Translate

Seguidores

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Piatã...

"Piatã, brindou aos seus moradores, ao Som vibrante de Seca Gás, um Naipe de Sopro exuberante, por exemplo. Édson Gomes e família, não deixou por menos, seu Reggae, dançante e de protesto, acompanhado de uma legião de fãs, ignoraram o frio e o reggae veio na veia."

* Por Joilson Bergher

A filosofia de Espinosa (1632-1677) é uma ética da alegria, da felicidade, do contentamento intelectual e da liberdade individual e política. Resolvi, fui buscá-la, a tal da felicidade, afinal, ela, está aqui presente, em pequenas ações, sem ao menos nos apercebermos. A ética de tipo espinosana busca o livre exercício do corpo e da alma. Sua viga mestra é a ideia de que o homem é parte imanente da Natureza que possui a peculiaridade de não ser apenas parte e sim capaz de tomar parte na atividade da própria Natureza. Viajar, sair, comer esse ou aquele alimento, tomar essa ou aquela pinga aguardente, a fruta, tomar o banho que exala da cachoeira, seja em Jequié, palmeirinha, Maracás, Olhos d’agua do Cruzeiro, Ilhéus, Dário Meira, Valentim, Ipiaú, Rio de Contas, Livramento, Brumado, Vitória da Conquista, o Km 19, próximo a Jitaúna, Salvador... Nostalgia? Não. A procura de aventuras? Não. Sair da zona de conforto, talvez. Deparo-me numa banda da Chapada do Ouro, cercanias de Jussiape, Marcionílio Souza, Abaíra, Guaraguataí, para enfim, me encontrar na cidade de Piatã.


Está na história: o povoado de Bom Jesus dos Limões, atual Piatã, que nasceu às margens da Estrada Real, caminho aberto pelo sertanista Pedro Barbosa Leal, em 1725, viabilizando uma importante ligação entre as cidades de Rio de Contas e Jacobina. É tida como a mais alta cidade serrana de todo o Nordeste, aproximadamente, 1180 m de altitude e uma das mais antigas povoação chamada de Chapadão Diamantina. Essa cidade situa-se num platô entre as serras da Tromba – um prolongamento das Serra da Mantiqueira, onde estão as nascentes do Rio de Contas, o que banha a cidade de Jequié, e do Rio Machado – e do Santana, com sua capela do Senhor do Bonfim.

Conversando, dialogando com algumas pessoas, a história viva, tentando entender a construção, melhor, a escolha desse povo, boa parte de pele preta, descendentes de negros amocambados, desde desde fins do século XVI. Povoar esse lugar, hoje de fácil acesso, seja de ônibus, carro de passeio, avião, no passado, nem tanto, afinal, subir serras em lombo de animais, era, certamente um desafio, quase intransponível. Então, essa cidade, tem no marco de século XVI, o seu inicio, e como eu previra, a partir de garimpeiros, oriundos das minas encravadas na Serras da Tromba e do Santana, obviamente atraindo aventureiros à procura de ouro e pedras preciosas, pretos e pretas. É curioso, a administração dessa riqueza, situava-se no município de Minas do Rio de Contas, atual Rio de Contas, lá estava, a cadeia pública, o fórum, padres benzendo a negaiada, a jagunçada... de forma emblemática, segundo moradores, pé firme e fortaleza, um pé duro que solidificou essa cidade de nome Piatã, aqui, margeada por água de tonalidade preta, com destaques de queda d’água da cachoeiras do Patrício, do Cochó, do rio de Contas, da Malhada da Areia, o Encontro das Águas, os Gerais do rio de Contas, a Bica do Machado, as serras do Santana, do Navio, da Tromba e os Três Morros,

O carnaval? Diante de tanta porcanalha produzida nesse país, nessa Bahia, onde comemora-se 30 anos de Axé, onde quem de fato, nem fora convidados a festa de gosto de etiqueta ou ética duvidosa: procurou-se pelos esquecidos Book Jones, Marcionílio, Missinho, Márcia Short, Laurinha, Luy Muritiba, Alobened Airan, Serginho, Zé Paulo, Cid Guerreiro, Márcia Freire, Rey Zulu, Paulo Camaféu, Zé Honório, Ademar e Banda Furta Cor, Carlos Pitta, Norberto e Banda, Carlos Neto, Carlinhos Cor das Águas, Virgilio, Marinês e Banda Reflexu's, Banda Objeto, Janete, Jota Morbeck, Banda Tapajós, Raimundo Sodré, Gerônimo, Laranja Mecânica, Companhia Clic, Banda Pinote, Tânia Luz, Bloco Jacu...´e isso, vê-se então a música de carnaval e o próprio carnaval de Salvador em decadência, simbolizado em Camarotes de personagens duvidosas, não conhecem a Bahia, a história, os personagens. No Recife, esse tipo de camarotes, fora proibidos...Piatã, brindou aos seus moradores, ao Som vibrante de Seca Gás, um Naipe de Sopro exuberante, por exemplo. Édson Gomes e família, não deixou por menos, seu Reggae, dançante e de protesto, acompanhado de uma legião de fãs, ignoraram o frio e o reggae veio na veia.

É Beto Barreto, guitarrista da banda BaianaSystem, uma das principais novidades da música baiana desta década, que resgata a guitarra baiana em novo contexto, ignorando esse verdadeiro show de baboseira e imbecilidade precisando de criatividade. Ridículos. Gostei de Piatã.
_____________
Joilson Bergher é licenciado pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) em História e graduando em Filosofia pela mesma instituição. Professor da Rede Pública Estadual em Brumado e servidor público da SESAB, lotado em Vitória da Conquista no Hospital Afrânio Peixoto, na Coordenação de Finança. Pesquisador do Candomblé e da História da África. Militante pestista de esquerda, atua no COESO, no Movimento Negro e no movimento sindical docente.

Buscar neste blog

Inscreva seu e-mail e receba nossas atualizações:

Arquivo