a história da humanidade, que diferente do companheiro eu ainda acredito e estou lutando para que se realize, plantando uma sementinha hoje pra que um dia ela germine,cresça, dê frutos bons, já que tudo é uma gestação e não podemos afirmar o que nascerá após a gestação, já que não somos magos, ou videntes, mas aí eu te pergunto, vai ficar aí fermentando essa raiva contra tudo, ou vai nos ajudar a construir a novidade?
quarta-feira, 30 de maio de 2012

Xote da melhor qualidade com a banda: FORRÓ NA HORA



Galera, dia 02 de junho contamos com a presença de vocês no primeiro XOTECONT, organizado pelo 8º semestre de ciências contábeis.
 
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O VALOR DE UM SONHO



Ocorre que à minha tia, paralelamente às demandas do lar, houve por bem produzir e comercializar, em Vitória da Conquista, geladinho, que, em alguns lugares, chama-se din-din. Ela não era a única que o fazia, claro. Vender picolé e geladinho na minha terra é prática que se vê em todas as ruas, em que pese a fama que a cidade tem de ser fria (refiro-me ao clima). O certo é que ela vendia seu produto e, assim fazendo, angariava algum recurso para bancar, com meu tio, as despesas da casa.

Ela morava na avenida Paramirim, e mainha, volta e meia, nos levava a sua casa, para um passeio. Eu devia ter meus 7, 8 anos nesta ocasião. Márcia, minha irmã, é afilhada desta mesma minha tia e, por isso mesmo, sempre desfrutou de certa predileção, certa preferência por parte da madrinha. Por força disso mesmo, minha tia nomeou-a tesoureira-mor de seus negócios, função que Márcia procurava cumprir com toda firmeza, todo denodo e austeridade.


Um dia em que Márcia fora contabilizar as vendas, eu estava nas adjacências, curiosamente postado próximo ao caixa. A operação não era das mais difíceis. Bastava a Márcia verificar se havia, para a quantidade de produtos vendidos, valor correspondente nos cofres de minha tia. Depois, era só separar as moedas agrupando-as conforme seu valor, contorná-las com uma fita durex e – ato contínuo – prestar contas à minha tia.

Ora, em meio às operações, menos por má fé e mais pelo ânimo de deixar Márcia com uma diferença importante nos registros contábeis (e provocar, com isso, toda uma busca), num momento de distração dela, subtrai uma das moedas do caixa. Era uma dessas moedas grandes de 50 cruzeiros (equivalente, no tamanho, à nossa atual de 1 real). Fiquei com a moeda no bolso por um bom tempo, até que Márcia – feita a contabilidade – deu notoriedade a todos acerca da diferença contábil detectada, alarmando com isso minha tia, que punha naquele negócio todos os seus esforços. 
Sim, naquele negócio estavam depositados mais que seus parcos recursos. Ela via nele um aceno que lhe dava a liberdade financeira em relação a meu tio. Ali estava o portal por onde poderia transportar-se para além do modelo patriarcal ao qual estava submetida. Sim, era pouco. Mas, na voz dela, “pouco com Deus é muito”. Ora, nos dias de hoje, se ela vendesse 20 geladinhos, sendo cada um no valor de 50 centavos, seriam 10 reais por dia, 70 por semana, 200 por mês (talvez mais, considerando que, nos finais de semana, a demanda aumentava substancialmente). Mulher de poucos estudos, ela via na sobrinha e afilhada a figura mais que indicada para a função de tesoureira. Em Márcia estavam depositadas a sua confiança e sua liberdade econômica. Ora, se num sábado ela lucrasse 15 reais, ela poderia, no dia seguinte, na feirinha do bairro Brasil, comprar todas as frutas e verduras necessárias para a semana, sem que, para tanto, tivesse que comunicar ou prestar contas a meu tio que, evidentemente, deveria estar alegre e satisfeito com esse valor agregado ao orçamento familiar. 

O certo é que, os que ali estávamos, tivemos nossa atenção agora voltada para Márcia, em cólicas com a referida diferença. Contou novamente as moedas, ao tempo em que vasculhava toda a casa em busca da moeda perdida. Minha tia que, até ali, ocupava-se com o almoço, interrompera a gastronômica atividade para, em comunhão com sua pupila, localizar a famigerada moeda.

Eu – única pessoa naquela casa que conhecia o paradeiro da moeda infame – inicialmente estava com aquele sentimento vaidoso de quem reconhece em si o motivo de toda uma movimentação, fosse ela qual fosse. Mas isso foi só inicialmente. Agora, com o desespero patente nos olhos de Márcia (que devia ter seus 11, 12 anos), e com a mais que visível frustração de minha tia, que falava ininterruptamente sobre a possibilidade de forças diabólicas estarem conspirando contra seu empreendimento, nascia em mim um desespero diferente do de Márcia, mas igualmente desesperador. 
Feitas todas as buscas pela casa e recontadas as moedas diversas vezes, a equipe de resgate deu por inútil novas buscas. Ocorre que o meu desespero e o de Márcia (motivados por causas bem diferentes mas igualmente desesperadores) se encontraram num olhar que demos um para o outro. Márcia, num átimo, encontrou nos meus olhos uma confissão, uma revelação, uma rendição. Vi seus olhos tirando os meus de seu foco e dirigindo-se para meu short jeans. E pude ler seus pensamentos: “Claudinho pegou a moeda e colocou no bolso”. Não, ela não tinha uma visão infra-vermelha nem mesmo o dom da visão além do alcance, nem mesmo o de profecia. Qualquer um que tivesse olhos para ver e sensibilidade para sentir saberia, sem dúvida alguma, que aquele menino, de seus 8 anos, com seu short Jeans, seu Kichute e seu cabelo cortado a Pelé (lembram do topete?) era o responsável pelo desaparecimento do vil metal.

Prevendo uma revista, pus a moeda sob a língua e me coloquei à disposição das autoridades para, se lhes aprouvesse, quebrar meu sigilo fiscal. 

- Claudinho, deixa eu ver se você colou o dinheiro no bolso!
- Pode ver! 

Ao pronunciar estas duas palavras, a moeda deslocou-se de sob a língua indo parar na garganta. Num espasmo, tentei fazer com que ela retornar-se ao ponto de origem. Mas foi em vão. Num segundo, Márcia e todos os circundantes tiveram conhecimento de que aquele espasmo e aqueles olhos arregalados eram a denúncia clara de que eu – além de gatuno – era um abestalhado. Todos agora acorriam para mim, uns para me salvar (mainha, por exemplo) outros para testemunhar meu papel de besta. A moeda estava entalada em minha garganta e eu agora estava desesperado, desesperadíssimo. 

- Bate nas costas dele! Gritou alguém. 

Petrônio levou muito a sério a recomendação, desferindo-me um murro como nunca dantes. A alegria que vi nos olhos dele me fez crer que ele o fizera menos para ajudar-me a expelir a modela infame e mais para vingar-se do fato de eu ter perdido, no jogo, boa parte de seu patrimônio de gudes. 

- Dá farinha para ele!

Eis-me com a boca cheia de farinha, com lágrimas rolando pela face e uma pequena multidão de curiosos em torno a mim. Ouvi algumas frases soltas em meio ao me pavor: “Tá vendo como Deus castiga?!”. “Menino num é gente, viu!”. “Bem que eu vi ele muito quieto...”. “Deixa essa peste morrer!”.

A moeda estava instalada agora no pescoço e doía. O número de curiosos reduzira e eu – sofrendo como estava – tive que ouvir um prolongado sermão de mainha.
A moeda avançou e alcançou meu peito e, logo depois, o intestino. Eu não sentia mais dor e passei a noite tranqüilo, exceto pelo fato de saber que virara o assunto predileto em todas as rodas familiares e na minha rua, que toda ficara sabendo do ocorrido.
Na manhã seguinte, indo para a escola, pude ler em todos os olhares, em casa e na rua, a acusação associada a pensamentos e comentários jocosos. Não adiantou eu dizer que só queria “brincar com Márcia”. 

Do colégio, voltei para casa, desolado. Flagrei Petrônio comentando aquilo que eu suspeitei desde o início. “Dei um murro fortão nele!”. De fato, foi um murro e tanto. Muito caras aquelas gudes. Só encontrei compaixão em mainha, que me acolheu e me deu forças para continuar lutando.

No segundo dia, eu já não sofria mais com as aporrinhações. A vida ganhou seu curso natural, embora eu soubesse que toda a meninada – antenada – aguardava, ansiosa, o desenrolar dos fatos. E sei que todos os que me lêem sabem o que isso significa.
Chegamos do colégio em torno do meio dia, almoçamos e fomos, eu e Petrônio, jogar bola no campinho (que ficava dentro de uma mata nas proximidades do aeroporto). Por motivos de força maior, pedi a um dos meninos que me substituísse na posição de meio-campo (sempre fui meio-campo), considerando que precisaria ausentar-me momentaneamente para lugar reservado e discreto em meio ao matagal. Petrônio, que jogava no meu time, tendo conhecimento do meu requerimento de temporária substituição, lançou-me um sorrisinho safado. Não gostei da pirraça, mas não tinha condição de demorar-me muito ali, ou seria protagonista de um parto prematuro. 
Cumprida a tarefa, constatei que a moeda infame veio à luz. Tomei providências para afastá-la do ambiente hostil e que se encontrava, envolvi-a num plástico e voltei para o campinho para anunciar que me ausentaria definitivamente do jogo. Ocorre que Petrônio, aquele engraçadinho, no intervalo em que me ausentei, deu conhecimento a todos os meninos, inclusive aos do time adversário, de todos os fatos ocorridos antes deste último ato, que culminaria com minha ausência do jogo. Fui objeto de muita gozação, até que consegui ir para casa, para submeter a moeda infame a um processo mais rigoroso de limpeza.

Agora eu tinha em mãos, limpa, a moeda que me causara tantos transtornos. E me perguntava qual seria o destino da mesma. Devolver aos cofres de minha tia parecia, à luz de minha consciência mais profundamente ética, o caminho legítimo a ser trilhado pela moeda infame (ela que já trilhara tantos caminhos e descaminhos). Por outro lado, justamente pelo muito que sofri, seria justo que eu fizesse dela o que bem entendesse. Um consenso se fez em torno dessa última alternativa. Petrônio, Minéia, Fábio e Maurício foram unânimes: “Gasta, seu besta!”. 

Encorajado por meus irmãos, fui correndo para a venda de Valdemar. Era final de tarde, hora da merenda (mainha instituíra um lanche que ficava em horário eqüidistante ao almoço e o jantar). Com a moeda pude comprar cinco sonhos (sonho é um bolinho em formato de charuto). Voltei para casa, onde mainha já havia feito uma jarra de vitamina de abacate, coadjuvante mais que adequado para a merenda. A gente fez seu lanche e, fazendo um retrospecto dos fatos ocorridos até aquela parte, demos muita, muita risada juntos.

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