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segunda-feira, 30 de maio de 2016

Palanque de FHC despenca em Nova York



"Mais de 400 acadêmicos assinaram um abaixo-assinado contra o “príncipe golpista” e anunciaram um protesto no salão do evento. Com medo das vaias, o ex-presidente preferiu desistir da sua palestra."


Um dos mentores intelectuais do “golpe dos corruptos” no Brasil, o vaidoso FHC talvez imaginasse que seria recebido como um gênio da política moderna no congresso anual da Associação de Estudos Latino-Americanos (LASA), que ocorre em Nova York. Mas seu palanque foi previamente detonado. Mais de 400 acadêmicos assinaram um abaixo-assinado contra o “príncipe golpista” e anunciaram um protesto no salão do evento. Com medo das vaias, o ex-presidente preferiu desistir da sua palestra. Ninguém acreditaria mesmo nas suas bravatas sobre o “processo legal de impeachment” ou nas suas explicações sobre as alianças com mafiosos para desestabilizar e derrubar a presidenta Dilma.


Sem maior alarde, o jornal O Globo registrou nesta sexta-feira (27): “Após protestos de intelectuais, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso cancelou sua participação numa palestra neste sábado em Nova York sobre a democracia na América Latina. O evento foi organizado pela Associação de Estudos Latino-Americanos em homenagem aos 50 anos da entidade e FH dividiria um painel de debate com o ex-presidente do Chile Ricardo Lagos. Em carta enviada a LASA, a que O Globo teve acesso, FH explicou que desistiu da palestra para não dar discurso às ‘mentes radicais’. ‘Eu peço que vocês entendam que a essa altura da minha vida, aos 85 anos, eu não desejo dar pretexto para mentes radicais, dirigidas por paixões partidárias, me usarem em uma luta imaginária ‘contra o golpe’, um golpe que nunca existiu’”.

Já a Folha tucana lamentou o episódio: “Alvo de ameaças de protestos contra o seu apoio ao governo do presidente interino Michel Temer, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso cancelou sua participação num congresso acadêmico em Nova York (EUA). FHC participaria do principal evento do encontro, um debate na manhã de sábado que encerraria o 34º Congresso Internacional da Associação de Estudos Latino-Americanos, no aniversário de 50 anos da entidade”. O jornal da famiglia Frias, que sempre blindou o tucano, deu generoso espaço para a carta do ex-presidente, na qual o cínico arrivista tenta justificar o golpe, critica a “organização criminosa” do PT e ainda ataca, de forma arrogante e rancorosa, os intelectuais que protestaram contra a sua presença no evento.

A conversa fiada do golpista, porém, não intimidou os participantes do congresso. Neste sábado (28), vários participantes usaram camisetas pretas com as inscrições “Brasil, La Democracia de Luto" e "Não ao Golpe" - nesta última, o slogan aparece escrito também em inglês e espanhol. Um manifesto do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (Clacso) também explicou as razões da revolta: "Respeitamos a decisão da Lasa de convidar a um dos maiores instigadores e incentivadores do golpe no Brasil, porém também convocamos a acompanhar a conferência enchendo o auditório de camisetas pretas em sinal de protesto". O documento contou com a assinatura de 162 membros da entidade e 337 pesquisadores não associados, que solicitaram o cancelamento da conferência de FHC.

O episódio mancha ainda mais a história já apodrecida do velhaco tucano. Ainda sobre o protesto em Nova York, vale conferir o artigo de Paulo Nogueira, no imperdível blog Diário do Centro do Mundo:

*****

A consagração internacional de FHC como golpista e fâmulo da plutocracia

FHC viveu o bastante - 85 anos até aqui - para ver sua consagração internacional como golpista. E em Nova York, a capital do mundo.

Clap, clap, clap. De pé. Para os responsáveis pelo reconhecimento.

FHC fora convidado para participar de um encontro de cientistas políticos para debater a tão ameaçada democracia na América Latina.

É um mistério o que passou pela cabeça dos organizadores ao chamar o decano do presente golpe no Brasil. É como chamar Alexandre Frota para debater educação. Mas foi brilhante a reação dos cientistas políticos que sabem perfeitamente o papel imundo que FHC representou na trama plutocrata que colocou Temer no Planalto.

Eles prontamente se insurgiram. Diante da insistência da organização em manter FHC, avisaram que respeitavam a decisão. Mas, diante dela, alertaram que iriam comparecer de preto ao seminário em protesto contra um convite tão acintosamente equivocado.

FHC fez o que sempre fez em situações complicadas. Primeiro, se acoelhou. Fugiu da reunião. Depois, produziu uma nota que é sua alma: cínica, hipócrita, mentirosa. Nela, evocou o passado. Disse que foi perseguido pelo golpe de 1964 e coisas do gênero. Acontece que ninguém está falando de 1964, e sim de 2016. Rechaçou que houve golpe com o argumento de que o STF monitorou o impeachment.

Ora, ora, ora. Depois de gravações de conversas que expuseram brutalmente a participação do STF na derrubada de Dilma, ele tem a ousadia de citar os eminentes magistrados? Entre estes se destaca, com seu golpismo explícito, Gilmar Mendes, que foi colocado no STF exatamente por FHC.

Apenas para registro, em 1964 o STF também abençoou o golpe.

Se passado valesse, Lacerda - o maior golpista da história da República - poderia, ao estilo de FHC, dizer que foi integrante do Partido Comunista na juventude para tentar ser absolvido pelo papel vergonhoso que desempenhou repetidamente contra a democracia e a favor dos ricos.

Seja o que for que FHC tenha feito num passado remoto, tudo já foi incinerado pelo que ele é, e não de hoje.

É, numa palavra, um fâmulo da plutocracia.

Lacerda desandou quando passou a falar, demagogicamente, em corrupção para atacar governos progressistas como o de Getúlio e o de Jango. Há quantos anos FHC faz exatamente o mesmo?

Em sua descomunal vaidade, FHC tem a pretensão de ser conhecido - e respeitado - como um homem de esquerda. Ele sabe que cientistas políticos de direita são universalmente desprezados.

Mas ele não é mais que isso: um reacionário, um direitista, um golpista da pior espécie.

Seu julgamento perante a história já foi feito em vida, e ele foi condenado com desonra.

O símbolo disso foram as camisas pretas em Nova York em repúdio a ele.

quarta-feira, 25 de maio de 2016

A LUTA CONTINUA. FORA TEMER!



COMPANHEIRAS E COMPANHEIROS,
Nesta hora grave para a nação, acompanhada com atenção pelos povos do mundo, o Diálogo e Ação Petista se dirige a todos os petistas, simpatizantes e amigos engajados na luta emancipatória da classe trabalhadora para discutir a situação e a ação necessária.


COMPANHEIRAS E COMPANHEIROS,
O usurpador Temer se instalou na presidência da República. Foi o produto do golpe de instalação pela Câmara e pelo Senado do processo de impeachment - sem crime de responsabilidade - de Dilma Rousseff, a única presidente legitimamente eleita.

Esse golpe na democracia foi conduzido pelo Judiciário, a serviço dos banqueiros, fazendeiros e multinacionais, apoiada pela mídia histérica, para ser realizado pela maioria servil de picaretas do Congresso Nacional.
O objetivo imediato do ilegítimo governo usurpador é atacar os direitos sociais e conquistas nacionais, segundo o interesse da classe dominante local e internacional.
Temer foi reconhecido pelo governo dos EUA e seus títeres da Argentina e do Paraguai. Mas os governos do Equador, Bolívia, Venezuela e El Salvador chamaram de volta seus embaixadores, apoiando, assim, a resistência, também alimentada pela campanha, em diversos países, dos companheiros do Acordo Internacional dos Trabalhadores.

UMA POLÍTICA DE GUERRA
De fato, desde a cara do "ministério" oligárquico - sem negros, mulheres ou indígenas -, até a batelada de medidas dos primeiros 7 dias, o que se vê é uma política de guerra contra os direitos do povo. Do tipo das políticas que acompanham as diferentes formas de guerra - guerra aberta, "contra o terror" ou guerra social - que hoje em outros países e continentes, mesmo na Europa, o sistema capitalista falido patrocina para prolongar a sua sobrevivência.
A lista de medidas tomadas ou anunciadas é grande:
1.      Retomada de privatizações em massa (PPI),
2.      Separação do INSS da Previdência, dada à Fazenda para reforma "rentabilizadora",
3.      Desvinculação, por isso, dos benefícios do INSS do reajuste do salário mínimo,
4.      Reajuste do mínimo não mais garantido em lei, mas "negociado" no Congresso,
5.      "flexibilização" trabalhista em geral ("negociado prevalece sobre o legislado"),
6.      Suspensão da 3a fase do programa Minha Casa Minha Vida,
7.      Mensalidades em extensão e pós-graduação de universidades públicas,
8.      "redimensionamento" do SUS, reduzindo sua universalidade,
9.      Intervenção na Empresa Brasileira de Comunicação, ao arrepio do mandato legal,
10.  Redução da abrangência do programa Bolsa-Família,
11.  Fim do Ministério do Desenvolvimento Agrário,
12.  Fim do Ministério de Ciência e Tecnologia,
13.  Fim da Secretaria de Direitos Humanos,
14.  Fim da Controladoria Geral da União,

RESISTÊNCIA, FORA TEMER!

E essa é só uma parte das medidas que o usurpador- um interino ainda por cima! -, quer passar antes dos até 180 dias previstos para o julgamento da presidente eleita. Só há uma resposta possível, a luta de resistência - Fora Temer! Não é fácil, mas é necessário e é possível.
18 ocupações de órgãos da Cultura em todo o país, obrigaram o usurpador a "recriar" o MinC. Após o recuo, os ocupantes diziam que a luta continua pelo Fora Temer.
De fato, entramos num período de agitação e resistência contra a batelada de ataques, por até 180 dias, pelo Fora Temer.
O objetivo só pode ser derrotar o impeachment, agora traduzido, e até mais compreensível para a massa popular, pela brutalidade das medidas do usurpador.
Nada de falar em "antecipação de eleições", preparar 2018 ou outras consignas que confundam o objetivo no momento - a bandeira é Fora Temer!
Vamos desmascarar os falsos moralistas, agora expostos no governo. Vamos desmoralizar os esquerdistas que se calam, como colaboradores do golpismo.
Desmasquaremos o Judiciário que, da Ação Penal 470 (mensalão) até a Operação Lava-Jato, criou essa farsa! Todas as formas de luta de massa devem ser utilizadas pelo Fora Temer: panfletagens, atos, trancaços, boicotes e ocupações, até a greve geral. A greve geral, cuja preparação está em discussão na CUT, fará tremer a República e pode abalar até os escaninhos do Senado. Sim, não é fácil, mas é possível expulsar o usurpador!

UNIDADE, A MÁXIMA UNIDADE CONTRA O USURPADOR!

Pelo Fora Temer é necessário construir a máxima unidade possível.
A ação dos sindicatos e entidades deve ser determinada, sem vacilar nem "tercerizar" para outros movimentos, a juventude combativa ou a mera "queima de pneus", aquela que é sua tarefa: abrir a discussão sobre o golpe com suas bases em assembléia, como decidiu a CUT.
Não tem sentido negociar, direta ou indiretamente, uma reforma da Previdência com um usurpador golpista e interino!
A ação dos parlamentares do PT - assim como prefeitos e governadores - deve ser guiada pela decisão do Diretório Nacional do partido pelo "Fora Temer". Nenhuma convivência "institucional" é possível com o golpismo. Não tem cabimento emendar as MPs e os PLs do usurpador para "reduzir danos": obstrução total, resistência aqui também, é o que corresponde à defesa da democracia contra o golpe.
Do mesmo modo, a campanha eleitoral municipal deve ser enquadrada, como já decidiu o Diretório do PT, "nenhum apoio a quem votou ou apoiou o impeachment". O debate aberto mostrará a vontade da base nesta questão incontornável. O PT, na verdade, não deve fazer nenhuma aliança com golpistas, nem na vice nem na coligação.
A campanha, este ano, será marcada pela luta nacional contra o golpe, uma luta extrema de defesa do PT. Tem razão o Diretório de São Paulo, de recomendar um selo contra o golpe nos materiais de campanha de todos os candidatos.
Toda a força nos Comitês Contra o Golpe. Nascidos nos últimos meses, eles devem se multiplicar nas próximas semanas. Comitês municipais podem se desdobrar em comitês de bairro e categoria, comitês de sindicatos e empresas também podem se formar.
Nós decidimos apoiar a criação de Comitês no 2o Encontro Nacional do DAP (20.03.16). Agora, convocamos todos os grupos de base do DAP a se engajar e multiplicá-los em todo país, para desenvolver as formas de luta de massa necessárias, locais e gerais.
Já temos na agenda nacional, a convocação pela Frente Brasil Popular, para o dia 10 de junho, um dia nacional de luta com paralisações pelo Fora Temer.

A RESPONSABILIDADE DE DILMA E O DEBATE NO PT 

Todo militante, mesmo um simples eleitor, se pergunta como chegamos nesta situação, como evitar que se repita.
A presidente Dilma, desde o discurso na saída do Palácio do Planalto, reafirmou seus compromissos, convocou a resistência e, corretamente, com esse fim se instalou no Palácio do Alvorada.
A presidente Dilma deve agora, como propõe o Diretório do PT, anunciar as medidas que adotará, uma vez reconduzida ao cargo, para dissipar a desconfiança e consolidar o laço com os setores populares que podem sustentá-la contra os adversários encastelados nas instituições do Estado.
Medidas de emergência em defesa do emprego e dos direitos sintonizadas com o mandato de 2014, abandonando de vez toda ambiguidade sobre o ajuste fiscal.
Medidas que incluem a disposição de liderar, afinal, a luta por uma profunda reforma política do Estado que, para nós, só uma Constituinte Soberana pode fazer. Senão, seria mais do mesmo.
Essas são, ao mesmo tempo, algumas conclusões incontornáveis do debate sobre o balanço dos erros cometidos, um debate positivo aberto, não sem dificuldades, pelo Diretório do PT, em vista de um Encontro Nacional Extraordinário do PT em novembro.
É positivo, por exemplo, o Diretório apontar o problema do "pluriclassismo" na aliança desde Lula, em 2003. Mas a crítica é a uma "prioridade" dada ao que estaríamos "obrigados" a fazer, devido a composição do Congresso.
O livre debate vai mostrar, que se extrapolou, nas alianças necessárias, o corte das transformações populares esperadas, inclusive aliançando setores pró-imperialistas.
Eles paralisaram, sabotaram e finamente apunhalaram o PT no governo - basta ver "ministros" de Temer vindos de administrações anteriores. A luta desde o 1º momento por uma Constituinte Soberana era, e segue sendo, o meio de superar as instituições corruptas e manipuladas que esmagam a soberania popular.

COMPANHEIROS E COMPANHEIRAS,

O balanço estará posto desde agora, nos Encontros Municipais - aonde deve começar a eleição de delegados para o Nacional (seria uma farsa reconvocar aqueles eleitos há 3 anos).
Mas mais que isso, confiamos, o próprio curso da luta contra o golpe, por Fora Temer, deve ser um poderoso fator prático dos realinhamentos necessários dentro do partido, para dar à classe trabalhadora o ponto de apoio lançado pelos fundadores do PT - mais atual do que nunca.
É nisso que o Diálogo e Ação Petista se engaja e convida os petistas a vir discurtir nos seus grupos de base.

São Paulo, 21 de maio de 2016

NOTA DE REPÚDIO À EXTINÇÃO DO MDA



O Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável (Condraf) vem se manifestar contrariamente à extinção do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e sua fusão com o antigo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), constituindo o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário.


A existência do MDA ultrapassa a atuação prática da promoção do desenvolvimento rural sustentável, da defesa dos agricultores e agricultoras familiares e da realização da reforma agrária, tendo expressiva relevância e impacto na economia, no modo de produção e na redução das desigualdades de renda, gênero, geração, etnia, inclusive nas desigualdades regionais do país. Ademais, não podemos esquecer de sua importância para os movimentos sociais e populações do campo, atuando não apenas na esfera da representatividade política, aspecto fundamental para a afirmação de minorias, mas, principalmente, por ter sido criado em 1999, ainda na gestão de Fernando Henrique Cardoso, após o massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido em 17 de abril daquele ano.

Trata-se de uma perda real, concreta, que representa retrocesso indiscutível para a pauta do desenvolvimento agrário e agrícola do Brasil. A fusão das referidas Pastas denota a falta de prestígio desses temas para a agenda política do governo interino que por ora assume a Presidência da República. Mostra, também, um olhar equivocado, ao confundir o papel desempenhado exemplarmente pelo MDS no âmbito do desenvolvimento social e o papel exercido ao longo destes anos pelo MDA, cujas políticas levadas a cabo inserem-se especialmente no âmbito da melhoria e ampliação da produção agrícola do país, levando em conta não preceitos meramente produtivistas e voltados para a obtenção de lucro pela exploração da terra e daqueles que a cultivam, mas, sobretudo, tendo como princípios a inclusão social, a produção sustentável e a ampliação da qualidade de vida dos agricultores e agricultoras do Brasil.

Assim o demonstram as políticas encampadas pelo agora extinto MDA, a exemplo do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e demais políticas voltadas para obtenção de crédito; das políticas de proteção da produção, como o Garantia Safra, o PGPAF e o SEAF; da política de assistência técnica e extensão rural (Ater) voltada para as necessidades dos e agricultores e agricultoras familiares; do Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF); do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae); da reforma agrária; do Programa Amazônia Legal; além das políticas desenvolvidas para segmentos fundamentais para o campo brasileiro, como as mulheres rurais, a juventude e os povos e comunidades tradicionais.

A atuação internacional do Ministério, aprimorando a inserção do país e da agenda da agricultura familiar no cenário externo por meio de políticas como o Mais Alimentos Internacional, além da atuação protagonista no âmbito da Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar do Mercosul (Reaf), em negociações e promoção comerciais, em compras institucionais, em negociações ambientais e de propriedade intelectual, também expressam a envergadura e multidisciplinaridade da Pasta.

A fusão ministerial denota, também, uma percepção equivocada sobre a relevância das políticas levadas a cabo pelo MDA para a população brasileira. Tal procedimento sugere desconhecimento de estatísticas básicas, como a que indica que mais de 70% dos alimentos consumidos pelas famílias do país advêm da agricultura familiar. Sugere, ademais, descompromisso com o estímulo à produção orgânica, que resulta em alimentos mais saudáveis e em menos agressão aos solos e às águas – de rios e de lençóis freáticos.

Fica indicado, não se deve esquecer, o descaso com a agenda da produção agroecológica, que vai além do debate do modo de produzir um alimento. A agroecologia carrega em si a justa relação de homens, mulheres, da juventude e dos povos e comunidades tradicionais com o meio ambiente e propõe um modo de produção que adota uma visão sistêmica capaz de enxergar não apenas o aspecto produtivista, mas as relações sociais que permeiam o ato do cultivo da terra e o de alimentar-se de forma sustentável.

A extinção do MDA denota, não nos furtamos de frisar, o desprezo pela pauta da reforma agrária, tema que, mais que agenda de política pública, representa demanda histórica legítima de homens e mulheres alijados e alijadas do direito humano de produzir e de trabalhar com dignidade. Representa a negação da função social da terra, prevista em nossa Constituição.

Significa, além disso, um olhar equivocado acerca do que deve ser o modelo de produção de alimentos do país, reproduzindo a lógica do grande capital, a qual é monocultora, exportadora e usurpadora de empregos e de direitos de trabalhadores e trabalhadoras do rural brasileiro, que é amplo, diversificado, plural e muito maior que o espaço que lhe querem reservar, seja na estrutura institucional do governo federal, seja na sociedade brasileira.

A redução do que fora o MDA a uma “Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário” subjuga todo o esforço de se legitimar como políticas de Estado as questões agrárias e fundiárias e as demandas da sociedade e dos movimentos sociais do campo por políticas de desenvolvimento rural focados na agricultura familiar. Foram essas circunstâncias, de legitimação dessas políticas, que culminaram na instituição no Ministério do Desenvolvimento Agrário ainda na década de 90 e ignorá-las no atual cenário seria um retrocesso.

Minorar o desenvolvimento agrário no Brasil a uma posição inferior evidencia o desrespeito com a missão institucional outrora assumida de promover a política de desenvolvimento do Brasil rural, a democratização do acesso à terra, a gestão territorial da estrutura fundiária, a inclusão produtiva, a ampliação de renda da agricultura familiar e a paz no campo, preceitos fundamentais para o alcance da soberania alimentar, o desenvolvimento econômico, social e ambiental do país.

Por fim, esse CONDRAF vem também repudiar outros possíveis arranjos institucionais ventilados nos últimos dias como possíveis soluções para o MDA, a exemplo da proposta de fundi-lo ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), ou a proposta de transformá-lo em Secretaria ligada diretamente à Presidência da República. No primeiro caso, tem-se o completo escracho da subordinação a um modelo de produção ultrapassado e que destrói a terra e vilipendia pessoas. No segundo, repete-se o erro de minar a relevância da agricultura familiar para o país, ao retirar-se dela um Ministério e transformá-la em instância hierarquicamente inferior.

Assim sendo, o Condraf, colegiado constituído entre governo e sociedade civil, colocasse contrário a essa visão nebulosa e disparatada do papel que deve ser desempenhado pelo rural brasileiro na construção da nação, repudiando com veemência a extinção do MDA.

SER DE ESQUERDA NO SÉCULO XXI: DA UTOPIA A CONSTRUÇÃO DE UMA NOVA HISTÓRIA.



"O mundo passou a “conviver” com essas ideias de que Comunista era um ser cruel, capazes das maiores atrocidades humanas, pensamento que se mantém até os dias atuais em muitos cantos do mundo e em mentes menos esclarecidas."

* Por Prof. João Paulo Pereira

Chegamos ao século XXI e temas que, até então, já pareciam esgotados voltam à cena política da história por todo o mundo. Entre eles, destaca-se a condição na qual se encontra o movimento de esquerda no exato momento em que vem a tona uma ofensiva radical da direita mundial. Tal movimento busca a superação dos frágeis governos de centro-esquerda que se instalaram em vários países do globo, após o fracasso político e econômico do projeto neoliberal. Este, instaurando globalmente desde os anos 60 do século passado, inevitavelmente se fortaleceu logo após a queda do socialismo real no início dos anos 90 do mesmo século.


Este processo trouxe para a pauta dos debates mundial alguns questionamentos importantes, como: O que é ser de esquerda, já que grande parte dos governos de centro esquerda no mundo não promoveram mudanças de caráter revolucionário? E os governos que radicalizaram à esquerda, por que não conseguiram manter-se no poder? O socialismo real é realmente modelo para a construção do pensamento socialista? Ser de esquerda é simplesmente pregar quaisquer marxismos, ou o comunismo, ou o socialismo? Estas e outras perguntas estão para ser respondidas, não pretendo responder, mas levantar algumas questões fundamentais para ampliar esse debate e estimular a construção de uma consciência coletiva sobre o ser de esquerda.

Desde que pensadores europeus desenvolveram teorias sobre a construção de uma sociedade alternativa ao capitalismo, e aí, a direção do capital passou a desenvolver um combate ostensivo às propostas de superação da ordem burguesa. Inicialmente o combate era em função de equívocos cometidos pelo socialismo real na URSS, em função disto, foi criada a Indústria do Anticomunismo, que durante a Guerra Fria aterrorizou o imaginário coletivo. O mundo passou a “conviver” com essas ideias de que Comunista era um ser cruel, capazes das maiores atrocidades humanas, pensamento que se mantém até os dias atuais em muitos cantos do mundo e em mentes menos esclarecidas.

Com o fim da Guerra Fria e a abertura do regime russo, o término do chamado socialismo real, o combate do capital mudou de foco, passou-se a combater as forças políticas, que mantém viva a utopia do socialismo. Desde os anos 90 do século passado, que iniciou um processo de desconstrução do paradigma da esquerda no mundo. A ideia principal é o fracasso do “socialismo real”, mas a demonização de tudo que é ligado a perspectiva de esquerda, se tornou efetiva. De outro modo, foi gradativamente sendo trabalhado nas entrelinhas do processo político, o que se percebe claramente hoje, sobretudo, nas prerrogativas da juventude.

A ideia de que “ser de esquerda é um agravo contra a família celular”; “defende a homossexualidade”; “o casamento de gays”; “é contra o enriquecimento individual”; “é contra os princípios do Cristianismo”; “que a cor vermelha representa guerra, violência” e; outras máximas como estas, foram competentemente introduzidas no imaginário coletivo das sociedades, o que colocou “fora da moda”, à ideia de ser de esquerda.

Ao mesmo tempo assistimos a um crescimento vertiginoso dos ideais neofascistas e nazifascistas em todo o planeta. A partir de um projeto desenvolvido pelo capital globalizado e representado pelos países dominantes no jogo econômico do capitalismo. Processo esse que também contribuiu decisivamente para a negação do pensamento de esquerda neste início de século e, sobretudo, conspira contra princípios fundamentais da plenitude do amor, do cuidado com o meio ambiente, com o planeta, com os seres humanos e com a vida de forma geral.

A ideia fundante deste novo momento neofascista é que a partir de um Estado forte, centralizado e autoritário, o mercado possa exercer seu poder, impor a sociedade o projeto neoliberal, sem se preocupar com a oposição dos trabalhadores, que serão duramente reprimidos por este Estado. Na contramão da história, o movimento social, mesmo sendo atacado de todas as formas pelo capital, não abri mão da luta, se levanta, busca novas formas de atuação contra as forças do mercado, estabelece mecanismo e estratégias de lutas, de resistência a esse projeto político que é nocivo para a humanidade e para vida.

É diante desta encruzilhada da história que a esquerda mundial se encontra e as perguntas clássicas reaparecem como pauta para um debate importante: para onde vai à esquerda mundial? As teorias que tem como base os marxismos contemplam a necessidade da luta da classe mundialmente oprimida? Existem outras formas de luta, que darão conta de garantir à esquerda a possibilidade de ruptura com o modo de produção capitalista?

Essas e outras perguntas estão colocadas para o debate atual sobre o ser de esquerda no século XXI. O que está claro é que a noção historicamente defendida por ser de esquerda não contempla mais esse momento histórico. Não dá para ser de esquerda somente por defender a luta armada como projeto de transformação social, ou mesmo, por defender o materialismo histórico e/ou dialético como método para a compreensão das contradições do modo de produção capitalista e que só o Marx e os marxismos não vão da conta por si só, das necessidades da transformação neste novo século.

Ser de esquerda é fundamentalmente passar por um processo de transformação do SER, entender a vida, as relações humanas, sociais, culturais, políticas e econômicas a partir de uma perspectiva holística, compreender que não vai ser o “ódio” o princípio fundamental para garantir as transformações estruturais na sociedade, que possibilite o nascimento de uma nova ordem social, mais justa, mais fraterna, mais humanizada e mais humanizante.

Ser de esquerda no século XXI passa, sobretudo, por reaprender a amar. A “plenitude do amor” no contexto em que estamos atualmente é muito mais do que o que conhecemos ao longo da história. É “enxergar no outro a sua própria imagem”, é se doar as causas dos pobres, dos oprimidos, daqueles que historicamente pagaram as contas da acumulação de riquezas, que é preciso deixar claro que não aconteceu somente no capitalismo, todas as sociedades que surgiram na história, foram marcadas pelo processo de exploração do homem pelo homem, pelo abandono daqueles que a história negou as oportunidades da dignidade.

Entretanto, foi no modo de produção capitalista que as contradições históricas entre os ricos e pobres se exacerbaram pela primeira vez, ficou claro a origem das desigualdades, das injustiças sociais, da necessidade do individualismo, para manter a acumulação de riquezas nas mãos de tão poucos. Extrapola a privação e negação de direitos individuais e coletivos e, sobretudo, da negação do amor, já que o princípio estruturante deste modo de produção é a competição. Isto posto, admite-se que historicamente serviu para afastar, individualizar as relações humanas. Isto vem se agravando atualmente com o advento das tecnologias de comunicação de massas, este afastamento se consolida, determinando o processo mais cruel de solidão entre os indivíduos, responsável pelo aumento considerável de doenças psicossomáticas como depressão, psicoses, problemas provocados pelo stress, e várias formas de neuroses.

Ser de esquerda no século XXI é desenvolver uma consciência ecológica libertadora, compreendendo que o processo de degeneração e esgotamento do meio ambiente, é fruto de uma irracional e predatória política desenvolvimentista produzida pelo projeto de desenvolvimento hegemônico no planeta, que tem transformado tudo em lucro, que tem “coisificado” as relações humanas, em defesa do lucro e da acumulação das riquezas produzidas pelo grande capital para apenas 1% da população mundial, sem levar em consideração que a vida está sendo gradativamente ceifada, sem levar em consideração que o Planeta Terra é um ser vivo que pulsa e essa pulsação está a cada momento mais lenta  que podemos estar condenando a própria existência da humanidade a médio e longo prazo.

Ser de esquerda hoje é, sobretudo, se sensibilizar com as lutas sociais, das categorias que ao longo da história tiveram seus direitos individuais negados por uma lógica preconceituosa, autoritária, sexista, machista, racista, homofóbica. Que impôs a uma grande parte da população mundial a condição de cidadão de segunda categoria, primeiro pela sua condição humana, por ter a cor da pele diferente, por ter uma opção sexual não convencional, por ser mulher,  por ser pobre, depois por uma determinação do mercado, que descrimina tudo que não é gerador de lucro, situação que não se aplica ao mundo no século XXI, que generalizou a submissão de todos e tudo ao mundo do trabalho e a produção do lucro para esse mesmo mercado, mas que, na primeira metade do século XX, estabeleceu uma relação de preconceito social contra todos que não eram geradores de lucro, preconceitos que ainda hoje, estão intrínsecos à cultura política da sociedade.

Ser de esquerda no século XXI, é compreender que as relações políticas que estabelecem no mundo do capital, são responsáveis por todos os problemas enfrentados pela população global, que este modelo de desenvolvimento econômico esgotou suas potencialidades e que daqui para frente, a história da humanidade está fadada à “barbárie”, momento que já estamos entrando, já que vivemos uma crise civilizacional, que tem determinado o fim das relações  humanas, sociais, culturais. Compreender, sobretudo, que o conflito entre as classes sociais não se esgotou, que continuamos vivendo o processo de exploração da força de trabalho da maioria “pobre” pela minoria “rica”, e que o caminho para a superação desta relação continua sendo a luta incansável, pelo socialismo.
Por fim, ser de esquerda no século XXI, é compreender que vivemos em um mundo, marcado pela opressão, que todos os problemas que vivenciamos neste início de século, é o resultado de um processo histórico, onde um pequeno grupo social no planeta, acumulou a riqueza, centralizou as decisões políticas, determinou através de sua ideologia os destinos da humanidade, instituiu a pobreza, a miséria, a solidão, o medo e o ódio  como pilares da sociedade e se a raça humana sonhar com um outro mundo, com uma vida mais justa, mais igual e mais fraterna, terá que construir gradativamente na história, uma nova cultura, uma nova sociabilidade, novos padrões de produção, uma outra história capaz de valorizar a vida.
segunda-feira, 23 de maio de 2016

A Coordenadora Municipal da COMPIR denuncia prática de racismo em processo.



A Professora Aurenice Cardoso, popularmente conhecida por Lícia


"Os equívocos apontados por mim, prontamente corrigido pelo sindicato representativo dos servidores e o pífio resultado eleitoral obtido, causou profunda irritação nesta Senhora. A partir de então, eu passei a ser o alvo de constantes ataques públicos difamadores."


A professora concursada Aurenice Cardoso, conhecida como Lícia, foi uma das principais lideranças sindicais responsável pela instituição da delegacia do SINSERV no município de Anagé-BA. Fundou e dirigiu intensamente a instituição sindical em momentos difíceis, sempre contra o antigo gestor, tido pela maioria dos servidores de carreira como coronel centralizador e perseguidor.

A sindicalista desenvolveu campanhas sindicais memoráveis para a categoria, tão importante que resultaram em melhoria das condições de trabalho; aumento salarial; concurso público e qualidade de vida para os servidores públicos municipal. Respeitada e estimada por muitos, odiada por outros, a Professora de carreira prestou relevantes serviços ao magistério público municipal de Anagé.

Após a disputa eleitoral de 2012 por uma cadeira no Legislativo Municipal, obtendo uma votação valiosa (se considerar que fez a campanha sem grandes investimentos, contando apenas com a solidariedade da categoria e de amigos) Lícia saiu vitoriosa das disputas eleitorais porque nunca prometeu nada a ninguém que não pudesse cumpri e não defende a troca de voto por favores.

Apesar de não ter militância no Movimento Negro, Lícia reconhece sua pertença afrodescendente e por isso aceitou o convite do governo recém-eleito da sua colega Professora Andrea Oliveira Silva (PT). A professora Lícia sentiu-se desafiada e assumiu o compromisso de gerir a pasta de Políticas Públicas de Promoção da Igualdade Racial. Partícipe do Fórum Estadual de Gestores Municipais de Políticas de Promoção da Igualdade Racial tornou-se uma das principais referências de militância no sudoeste da Bahia pelo comprometimento e disposição para construir as agendas institucionais das populações quilombolas e negras.

A Professora tem presença importante e efetiva como integrante do Comitê Gestor da Secretaria Municipal de Educação. Lícia vem discutindo com o governo as questões que envolvem o empoderamento das populações étnicas raciais, mas segue firme na defesa sindical de direitos conquistados pelos servidores municipais por considera-los sagrado para a categoria.

Em sua Gestão a frente da pasta, articulou com a Secretaria Municipal de Educação, Cultura, Esporte e Lazer (SEMEC) junto ao Executivo Municipal sob a liderança da Prefeita a Professora Andrea Oliveira Silva, a certificação junto Fundação Palmares, órgão federal, as duas comunidades remanescentes de quilombo, Lagoa Torta dos Pretos e Água Doce. A construção das Diretrizes curriculares para cumprimento em âmbito municipal das leis 10.639/11.645. Foi o único órgão municipal de CONPIR a apresentar dois projetos para concorrer editais da SEPROMI.

Elaborou e desenvolveu o Projeto Roda de Conversa com as comunidades quilombolas e vem fortalecendo as políticas públicas de Promoção e Proteção das populações em situação de risco social.

Mesmo com esta lista de ações e lutas em defesa de direitos humanos, principalmente diversidade, a Coordenadora da COMPIR alega ser vítima de linchamento moral, racismo e agressões físicas. Parte de um processo que aguarda instrução, a professora esclarece ao Blog do Sonkha situações vivenciadas por ela no exercício de sua atividade coordenativa na Secretaria de Educação. Com exclusividade, a professora revela situações inusitadas, agressões físicas e momento de desconforto. Segue abaixo relatos da professora Aurenice Cardoso sobre um dos casos mais polêmicos, contra uma servidora do magistério no exercício de sua atividade profissional. Confira!

Com a palavra a Profª. Aurenice Cardoso: 

Tudo começou quando eu contestei a forma como se deu a composição para o Conselho do FUNDEB, pois não houve eleição democrática conforme diz o estatuto do sindicato. A escolha de representantes para conselho de controle social deve ocorrer em assembleia sindical, ordinária ou extraordinária, com pauta convocada para escolha dos seus pares.

Reconheço que jamais fui consultada ou participei de qualquer processo coletivo de decisão aprovado em assembleia que tenha referendado o meu nome para o conselho. Portanto, ocorreu sem a minha autorização. Oportuno salientar que eu já havia informado oralmente a essa Senhora que declinaria porque a indicação e as condições que isso ocorreu eram ilegais. Em outro momento levei ao seu conhecimento que iria contestar junto ao sindicato formalmente. Em resposta a minha posição, ela disse que não havia problema nenhum, que poderia contestar afirmando que o conselho estava legal. 

Assim o fiz: Primeiro contestei encaminhando ofício ao presidente do sindicato com cópia a Secretaria de Educação, pedindo explicações aos mesmos sobre a forma como ocorreu o processo de indicação, pois desconsiderava o processo eleitoral como critério insubstituível para escolha de representação. O entendimento desta ex-dirigente sindical era de que se não houvesse eleições para composição do Conselho do FUNDEB, obedecendo aos critérios mínimos de convocação, por certo este processo não teria nenhuma legalidade, ficando sujeito a recurso que pleiteasse outro processo eleitoral dentro das regras estabelecidas por lei.

O presidente do Sindicato, em resposta ao ofício, com cópia à Secretaria de Educação, reconhece os equivoco afirmando que realmente não houve eleição para escolha dos pares. Esta decisão é comprovação de que o conselho estava irregular, mas que em tempo hábil tomaria (de fato tomou) todas as medidas cabíveis para regularizar o conselho. E assim o fez, convocando uma assembleia do sindicato para cumprir o ritual dentro do que pede a legislação do FUNDEB. Saliente-se que, de pronto, todos reconheceram a nova convocatória. No dia em que ocorreu a assembleia para realizar a eleição a própria Elciana Soares concorreu a eleição, obtendo apenas 3 votos em seu favor.

Concluído o processo, coube ao sindicato dar ciência ao Executivo Municipal, oficiando à Secretaria Municipal de Educação sobre o resultado do processo eleitoral com os nomes dos respectivos representantes eleitos pela categoria, acompanhando de cópia da Ata da Assembleia. Como prevê o rito ex-officio (realizado por imperativo legal ou em razão do cargo ou da função - diz-se de ato), coube a Prefeita Municipal, provocada pela solicitação do órgão de classe (SINSERV-ANAGÉ), revogar o decreto de nomeação e em seguida publicar novo decreto nomeando os novos representantes. Observa-se que houve um intervalo entre a nomeação e revogação da mesma porque neste lapso de tempo não houve nenhuma solicitação formal das organizações da sociedade civil, legalmente constituída, reclamando direito por meio de ofício, mandato de segurança ou liminar.

Os equívocos apontados por mim, prontamente corrigido pelo sindicato representativo dos servidores e o pífio resultado eleitoral obtido, causou profunda irritação nesta Senhora. A partir de então, eu passei a ser o alvo de constantes ataques públicos difamadores. No mesmo dia, no término da assembleia, na porta da câmara onde aconteceu a reunião, ouvi impropérios e risadas provocativas. Essa Senhora fez ameaças públicas, intimidando-me no sentido de aludir ao fator de que eu havia prejudicado os seus interesses e que isto não ficaria impune, pois a fatura dessa situação criada contra ela seria cobrada por ela e/ou pelo seu marido.

Como a situação fugiu ao controle da razão, passando para o campo da agressão pessoal, procurei a delegacia de polícia de Anagé, fui atendida pelo agente Marcos, para fazer um boletim de ocorrência, registrando o fato. Mas, achei melhor não formalizar a queixa porque avaliei como sendo desnecessária. No entanto, a situação persistiu com insultos e risadas provocativas deixando-me numa situação desconfortável a cada vez que a encontrava ocasionalmente nos espaços públicos. A situação foi evoluindo para xingamentos que aumentava o constrangimento.

A situação piorou muito e, apesar de que não houve a menor possibilidade de entendimento, eu evitava encontrar com essa Senhora para não tornar a situação suscetível a agressões que levassem as vias de fato. Até que no dia 2 de setembro, quando eu estava chegando ao meu local de trabalho para iniciar minhas atividades diárias, deparo com essa Senhora nas escadas ela com as mesmas provocações. Evitei problemas passei por ela sem responder as provocações e fui até a sala que trabalho no final do corredor do anexo I da Secretaria Municipal de Educação, Cultura, Esporte e Lazer. Peguei documentos e um envelope, pois iria dirigir a reunião de trabalho do Projeto de Sete de Setembro, tomei a direção do Gabinete da Secretária, em seguida fui à direção da escada de saída, ao começar a descer a escada a reencontro de frente e fui afrontada pelas risadas provocativas, inclinei meu olhar na direção dos olhas dela e pedi brevemente sem aumentar a voz para que ela parasse com isso porque estava ficando chato, mas segui meu caminho passando novamente por ela. Neste momento, essa Senhora seguiu-me perguntando em tom provocativo o que eu havia falado.

Continuei descendo tranquila quando fui surpreendida por um solavanco em meu cabelo pra trás, uma tapa nas costas e um empurrão que me projetou para frente e cambaleando custei a me equilibrar. Aos gritos de xingamento agrediu-me dizendo: ”negra vagabunda e forasteira”. Mesmo desconcertada mantive o controle e continuei descendo na direção da reunião, quando estava na rua, ouvi essa Senhora dizer que eu era ladra de R$ 1.900,00 reais porque estava recebendo mais que um professor de 40 horas. Perdi o controle quando fui puxada novamente pela blusa e aí eu virei para responder e num momento de explosão eu grudei no pescoço empurrando-a para que me soltasse. Neste momento, reagir por tudo que passei para me defender das agressões verbais e físicas, pois há muitos meses eu venho sofrendo ameaças e xingamentos dela junto com o marido e o que estou falando têm testemunhas.

A mágica do plin-plin deu o golpe em você!



"Todos os dias ela invade sua casa com o “show da vida”, sem nenhuma crise moral apresenta a mesmice de sempre, notícias requentadas, remakes com efeitos de alta tecnologia para causar impressão de que está levando informação, entretenimento e diversão de qualidade."

*Herberson Sonkha

A catequização sistemática da mídia plin-plinpara controlar o povo brasileiro surtiu efeito desigual: em parte anulou os efeitos das críticas mais radicais (à esquerda) ao viciado sistema político, econômico e social capitalista burguês e, em parte, conformou os incautos aos interesses econômicos das elites capitalistas imperialista no Brasil. Nesta perspectiva, o golpe das elites foi pedagogicamente trabalhado pela mídia, ou meio de comunicação que deveria ser social, ao invés de servir exclusivamente aos interesses da economia capitalista. Há uma lógica mercadológica por de trás da bem-intencionada informação dada pela telinha da rede globo. Pois, nunca houve qualquer coerência sociopolítica ou histórica que justifique o tópico frasal “Globo e você, tudo a ver”!

Todos os dias ela invade sua casa com o “show da vida”, sem nenhuma crise moral apresenta a mesmice de sempre, notícias requentadas, remakes com efeitos de alta tecnologia para causar impressão de que está levando informação, entretenimento e diversão de qualidade. Várias refilmagens (remakes) vão refazendo pontos desencontrados para tornar tudo perfeitamente “natural”, sem qualquer contradição possível. A ficção parece imitar a realidade, mistificando o real.

Uma mesma foto nublada e sombria vai repetidas vezes se sucedendo numa ordem à histórica muito bem articulada e quase imperceptível para os incautos para substituir a realidade. Como toda dinâmica de acontecimentos sociais impõe conjunturas transitórias diferenciadas, os remakes que fazem sucesso nas novelas ficcionais, não atendem a dinâmica da vida real e as coisas fantasiosas começaram a dissipar-se e o que antes era impossível entender, agora vai ficando mais explícito para a maioria da população brasileira que acorda da ressaca do pileque midiático.

Após o susto do sete de abril, agravado pelo retrocesso na adoção de medidas socioeconômicas e políticas pelo governo impostor de temer-aécio-renar-agripino, gradativamente procura-se refazer passo a passo o percurso do golpe para abrir-lhes os olhos e ver a cama de jornal, ou de gato, em que fora jogada. A tomada de consciência da população (lenta e gradual) de que fora roubada e este golpe começou inadvertidamente desde a primeira noite do pós-outubro de 2014. Isto deveria nos lembrar das persuasivas advertências feitas por Bertolt Brecht no poema “A caminho com Maiakóvski”:

“Na primeira noite, eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim: não dizemos nada.
Na segunda, já não se escondem. Pisam as flores, matam o nosso cão e não dizemos nada.
Até que um dia o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada”.


Assim, na primeira noite eles apareceram crédulos e roubam a atenção e o precioso tempo com um programa de televisão imbecilizante. Fazem discurso de denuncismo, profundamente marcado por um forte civilismo moralista para criar uma cortina de fumaça e incensar a decência, seriedade, consistência e compromisso com os supostos interesses do povo. Assim, cria-se a atmosfera favorável à trama vigarista, a despeito do infalível desenho de combate sistemático a corrupção e corruptores.

Apoiados pela falácia de que nenhum republicano está acima da lei, sem prejudicar o direito pétreo à presunção da inocência, “doa quem doer”, mas na prática fazem como os milicos exterminadores que matam para depois perguntar o nome, pois na regra do policia que atua à margem da lei, todo mundo é culpado. Os mais “esclarecidos”, arredios da atividade política com ‘p’ maiúsculo, apenas acenam cordatamente com o que está acontecendo, uma vez que prefere priorizar sua condição socioeconômica de classe média, em relação aos trabalhadores operários que são marginalizados. Aproveita em sua defesa o discurso fácil do que é politicamente correto e não fazem absolutamente nenhuma análise crítica sobre isso.

Na segunda noite, eles voltaram completamente petulantes exibindo um diagrama que aponta à raiz de todos os males das instituições públicas e privadas no Brasil. Ensimesmados, eles discorriam entusiasmadamente as diversas fases de operações fraudulentas. Todavia, condicionavam o êxito dessas averiguações ao recorte de pessoas, governos, partido e de tempo-espaço, escamoteando o caráter ideológico, pois alegavam que uma investigação cientifica judiciosa tornar-se-ia imprescindível circunscrever seu objeto.

Assim, definem-se os limites investigativos sob o discurso de que seria para evitar sair do domínio da perícia técnica. Desta forma, pessoas, partidos e governos não estariam (ainda não estão) sujeitos ao inexorável esquadrinhamento pericial. O método cientificista, muito utilizado na academia para conclusão de curso de graduação, legislava em causa própria posto que a estratagema dessas instituições jurídicas federais tem como único objetivo não cair na desmoralizada situação do STF, PF e MP de governos anteriores ao de Luiz Inácio Lula da Silva.

Aliás, tornou-se máxima no Brasil desde a Colônia até a era FHC, de que toda investigação de corrupção, quando ocorria, neste país termina em pizza. Essas instituições não eram autônomas e viviam sucateadas, sem a menor condição estrutural e material necessárias ao pleno exercício de suas tarefas. Mesmo ciente disso, vendo o círculo se fechando ninguém falou nada...

Na terceira noite eles já haviam tomado às consciências de grande parte da população, inclusive daqueles ditos “esclarecidos” do ensino superior. De tal modo, que transformaram o que era pra ser um belíssimo trabalho de investigação, julgamento justo e inexorável prisão dos culpados, decompôs numa trama ficcional de novela sem fim, repleto de capítulos orientados pela mídia (globo), deslanchando em tempo real (reality show) com a votação de paredão para decidir o que “é certo ou errado”.

Nestes ardis golpistas os meios sempre justificam os fins. Os mecanismos são modernas tecnologias, mas as ideias são conservadoras. Exatamente por isso empregaram-na antigos expedientes sórdidos de espionagem característicos de regimes ditatoriais contra a maior autoridade eleita neste país. O vale tudo, menos o que é legal, incorria em obter supostas “informações” que validassem todas as fases das operações. Desta forma, agiam abertamente contra aqueles que cometeram erros, mas jamais se comportaram como os tradicionais e ilesos corruptos e corruptores de outrora e nós continuamos em silêncio porque estávamos embrutecidos pelas “verdades” midiáticas a ponto de sermos convencidos dessa situação.

Exatamente como é para acontecer nas dramaturgias das telenovelas brasileiras fomos subsumidos e levados a crer em tudo, até naquela cilada em que o trocado desaparecido encima do criado mudo da madame fora indubitavelmente roubado pela doméstica negra, baseado no único fato de que ela passa a maior parte do tempo no seu local de trabalho (casa), conhece tudo na casa porque ao exercer sua atividade profissional, deve-se ter acesso a todos espaços da casa (exceto ao cofre). Este raciocínio inescrupuloso parte do princípio de que todo pobre, preto e empregado vive à espreita do seu empregador, aguardado uma oportunidade para lhe roubar. E tomados pela genialidade da ficção que sutilmente introjeta[1]no ego a sensação de “certeza” experimentada por outrem nas cenas cinematográficas. Lamentavelmente já não há mais voz para reagir e mantém o silêncio...

Na última noite eles jazem a mente resiliente, lançando a todos fora da realidade, conspurcada pela ficção, pois já não se preocupam mais com a opinião crítica de metade dos brasileiros e nem dos olhares mais atentos de outras partes do mundo, porque o silêncio daqueles levados a pensar assim valida todo processo de dominação. Neste sentido, o que conta é a concordância tácita do inconsciente e aí já não há mais tempo e nem disposição para reagir. Eles arrombaram a consciência, silenciaram a voz, colocaram em cárcere nossas liberdades, aniquilaram a dignidade humana e rasgaram os pressupostos da democracia.

O choque de realidade, forçosamente o conduz a retomada da consciência, leniente, descobre-se quê, quem realmente foi roubado na vida real fomos todos nós, principalmente aqueles que precisam de políticas públicas de proteção e promoção ofertadas pelo Estado, às populações em situação de risco socioeconômico e político. Agora, perdido e sem a perspectiva de antes, resta apenas soltar o grito preso na garganta, mobilizar e lutar incessantemente contra um golpe urdido há alguns metros dos olhares mais atentos, ali em sua frente e você sentado confortavelmente em sua poltrona aceita passivamente a cada clique do controle remoto.

Sob o efeito hipnótico, a obediência ao comando do plin-plin estende-se até aos “esclarecidos” intelectuais de nível superior, seguem-se as instruções que motiva agir deliberadamente, de livre e espontânea vontade, para abrir a porta de sua consciência e entregar tudo que tem aos bandidos, sem reagir e mantendo-os emudecidos. Diferentemente do crime de extorsão praticado por criminoso que mantem o controle de suas vítimas por meio de chantagens, neste caso, seu único limitador é a própria crime moral da consciência humana destruída em função de sua inércia em relação a conivência de ter permitido ser enganado. Assim se construiu o maior golpe contra pequenas mudanças em curso...

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[1] INTROJETAR: Psicológico, processo por meio do qual uma pessoa absorve, como parte integrante do ego, objetos e qualidades inerentes a esses objetos; interiorização. Sociológico: processo por meio do qual uma pessoa incorpora a seu pensamento valores de outras pessoas ou grupos.

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