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quinta-feira, 31 de maio de 2012

Precisamos ler Sun Tzu



*por Josafá Santos


Colegas professores… me perdoem, mas alguns pontos precisam ser ditos, por nós, sobre nós, a nós mesmos. Por mais estranho que pareça a alguns, na assembleia aqui em Conquista, no dia 13 de abril, dois dias depois dela haver sido decretada em Salvador, eu votei CONTRA se entrar na greve. Sim, eu votei CONTRA. Uma vez decretada, nela aqui estou, participando, opinando, com outros valorosos colegas, por ela suando, sofrendo, por ela dando o sangue, literalmente falando.

Mas assumo: votei CONTRA a greve; e o fiz por diversos motivos, mas vou citar apenas alguns: Votei CONTRA por enxergar nela, desde muitos antes, o cheiro indisfarçável da engrenagem politicalhesca, típico odor que predomina em todo ano eleitoral. Não é preciso entrar em detalhes sobre o que falo, do claro uso da mesma com fins eleitorais ou de barganha de espaços no poder estabelecido, onde mais uma vez o uso da categoria como massa de manobra, seria uma engrenagem posta em andamento, em especial por certo partido, o PCdoB, que publicamente já assumiu direcionar o nosso sindicato.


Votei CONTRA a greve, pela forma como dela soubemos, como dela fomos avisados pelo sindicato: NÃO SENDO. Não fomos convocados, questionados, avisados, nada. Soubemos que os professores do Estado da Bahia (nós) havíamos deflagrado greve, pela TV… Votei CONTRA essa greve, em posição pessoal, por não ter mais tanta certeza na eficácia dos movimentos grevistas puramente paredistas, em especial depois de ter praticamente brigado com diversos colegas que usaram TODOS os dias de paralisação dos anos passados, para ficarem… paralisados. Votei CONTRA a greve por antever nela a mesma estrutura canhestra, amadora, intencionalmente falha, das outras tantas greves orientadas por esse sindicato (falta de propaganda, falta de maior embate, o sempre mesmo posicionamento peleguista, os acordos de finalização sem o menor respeito à base, etc, etc,etc). Mas também votei CONTRA a greve, por discordar de uma falha que, no meu ponto de vista, já vem se tornando uma marca desse movimento: Nós, como sempre, vamos buscar o apoio dos estudantes, dos pais de alunos, da sociedade para a nossa causa, para nossa greve… DEPOIS DELA TER SIDO DECRETADA… Só agora, somente agora, que as escolas estão fechadas, é que muitos colegas (talvez) entendam para que deveríamos ter usado todos aqueles dias de paralisação em que ficamos… paralisados.

Tenho em mente, e me desculpem os discordantes, que uma greve não tem de ser simplesmente DECRETADA… acredito e defendo que ela, PRIMEIRAMENTE, deve ser CONSTRUÍDA, aolongo de semanas, meses mesmo, durante todo o ano. Como essa, assim como tantas outras, não o foi, aqui estamos, mais uma vez: SEM fundo de greve… SEM uma estrutura sindical funcional… SEM um lastro operacional efetivo e organicamente operante… SEM uma rede realmente organizada de intercomunicação… SEM uma necessária TRANSPARÊNCIA dos rumos do movimento de suas diretrizes… SEM uma estratégia de contra propaganda REALMENTE EFETIVA E COMBATENTE… E principalmente: SEM o devido esclarecimento, convencimento, comprometimento e apoio material dos nossos alunos, dos pais destes, da sociedade de um modo geral. Mais uma vez, estamos pagando caro por um a falha grave de organização prévia e assim nos encontramos no meio do campo de batalha, ainda tentando construir pontes que nos liguem aos nossos aliados, alguns, bem próximos, próximos mesmo, os nossos alunos e seus pais.

Sun Tzu, em “A arte da Guerra” deixa um ensinamento claro: Entrar numa guerra sem estar-se devidamente preparado para ela, para se enfrentar todos os seus dissabores e desafios, sem provisões suficientes, sem estratégias antecipadamente definidas, sem se conhecer a fundo o inimigo e suas facetas, suas armas, os seus (e os nossos) generais, sem formar um exército realmente preparado, organizado, combativo, numérica e qualitativamente falando, é um conjunto de erros que pode ser fatal e geralmente o é. A experiência mostra que improvisos ou estratégias de última hora raramente funcionam numa guerra, frequentemente levam um exército à baixas desastrosas, quando não ao pior lado do embate…

Josafá Santos, professor da rede estadual
josafasantos71@yahoo.com.br

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