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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Que gênero – seria esse?

"A filosofia que vem da Alemanha, portanto, branca, destacou-se pela capacidade inigualável (?) de entrar nos desejos mais profundos do ser humano. Diz Nietzsche que todos nós somos dotados de uma Vontade de Poder. "

*por Joilson Bergher

Dia desses numa Rádio em Vitória da Conquista, escuto a chamada, “O carnaval segundo o professor João Paulo Pereira, “oxe, oxe”, pensei, comigo, será João Paulo, do Coeso? Era! Voltei no tempo, quando na cidade de Jequié, época de carnaval, a festa na rua, com trios, blocos a fantasia, apitos, careta, e eu, querendo entrar na ACJ, ou, Associação Cultural Jequieense, como se fosse parte de uma elite, que se separa do povo, ou se junta por conveniência deletéria... mas, João Paulo Pereira, na pergunta dirigida a ele sobre a origem do carnaval, preconiza “Período de festas profanas de origem medieval, compreendido entre o dia de Reis e a quarta-feira de Cinzas. Período que compreende os três dias que precedem a Quaresma, ou ainda, entrudo. Podendo ser ainda, divertimento ou festa, farra, festim, folguedo, folia, pândega”. 


Pega a visão, - é a nova gíria a correr trecho em becos, vielas, ruas e quinas da Bahia, ou ainda, um princípio espalhafatoso de um som, como se fosse o fim da festa. João Paulo falava de “mascaras”... e eu me perguntava: “ouvir o quê em tempos atuais”? Explodir meus miolos a escutar pagodes não sei das quantas, reboletion, mexe a bundinha pra lá, mexe a bundinha pra cá, ou ainda algo de nome universitário?  O axé Bass... Nem sabia dessa existência, presente desde os anos de 2014... Fui à pesquisa, instigado pela visão ácida de defesa de um carnaval pra ‘gente que se respeita’, trazida por João Paulo Pereira: vamos lá, no ano de 2014, um novo movimento começou a se apresentar para o mundo, o Bahia Bass. Tal gênero sugere a aproximação da cultura musical baiana com a Bass Music. O termo "cultura musical baiana”, se refere a movimentos que vão além da Axé Music, como a cultura dos Blocos Afros, o Afoxé, Samba de Roda e o Samba-Reggae...sacaram? Então percebi que tudo é rede, tudo é fusão, ora, ora, ora, ou ainda um coletivo, capitaneado por Mauro Telefunksul, Lord Breu, Som Peba, Mahal Pita... Que cena é essa meu Rey? Talvez assim, perguntaria o sumidaço, Durvalino Lelys, da antiga Banda Asa de Agua, e seu “Bota pra ferver”, hit, dos anos de 1990. É curioso: seria apenas a música que representa a Bahia, o axé…? Certamente, não. Seria dizer assim - a música que representa São Paulo é o samba por causa do "Trem das Onze" de Adoniran Barbosa; o Rio por conta do indefectível carnaval pasteurizado num espaço pontilhado de mulheres, homens, fantasias e seus adereços de patrocínio de gosto duvidoso, pra uns, pra outros, o fim de uma classe média sem princípios num verão sem fim. “Se não guenta, pra que veio” ou “Mãozinhas pro alto” ou ainda, “Só as cabeças” como fosse a famosa sessão do descarrego num dia último de carnaval ao som do B_T_PGDÃO. Vamos todos nos sensualizar. Os anos de 1990, advento do axé. Mas a Bahia, de 1991 para cá, mudou bastante. Sua música e artistas também, fulmina João Paulo Pereira... Uma nova música baiana, feita totalmente por baianos? Produções diferentes, projetos próprios e o raciocínio sobre coisas que acontecem fora da zona de conforto. A BaianaSystem, é um exemplo, bom exemplo...fora do circuito predador, que achaca nessa marca de cerveja...e se a pessoa, quiser tomar Chá de cidreira em plena festa da carne? Seria essa BaianaSystem um produto alternativo, um simples (re)-posicionamento artístico fora de camarotes...(?). Talvez não queiram fazer parte da história da “história do axé music, e precisa? Tocaram em Vitória da Conquista, num Festival de Inverno (?), ora, ora, ora. Aliás, a “fantasia carnavalesca revela mais do que oculta”, será professor João Paulo Pereira? A filosofia que vem da Alemanha, portanto, branca, destacou-se pela capacidade inigualável (?) de entrar nos desejos mais profundos do ser humano. Diz Nietzsche que todos nós somos dotados de uma Vontade de Poder. Para isso, adotou algumas alegorias e aforismos para representar várias fases na vida do homem. São eles: O camelo, o leão e a criança. Teria a ver elas com o carnaval? A fase do Camelo, Nietzsche caracteriza como sendo uma fase não muito agradável. Porque demonstra um homem que carrega muitos fardos. Desprovido de esperança; um homem fraco, seja pessoal, seja comunitário. Com o passar do tempo esse homem vai caminhar para dois destinos. Um deles é a morte e aqui essa morte pode ser tanto física como moral. A fase Leão “Epa!!! Não quero essa vida pra mim!!! É como se essa voz falasse: Acorda pra vida, bote o pé no chão!!! Sai dessa rotina maldita em que se meteu... Cadê os seus sonhos? Seus desejos? Seus amores? Aqui, seria a vontade de se afetar? E o terceiro estágio é o da criança. É o passo decisivo. É o levantar do sofá. Abrir a porta da casa e gritar para o mundo ouvir. Nasceu uma nova mulher, um novo homem... Quando se toma essa atitude o ser humano para Nietzsche, rompe com as velhas estruturas e nasce novamente. Carnaval, carnaval, - o passeio acontece por um mundo de monstros, busca-se a África antepassada, a pintura tribal, colombinas, piratas, mercenários, golpistas, trogloditas, é a inversão de papeis, “No Brasil colônia escravizados se vestia de senhores, e ricos se vestia de pobres”, já nos tempos atuais, um Brasil de um ministro careca a proteger a sua colônia. N’os Mascarados deveria ter diabos e diabas, presidiários, policiais, exterminadores da esquerda... da direita tem? Anjos, rainhas, garis, médicos, bobos da corte, super-mulheres, marinheiros e marinheiros gays e não gays, e Bira do jegue. O esquema bloco e corda, se finou...ainda não! O galo da madrugada no Recife, segundo, diz, o mais democrático do planeta, com Dois milhões de madrugueiros, será? Buscar uma festa pra sobreviver. João Paulo Pereira, falara sobre fantasia... segundo Luciano Paganelli do bloco, de nome As Muquiranas, de Salvador, nos alerta, -“A fantasia não é um adereço, mas a própria festa, e nos lembra que o carnaval é feito pelos indivíduos, não por governo ou empresa”. Mas esse ou aquele carnaval se tornou tão grande que esse tipo de fantasia de controle da alegria deveria acabar na ladeira da preguiça, na Avenida Contorno na cidade do Salvador... reviver os anos de 1980? Não seria totalmente esse o caso... Talvez voltar a rede da mistura... mas Ademar e Banda Furta Cor, Acorde Verdes, Made In Bahia, Marcionílio Souza, Reflexu’s da Mãe África, Banda Mel, Márcia Freire, Netinho, Gerônimo, Germano Meneghel, moldaram a face da alegria no Brasil. Moraes Moreira nas antigas entrou na avenida sete a bordo do Trio Tapajós com a mistura que é o carnaval baiano, cantando um pouco de tudo – de frevo a rock. Traz os Montes é o primeiro trio elétrico a trocar os amplificadores a válvula por equipamentos transistorizados, aumentando a potência do som e estacando a voz do cantor Bell, Missinho, e João Nascimento, a época do Chiclete com Banana, que tocava com responsa, se respeitava! Ainda na linha Revival, trazido até nós por João Paulo Pereira, dos anos de 1980, - Bloco afro Ara Ketu, o Bloco Ilê Aiyê torna-se patrimônio da cultura afro baiana. O Olodum com compositor Tonho Matéria como seu primeiro cantor, o Bloco reggae Muzenza,  o Bloco EVA o Bloco Cheiro de Amor que lança sua banda Pimenta do Cheiro, no carnaval de Salvador, que mais tarde se tornaria a banda Cheiro de Amor, os vocalistas Gildo, Gugui, Laurinha da banda Novos Bárbaros onde grava dois discos, Márcia Freire, Kako, Serginho, Carla Visi e, atualmente, Alyne Rosa, o cantor e compositor Ricardo Chaves, o guitarrista e compositor Durval Lelys (que posteriormente cria a banda Asa de Águia, em 1987) e a back vocal Daniela Mercury. O maestro e mestre de bateria Neguinho do Samba sai no bloco Ilê Aiyê, é o criador do samba-reggae, gênero que marcaria a batida da banda e seu reconhecimento pelo mundo, o Bloco Traz a Massa, o Trio Tapajós e o grande disco comemorativo Jubileu de Prata tendo na frente Luiz Caldas e Jota Morbeck. Um adendo apenas: o disco Magia de 1985, de Luiz Caldas, foi lançado no Brasil, trazendo hits de sucesso, Haja Amor, Odé e Adão, Tieta, Fricote, marco do movimento do dito Axé, ou seja, uma fusão criativa envolvendo Pop, Reggae, Ijexá, Toques Caribenhos, Frevo, Samba. Não é possível esquecer o arsenal musical da família Macedo. E, mais, segundo o deputado Marcelino Galo, do PT, esse ano, com o seu Bloco na avenida, diz que: “A política faz parte de tudo inclusive do carnaval. A revolução Russa foi uma revolução política e a tropicália uma revolução cultural. São coisas que precisa ser lembradas”. Tá certo deputado!  Na linha do carnaval de 2017, de celebração das religiões de matriz africana, o Bloco Os Negões, em Salvador, trará pra avenida, “O mensageiro Exu, fruto da vida e da transformação”. Traz a perspectiva política e religiosa do bloco ao falar do Exu dentro da religiosidade de matriz africana. Eparrey, Exu. Lembro-me em Jequié, dos anos de 1980, a rua era o símbolo máximo de um carnaval sem cordas, das alegorias, ritmos e cores, escolas de samba, porta bandeira, uma monstruosa massa de pessoas dançando atrás dos trios elétricos; o público do carnaval crescia claramente, foliões, que agora faziam o uso de mortalhas, aderiram ao macacão, shorts e bermudas como indumentária para a festa...era um desejo oculto e profundo. Talvez se Nietzsche gritasse nas entrelinhas foliônica. Eu tenho vontade! Eu existo! Tenho desejos! Tenho sentimentos! Estou aqui durante esses quatro dias, querendo ser criança. Buscando decidir. Me parece ser esse o espirito, a vontade de potência bem singular nessa festa de folias, - “Que gênero – Seria esse”, João Paulo Pereira?


*O Historiador  Joilson Bergher é professor de História e Ética, na Bahia, e graduando em Filosofia/UESB.
domingo, 19 de fevereiro de 2017

O projeto de educação do governo da hora: uma falácia ou ingenuidade?


"Expõe-se ao ridículo ao demonstrar tamanha inabilidade para lhe dar com os números contábeis da fazenda municipal e desconhece as suas infinitas possibilidades estatísticas para efeito de planejamento dos dispêndios municipais. "

*por Herberson Sonkha

É perfeitamente agradável aos ouvidos abordar um tema que cogite inflectir sobre o papel e as possibilidades educacionais numa jornada pedagógica com um tópico frasal: “a educação move o mundo”, contudo, considerar que a educação enquanto orientação escolar é peremptoriamente revolucionária é muita ingenuidade ou desonestidade intelectual.

Se ela não possibilitará a revolução, muito menos fará a formação técnica, humana, filosófica e política integral dos sujeitos históricos de nosso tempo. Não é esta a sua função primaria numa sociedade de classes antagônicas, conflitantes. É uma ilusão achar que a educação per-si fará a revolução que libertará quem subsiste exclusivamente da venda da única coisa que efetivamente lhe pertence que é à força de trabalho.

Pensar e acreditar que a educação sozinha vai quebrar esses grilhões criados pelo capitalismo e derrubar a ordem civil burguesa é infantilismo intelectual, principalmente numa época em que a burguesia abdicou há séculos desta tarefa quando o liberalismo clássico subiu ao poder instituindo o individualismo e já nem ouve mais os alaridos do liberal estadunidense contra os resquícios do Ancien Régime, ao conclamar a Desobediência Civil (1849), no dizer do liberal convicto Henry David Thoreau (1817-1862).

Não existe isso e a história vai confirmar em inúmeros processos históricos de ruptura social qual foi o papel da educação, senão manter ideologicamente quem está no poder, no controle da máquina. Assim, a educação é, das atividades desenvolvidas pelos humanos organizados em bandos ou grupos socialmente constituídos, a mais controversa por se tratar do pensamento e da prática elaborado pelos sujeitos numa determinada sociedade com rígidos controles civil e penal.

Dito isso, penso que as últimas movimentações do atual governo peemedebista de Vitória da Conquista causa estranheza, para não dizer caquética. Expõe-se ao ridículo ao demonstrar tamanha inabilidade para lhe dar com os números contábeis da fazenda municipal e desconhece as suas infinitas possibilidades estatísticas para efeito de planejamento dos dispêndios municipais. Nem quero adentrar o chão batido do controverso e arenoso terreno da educação sem antes definir o conceito e a função social da educação. Pois, nós educadores bem sabemos que essa verve já produziu ao longo de um século, mais folhas escritas e horas de diálogos do que a Vera Cruz supõe ter acumulado capital, fornecendo papel para alimentar a discussão ás custas da exploração de mão de obra absoluta e a pilhamento de pequenos lotes de terras dos pequenos aldeões no sul da Bahia.

Mas, a omissão seria um crime inafiançável e imprescritível, porque aqui ou acolá, sempre haverá alguém lembrado de omissão por desconhecimento ou por conveniência pecuniária. Então, parto do pressuposto mais elementar à educação que é um Projeto educacional. Porque se deve ter um projeto educacional? Responder a esta indaga, exige de cada educador uma coerência mínima. Qual seria ela senão a práxis pedagógica, independente de que bases teóricas, ou seja, liberal ou emancipatória! Quer seja como gestor, quer seja como educador não se deve negligenciar essa necessidade. Fala sério... Instituto Airton Sena (IAS) nunca foi referência para uma educação libertaria para os filhos das classes trabalhadoras e das populações subjugadas.

O IAS, organização ideologicamente articulada ao capital, serve à lógica educacional liberal apregoado pelos órgãos unilaterais internacionais que financiam a educação na América Latina (FMI e Banco Mundial). Não ultrapassa a matriz educacional pragmática e bancaria tão elementar à formação de uma massa disforme de indivíduos aptos ao exército de reserva de mão de obra ou como uma variável oculta necessária para tencionar para baixo o valor da força de trabalho. Aliás, por tabela desencadeia as demais precarização nas relações de trabalho, cuja função não excede a função compulsória de mais valia, Kapital versus Trabalho, aumentando a exploração do capitalismo.

Não é fácil formar sujeitos críticos e com a capacidade de compreender e intervir criticamente na realidade sócio-histórica e econômica, posicionando-se do lado do trabalho e contrário as relações de exploração causadas pelas contradições intrínsecas ao desenvolvimento do capitalismo. Mesmo nova, a arquitetura dessa escola velha, triste e apática que temos não cumprirá este papel. Não existe esta possibilidade. O atual Senhor da Prefeitura não tem a menor noção disso e, como bem disse George Bernard Shaw, “A democracia muitas vezes significa o poder nas mãos de uma maioria incompetente.” Pasmem...

Ainda falando de educação, gostaríamos de relembrar que a lógica adotada pelo governo atual não consegue subsumir as contradições imanentes de uma ordem social burguesa que concentra e centraliza a partir da exclusão em todos os sentidos. O PT não deu conta disso e amargou as conseqüências da primeira geração. Criticamos o nosso PT não teve disposição política e por isso não quis construir nada de revolucionário da educação de Vitória da Conquista nestes 20 anos no poder. Programas educacionais importantes foram criados, mas asfixiados pelos limites da lógica liberal de governar.

O tecnicismo pragmático das finanças petista (hegemônica) de orientação positivista-cartesiana ensimesmado de austeridade engessou iniciativas educacionais fantásticas e, que, poderiam se levadas ao limite, a superação do estado de alienação e coisificação criado pela cultura liberal herdada do mesmo peemedeb Tinha-se a opção de avançar para uma proposta de emancipação humana e não o fez. A educação é o único lugar em que se fizer pirotecnia será descoberto, pois não se admite velhas formas envernizadas como se fossem novidades, como por exemplo, apresentar o IAS como sendo o redentor da educação como se a educação fosse apenas ajustes nos indicadores do IDEB.  Estão reinventando a roda, como fazem ao pintar os meios fios da cidade como sinônimo de qualidade de serviço público. Ah... Caiu no mesmo lugar comum que tanto incriminou o PT no rádio como se este fosse o mais hediondo dos crimes...  O lugar de fala da educação é o debate forte, tenso e profundo e sua tradição remota os tempos longínquos da ditadura militar.

Não é porque o PT esteve na governabilidade com seus governos no comando da institucionalidade que educadores intelectuais e militantes deixaram de fazer militância e construir suas críticas. O nosso PT cometeu vários equívocos, mas não fica grunado a pecha de incompetente e desinformado. Os governos do PT em Vitória da Conquista ouviram da militância do PT (à esquerda) duras críticas que apontava corretamente aos gestores que não tinha projeto educacional emancipacionista para educação. Mas, inegavelmente tocou projetos inovadores para a cidade, Bahia e o Brasil, mesma sabendo que só mitigavam situações graves.

Mesmo sabendo que isso não atendia a luta dos educadores por mudanças mais radicais e, perfeitamente, possíveis de serem feitas. Não fizeram porque não compreenderam teoricamente que sua estada na institucionalidade era passageira e que deveriam aproveitar a oportunidade para fazer o máximo de mudanças radicais necessárias a erradicação culturas perniciosas deixadas pelas elites oriundas da tradição coronelista caótica, visando contribuir com a luta universal de transformações emancipacionistas.

Neste sentido, o governo municipal da hora, que também é peemedebista, diz que vai fazer grandes transformações na educação de Vitória da Conquista contratando uma consultoria especializada em maquiar indicadores do IDEB, como nos velhos tempos de FHC. Esse gestor aceitou não só o receituário de Washington, como também adotou consultores estadunidenses pernósticos para MEC, visando promover a adequação jurídica do Estado à lógica neoliberal para facilitar às exigências econômicas, sociais e filosóficas liberais dos órgãos multilaterais internacionais. Tudo isso para obter empréstimos do FMI e Banco Mundial. Veja o que isso gerou de problemas, endividamento do Estado e o atraso no debate mundial sobre educação sem subjugação do povo brasileiro.

Portanto, este governo que já começa desgovernado, tem feito algumas articulações perigosas que implicará nos resultados futuros, mas serão sentidos imediatamente ao perceber que política educacional não se faz somente com indicadores frios que não refletem a realidade dos e das conquistenses acostumados com participação e intervenção política. Essa mudança de comportamento é incontrolável e não retroage, portanto terá que auscultar a cidade e não somente empresários como tem feito, pois a cidade possui uma memória histórica dos tempos que os dispêndios municipais eram loteados pelos interesses mesquinhos capitalista dessas elites abjeta e imoral. Não é a toa que a cidade lembra como eram distribuídos os recursos públicos entre alguns empresários que faziam fortuna nas costas da pobreza e sofrimento população conquistenses.

ENTRE CORTES E CÓPIAS: OU DAS ARMADILHAS DA POLÍTICA DE EDUCAÇÃO DO GOVERNO HERZEM GUSMÃO.


 "Teorias ou proposições que se caracterizam por seu caráter não-crítico, desmobilizador e extremamente utilitarista no fazer educativo. "

*por Cláudio Félix

Nos primeiros dias de fevereiro aconteceu a Jornada Pedagógica da rede municipal de educação de Vitória da Conquista.  Neste mesmo período, uma das primeiras medidas do novo governo municipal foi realizar o corte de R$ 300,00 nos vencimentos das monitoras de creche referente à gratificação (CET), causando comoção e perplexidade na categoria. Mas a reação imediata e altiva destas educadoras resultou na recuperação do valor cortado, reestabelecendo seus vencimentos e ajudando a “cair à ficha” do prefeito de que as coisas não serão tão fáceis quanto se imaginava.

Ao falar aos professores na abertura da semana pedagógica, o prefeito Herzem pediu paciência aos servidores pelos cortes nos salários, além de anunciar que será feita uma revolução na educação a partir das experiências inovadoras de outras regiões e mencionou o Instituto Ayrton Senna como possível parceiro. Além disso, prometeu um 14º salário as professoras, professores e funcionários das escolas da rede municipal que melhorarem sua nota no IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica).

Para preparar o caminho das anunciadas mudanças educacionais em Conquista, a Secretaria Municipal de Educação (SMED) buscará copiar o modelo de gestão em educação do prefeito ACM Neto em Salvador. Para tanto foram convidado para proferirem palestras o ex-secretário de educação, que é o atual secretário de desenvolvimento Urbano da prefeitura de Salvador, e a diretora pedagógica da secretaria de educação daquele município para introduzir as mudanças que estão por vir, as quais tentam ser traduzidas na formulação: “ensinar e aprender: do conhecimento coletivo ao êxito individual”, tema da jornada pedagógica 2017.

Pelo tom dos palestrantes e dos discursos dos políticos no evento, vem por aí um modelo educacional que tem suas bases teóricas e políticas atualizadas a partir das proposições pedagógicas ligadas ao neoliberalismo como, por exemplo: a pedagogia das competências, a pedagogia da qualidade total, o neotecnicismo e as perspectivas do movimento Escola Sem Partido. Teorias ou proposições que se caracterizam por seu caráter não-crítico, desmobilizador e extremamente utilitarista no fazer educativo.  Obviamente, tais intenções para serem implantadas precisarão do convencimento e da participação dos trabalhadores em educação da rede municipal.

Uma alternativa para que os professores e professorasse motivem diante do que está por ser proposto pela SMED é a promessa do pagamento de um 14º salário para docentes das escolas que melhorarem na avaliação do IDEB.Por meio desta possível gratificação, que estimula a competição entre os colegas, pretende-se impulsionar a “produtividade”do trabalho docente ao incentivar a concorrência entre os pares para gerar resultados. Em outras palavras, mais uma transferência de responsabilidade sob a lógica da premiação e da meritocracia.

É importante registrar ainda a possibilidade do estabelecimento de uma parceria com o instituto Ayrton Senna (www.institutoayrtonsenna.org.br), uma Organização Não-Governamental que expressa com muita propriedade o pensamento pedagógico privatista e empresarial da educação brasileira que se faz presente no Movimento Todos pela Educação (www.todospelaeducacao.org.br).Não por acaso, a semana pedagógica contou com dois empresários do negócio da educação como palestrantes de destaque no evento.

Pelo que se observa nesses primeiros momentos, o que está ganhando forma na SMED é a aplicação local da lógica dos projetos de contra-reforma da educação brasileira imposta pelo governo golpista de Temer (PMDB), do mesmo partido do atual prefeito da cidade, e pelos setores mais atrasados no Congresso Nacional. Projeto que começou com o golpe do Impeachment, avançou pelo congelamento dos investimentos públicos (PEC 55), passou pela reforma do ensino médio que esvazia a formação da juventude, se estende pela tramitação da lei que institui o projeto Escola Sem Partido e se dilui em tantos outros ataques ao direito das crianças, jovens e adultos ao acesso à educação de qualidade.

Este misto de cortes de direitos com cópia de modelos conservadores é uma armadilha que precisa ser desmontada e merece ser objeto de muita atenção-crítica por parte das professoras, professores, estudantes, pais e organizações que acreditam na educação escolar pública de qualidade.

Os primeiros passos da política educacional no município indicam como este novo governo está em sintonia fina com o projeto internacional e nacional de destruição de direitos da população, que aqui em Vitória da Conquista tem em Herzem Gusmão (PMDB) e seus aliados (DEM, PSDB) seus principais agentes. Por isso, a luta por nenhum direito a menos se coloca como urgente e necessária, seja no âmbito nacional, estadual ou do município.



*O Professor Cláudio Félix é Doutor em Educação e militante do PT.
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

MUDA PT... MAS QUAL O SENTIDO DA MUDANÇA NO PED?


"Move o partido agora uma necessidade utópica, angustiada e útil de mudança de rota (à esquerda)."
*por Luís Rogério Cosme

O PT caminha para as eleições internas em 2017. 
Aqui trazemos nossas expectativas.
Ressaltamos que este texto é uma carta íntima e não dará subsídio aos puristas de esquerda, nem aos pragmáticos da direita, para malograrem o PT.
Dito isto, as respostas as nossas inquietações, inerentes ao processo eleitoral interno, jazem subscritas em nuanças perceptíveis ao longo dos acertos e erros que desenham trajetórias que não nos mataram (por pouco), mas fraturaram as pernas de um desejo embrionário e vilipendiado que Thomas More chamou de Utopia.

Move o partido agora uma necessidade utópica, angustiada e útil de mudança de rota (à esquerda). Após o tiro nas costas desferido pela burguesia "aliada", há um cheiro de arrependimentos no ar(?)
Não somente por supostos erros, mas por atitudes não tomadas. Reformas estruturais não realizadas. Não porque tenha o PT falhado numa perspectiva condenatória, messiânica, moldada por uma elite econômica, política e intelectual, parasita da miséria alheia. De fato não houve "erro" sob tal premissa.
O pesar nasce de constatações antes ignoradas. Decorre de um indescritível abalo da autopiedade dos atores que planejaram o "eterno sucesso" do partido (de si para com os seus, atados ao consenso de voz única).
Numa reação de filiados (as) em frente a um espelho de dupla face, o PT convulsiona otimista às vésperas do PED como um inseto (lampyridae) que se esforça e sofre antes de parir uma luz. Ah, finalmente a luz!
Finalmente, percebemos que não convém, por um mero instinto de sobrevivência, agirmos como Cronos (o pai de Zeus) que devorava os filhos para tardiamente constatar que lacerava o próprio soma, quando deveríamos ser mais seletivos nas alianças e mais companheiros das vozes internas divergentes.
Como isso se deu? Todos nós, no fundo, já sabemos. O que podemos resgatar de melhor no PED rumo ao futuro? Eis o ponto a esmiuçar para uma possível felicidade.
Então, mudar o PT é o esforço que não pode prescindir de uma arte que nos serve de água e pão: a arte de Sonhar! Esforço que brota dos recônditos de todo petista, que mesmo varado pela dor de um tempo, jamais se esqueceu de fitar o horizonte.
Busca-se um sonho coletivo. Uma esquerda coletiva. Ora, embalado nos desafios mais sugestivos e encorajadores, sonhar é sempre água e pão para qualquer coletivo sem esperança, após golpes, naufrágios e deriva.
Passado o cansaço de não sonhar ou solucionada a lipotimia pós-pancada, desfeita a fadiga do autocanibalismo político que nos levou ao poder de braços dados com um tipo de satanás (pragmatismo, governabilidade, imbatibilidade, no grande eixo Brasil-Bahia), os filiados do PT irrompem para o PED desnudos, e, oxalá, sem posturas  hierárquicas tão gritantes.
Como caminhar?
Talvez o PT não olvidando mais os pensadores iracundos, deixados à margem da estrada, como excesso de bagagem, agregue forças (hoje desestimuladas) ao primitivo e justo propósito da esquerda amaldiçoado lá atrás. 
Nossa triste realidade seria permanecer com os mesmos alinhamentos, mesmos arranjos à direita, sem qualquer autocrítica, pondo todos os enganos no colo das contradições históricas, e ao mesmo tempo, pregando que se mude o PT. Como fazer se não mudarmos as práticas?
Para além do fato de o PT ser Lula, e Lula ser o PT, tudo mais deve ser motivo de questionamento daqui por diante.  Até mesmo as escolhas estratégicas de Lula (entendamos bem esta questão...) porque somos todos corresponsáveis e esta nau perfurada não deve jamais soçobrar. E o PED é somente o começo de um processo de ressuscitação de uma bandeira retirada do mastro por nós mesmos, pela nossa imprevidência. Mas para que esta ressuscitação ocorra, admitamos, em condição de humildade, que por um minuto sequer morremos de alguma forma para alguém ou para alguns, por justa causa.
No PED e depois dele, o discurso da unidade dentro e fora do PT é indispensável. Entretanto, no âmbito das eleições internas do partido,  qualquer apologia a unidade sem respeito a diversidade é refazer contexto movediço, onde nos encontramos atolados até o pescoço.  Unidade significa o que?  Seria razoável no auge do esforço pelo renascimento, modelar uma espécie de unidade para eleger o modelo de sempre e perder tudo o mais?
Sem o debate irmanado nesta hora da madrugada, na qual o sol está na iminência de surgir, a mudança propagandeada será mais uma dose cavalar de transformismo, ou como beijar o vácuo. Será ainda a perda grandiosa de oportunidades para reformas estruturais (de início, por dentro) em razão do povo e da classe trabalhadora, que por um momento (outro traço de uma crise) se esqueceu de que também é povo.
Dói, sabemos, certas palavras. Mas a realidade observável dói mais. Entretanto, uma vez na vida, somente uma, os hegemônicos devem assumir que o PT neoliberal perdeu o jogo no Brasil (Joaquim Levy; a não auditoria da dívida pública, etc.).
Também o PT neoliberal na Bahia ou em qualquer canto, eficiente em vencer pleitos, é como um soldado raso que na sanha de liquidar uma batalha envenena os próprios mananciais.  E impõe aos seus pares a cicuta do consentimento, legitimada pelo silêncio dos covardes, que tragados, tornam-se habitantes de um cemitério. Mas sabemos que o PT está vivo. Ainda bem.
Nessa tessitura de onde nasce o desejo de resgate do país entregue aos interesses estrangeiros, vulnerável às depredações das conquistas sociais, as vozes das minorias no PT carecem ser ouvidas. Por que não?  Afinal, chegou o momento em que estes petistas (da primeira, segunda e terceira horas) não apenas tenham o direito de falar, mas também a dignidade de serem escutados, porque, justiça se faça, contribuíram quase nada (ou nada) com o que de ruim assistimos hoje. 
Sem escuta, não há mudança de fato. Seria mais um jogo de cena. Contudo, não há espaço, nem tempo para repetirmos os antigos espetáculos. O velho teatro já desabou. Estamos todos exauridos. O alicerce pede nova barrufada de cimento. Sem diálogo (na distinção) não haverá refazimento de caminhos, nem otimismo.
Os movimentos sociais dispersos querem, como nós, sonhar outra vez. Se não formos capazes de fazê-los enxergar um outro sentido (porque de modo semelhante estamos vazios de sentido)  vão desaguar na fragmentação, enquanto a massa em geral  (aturdida pelos golpes midiáticos anti-PT) seguirá nos braços da extrema direita. Sim. O que é ruim, companheiros, tem lastro e sempre pode piorar.
O educador Rubens Alves, já percebia a ausência do sonho na arte de fazer política ao dizer: "Mas o fato é que hoje ninguém está sonhando. Não há ninguém que faça o povo sonhar".
Por que?
Quem souber responda. A hora é ontem. Porque a nossa bandeira vermelha quer sair do baú. E uma estrela ascendente quer, ideologicamente, brilhar no céu...
Viva a democracia do Brasil! Viva a democracia no PT!



*Luís Rogério Cosme é professor Adjunto da UFBA, com doutorado em Saúde Pública e filiado ao PT/Vitória da Conquista/BA.
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

PSICOPATA? SOBRE O DISCURSO DE LULA NO VELÓRIO DA ESPOSA.

"Lula sempre foi um animal político legitimamente definido com sua classe. Identitariamente reconhecido nela e por ela. Se foi assim na vida, teria que ser, por coerência, no contato com a morte.  Marisa alimentava, com sua paciência, amor e suor, a esta característica emblemática do marido"

Para a psicologia o ser humano é o resultado das experiências vividas. A antropologia, noutro campo e de outro modo, trará semelhante constatação.  Assim, como podem os sujeitos insensíveis e inescrupulosos rotularem o presidente Lula de psicopata porque narrou momentos vividos com dona Marisa, num contexto sindical e político?  Que outro Lula e que outra Marisa nós conhecemos senão do sindicato, do PT e da política?  Hipócritas!  Com a covardia típica dos canalhas, querem determinar a "ideal" fala de um viúvo que eles odeiam.

 A vida do casal da SILVA sempre foi a vida doada à luta de classes e a luta coletiva. Isso realmente incomoda... Lula não poderia descrever as viagens românticas, aos belos lugares do mundo, jantares a luz de vela, como desejaria nossa elite brasileira, moralmente  desgastada e enfadonha... A história de vida da empregada doméstica e do metalúrgico que virou presidente é bem outra. Não foram as velas a meia luz e nem os brindes que marcaram visceralmente o seu tempo de encontros e de casamento.  Qualquer fala assim não seria de Lula, seria a reverberação de um factoide pseudo burguês que Lula não é. 

Lula e Marisa foram políticos 24h por dia e não seria com a morte da parceira que sua veia politica, que modelou a trajetória do casal, deixaria de pulsar para agradar a expectativa dos imbecis de plantão. Confundem, pelo preconceito que sempre nutriram contra o casal da SILVA, a história política de vida de um homem com a politicagem comum materializada em figuras pitorescas (os Temers, os Doreas, Tramps, falaciosos).  Lula sempre foi um animal político legitimamente definido com sua classe. Identitariamente reconhecido nela e por ela. Se foi assim na vida, teria que ser, por coerência, no contato com a morte.  Marisa alimentava, com sua paciência, amor e suor, a esta característica emblemática do marido. Foi para Marisa que ele falou, então. Não foi para os que o odeiam... E foi para os amigos da classe social a qual Marisa pertenceu que Lula fez sua poesia de despedida, que derramou seu coração rubro, seu cálice vermelho (não poderia ser azul). Ela gostou...

Psicopatia vem de fora, vem de obervadores que esperavam (como deseja o tucano Moro e os fascistas de plantão) que Lula houvesse entrado no caixão da esposa. Não deu... "O ator errou a cena". Lula fez o oposto, encerrou sua fala acusando as denúncias sem provas que martirizaram a esposa agonizante e prometendo lutar para defender sua honra. Historia de amor é isso... Quem humanamente injustiçado não o faria? O patiburo da canalhice  desabou... Ou seja, ninguem vai tirar de Lula o direito de ser o que ele é. Marisa não o fez e a burguesia farisaica não tem o direito de fazer, pelo medo/certeza de que ele pode voltar ao poder. Se o discurso gerou comoção?  Certamente. E daí?  A vida verdadeira é feita de emoções. Até isso a elite inveja. Deus tenha misericórdia dela.

Luis Rogerio Cosme.
05 de fevereiro/2017.

 PT/Vitória da Conquista/BA.

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