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segunda-feira, 13 de maio de 2019

Crise, Mídia, Futebol.




"O futebol, na atualidade, é um dos maiores negócios do mundo. Adotando os modelos das grandes corporações da sociedade capitalista contemporânea, os cartolas conseguiram criar um modelo de oferta de entretenimento altamente rentável onde os métodos são os mesmos utilizados no mercado para a produção, distribuição e venda de produtos e serviços."

*por Joilson Bergher

Oscar Wilde em certa época afirmou que o sarcasmo era a pior forma de humor, mas a melhor demonstração de inteligência. Realmente, para se criar uma boa frase sarcástica é preciso ter um bom raciocínio e ser criativo. Se irá magoar e sim divertir, tudo bem, a escolha será sua. Nessa batida a pergunta: para você qual o futuro da TV aberta diante das novas mídias e de tanta oferta de conteúdo para o espectador-assinante?


Em tempos em que há que celebrar a família, casamento e o deus cristão eis que todas as redes de tv desse lugar estão a cortar custos revelando o iceberg de uma grande crise, agora sem as benesses do Estado. Ou seja, o velho dinheiro que salvou a "lavoura" que vinha do Estado, todo ele, agora, só se for de operações no sistema bancário, ou então de seus departamentos comercial ou da lucratividade de seus programas, muitos deles, se finando literalmente, por exemplo, Mais vocês, Vídeo show, no caso das organizações globo, e desativação de repetidoras dessas tvs na Bahia. A Record, talvez, seja a que menos sofre graças à injeção de centenas de milhões de reais anuais da Igreja Universal, que compra parte de suas madrugadas. Em curso novos tempos, ou um asteroide prestes a atingir o mundo da TV aberta, fechada também. O impacto será, tem sido inevitável. Fico a pensar, esse tipo de tv se parece com uma adúltera lapidadora não sendo correspondida, tentando saídas, ou seja, caricaturando de ideias, ou discussões como meios de notoriedade. “Em suma, não é que todos pensem da mesma maneira, é que a abundância e a técnica trariam ao Homem um “jardim de delícias”, que a própria natureza do nosso mundo veio a desmentir, e que tornariam as discussões um passatempo”. Ao falar de passatempo e o futebol?

Os vários milhões destinados a esse passatempo no Brasil também se modificou. Agora, a quantia por desempenho será paga apenas ao final do campeonato. No modelo antigo, os contratos com a TV- dona do futebol era de valor fixo parcelada em 12 vezes. E mais: quem aparecer mais nas transmissões de jogos, obviamente receberá mais dinheiros...dos times de atuação no Brasil, quem aparecerá mais nessas transmissões?

Um palpite…seria o Esporte Clube Vitória? Na outra ponta a dona do futebol no Brasil anuncia ou prepara a saída das transmissões dos principais campeonatos estaduais em 2020. Sem o dinheiro da emissora, haverá um colapso desses torneios, isso será questão de tempo –, a rede investe cerca de R$ 197 milhões por ano em dez estaduais, incluindo o Baiano, Paulistão, Cariocão, Mineirão e Gaúchão. A dona do futebol no Brasil Principal financiadora dos clubes com os direitos de transmissão, pede mudança radical no calendário do futebol brasileiro. Aqui pergunto: e o horário dessas transmissões, continuarão os mesmos? Um exemplo, a depender de onde o torcedor more, se o jogo for na quarta as 21h40, chegará a sua casa na quinta feira na madrugada para trabalhar mais tarde. É mole?

Parece-me não ser inteligente acabar com os estaduais, é preciso alternativas de financiamento, afinal, há aproximadamente 650 clubes profissionais de futebol no Brasil. Essa é a base futebol praticado por aqui. O concreto é que o futebol precisa ser protegido das investidas do capitalismo predador. O futebol, na atualidade, é um dos maiores negócios do mundo. Adotando os modelos das grandes corporações da sociedade capitalista contemporânea, os cartolas conseguiram criar um modelo de oferta de entretenimento altamente rentável onde os métodos são os mesmos utilizados no mercado para a produção, distribuição e venda de produtos e serviços. Simples neh? “E, esse império materialista do mercado, com sua grande mão invisível e também visível, absorveu praticamente todo o corpo social, acabando por imiscuir-se em setores antes imunes. Veja o exemplo dos esportes ditos amadores: A Olimpíada é, atualmente, um enorme negócio. E, claro, do futebol nem preciso repetir, porque faz muito tempo que a organização, local ou internacional, tem como meta o faturamento.

A propósito, a Fifa, hoje, funciona como uma grande empresa franqueadora e licenciadora de produtos e serviços. E veja que interessante -, “Nas Ciências Sociais, nos anos 1960, o futebol era visto como alienante, como algo que atrasaria a luta social”. Hoje há uma outra visão sobre o futebol – uma visão digamos mais crítica, onde o coletivo social nesse setor produtivo está na ordem do dia. Nos parece que no futebol tudo ficou rigorosamente igual. Até o erro do juiz é igual. Não existe mais o erro original, aquele sobre o qual falaríamos no dia seguinte…ah, agora tem até o VAR, Colocado em funcionamento na Copa da Rússia, pela FIFA. É um sistema eletrônico de apoio à arbitragem conhecido pela sigla em inglês VAR (Video Assistant Referee). O VAR tem por objetivo, em tese, ajudar o árbitro central, no campo de jogo, a tomar decisão em lances considerados duvidosos.  Pra fechar a tampa, abrindo outras: “Palmeiras e Athletico Paranaensenão entraram em acordo até o momento com o Grupo Globo pelos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro de 2019 e, por isso, 52 partidas da competição não terão transmissão em nenhum canal.

Os dois clubes não acertaram compromisso com TV Aberta (Globo) e pay-per-view (Premiere), apenas com TV fechada (Grupo Turner). Na temporada 2019, o torneio terá a estreia das transmissões da Turner/Esporte Interativo (via canais Space e TNT), o que dividirá os times e deixará a maior parte das partidas sem nenhuma emissora”. Mas há saídas: faço assim -, quando quero assistir o time do Esporte Clube Vitória jogar, pego um cabo de transmissão [HDMI] encaixo na saída de meu Notebook à entrada da TV, faço uma busca na internet...há uma porrada de canais de futebol sem ônus ou mensalidades, fica tudo resolvido. Ah, o mesmo vale para um montão de outros programas, principalmente os do campo a esquerda, filmes também! Estou livre dessas amarras, “do terrorismo que está à espreita. Precisamos de proteção, e em nome dela temos que abrir mão da liberdade. Enquanto isso, que tal comprar esse produto aqui ou aquele ali”? Me livrei desses entulhos, desses estultos.


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*Joilson Bergher, Professor de Filosofia, História e Metodologia do Conhecimento Superior.
sábado, 11 de maio de 2019

Para que serve o conselho de mamãe?

Mamãe Jacy, Herberg e Herberson

"Apaixonou-se pela profissão e, a partir de 1969, passou a atuar profissionalmente como Atendente e depois como Auxiliar de Enfermagem no Crescêncio Silveira e Hospital São Vicente de Paula até 1990.  De volta a sua cidade de infância, no início dos anos 90, atuou no Posto de Saúde da rede municipal de Saúde de Manoel Vitorino. Nesse mesmo período, realizou seu antigo sonho de adolescente que era estudar o curso de Técnica de Enfermagem, que o fez com êxito depois de 60 anos de idade."


*por Herberson Sonkha



A palavra conselho quer dizer muita coisa, principalmente ser for de mãe. Em tese, um conselho de mãe deve primar a todo o momento por ensinar algo proveitoso aos filhos. Deve sim avisá-los quanto ao que cabe (ou não) fazer moralmente em função de uma determinada situação controversa ou incerta que o prejudicará. Mas, infelizmente não tem sido isso que vem acontecendo hoje em dia. Os filhos, em sua maioria têm-se verdadeira ojeriza a essa palavra: conselho.


Nosso respeito e carinho como filhos (Herberg, Herberson e Deusdeth Júnior) a nossa querida e inestimável mamãe Jacy** passa inexoravelmente pela compreensão e incorporação de suas principais críticas a sociedade brasileira. Essas críticas tem origem no silêncio covardemente estrepitoso dos homens que assistem condescendente ao extermínio criminoso das mulheres, quando não toma posição contraria aos altos índices de femincídio, estupro e múltiplas violências cometidas contra as mulheres.

Esse é o legado deixado por Dona Jacy que assumir como orientação a minha práxis política para manter sempre vivo. Esse é o melhor conselho, mesmo sendo desgastado pela onda conservadora de viés fascista, que uma mãe consciente deve dar aos seus filhos.Provavelmente, o desgaste sofrido por essa palavra se deu em função do uso excessivamente constante parte de famílias extremamente conservadoras, com a finalidade de enquadrar moralmente ou impedir os filhos de fazerem algo (que aos olhos do conservadorismo é imoral) que para eles é prazeroso.

Essa divergência escrupulosamente geracional a transformou em uma palavra retrograda de sentido antidemocrático. O seu significado hostil compromete a “liberdade” de expressão desses jovens que se sentem acossados pelos conceitos ultrapassados.

Essa dubiedade causa uma imprecisão semântica e isso pode ser o principal motivo para que diversas tribos jovens entrem em constantes conflitos geracionais. Se admitirmos ao menos parte dessa razão, tornar-se-ia razoável considerar também que essa expressão (conselho) vivencia o mais perverso absenteísmo, uma vez que eles a esbraveja como um termo anacrônico. Desse modo, o uso desse vocábulo entre as juventudes se tornou motivo de estranhamento, ou melhor, passou a ser algo atrasadamente sebastianista por causa do sentido inadequado dado semanticamente pelos conservadores. Sobretudo pelas as jovens que militam pela emancipação da mulher.

Por isso que a opinião sensata da mãe sobre algo que (aos olhos da observadora cuidadosamente atenta com a justa aplicação da razão) confere a sua inferência o peso de verdade, torna-se insuportável para as jovens feministas (ou não) que as inutiliza. Desabilita o raciocínio lógico das mães para analisar cada situação em particular da vida dos/das filhas. Embora seja quase sempre verdadeiro ao verificar a posteriori (no médio e longo prazo), nem sempre isso convence essas populações juvenis da mesma maneira como nos parece ser o correto, quanto ao que se deve ser feito.

Senão bastasse essa fissura entre a razão que perpassa um conselho de mãe e o entendimento incompreensível dos filhos, vacinados contra o conservadorismo cultural, temos ainda uma leitura sócio-histórica do lugar de fala da mulher na sociedade que antecede à condição de mãe. Eis aí uma segunda condição perversamente deslegitimadora da narrativa de mãe. Numa sociedade patriarcal, culturalmente machista e misógina, a mulher é terrivelmente coisificada para deprecia-la.

Nessa sociedade burguesa contemporânea, atravessada pelo conservadorismo extremado, a mulher é racionalmente invisibilizada pelo Estado e pelas instituições políticas existentes dentro da ordem civil burguesa. Essa sociedade a desconhece e isso ocorre porquê está “fora da ordem mundial” a presença minimamente possível do seu existir. Sobretudo como uma mulher intelectual, portadora de plenas condições cognitivas para o exercício equilibrado e democrático do poder socioeconômico e político.

Nesse sentido, vivemos tempos difíceis para todas as mulheres brasileiras (do campo e da cidade) por causa dos constantes ataques criminosos os direitos sociais, econômicos e políticos conquistados as duras penas por essa população em situação de vulnerabilidade. Essa liquidação das políticas públicas de proteção e promoção de gênero e mulher afeta a dignidade das mulheres, principalmente para as nossas queridas mamães. Quanto pior forem as condições impostas pelo patriarcado de opressão, exploração e violência às mulheres, mais doente fica a sociedade brasileira.

Por isso, nesse domingo (12) em que tradicionalmente o país comemora festivamente o dia das mães, eu proponho mais essa reflexão crítica sobre as reais condições de vida de nossas mães brasileiras. Óbvio que existem sim àquelas mães que usufruem de um poder aquisitivo infinitamente maior, em relação àquelas pauperizadas que habitam os rincões desse imenso desse país. Mas, nem por isso elas estão livres da opressão machista e da violência misógina do patriarcado.

Por isso, é imprescindível reafirmar a situação crítica de nossas mães empobrecidas, violentadas, sofridas e enclausuradas financeiramente por seus “maridos” machistas. Se forem mães negras, as coisas ficam mais gravemente periclitantes. Essas mães que se tornam circunstancialmente vítimas de relacionamentos emocionalmente instáveis, possessivos e perversamente agressivos. Essas mães vivem o infortúnio de relacionamentos difíceis com homens violentos com perfil passional, vivendo sob o risco de perderem a própria vida.

O momento de retrocesso em que o Brasil vive não pede flores e gestinho dissimuladamente conveniente de abrir a porta do carro como demonstração de “carinho”, mas de consciência crítica e ruptura com esse tipo de “conselho” conservador que as jovens emancipadas tanto repudiam. Precisamos reduzir drasticamente os indicadores de feminicídio no Brasil e isso passa pelo enfrentamento político dessa questão. Isso não se faz perfumando as discussões para o empresário capitalista ficar cada vez mais rico. Isso se faz pautando honestamente a sociedade com a questão da emancipação da MULHER.

Portanto, nesse dia eu reforço o excelente e prodigioso conselho de minha querida mamãe Jacy: “Mulheres, ame plenamente os seus filhos. Faça todos malabarismos necessários que a classe trabalhadora geralmente faz para cria-los com o mínimo de dignidade, mas não esconda deles a trágica realidade socioeconômica e política do país. Eduque-os como ser humano e não como macho predador pedante, arrogante, egoísta e agressivamente violento. Ensine-os a respeitar incondicionalmente a MULHER. Prepare-os para entender definitivamente que a vida, o corpo, a sensualidade e as escolhas de uma mulher não dizem respeito ao homem. Treine-os desde cedo para a lida doméstica, além de arrumar a sua própria cama, ensine-os a cozer, coser, lavar, passar.

Certamente, quando forem adolescentes, adultos e na melhor idade serão humanos melhores e o mundo será infinitamente melhor do que hoje. As estatísticas nos dirão que sim ao constatar na prática cotidiana essas mudanças significativas no comportamento dos homens. Pois, haverá muito mais solidariedade da parte dos homens e isso será verdadeiramente sentido na vivência doméstica.

Seus filhos não vão continuar explorando, abusando, violentando, estuprado e assassinando uma mulher sob nenhum pretexto ou condição de suposta inferioridade. O amor deixará de ser uma criminosa e sofismável “justificativa” para feminicídio, pois florescerá o verdadeiro sentido do amor entre as espécies humanas. Aprenderemos que o amor não tem nenhuma relação contra ou a favor a definição biológica binária de sexo (feminino ou masculino), e, sim sentimento.  O amor é superior à limitada forma corpórea humana, principalmente a tradicional definição social de Homem e Mulher.

Viva a emancipação peremptória da MULHER! Viva a capacidade infinitamente superior da Mulher que deve ter seu direito respeitado de declinar da maternidade, sem desmerecer que a mulher é única maneira de dar vida a outra vida! Viva os conselhos de Mamãe Jacy, que mesmo tendo feito uma linda passagem, jamais deixará de existir em nossas vidas porque o seu verdadeiro sentido de vida permanece presente em minha lembrança e a sua belíssima história de vida me inspira. Mamãe Jacy nós te amos!



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*Herberson Sonkha foi gestor administrativo lotado no Hospital de Base de Vitória da Conquista. Participou como membro do Comitê Gestor da Secretaria Municipal de Educação de Anagé. Presidiu o Conselho Municipal de Educação de Anagé. Coordenou o Programa Municipal Mais Educação e a Promoção da Igualdade Racial do município de Anagé. Foi Vice Bahia da União Brasileira de Estudante (UBES) e Coordenador de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de Vitória da Conquista (UMES). Militante e dirigente nacional de Finanças, Relações Institucionais e Internacional e Formação Política dos Agentes de Pastorais Negros/Negras do Brasil-APN’s. Membro dirigente do Coletivo Ética Socialista (COESO) organização radical de esquerda do Partido dos Trabalhadores.


** Jacy Souza Rocha é natural de Itagi, baixo sul da Bahia, segundo registro no COREM, aposentou-se como técnica de enfermagem exercendo a atividade no Município de Manoel Vitorino. Casou-se com Alicio Alves da Silva em 1968 quando adotou o nome de casada, Jacy Sousa Silva de quem nunca se divorciou. Iniciou sua carreira na área de saúde em 1965 ajudando voluntariamente as freiras que cuidavam das crianças doentes que viviam em regime de internato no Orfanato Lar Santa Catarina de Sena, onde aprendeu a fazer caridade de forma incondicional que lhe acompanhou por toda a sua vida.
Apaixonou-se pela profissão e, a partir de 1969, passou a atuar profissionalmente como Atendente e depois como Auxiliar de Enfermagem no Crescêncio Silveira e Hospital São Vicente de Paula até 1990.  De volta a sua cidade de infância, no início dos anos 90, atuou no Posto de Saúde da rede municipal de Saúde de Manoel Vitorino. Nesse mesmo período, realizou seu antigo sonho de adolescente que era estudar o curso de Técnica de Enfermagem, que o fez com êxito depois de 60 anos de idade.
Portadora de doenças crônicas, passou seus últimos 20 anos convivendo com diabetes, pressão arterial e duas amputações de membros inferiores ocasionadas por problemas vasculares. Descansou em agosto de 2015 por complicações respiratória, seguida por uma parada cardiorrespiratória, causando morte súbita.

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