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quinta-feira, 30 de agosto de 2018

MOÇÃO DE REPÚDIO CONTRA O FECHAMENTO DE ESCOLAS DO CAMPO EM VITÓRIA DA CONQUISTA


MOÇÃO DE REPÚDIO CONTRA O FECHAMENTO DE ESCOLAS DO CAMPO EM VITÓRIA DA CONQUISTA

A Educação do Campo e no Campo é uma realidade no país inteiro e é o resultado da luta dos Movimentos Sociais, dos trabalhadores em educação, dos pesquisadores e dos militantes de diversas frentes desde a década de 90. Desta luta, resultaram pesquisas sobre a realidade do campo nos diversos biomas e territórios, nas diversas modalidades e etapas da educação, assim como resoluções específicas para a educação do campo, a exemplo das Resoluções 01/02 e 02/08 do Conselho Nacional de Educação, resolução do Conselho Estadual de Educação da Bahia e resoluções de diversos conselhos municipais de educação, além do Decreto 7.352/10, cujo artigo 2º cria os “princípios da educação do campo” e, dentre eles: (I) “respeito à diversidade do campo em seus aspectos sociais, culturais, ambientais, políticos, econômicos, de gênero, geracional e de raça e etnia”; e  (V) “controle social da qualidade da educação escolar, mediante a efetiva participação da comunidade e dos movimentos sociais do campo”.

A Educação no campo, da mesma forma que a educação na cidade, na aldeia, no quilombo, no terreiro ou em qualquer lugar onde viva um cidadão é um direito público subjetivo e dever do Estado, conforme determinam a Constituição Federal de 1988, artigo 205 e a Lei 8.096/1990, artigo 4º. O direito à educação no local onde vive, produz cultura e gera relações familiares, sociais e comunitárias, o que já é determinado também pela Lei 9.394/1996, artigo 28. Nesse sentido, precisamos garantir e fortalecer iniciativas que tenham como base os princípios agroecológicos e a soberania alimentar como modo de produção no campo.

As populações que vivem nas comunidades rurais são formadas por cidadãos contribuintes e que – como as populações urbanas – sustentam o Estado, enquanto entes municipal, estadual e federal no mesmo nível que as populações urbanas, devendo receber as devolutivas do mesmo em forma de serviços diversos, inclusive educação com boa qualidade. E o município de Vitória da Conquista tem uma Rede Escolar marcada pela diversidade populacional que integra as escolas urbanas, dos assentamentos de reforma agrária, dos quilombos, das comunidades rurais em geral. O ato de fechar escolas do campo, praticado pelo Governo do Prefeito Herzem Gusmão por meio do Decreto 18.832 de 17 de agosto do ano em curso se constitui, dentre outras coisas:

  Um desrespeito aos cidadãos que residem nos espaços do campo do território de Vitória da Conquista e que “tem direito aos serviços do território”, conforme Milton Santos;

  Um incentivo à migração campo-cidade, já que tirar os alunos do espaço em que reside e transportá-lo para outra localidade implica desterritorializá-los e incentivá-los a buscar outras culturas e outros ambientes para viver, quando deveriam conviver e crescer nos próprios espaços onde habitam;

  Um crime que viola a Lei 12.960/2014: “O fechamento de escolas do campo, indígenas e quilombolas será precedido de manifestação do órgão normativo do respectivo sistema de ensino, que considerará a justificativa apresentada pela Secretaria de Educação, a análise do diagnóstico do impacto da ação e a manifestação da comunidade escolar”. E tal ato, criminoso na sua essência e iniciativa deveria ser antecedido de: 1) oitiva da comunidade onde funcionam as escolas – pais, mães, responsáveis, associação comunitária e, em especial, os alunos; 2) Parecer do Conselho Municipal de Educação, que deve analisar a legislação e as diretrizes educacionais pátrias, estadual e local, além de criar assembleia específica para discutir o tema, de preferência nas comunidades envolvidas; 3) estudo feito pela Secretaria de Educação local e do Governo, com justificativa plausível – se é que existe.

O fechamento de 9 escolas, com a possibilidade de fechar mais 11 e reordenar outras é um retrocesso do Governo atual e merece o REPÚDIO de cidadãos que vivem no campo e na cidade em Vitória da Conquista, de trabalhadores da educação, de pesquisadores e do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação do Campo (GEPEC/UESB), do Grupo e Estudos e Pesquisas em Movimentos Sociais, Diversidade e Educação do Campo (GEPEMDEC/UESC/UESB), do Fórum Estadual de Educação do Campo (FEEC/Litoral Sul), do Grupo de Estudos e Pesquisas em Didática, Formação e Trabalho Docente (DIFORT/UESB), do Fórum Municipal de Educação do Campo de Vitória da Conquista, do Fórum de Educação do Campo do Território Sudoeste Baiano, dentre outros, além dos movimentos sociais, os quais assinam este documento e solicitam ação do Conselho Municipal de Educação, do Ministério Público Estadual e dos Movimentos Sociais locais, no sentido de que seja revertida esta situação que agride sujeitos de direitos que são os estudantes do campo do município.

Conclamamos o apoio da sociedade conquistense para dizer NÃO ao retrocesso educacional, e juntos construirmos estratégias de diálogo e de enfrentamento ao poder público municipal, no intuito de garantir que sejam implementadas as políticas públicas para uma educação de qualidade no campo e na cidade, na direção das transformações necessárias para a construção de uma sociedade igualitária. FECHAR ESCOLA É CRIME!!!!!!

Vitória da Conquista, 27/08/2018.

Assinam esse documento:

Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação do Campo (GEPEC/UESB)
Grupo e Estudos e Pesquisas em Movimentos Sociais, Diversidade e Educação do Campo (GEPEMDEC/UESC/UESB)
Fórum Estadual de Educação do Campo (FEEC/Litoral Sul)
Grupo de Estudos e Pesquisas em Didática, Formação e Trabalho Docente (DIFORT/UESB)
Fórum Municipal de Educação do Campo de Vitória da Conquista – FOMEC
Fórum de Educação do Campo do Território Sudoeste Baiano – FECTSB
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST
Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Vitória da Conquista – STR
Sindicato do Magistério Municipal Público de Vitória da Conquista – SIMMP
Agentes de Pastorais Negros e Negras do Brasil – APNS
sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Senhores deputados respeitem o diretório do PT: mandato não é empreendimento!





"[...] vem a público esclarecer que o PT local não avaliza o apoio à candidatura do Deputado Estadual Vítor Bonfim (PR) para reeleição[...]"
  
por Herberson Sonkha[1]


O Movimento do Coletivo Ética Socialista (M-COESO) acompanha a trajetória do Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores de Brumado a partir de militantes desse coletivo interno. Esse diretório vem reafirmando peremptoriamente seu papel de vanguarda da luta política da esquerda contra a sanha das forças oligárquicas conservadoras do município de Brumado, do Estado e do Brasil. O Partido dos Trabalhadores brumadense reafirma seu compromisso ideológico com as bandeiras históricas das classes trabalhadoras e os movimentos sociais que lutam há décadas no município por um Governo Popular Participativo que garanta o efetivo desenvolvimento socioeconômico e político das populações em situação de múltiplas vulnerabilidades.

Uma gestão capaz de implementar políticas públicas voltadas para o pleno desenvolvimento de uma cidadania mais humana, com instituições efetivamente democráticas e com políticas públicas institucionais que façam a inclusão social. Esse sentimento coletivo do diretório, foi brutalmente atacado pelos interesses espúrios de parte da executiva municipal que agiu ao seu bel prazer. Essa fração egressa do PMDB, da cepa carlista em Brumado, filiado por cima pelo campo hegemônico, insiste em ferir a autonomia do Diretório Municipal que não pautou a discussão e nem deliberou sobre “alianças” com candidaturas fora do âmbito do PT no município. Pincipalmente uma candidatura que depõe vergonhosamente contra a idoneidade política da honrosa história do PT em Brumado.

A título de informação geral, o diretório municipal é ideologicamente contrário ao modismo da governabilidade e seu pragmatismo despolitizado, a exemplo do que levou o corrupto do Geddel Vieira e o corrupto golpista do Michel Temer (ambos do PMDB) para a base do governo. Para não esquecer da manobra desrespeitosa do campo hegemônico que filiou por cima representantes das forças reacionárias oriundas da oligarquia carlista local para manter uma hegemonia eleitoral desastrosa.

Para os oportunistas de plantão que acha que o PT de Brumado é uma zona, uma legenda de aluguel dirigida por um balcão imoral de negócios, informamos estão redondamente enganados. Respeitamos todo e qualquer mandatário, principalmente se for do PT, todavia não aceitamos ingerência política de quem quer que seja, sobretudo se for do campo hegemônico estadual. Neste sentido, esclarecemos à população brumadense que o site Achei Sudoeste agiu irresponsavelmente quando veiculou uma matéria no dia 20 de julho de 2018 (16:00h) sem consultar a executiva municipal sobre as decisões do partido aprovadas pelo diretório municipal. Deste modo, noticiou uma inverdade que o partido desautoriza.

A direção do PT não avaliza a candidatura a deputado estadual do senhor Vitor Bomfim (PR) a reeleição, não só por razões estatutárias que fogem ao escrutínio externo de deliberação partidária. Mas sim porque existe um elemento de natureza ideológica que se interpõe a essa questão, malogrado às questões prementes de ordem sócio-histórica que perpassam o debate sobre candidaturas do PT no município.

Existe direção municipal sim e essa, por sua vez, respeita peremptoriamente suas instancias deliberativas previstas pelo estatuto social do partido. O entendimento geral do partido é de que existem candidaturas qualificadíssimas à Assembleia Legislativa da Bahia ou a Câmara Federal de filiados/as do PT que aborta qualquer discussão sobre outras “opções” estranhamente de fora que lesa o preceito estatutário.

Essa matéria nada crível, não tem qualquer valor ético que denote honestidade política no trato com a “informação”. Aliás, evidencia apenas um fenômeno contemporâneo corriqueiro da subsunção do jornalismo alicerçado pela práxis da ética, numa midiática propaganda comercial fraticida, negligenciando a comunicação social enquanto ciência séria e comprometida com a notícia dos fatos ipsis litteris, assegurando incondicionalmente o direito à livre expressão de todas as interpretações e posições contrárias a “noticia”.

Sem qualquer filtro sério, esse factoide anunciou uma mercadoria envernizada de “noticia”, aliás uma propaganda inverídica que fere o Inciso 1º do Art. 251 que garante aos seus filiados o direito de se organizarem em tendências (agrupamentos) para defender livremente determinadas posições políticas. Inclusive esse de não autorizar esse arranjo eleitoreiro estranho à tradição petista, baseada na fidelidade partidária.

Tornar público certos interesses particulares espúrios de um determinado campo (hegemônico) sem o crivo das instâncias partidárias, ameaça à liberdade de organização política das tendências internas, uma vez que o diretório municipal em nenhum momento se reuniu para tratar e deliberar especificamente sobre essa ou de qualquer outra candidatura proporcional estranha, fora do bureau do commeterm do Partido dos Trabalhadores.

Essa “imprensa” não entende essa dinâmica interna do PT e acaba mercadorizando as relações humanas na política visando apenas o interesse vil pelo dinheiro que “circula” no período eleitoral. Isso desrespeita a histórica liturgia política interna dada a quaisquer filiados. Publicizar informações alheias as instancias deliberativas do partido caracteriza um golpe contra o estatuto e nenhum dirigente desse diretório municipal está autorizado a fazê-lo sob o risco de ser submetido à devida apreciação da Comissão de Ética.

Não sendo parte integrante do diretório municipal poder-se-ia fazê-lo como expectativa pessoal e não como posição oficial do partido. Portanto, ter divulgado candidaturas em nome do partido, sem antes consultar as posições políticas de suas respectivas instancias deliberativa em âmbito municipal, além de caracterizar intromissão, assinala um comportamento burlesco de verve mandonista oriundo do clássico coronel forjado pelas hostes carlistas.

Como o domicilio eleitoral do deputado Waldenor Pereira (PT) não é Brumado, fica esse Diretório Municipal desobrigado de qualquer medida disciplinar contra o mesmo pela infidelidade partidária. Quanto a “aliança” do deputado com o senhor Vitor Bonfim (PR) do partido golpista, cabe apenas o esclarecimento que essa relação não representa os interesses das forças de esquerda e progressistas local, uma vez que fortalece apenas os profissionais da tradicional política oligárquica da cidade.

Essa tradição infelizmente conta com apoio desse deputado para se perpetuar no poder por meio da exploração das classes trabalhadoras e a opressão escancarada às populações em situação de risco do município. Essa tradição de fazer política nesse formato negocial, além de ser inexoravelmente reacionária, atenta contra a tradição de esquerda do Partido dos Trabalhadores contrário a manutenção do poder pelo poder e a ampliação compulsória das desigualdades sociais, econômicas e políticas do município de Brumado.  O partido em Brumado luta contra essa cultura política do atraso.


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[1] Herberson Sonkha é professor de cursinhos em Vitória da Conquista. Estudante de Ciências Econômicas na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Foi gestor administrativo lotado no Hospital de Base de Vitória da Conquista. Foi do Comitê Gestor da Secretaria Municipal de Educação de Anagé. Presidiu o Conselho Municipal de Educação de Anagé. Coordenou o Programa Municipal Mais Educação e a Promoção da Igualdade Racial do município de Anagé. Foi Vice-Bahia da União Brasileira de Estudante (UBES) e Coordenador de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de Vitória da Conquista (UMES). Militante e ex-dirigente nacional de Finanças e Relações Institucionais e Internacional dos Agentes de Pastorais Negros/Negras do Brasil. Membro dirigente do Coletivo Ética Socialista (COESO) organização radical de esquerda do Partido dos Trabalhadores.
quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Vitória da Conquista acordou da analgesia política de 2016


Insatisfeita pela escolha errada
em 2016, a cidade se recente pelo
engano e empáfia do atual prefeito
em sua péssima gestão.
por Herberson Sonkha[1]


A política e o jogo de xadrez têm em comum a técnica da arte da luta dos oprimidos pela sobrevivência ou da disputa fraticida pela manutenção de poder entre as forças hegemônicas na sociedade. Inegavelmente elas mantêm relações estreitas em função de sua natureza estratégica racional e isso existe desde os tempos remotos na Índia, lá no século VI d.C, quando o jogo ainda era conhecido pelo discreto nome de chaturanga e vivia sua fase inicial de expansão pela Pérsia por meio dos comerciantes.


Possivelmente o príncipe persa Ciro, o Grande, tenha sido um enxadrista genial, ou se preferir um chaturanguense, basta olhar a vasta lista de conquistas. Não hesitou em sua estratégia política de guerra, especialmente naquelas batalhas que lhe rendeu o mérito de ter libertado os persas, escravizados há quase quatro séculos pelos Povos Medos (arianos da Ásia Central).

Neste sentido, a Ágora na Grécia e o Xadrez na Índia, são espaços riquíssimos de conhecimento da humanidade sobre política, sobretudo enquanto arte da estratégia do combate racionalmente planejado. Essa verve pode ser aplicada ao cenário político de 2016 de Vitória da Conquista para compreender a real dinâmica eleitoral e o atual desastre das forças partidárias no comando do poder institucional da cidade.

A evolução dos movimentos de cada peça movida no jogo do xadrez político diário, determina sua força (ou ausência dela) no lance final que acontece na batalha organizada pelo processo eleitoral propriamente dito. O cenário muda a cada movimento da luta de classes na sociedade, como afirma Marx e Engels no Manifesto Comunista (1948), “Tudo o que era sólido se desmancha no ar”.

Apesar do forte esquema midiático para destruir o PT, constata-se um cenário alvissareiro para organização da campanha eleitoral de 2018, principalmente para a reeleição do deputado federal Jorge Solla, a reeleição do deputado estadual Marcelino Galo e as eleições primevas dos candidatos Danilo Assunção (PT), Luís Alberto (PT) e Bira Coroa (PT). Apesar do quadro nacional de intensas hostilizações da principal liderança nacional e dos desgastes promovidos pelas forças conservadoras de extrema direita ao Partido dos Trabalhadores, contudo em Vitória da Conquista o quadro virou já faz algum tempo.

Consolida-se a tese do M-COESO de que o PT não perdeu as eleições municipais, mas sim o triunfo de uma agressiva propaganda midiática conservadora de viés fascista, somados aos desgastes naturais e alguns equívocos de 20 anos de gestão. O que não expressa o ocaso partidário, mas um fim de um ciclo petista bem-sucedido de grandes transformações realizadas pelo PT.

A cidade deveria caminhar a passos largos para outro ciclo de desenvolvimento socioeconômico e político num outro nível mais evoluído de necessidades maslowiana para encerrar a fase da base da pirâmide (fisiologia e segurança), contudo, a atual gestão retrocedeu tanto que voltamos a sentir que é necessário reorganizar a hierarquia de necessidades novamente para que a cidade volte a crescer e feche esse ciclo reaberto pela trágica gestão municipal.

A cidade sente o retrocesso no bolso e está insatisfeita pela escolha errada em 2016, se recente de ser enganada pela empáfia do atual prefeito e sua péssima gestão. Nada diferente do que o MCOESO havia dito durante o processo eleitoral. Em contrapartida, cresce compulsoriamente o apoio generalizado ao PT como reconhecimento tácito as transformações estruturais realizadas nesses 20 anos de governos petistas.

Nesse cenário de tendência favorável ao partido, volta ao centro do debate a idoneidade ilibada dos dois gestores petistas: Guilherme Menezes e José Raimundo. Apesar do vilipendio generalizado às lideranças do PT e lideranças da base de governo, essas máculas não atinge a imagem pública consolidada desses ex-prefeitos. Aliás, observa-se que existe um indicador de crescimento que disparar a preferência eleitoral para o principal nome do PT, o ex-prefeito Guilherme Menezes para as próximas eleições de 2020.

Portanto, as eleições para deputado federal e estadual ocorrerá em Vitória da Conquista sob forte influência do ex-prefeito Guilherme Menezes. O chamado para atividades coletivas tem mobilizado muita gente e superlotado as plenárias, encontros e roda de conversas, confirmando o respeito e reconhecimento de sua liderança. Na contramão dessa fruição de preferência eleitoral, politicamente amalgamados numa vala comum descomunal tenta sobreviver um grupo de candidaturas carimbadas pelo atual gestor malsucedido que disputam a preferência dos eleitores conquistenses, ressentidos pela traição dessa turma do engodo.

Aqueles malogrados ideologicamente que fugiram de quaisquer relações políticas com o PT, além do oportunismo estavam afetados pelo vírus midiático disseminado pela propaganda enganosa de linchamento moral contra o PT.

Nessas eleições o cavalo de Troia usado para arrebentar politicamente com Guilherme Menezes servirá para extenuar os adversários, pois o PT em Vitória da Conquista dará um cheque mate em três lances, no dizer de Anatoly Karpov ao vencer o jogo usando um cavalo (de Troia?) solitário, esse tipo de vitória é quase sempre dramático para quem perde.

A nódoa fascista impregnada em 2016 servirá para definir a posição contrária aos interesses da respublica no tabuleiro eleitoral. Antes, refestelavam-se pública ou veladamente com o apoio do atual prefeito golpista, agora fogem de sua própria sina desmoralizante de morte súbita por estarem eternizados indissociavelmente a essa abjeta imagem, perdendo a sua condição etérea politicamente, para não perder o pouco que conseguiram usando a força da máquina pública.

Nesse cenário eleitoral, o que parecia ruim com a abertura do fogo amigo do cavalo de troia, converteu-se na mais clássica abertura já que foi fundamental para recolocar no centro do tabuleiro eleitoral forças dispersas e estabelecer a sua retaguarda. Esse movimento também impôs ao campo adversário um recuo defensivo com cara de saída à francesa. Bem posicionando no tabuleiro de xadrez, Guilherme Menezes encurralou seus adversários (internos e externos) e vencerá as eleições em três lances: Lula presidente e Rui Costa governador, seu principal trunfo político que é Jorge Solla em Brasília e Marcelino Galo na Bahia.


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[1] Herberson Sonkha é professor de cursinhos em Vitória da Conquista. Estudante de Ciências Econômicas na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Foi gestor administrativo lotado no Hospital de Base de Vitória da Conquista. Foi do Comitê Gestor da Secretaria Municipal de Educação de Anagé. Presidiu o Conselho Municipal de Educação de Anagé. Coordenou o Programa Municipal Mais Educação e a Promoção da Igualdade Racial do município de Anagé. Foi Vice-Bahia da União Brasileira de Estudante (UBES) e Coordenador de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de Vitória da Conquista (UMES). Militante e ex-dirigente nacional de Finanças e Relações Institucionais e Internacional dos Agentes de Pastorais Negros/Negras do Brasil. Membro dirigente do Coletivo Ética Socialista (COESO) organização radical de esquerda do Partido dos Trabalhadores.
sábado, 4 de agosto de 2018

30 anos de SIMMP: “Declare guerra aos que fingem te amar”



por Herberson Sonkha[1]

O Sindicato do Magistério Municipal Público de Vitória da Conquista (SIMMP) ao completar seus 30 anos de caminhada assume exemplarmente o comando de uma das mais importantes greves já realizadas, que já duram 15 dias. Mesmo com ameaças de punições explicitas aos grevistas, a greve segue firme contra o atual governo que insiste em promover o desmonte das políticas públicas de educação; contra a prática perseguições e intimidações aos grevistas; contra a precarização das relações de trabalho; contra o assalariamento dos profissionais da educação e; contra o retorno ao contrato para serviços análogos à atividade escrava.


O SIMMP tem consciência de que sindicato não é partido político, portanto seus objetivos e finalidades são outros diferentes do que tradicionalmente pensam aqueles que limitam erroneamente a entidade à tarefa de defender apenas os interesses salariais da categoria. Independente de qual seja o governo, impõe-se a tarefa de enfrentar sem vacilos quaisquer medidas socioeconômicas e política governamental que possa afetar os interesses da categoria no primeiro momento, posteriormente as demais classes trabalhadoras e populações em situação de múltiplas vulnerabilidades.

Mas, infelizmente em 2016 ignorou que existem muitos interesses difusos na sociedade burguesa garantida pelo Estado, cujas consequências danosas desses interesses nem sempre são compreendidos (e por isso só são sentidas depois) com antecedência pela população em geral e que não são restritivos a determinada categoria. Disse sim para as peças publicitárias mentirosas do radialista do MDB golpista e vive um dos mais dramáticos momentos para os servidores públicos municipais, não menos diferente para a cidade. Estamos há quase dois anos de gestão e o município amarga derrotas na manutenção de suas principais conquistas socioeconômicas e políticas.

Por exemplo, o financiamento com dinheiro público de um conjunto de interesses das classes trabalhadoras e populações subalternizadas, que deve ser mediado pelo governo em favor dos pauperizados, ao invés disso favorece aos interesses do capital: educação, saúde, desenvolvimento social, meio ambiente, transporte público, moradia, lazer e cultura.

Esse governo atual, que financia os interesses privados da burguesia com dinheiro público, não dar nenhum outro motivo ao sindicato que não seja ir à luta. Até porque o fim da contribuição sindical obrigatória não deixa margem para gastança festiva, pelo contrário, exige uma postura política classista e ideologicamente combativa. Ao invés de conciliação de classes, adotou como mantra a canção do barão Vermelho “Declare guerra aos que fingem te amar”, transformou o sindicato em caserna e as numerosas assembleias em infantaria que abriu fogo das trincheiras de lutas contra o inimigo comum da categoria: o carrasco guizot dos servidores e dos próprios eleitores conquistenses.

A fúria generalizada da categoria visa destruir o traidor fingido das classes trabalhadoras que vem desrespeitando os direitos civis e destruindo as políticas públicas de proteção e promoção da população conquistense. Assim, a categoria reassume a posição de vanguarda no combate sistemático das velhas práticas atrasadas de gestão pública, aliás, a maior parte delas já superada nesses 20 anos.

No geral, o histórico do SIMMP no movimento sindical conquistense, é respeitável e tem experiência suficiente para não vacilar na hora de colocar o dedo na ferida. Esse sindicato tem uma base numerosamente forte e disposta a fazer o enfrentamento político.

Ao longo de três décadas de existência, o SIMMP acumulou força motriz suficiente para conquistar avanços importantes para a categoria e contribuir para alavancar movimentos sociais de mudanças profundas no município. Essas conquistas seriam impensáveis caso o sindicato se mantivesse emudecido e não promovesse formação política crítica; várias greves e paralizações; o fortalecimento político da categoria; o combate sistemático ao assalariamento e a perseguição política aos sindicalizados e seus dirigentes.

O SIMMP que há décadas avançava nas pautas históricas de lutas das classes trabalhadoras, discutidas amplamente pela docência, acumulou conhecimento teórico e consolidou uma práxis pedagógica emancipacionista. Tudo isso foi interrompido pela mudança de direção. Isso fez com que o debate conceitual sobre a natureza da política pedagógica emancipada da categoria com a sociedade fosse reduzida apenas as campanhas salariais ou as tentativas partidárias de desmoralização da antiga administração para favorecer a agenda da direita conservadora fora do cenário político desde o final do século XX.

Esses equívocos trouxeram de volta todo o lixo da história, políticos tradicionais das forças reacionárias oriundas das elites oligárquicas conquistense duramente combatida pelas forças democráticas desde os anos de chumbo da ditadura civil-militar. Depois de 6 de maio de 1964, quando o então prefeito José Fernandes Pedral Sampaio eleito pelo Partido Democrata Cristão (PDC) foi preso pelas suas ligações com Waldir Pires então consultor-geral da República com João Goulart.

De maio de 1964 a janeiro de 1973, Vitória da Conquista foi governada pelos interventores da Aliança Renovadora nacional (ARENA), legítimos representantes da linhagem oligárquicas cafeeiras, membros das elites de sustentação ao golpe militar, sendo interrompido em 1973 com a eleição de Jadiel Matos a prefeito pelo MDB. Desde então a cidade passou a ser trincheira de oposição ao tradicionalismo político, ligado ao campo democrático. Contudo, a gestão do PSB do prefeito Murilo Mármore (1989-1983) e a última gestão do PMDB do prefeito José Pedral Sampaio (1993-1997) adotaram posturas de retrocesso administrativo com o realinhamento político às forças conservadoras, principalmente ao carlismo.

Essa conjuntura de retrocesso em governos do campo democrático abriu espaço para um período de 20 anos (janeiro de 1997 a janeiro de 2017) de governos democrático populares do PT. Surgido na gestão do prefeito Hélio Ribeiro (1987 a 1988) o SIMMP constrói uma intensa luta política de orientação ideológica à esquerda, enfrentando mazelas e perseguições no governo de Murilo Mármore e do próprio José Pedral derrotado pela “[...] insatisfação com a administração municipal, entre 1992 e 1996, também provocou grande mobilização da categoria, fato que foi determinante para a derrota do candidato da situação.” (SIMMP, 2018) [2].

Se a década de noventa é marcada pelo intenso enfrentamento por meio de greves e paralizações contra a situação de degradação moral e material dos professores, esse período mostra a força da categoria que lutava contra o “Atraso e rebaixamento de salário, estrutura precária das escolas, problemas com a merenda e o transporte escolar eram algumas das questões que evidenciavam o desinteresse do governo pela qualidade da educação” (SIMMP, 2018)[3].

A direção sindical da primeira década do século XXI manteve-se ligada politicamente a forças do PT, contudo a base estava dividida e travaram-se inúmeras disputas internas porque o sindicato se transformou no alvo das forças conservadoras para enfrentar o governo do Partido dos Trabalhadores. Ao mesmo tempo em que o governo também disputava espaço para evitar boicotes e desgastes públicos em função da força, representatividade política do SIMMP e o respeito da categoria.

Os movimentos de enfrentamento ao próprio governo vão ser marcados por essas divergências internas até uma coalização de forças que garantiu a professora Geanne Oliveira o cargo de presidente, mudando radicalmente a orientação sindical. Apesar do discurso ”convincente” de autonomia e independência para garantir assegura que o sindicato não fosse instrumentalizado pelo governo, percebe-se que a estratégia era de usar a força do sindicato para derrotar eleitoralmente o governo. Naquela conjuntura complexa de desgastes natural de 20 anos da gestão e um marketing agressivo da burguesia na mídia golpista contra o PT, até mesmo para o olhar mais cuidadoso pareceu sensato tal estratégia. Contudo, a prática do atual gestor confirma a tese de golpe na categoria e estelionato político eleitoral.

Neste sentido, décadas de intensas lutas que mostrava relativos avanços da categoria acabou retrocedendo a hostil década 90, em que se lutava primariamente para resolver questões relacionadas às “[...]vagas eram ocupadas por contratados; o curso de licenciatura para os docentes da rede; o cumprimento parcial da lei 11.738/2008, do Piso Nacional do Magistério, dentre outros.” (SIMMP, 2018)[4].

O cumprimento da lei do piso e manter o debate acerca dos avanços sobre o conjunto de leis que regram a educação básica; sobre financiamento público da educação do campo e da cidade; fim da jornada de trabalho extenuante; melhores condições de trabalho; saúde do trabalhador; remuneração compatível com as condições dignas de vida; fim da opressão e perseguição política aos profissionais da educação.

Essas conquistas se devem também a participação ativa da entidade nos principais movimentos da sociedade conquistense que promoveram saltos extraordinariamente progressistas na cidade e na qualidade vida das pessoas, particularmente na educação municipal. Como os movimentos históricos são feitos por forças políticas datadas no tempo-espaço e refletem as contradições que envolvem todas as dimensões de dada conjuntura, seria absolutamente anacrônico avaliar cada período histórico como único, desconsiderando os processos cíclicos e sua dinâmica dialeticamente constituída por avanços e retrocessos.

Por essa razão é que se deve examinar criticamente cada ciclo, compreendendo que os avanços e retrocessos são partes integrantes da mesma realidade. Os retrocessos que decorrem dos equívocos cometidos por determinada força com maior expressividade eleitoral que o conduz ao comando institucional da cidade, deve ser combatido sistematicamente, pois suas consequências afetam a categoria, a exemplo do que está acontecendo neste exato momento que vem afetando a vida material e intelectual dos/as profissionais da educação com graves consequências econômica, social e política para a categoria.

O histórico da entidade é pautado pela consciência de classe trabalhadora, assinalada inexoravelmente pela posição política crítica em todos os espaços de participação sindical e popular. Essa construção respeitável possibilitou grandes realizações com destacada participação da categoria na discussão coletiva que definiram no rumo político de Vitória da Conquista. Essa caminhada é marcada por inúmeras lutas sociais em defesa da docência. Um sindicato forte, desvinculado ideologicamente das forças conservadoras e solidário as lutas das classes trabalhadoras e contra a opressão das classes dominantes conquistenses.

Qual a história deve ser contada às próximas gerações? A das grandes manifestações feitas coletivamente em defesa de direitos da categoria; do sistemático combate político a todo e qualquer governo impopular que descumpra as leis trabalhistas; desrespeitem a qualidade de vida dos trabalhadores; negligenciem as condições de trabalho da categoria? Ou a da trágica defecção política cometida por uma fração da direção sindical golpista que aparelhou o sindicato contra a própria classe trabalhadora para servir apenas aos seus próprios interesses?

Para responder a essas perguntas cruciais é preciso dialogar com a história do sindicato, enquanto representação das classes trabalhadoras na sociedade burguesa. Existe uma história que justifica a grandeza desse sindicato, mas também revela os descaminhos dos últimos anos da direção sindical e das ações irrefletidas de grande parte da categoria que influenciou desastrosamente nos destinos da cidade.

O ambiente que forjou o SIMMP é o chão da história, mesmo com avanços e retrocessos mudou efetivamente a vida da população. Ignorar isso levou líderes sindicais a cometer anacronismo em suas analises ou puritanismo que no jargão da política significa inocente útil espreitado pelas forças conservadoras do atraso.

O registro do Sindicato do Magistério Municipal Público de Vitória da Conquista (SIMMP) diz que ele nasceu em 20 de outubro de 1989, a ascensão da sexta republica e a queda do estado de exceção sob a vigência dos sanguinários torturadores egressos do golpe que gerou a ditadura civil-militar. Lutou contra o pior gestor da história de Vitória da Conquista para os servidores públicos municipais, a do psdebista Carlos Murilo Pimentel Mármore (1983-1987).

Contudo, os arquivos históricos da entidade dão conta de sua criação no pagar das luzes da quinta república, em 4 de setembro de 1987, no governo do pmdebista Hélio Ribeiro Santos (1987-1988) período que se proibia as classes trabalhadoras (público ou privado) organizarem em sindicato, portanto surge ainda na clandestinidade, em 4 de setembro de 1987.

Vitória da Conquista sempre foi trincheira da discussão acerca da radicalização da liberdade democrática, espaço liderados por socialistas e comunistas de tradição ante-carlista. Exatamente por isso a cidade ainda sentia o mal-estar da ressaca causada pela derrota da emenda constitucional em 1984, defendida pelo movimento civil pelas Diretas Já.

Os filhotes da ditadura rejeitaram no Congresso Nacional as eleições presidenciais diretas (1983-1984), mas perderam as eleições do Colégio Eleitoral para Tancredo Neves em 1985, enterrando a ditadura civil-militar e abrindo o caminho para a nova Constituição Federal aprovada em 1989.

A orientação ideológica conservadora do governo federal para a educação municipal vem desde Orlando leite, Fernando Spínola e Nilton Gonçalves (ARENA), interrompida pelo prefeito Jadiel Matos, retomada pelas duas décadas de gestão do campo democrático que ruiu a cultura de participação política progressista.

Grande parte da população docente estava descontente nos anos 80, mesmo amordaçada pela polícia participava intensamente da militância no magistério público que absorvia o oxigênio produzido pelos grandes debates feitos pela militância de esquerda sobre a necessidade de liberdade de expressão e restituição dos direitos civis cerceados pelos militares. Nesse ambiente de intensa fervência política nasce o sindicato do magistério público no município com mais de 100 professores municipais filiados à Associação do Magistério Municipal de Vitória da Conquista (AMM/VC).

O cenário político de Vitória da Conquistense na criação do SIMMP não diferente muito dos tempos atuais, a exemplo da volta das condições de trabalho análoga à de escravidão (Art. 1º, inciso IV, alínea ‘a’, “a submissão do trabalhador a trabalho exigido sob ameaça de punição, com uso de coação, realizado de maneira involuntária.”) conforme a Portaria MTB Nº 1129 DE 13/10/2017.

Aliás, como descreve a década de noventa no histórico do SIMMP, “Atraso e rebaixamento de salário, estrutura precária das escolas, problemas com a merenda e o transporte escolar eram algumas das questões que evidenciavam o desinteresse do governo pela qualidade da educação”. Esse cenário atual se diferencia daquele período pela profunda crise ideológica ou cooptação à direita.

Tarefa política da categoria é dar sustentação política a direção sindical. Mobilizar a categoria para enfrentar o desmonte do serviço público. Impedir a entrega das conquistas socioeconômica políticas aos interesses privados. Barrar a sangria desatada de recursos financeiros, transferidos para as elites falida e sanguessuga do dinheiro público.  Fiscalizar a execução orçamentária para conter alocação de recursos destinados aos servidores e as populações vulnerabilizadas. Combater o subjugo dos contras as classes trabalhadoras que por falta de oferta de emprego, aceita contratos que os obrigam ao trabalho análogo a escravidão. Garantir a aprovação urgente do plano de carreira aos profissionais da educação. Essa é a tarefa política que a direção e a base juntas jamais devem descuidar.

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[1] Herberson Sonkha é professor de cursinhos em Vitória da Conquista. Estudante de Ciências Econômicas na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Foi gestor administrativo lotado no Hospital de Base de Vitória da Conquista. Foi do Comitê Gestor da Secretaria Municipal de Educação de Anagé. Presidiu o Conselho Municipal de Educação de Anagé. Coordenou o Programa Municipal Mais Educação e a Promoção da Igualdade Racial do município de Anagé. Foi Vice-Bahia da União Brasileira de Estudante (UBES) e Coordenador de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de Vitória da Conquista (UMES). Militante e ex-dirigente nacional de Finanças e Relações Institucionais e Internacional dos Agentes de Pastorais Negros/Negras do Brasil. Membro dirigente do Coletivo Ética Socialista (COESO) organização radical de esquerda do Partido dos Trabalhadores.

[2] Acesso em 04/08/2018 ao site: http://simmp.com.br/historia/

[3] idem.

[4] idem.
sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Carta aos Profissionais da Educação da Rede Pública Municipal

por Pedro Alcântara[1]

Boa noite, Colegas!

Se permite, historicamente, nunca estivemos atrelados as resoluções de nenhum outro sindicato (já tivemos momentos de convergências, mas não é regra). Pelo contrário, quase sempre, estamos na dianteira e arrastando os demais para fileira de batalha (salvo raras exceções). Porém, devemos reconhecer que temos perfis muito distintos (embora, sejamos todos servidores municipais).


Somente, a título de ilustração, eles são categorias multiprofissionais (abarcam, praticamente todas secretarias municipais). Imagine conciliar as demandas, necessidades e interesses inerentes a agentes de serviços gerais com os segmentos que atuam no setor de trânsito, contábil, Administração e etc. Outro aspecto significativo de diferenciação, é que nós conquistamos com muita luta e sacrifícios (fruto de muitos que nos antecederam no ofício), uma  "blindagem de garantias legais", que nos dão respaldo jurídico (leis próprias a nosso favor), econômico (Fundo próprio: Fundeb) e político (somos promotores da cidadania, dito de forma, nossa atribuição profissional é formação cidadã). Resumindo:

Temos um piso salarial nacional mínimo;
Temos uma data base (janeiro);

Fundo federal próprio (Fundeb);
Um reajuste mínimo federal (6,81%).

Além de podermos parar 100% da categoria (o SINSERV, mesmo se quisessem não poderiam, legalmente, parar 100%, pois muitos filiados estão dentro do grupo de serviços essenciais, e nós não fazemos parte deste grupo). Então, temos instrumentos legais e tratamento diferenciado ("blindagem”) para respaldar e intensificar a nossa luta.

E, não aceitar que o governo retroceda nesta diferenciação e imponha a mesma migalha ou padronização de reajuste (2,76%) para quem a lei estabeleceu tratamento distintos e atribuições profissionais incomparáveis (afinal de contas, a existência de outros profissionais, é fruto exclusivo do trabalho docente). Não podemos ignorar e jogar fora este trunfo ("blindagem legal"), sobretudo em período eleitoral. Considerando que o prefeito transferiu sua batata quente (o projeto de reajuste) para Câmara municipal, o desfecho final está aproximando.

Logo, a preocupação com corte salarial não deve desviar o   nosso foco. Haja vista, que o mês passado (julho), utilizou deste mesmo estratagema para intimidar alguns, mesmo a gente alertando que não passava de manobra para minar o movimento. E, de fato não passou de terrorismo (pois, prevaleceu a lei, o pagamento de julho foi efetivado, diga-se a contragosto, do governo municipal).

Agora, apela ao mesmo expediente será que vamos aceitar passivamente? Será que vai funcionar, novamente? O mais curioso que o ofício “Hitlerista" encaminhado às escolas, desta vez, quem assina é um "passageiro" da SMED (cargo comissionado), e não a cúpula da referida secretaria (será que estão com "receio" da categoria dar "notoriedade “aos seus nomes e ações?).

Muito provavelmente, não haverá corte este mês (agosto) novamente. Pois, estamos apenas, no início do mês (02/8) e como o projeto está "nas mãos" do legislativo, cumprindo sua obrigação legal, deverão aprovar (como fere princípios constitucionais não deverá ser aceitado), rejeitar ou buscar uma saída junto ao executivo (neste caso, vai depender da nossa "pressão"). Logo, a possível solução, não deverá perdurar até o término do mês. Sendo assim, não configurará 50% do mês sem trabalhar. Uma vez, resolvida a questão antes de ultrapassar 50%.

Caso perdure acima disso, só faremos a reposição com o pagamento. Mas, a bem da verdade, apesar da minha necessidade, prefiro passar dificuldades em um mês (agosto), que vivenciar o resto deste ano e os próximos sendo massacrado não apenas financeiramente, mas administrativamente, pedagogicamente e moralmente. Não serei eu que irá permitir destruir o SIMMP.


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 [1] Historiador e Professor da Rede Pública Municipal, dirigente do SIMMP nessa gestão.

Se Guilherme Menezes não é um guilhermista, quem são estes?



"Outra condição indispensável dessa liturgia tautológica foi subestimar o compromisso ideológico (esquerda) de Guilherme Menezes com o PT."

por Herberson Sonkha[1]

As últimas notícias bombásticas sobre a política conquistense, envolvendo o Partido dos Trabalhadores de Vitória da Conquista, que circular na mídia local é de que o estrago que tentaram causar ao PT, aos governos petista, a militância do partido e a cidade poderia ter sido muito grande. O cadafalso polêmico criado entorno do ex-prefeito Guilherme Menezes envolve diretamente seus malvados preferidos, ardilosamente chamados de guilhermistas.


Realmente deve ser frustrante para qualquer ser humano se encontrar fortuitamente com o seu próprio homônimo é um estranhamento indesejável. Encontrar com uma história que você não escreveu, mas foi escrita por terceiros com a sua assinatura. Aliás, um choque olhar no espelho e ver outra caricatura esqueleticamente carcomida, uma imagem de uma pessoa desprezível que dizem ser você, é apavorante. Existe vários relatos na história de eventos dessa natureza.

Observando as atrocidades cometidas pelos extremistas de direita (viés fascista) que operam a política dentro do modismo comercial de mercado burguês denominado de religião evangélica (judaico-cristã), eu diria que Jesus Cristo em hipótese alguma assumiria o cristianismo como opção de prática religiosa. Certamente, conhecendo o silogismo dele, provavelmente ele mesmo diria publicamente que nunca foi cristão e taxativamente condenaria tamanha farsa: “Afasta-te, Satanás! Tu és para mim um escândalo” (Mateus,16). Sinceramente, eu espero que ele faça isso urgentemente.

O ex-prefeito do Partido dos Trabalhadores, o médico Guilherme Menezes vive esse drama na pele. Essa situação o abrigou a escalpelar publicamente os lobos com a capa de ovelha. A matilha vinha ceifando as ovelhas, destruindo o pasto e propagando o reino dos céus na Terra de Godah.

O ex-prefeito negou peremptoriamente qualquer relação com a espúria construção de candidatura proporcional exógena ao partido. Rechaçou quaisquer candidaturas proporcionais que não sejam genuinamente de filiados ao Partidos Trabalhadores. Na mesma toada crítica, disse que nunca foi adepto e nem incentivou, qualquer comportamento classificado como guilhermista.

O ex-prefeito considera o guilhermismo um estorvo à democracia interna do partido, excepcionalmente certos constructos mentais de viés caudilhista, nomeadamente aquela suposta prática sociopolítica autocrática deliberadamente imputada a ele. Uma espécie de tautologia, que ganha reconhecimento no senso-comum.

Igualmente, afirma categoricamente que ele não exerce nenhuma liderança ideológica consciente sobre qualquer grupo intitulado guilhermista. Guilherme Menezes se recente da rotura criada por alguns “fieis” companheiros que tomaram posição açodada e revoga a liturgia da reciprocidade na qual se insere a confiança e o respeito concedido sem reservas aos pares, principalmente àqueles antigos companheiros.

Assim como sucedeu ao quedar do velho stalinismo do leste europeu, o fim do ciclo de 20 anos de governos do PT em Vitória da Conquista revelou que o guilhermismo movia-se intensamente nos bastidores do governo com um nível de labilidade gravíssimo, aliás inegavelmente fez inúmeras canalhices operadas em nome do ex-prefeito.

Abusaram de sua confiança e cometeram os mais atrozes procedimentos contra o PT, contra os governos e a sociedade conquistense. Ou seja, existiam inimigos velados do rei, contra os quais jamais fora dito qualquer comentário maledicentemente depreciativo ou autorizado perseguições.

Não é nenhuma novidade que há muito existe um espectro circulando as mídias pensado pela nefanda fração que ronda as cabeças mais traiçoeiras dos neotraistas transvestidos de guilhermistas. Inclusive, esses “istas” flertaram de maneira alvissareira com o atual desgoverno perseguidor de servidores públicos e destruidor das conquistas populares.

Ninguém em sã consciência põe em suspeição a integridade e idoneidade do ex-prefeito Guilherme Menezes (PT), principalmente se for por inocência. Outra condição indispensável dessa liturgia tautológica foi subestimar o compromisso ideológico (esquerda) de Guilherme Menezes com o PT. Inclusive, houve certos movimentos há algum tempo atrás que deixou o partido desconfortavelmente incomodado com uma notícia que circulou na mídia que dava conta de uma suposta saída do ex-prefeito do PT.

Não se esqueçam da “fama” imputada a Guilherme Menezes por considerar que ele exerce o culto a ausência. Aliás, um jeito batista ante-deificação (os batistas tradicionais são prud'hommes volterianos!?), tão característico em quem é reservado e tem uma tendência a desconstruir imagens e adorações. Portanto, não seria nenhuma surpresa imputar ao ex-prefeito Guilherme Menezes e pecha de iconoclasta.

Quando afirma sem nenhuma margem para a dúvida de que “o sal é salgado”, tese segundo a qual a lógica enquanto parte da filosofia que estuda as formas do pensamento (dedução, indução, hipótese, inferência etc.) admite-se que agimos por determinações da lógica chamada de tautologia. A tautologia praticada por uma fração de aliados do ex-prefeito, gerou um monstro horrível batizado por guilhermismo. Essa repetição do sujeito possibilitou criar um arquétipo que passa a receber o nome de quem o “inspirou”: Guilherme - guilhermismo.

Dessa forma, os estudiosos, seguidores ou atém mesmo simpatizantes de tais ideias são tomados pelo nome mais um “ismo” para designar um movimento e um “ista” para designar uma prática do sujeito. Por exemplo, quem concorda com Antônio Carlos Magalhães é classificado como carlista e assim sucessivamente. Contudo, ocorre-se o risco de cometer um erro crasso do disse-me-disse em que nem tudo (ou quase tudo) que se diz sobre alguém é ou não verdade. Geralmente o que se diz sobre ele nunca foi dito ou escrito ipsis litteris pelo mesmo.

Esse mesmo raciocínio mecânico e universalista, tem sido utilizado como clichê para escamotear um fenômeno sociopolítico conquistense conservador surgido e consolidado nas últimas duas décadas, rotulado pejorativamente como “guilhermismo”. Se, e somente se, eu concordo com as ideias de Guilherme Menezes, logo eu sou guilhermista.

Contudo, observa-se que o objetivo não é organizar as pessoas a partir da afinidade de ideias (um critério ideológico, moral, político, social econômico ou político), mas sim para desqualificar o sujeito e a sua práxis política. Essa desconstrução sutil tem como principal objetivo negar o sentimento comum de pertencimento de parte da população, reconhecido pela coletividade como algo desejável.

Portanto, induz o pensamento imprudente (maledicente) a compreender que a expectativa geral do grupo (guilhermista) é imoral porque fazer parte desse universo particular, significa obter concessões ilimitadas para agir em causa própria contra alguém “indesejável” ou obter determinados “benefícios, facilidades ou vantagens” restritos a esse determinado grupo.

Após um período de 20 anos administrando uma cidade, é absolutamente natural os desgastes do sujeito, das ações e das engrenagens da sua administração. Principalmente do coletivo heterogêneo que opera a máquina pública. Esse movimento criou mecanismos de validação moral do que é certo ou errado centrado nas disputas internas, fortalecido pela dinâmica de alternância de forças internas do PT na gestão.

Com a derrota eleitoral de 2016, o PT deixou a administração pública perdendo a condução política da máquina pública para o vencedor. Apesar da derrota sofrida pelo PT, percebe-se que as causas desses resultados estão relacionadas ao cansaço e desgastes do projeto ao longo das cinco gestões, intensificado pela conjuntura nacional de liquidação moral do partido e de suas lideranças.

O parâmetro de avaliação mais preciso para analisar a força do PT e de suas lideranças, sem o comando da máquina pública, é o (in)sucesso do seu sucessor. A desastrosa condução da máquina pública, intensificada pelas constantes crises socioeconômica e política, vem afetando estruturalmente a sociedade, principalmente os servidores públicos municipais. Meio a essas crises, ressurge entre os nomes existentes do PT, o do ex-prefeito Guilherme Menezes como o principal nome para resolver problemas criados pela atual gestão.

Isso põe em movimento as expectativas políticas (alguns pessoais) do conjunto de forças internas, excepcionalmente da força majoritária (hegemônica) que tradicionalmente fez arranjos (muitos questionáveis) para se manter na posição de decisões para poder dar a linha política interna/externa do partido. Contudo, a sucessão de 2020 começará em 2018 com as eleições para o executivo e o parlamento (estadual, federal e senado).

As posições de parte dos vereadores do PT na Câmara de Vereadores, além de controversa é vacilante porque a casa está divindade entre aqueles que deliberadamente optaram por preservar suas reeleições, mantendo-se emudecidos e solícitos as pautas bombas do executivo. Enquanto que os outros dois mandatos (Márcia Viviane e Valdemir Dias) eleitos para o primeiro mandato, assumiram com coerência a postura militante de oposição ao desgoverno, combatendo sistematicamente as mazelas e imoralidades da atual gestão.

O campo classificado como “guilhermista” saiu das eleições de 2016 fortalecido porque elegeu três dos quatro vereadores eleitos pelo PT, cujas relações internas entre eles se deram de forma estranhamente contraditória (ao longo dos anos 2017 e 2018) pois acreditava-se que esses mandatos assumiria a responsabilidade de fazer oposição no parlamento. Dos três eleitos, um vereador alçou carreira solo, pois reivindicava o primado da primogenitura política da família “guilhermista”. Tomado por essa sanha, se precipitou para fora do partido na construção altamente questionável de uma agenda alhures às instancias partidária voltadas para discussão de estratégia e tática eleitoral.

Embora já houvesse comentários na imprensa local de “pular cerca”, a fração liderada pelo narcisista político, optou pelo inventário da herança preventivo e gastou por conta. Apresentou-se como procurador natural dessa fração, fechou acordo com duas candidaturas exógenas: uma da construção política da cidade e a outra do partido. Alegando ser herdeiro legitimo, portanto, sucessor natural do “trono” da família “guilhermista”.

Conspiraram ardilosamente contra as duas casas reais (guilhermista e zeísta!?) no dizer do companheiro Tadeu Quadro, agindo de fora para dentro. Acreditou piamente que o xeque-mate contra as duas casas reais estava confirmado e selado. Uma versão cafona de autoproclamação do monarca absolutista. Gritaram da sacada da avenue du pouvoir: vida longa ao imperador! Estamos “juntos e misturados”.

É verdade que há mais de 20 anos petistas e comunistas estão juntos na majoritária, todavia, jamais estiveram misturados na proporcional. Sim! Jamais! Como diria Carlos Drummond de Andrade, “no meio do caminho tinha uma pedra. Tinha uma pedra no meio do caminho”, eis que tal pedra seria exatamente as razões pelas quais se organiza um partido em função de sua ideologia, propostas e projetos de sociedade. Não se trata de ser melhor ou pior, apena diferentes.

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[1] Herberson Sonkha é professor de cursinhos em Vitória da Conquista. Estudante de Ciências Econômicas na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Foi gestor administrativo lotado no Hospital de Base de Vitória da Conquista. Foi do Comitê Gestor da Secretaria Municipal de Educação de Anagé. Presidiu o Conselho Municipal de Educação de Anagé. Coordenou o Programa Municipal Mais Educação e a Promoção da Igualdade Racial do município de Anagé. Foi Vice-Bahia da União Brasileira de Estudante (UBES) e Coordenador de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de Vitória da Conquista (UMES). Militante e ex-dirigente nacional de Finanças e Relações Institucionais e Internacional dos Agentes de Pastorais Negros/Negras do Brasil. Membro dirigente do Coletivo Ética Socialista (COESO) organização radical de esquerda do Partido dos Trabalhadores.

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