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quinta-feira, 24 de maio de 2012
AS CRISES ECONÔMICAS
maio 24, 2012
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por
Vinícius...
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A evolução econômica nos países capitalistas acontece dentro de um prisma que os economistas chamam de ciclos econômicos, ora instantes de boom, ora momentos de crise. Quando o capitalismo tomou forma definitiva, os ciclos consubstanciaram-se numa alimentação constante do sistema, fazendo-o cada vez mais forte, mais promissor e, acima de tudo, mais hegemônico. Obviamente que os países terceiro-mundistas, é que têm agora os custos, quando o capitalismo internacional está na baixa do ciclo. É neste sentido que diversos estudos foram e são efetivados, na busca de conseguir soluções para o problema dos ciclos econômicos, como fizeram Joseph A. SCHUMPETER, Michal KALECKI, John M. KEYNES, e muitos outros que trabalharam com a teoria dos ciclos, tentando proporcionar uma resposta coerente ás crises que o mundo capitalista atravessava, e atravessa de tempo em tempo.
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Assim sendo, no que diz respeito aos momentos de prosperidade, presencia-se uma situação de euforismo, de confiança exacerbada; e, sobretudo, de consumo em excesso, dado que o nível de renda cresce com os investimentos que são efetivados no sistema econômico. A esse respeito explica SCHUMPETER (1959)[1], que o florescimento surge, como expõe SPIETHOFF (1949), porque mais capital é investido, se fixa em novos empreendimentos e que o impulso então se estende aos mercados referentes a matérias-primas, equipamento, mão-de-obra, etc..
É neste impulso direcionado ao capital produtivo que se tem uma economia num estado de bonança e prosperidade para que os investidores possam fazer suas aplicações, e terem os retornos desejados. Na fase de florescimento econômico, todos ganham, a economia se ajusta ao princípio de estabilidade geral.
Já na fase de depressão, ou como alguns chamam de recessão, a coisa é totalmente oposta. Esta fase é onde se encontram as crises, muito bem investigadas pelos economistas de todas as correntes da economia; mas, sem uma solução eficaz para a questão, e também, por causa da realidade de cada país ou nação. Ainda nas palavras de SCHUMPETER[2], observa-se que se: Interrompe a abastança, chega-se a depressão, como bem explicita ainda SPIETHOFF: é superprodução dos bens de produção, que se relacionam, por um lado, com o capital existente e, por outro, com a demanda efetiva.
A junção dessas duas citações, é que, caracterizam o conceito de crise, bastante estudado como um processo de evolução do capital, que se origina com as concentrações de renda e, por conseqüência, do poder, fortalecendo cada vez mais, o imperialismo do grande capital monopolista privado, ou de uma estrutura oligopolista ditatorial de dominação.

Na versão keynesiana, chega-se à conclusão de que as crises, como são comumente chamadas por Keynes e alguns seguidores, decorrem da insuficiência de capital, quer dizer, precisa-se de investimentos, porque o nível de capital não está compatível com a demanda global, que necessita de bens e serviços para satisfazerem seus anseios. Keynes mostra a insuficiência da eficiência marginal do capital e, por conseqüência, observa-se também, alta propensão marginal a consumir de todas as classes sociais, gerando o desequilíbrio que desemboca na crise que obriga o capitalismo a tomar novas decisões frente à novas políticas de desenvolvimento do sistema. Contudo, deve-se observar que os países periféricos são os únicos que pagam com a derrocada cíclica dos capitalistas, já que os salários nominais são parâmetros de decisão para uma saída da crise que vai e volta mais forte.
Ainda mais, do ponto de vista de KALECKI (1932)[3], que pesquisou muito este campo da teoria econômica, observa-se em seus famigerados estudos que durante a depressão o processo aqui é descrito invertido. As encomendas de investimento não são suficientes para cobrir as necessidades de reposição; isto leva a um decréscimo no volume do equipamento de capital eventualmente e uma retomada do aumento das encomendas de investimento. Estabilizar a atividade de investimento a um nível inferior ao que preveria uma adequada reposição de capital é tão impossível quanto estabilizá-la a um nível que excede as necessidades de reposição.
Esta posição coincide com a resposta de que as crises são provocadas pela falta de capital, ou, de investimento na economia; porém, é uma abordagem muito próxima da visão keynesiana, a verdade, é este ponto que começa a indicar os desequilíbrios econômicos no sistema.
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O ano de 1929 foi um ano de crise profunda, onde a economia se transformou num Frankstein do momento e, claramente, esse monstro rondou os Estados Unidos, causando os maiores transtornos aos investimentos americanos; e por conseqüência, o povo norte-americano pagou caro, pelos danos causados pelo crash de fevereiro desse mesmo ano. A acumulação de capital desacelerou; as poupanças caíram; o emprego despencou; a fome aumentou; a miséria explodiu, e os agentes econômicos se desesperaram, praticando tresloucados gestos de suicídios, tentando soluções para as suas dificuldades que, neste momento, tomavam proporções incontroláveis. Foi esta crise que empurrou os economistas a estudarem melhor os pressupostos clássicos e neoclássicos para que a economia não passasse por mais um dia negro, como aconteceu naquele ano.
As crises dos países de centro, não têm sido assim tão grandes, quanto à de 1929; aparecem sempre mais brandas, ou como se pode dizer, são momentos de recessão; entretanto, a economia capitalista continuamente tem experimentado esses momentos de alta e baixa, no ciclo econômico. Contudo, as crises de países periféricos surgem de maneira violenta de instabilidade econômica. As crises dos países terceiro mundistas provocam convulsões sociais que terminam em um mar de sangue, provocadas pelo poderio internacional; todavia, bem aceito pelos idealistas que não entendem a profundidade das provocações capitalistas, em busca de se perpetuarem no poder e demolirem os adversários que tentam perturbar insconscientemente a ordem nacional.
As crises algumas vezes são naturais e, em sua maioria, são provocadas para consolidar o processo de perpetuação do capital internacional, tendo em vista que, é preciso conhecer o solo onde se está pisando, para que o império que pouco a pouco se constrói, não se desmorone tão facilmente. É nesta hora de crise que surgem os idealistas, os patriotas, os salvas-pátrias e, sobretudo, os agitadores inconseqüentes, que são facilmente apanhados pela polícia do poder, pronta para desbaratar adversários e deixar campo livre para sua feliz exploração. E, como resultado imediato, observam-se perseguições, torturas, mortes, expulsões e terror, a uma nação que vai servir de celeiro para as grandes extrações de mais-valia, espoliação, e como pagamento final, a moeda do dia é a miséria que se espalha por todos os cantos.
Concluindo, precisa-se estruturar a Ciência Econômica, de tal maneira, que se tenha uma nova ordem para a economia; pois, os princípios clássicos, neoclássicos, keynesianos, e marxistas não explicam totalmente as crises que passam os países do mundo capitalista e socialista. Imagina-se que a saída para a crise seja a implementação dos investimentos que, por conseqüência, aumenta a produção, aumenta o emprego, a moeda em circulação seja valorizada, melhora os relacionamentos internacionais e, por fim, o sistema econômico retorna ao seu estado de boom da economia. Portanto, a questão não é tão simples, ao considerar que as crises trazem outros aspectos incontroláveis e quase imperceptíveis, que são a ideologia, a cultura, o poder econômico, onde as terapias da economia perfeita e simples, não resolvem essa falência múltipla dos órgãos do sistema econômico.
[1] SCHUMPETER, J. A Teoria do Desenvolvimento Econômico. Rio de Janeiro, Fundo de Cultura, 1959, p. 279.
[2] SCHUMPETER, J. A Teoria do Desenvolvimento Econômico. Rio de Janeiro, Fundo de Cultura, 1959, p. 280.
[3] KALECKI, Michal. Crescimento e Ciclos das Economias Capitalistas. São Paulo, HUCITEC, 1977, p. 21.
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