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quinta-feira, 12 de abril de 2018

Educar para transformar se faz em coletividade


"Percebo que não adianta ficarmos no “nosso mundo”, nos nossos grupos políticos, no convívio apenas dos nossos companheiros, muito menos acreditar que a educação formal das escolas irá libertar alguém."

Por Omar Costa Ribeiro[1]


Venho até aqui com o objetivo de falar de educação, mas não a educação formal e sim da educação que causa transformação. O momento que passamos reflete bem a necessidade da educação a que me refiro. Tomamos um golpe e somos cercados por analfabetos políticos. Em todo esse tempo em que “estivemos no poder”, pouco foi o nosso trabalho no campo da educação para gerar consciência crítica e libertação.


Essa libertação que trago para debate é a libertação dos históricos meios de informação, as mídias, os canais de televisão, os jornais, as revistas, que atendem aos interesses distintos das pautas da maioria, distintos dos interesses do povo. Meios que são comandados por àqueles que não querem ouvir a palavra liberdade.

Percebo que não adianta ficarmos no “nosso mundo”, nos nossos grupos políticos, no convívio apenas dos nossos companheiros, muito menos acreditar que a educação formal das escolas irá libertar alguém. A geografia da escola, a história da escola, a filosofia e a sociologia da escola, as ciências exatas, a biologia, a linguagem da escola, tudo isso não tem como objetivo libertar. A finalidade principal dessa escola convencional e o mercado, e o ENEM, e o vestibular, e o concurso, tem por objetivo o interesse individual e financeiro. Ainda mais agora com um governo que tem como meta produzir o jovem-máquinapara o mercado, ao diminuir a importância das ciências sociais no currículo da educação básica, ao atacar as artes e diminuir, assim, a sensibilidade do jovem.
“Seria uma atitude muito ingênua esperar que a classe dominante desenvolvesse uma forma de educar que permitisse às classes dominadas perceberem as injustiças sociais de forma crítica.” (Paulo Freire)
Temos que fazer a nossa escola, mas não no sentido alternativo. Temos que ocupar as ferramentas deles, criar uma roupagem nova para atender ao nosso objetivo.
Educar para a política, pois precisamos ter engenheiros conscientes da função social da propriedade. Advogados conscientes dos direitos fundamentais do homem e da mulher. Precisamos ter médicos como os médicos cubanos, cuja medicina tem nas academias uma ciência mais humana. Só assim nossas cidades serão construídas para o povo; nossas leis serão usadas para atender aos interesses da maioria e não aos interesses do individualismo; nossa vida será vista como a primeira garantia do ser humano...
E como ter essa escola? Ou pelo menos dar um ponta pé inicial para chegarmos até ela? Como construir a educação voltada para a conscientização coletiva?
Como eu disse, essa escola não é formal, não se encontra entre muros, quem aprende não se encontra como ouvinte e sim entre protagonista da libertação. Uma ferramenta seria criarmos periódicos semanais e com grande tiragem, na qual abordaremos temas do dia-a-dia, mostrando as contradições produzidas pelo próprio material das mídias em massa.
Quando a educação não é libertadora o sonho do oprimido é ser opressor.(Paulo Freire)
Mas, não adianta produzir os periódicos para circulação interna. Eu sempre bati nessa tecla, pois temos que atingir os jovens da “classe média” que não se encontram engajados no processo de conscientização coletiva.
É preciso que a gente construa, a partir da juventude, uma futura “classe média” esclarecida, ou quem sabe chegarmos ao ponto de rompermos com as divisões tradicionais de classes.
Minha proposta é que a gente crie grupos de formação política nas cidades, nos bairros (todos os bairros), nas escolas, em conjunto publicaremos periódicos para a comunidade conquistense. Esses periódicos não podem ser longos, no princípio, não podem ser direcionados apenas aos militantes e sim aos cidadãos que não tiveram acesso a nossa leitura de mundo.
Temos que ir para as portas das escolas, das igrejas, das repartições públicas, das praças, dos bares, dos restaurantes. Temos que criar nossas mídias. Temos que ocupar os espaços onde está o povo, e se entendemos que “até o preço do feijão é política”, então temos que ocupar todos os espaços da cidade, só assim conseguiremos nos inserir no projeto de cidade e país a ser construído. Só assim não seremos minorias conscientes e sim uma maioria libertada.
Ninguém educa ninguém; NINGUÉM EDUCA A SI MESMO; Os homens se educam ente si Mediatizados pelo mundo. (Paulo Freire)




[1]Omar Costa Ribeiro, Prof. de Química e Diretor Pedagógico do Zênite Pré-Vestibular e Curso

terça-feira, 3 de abril de 2018

O Dramático Panorama do Ensino no Brasil.




"Nessa perspectiva, ela deixa de ser um direito universal, a ser assegurado pelo Estado, e passa a ser oferecida como um serviço, que será regulado pelo mercado."

por Joilson Bergher[1]

  
Abril, ano de 2018, d.C., sob a égide de um descalabro social, vigente, após a derrubada de uma Presidente legitimamente eleita com 54.501.118 votos (51,64%), Dilma Rousseff, pagou o preço em se manter ética, ou a escolha, em continuar com a cabeça erguida, para enfim, não ser vergada por uma categoria política oportunista, que, irresponsavelmente, trata o Brasil de forma pequena, colonizada, de joelhos, aos que se deleitam ao ver esse país ser desmontado em aportes sociais fundantes, a exemplo, de nosso ensino, em todos os níveis.

Para se ter a ideia do drama em que a educação do pais foi colocada, - “desde 2012 a despesa total com educação vem caído em termos reais e, no caso da educação superior, essa queda acontece desde 2014. No total, de 2012 a 2016 houve redução de R$ 14, 2 bilhões, atingido mais a educação básica”. (Le Monde Diplomatique. fev. 2018)

Lembro que tais dados, são parte de um Plano de Financiamento destruidor da ideia de um Estado apoiado na PEC-95, sabiamente, apelidada no Brasil, e no Mundo, como a PEC da morte, na prática, proíbe investimentos no social por vinte anos e gastos correntes ordinários fundamentais para o cotidiano dos brasileiros.  No caso especifico da educação: em curso está a privatização do ensino.

Nessa perspectiva, ela deixa de ser um direito universal, a ser assegurado pelo Estado, e passa a ser oferecida como um serviço, que será regulado pelo mercado. Aliás, aqui, no Brasil, em curso está a Teoria do Capital Humano, onde a educação simplesmente, será tratada como um “serviço qualquer, e que deve ser realizado caso haja a possibilidade de retorno” capitalista.

Segundo o senador Humberto Costa (PT-PE). "A área da Educação está sendo sucateada por esse governo que veio para destruir todos os avanços no setor. O veto vai atingir diretamente o Fundeb", acrescentou Costa. É bom reafirmar em alto, e em bom som que esse recurso retirado da educação terá impacto grande, porque o efeito da crise econômica tem atingido muito os estados. O Fundeb serve exatamente para que a União cumpra o papel constitucional de dar suporte aos estados que estão sem condições de investir em serviços básicos, como a educação.

Sem um recurso extra, reduz-se o efeito redistributivo do orçamento público federal, sobretudo, em regiões mais pobres, que são mais dependentes dele. Tem mais: “No planejamento do governo em 2018, o orçamento previsto é de apenas R$ 5 bilhões para universidades, enquanto em 2017 foi de R$ 8 bilhões e de R$ 15 bilhões em 2015, uma queda progressiva. Na área de Ciência e Tecnologia, a redução é de R$ 2 bilhões em relação ao ano passado”. (BRASIL 247, www.brasil247.com, acessado em: 02 abr. 2018)

A pergunta que fazemos, -  A quem interessa essa tragédia social vivenciada no Brasil? Apoiado em Hegel, coaduno que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes... a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa. No caso do Brasil observo “que a conjunção de diversos fatores e inúmeras condições não permitem a simples repetição do fenômeno histórico, também o é que a oposição (antífrase) entre tragédia e farsa reflete uma decadência entre ambos, mas também adverte que a ninguém é permitido portar-se ingenuamente ante as intrincadas relações políticas, sociais e econômicas”.

Nos parece clara uma ideia atualmente, a atividade política tem que ser desprestigiada, como se decaída fosse, no lugar que cabe à democracia, um fictício primado da técnica, montado num canal de TV, um novo algoritmo de controle de pessoas, de ideias, tipo: “Que Brasil eu quero?” Nos parece ser isso o atual modelo, ou a ideia, ou ainda uma premissa de educação em curso no Brasil. É um modelo que solapa pessoas, que nega o pagamento de um Piso Salarial decente ao professor, seja em Brumado, Uberlândia, Salvador, Porto Alegre, Vitoria da Conquista, Anagé, ou Jequié...

E agora, o que vai acontecer com o Brasil? A democracia foi suspensa ou vale a pena legitimar essa falsa democracia? Qual caminho que sobra para defender direitos de pessoas? Qual a democracia que nos representa? A insurreição, as ruas, o voto, num país, onde um pseudo-governo instalado em Brasília conta com 97% de aprovação negativa? Ou refundar a democracia em bases populares, para a defesa de uma maioria absoluta? Como não dá para prevê conjunturas, apenas reverbero que “a empatia com o sofrimento alheio é indiscutível, por isso temos tanta comoção e revolta frente às grandes tragédias, e todas as grandes tragédias”, incluso o Brasil dos tempos atuais tem seu período de reflexão, “traz à tona o medo do fim, mas também a sensação de estar vivo”, de olhos abertos.

Está na filosofia, e também na história – essa ou aquela comoção ou tragédia tem prazo de validade, quando as pessoas não estão diretamente envolvidas, nesse processo, passado o período de abstração, a emoção frente a essa ou àquela situação tende a ser modificada...a história é bela, mas também é implacável.



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[1] Joilson Bergher – Professor de História e Filosofia, com ênfase em Ética – Brumado, Bahia.

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