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terça-feira, 31 de outubro de 2017

O que é o Mundo Zênite?


"Uma empresa com responsabilidade social prima pelo potencial intelectual desses futuros universitários que precisam ingressar em universidades públicas."

*por Herberson Sonkha

Nada mais uníssono do que a máxima que nos diz que uma andorinha só não faz verão. Igualmente dizer que um seleto grupo de professores, por mais excelente que seja sem uma proposta pedagógica coerente e avançada também não faz verão. Aliás, mantem-se no rigoroso inverno intelectual da menoridade, na perspectiva kantiana.


Na condição de professor, compreender isso é fundamental para ser assertivo no processo formativo crítico. Isso só se manifesta na construção diária da práxis estudantil universitária. Obviamente que não existe só esta escola em Vitória da Conquista, mas inquestionavelmente ela vem fazendo a diferença.

Sempre se espera que uma boa escola da rede privada deva oferecer um serviço qualificado que seja apropriado para os seus educandos sem classifica-los como clientes, cuja categoria é determinada pelo poder aquisitivo dos pais. Uma empresa com responsabilidade social prima pelo potencial intelectual desses futuros universitários que precisam ingressar em universidades públicas. Embora não seja nenhum demérito optar por uma faculdade privada.

Existe uma áurea mistificadora que paira sobre as escolas particulares que a embeleza como um centro de excelência em serviços educacionais segundo sua política agressiva de marketing que a projete como eficaz e eficiente. Contudo, precisamos entender o verdadeiro significado do que seja uma educação de qualidade. Isso implica em determinar o que venha a ser um “bom serviço” educacional.

Uma educação de qualidade é aquela que possibilita aos educandos manusear com domínio não só os fundamentos e paradigmas das ciências da natureza, mas sim aprender a validar os pressupostos epistemológicos com as ciências sociais e humanas.

Neste sentido, essa “boa” educação seria oferecer técnicas de aprendizagens avançadas para aumentar a capacidade de memorização de conteúdos para subsidiar na realização de avaliações? É isso também, mas não é só isso. Talvez seja, e o é, mais que uma abordagem conteudista e sim uma perspectiva holística de mundo para poder posicionar-se com autonomia e consciência de seu papel transformador.

No que pese adotar quaisquer que sejam essas técnicas atualíssimas, a exemplo da mnemônica[1], visando aprimoramento com louvor dessa população estudantil, só isso não faz desse serviço educacional uma proposta pedagógica capaz de despertar nessas juventudes o sincero desejo crítico pelo conhecimento. Ao contrário, vicia-se no reforço escolar auxiliado por formulas decorebas como regra geral.

Aqui a proposta do Zênite estabelece uma ruptura epistemológica e segue firme no propósito de consolidar uma nova concepção pedagógica, rompendo a tradicional política pedagógica estéril, conservadora e conteudista adotada por uma rede privada muito árida. Pensar o espaço escolar como um lugar alegre, leve, livre dos preconceitos e estimulante para desenvolvimento intelectual e emocional. Esse Mundo Zênite como espaço criativo sem perder a perspectiva crítica de mundo e de sociedade.

Esse sentimento nevrálgico intelectual que move o Mundo Zênite, apoia-se na necessidade de devolver a seção crítica, seccionada pela força do capital que opera um mercado que transforma a educação em mercadoria definida pelo seu valor de troca, ou seja, um fetiche para acessar o ensino superior, ignorando um conhecimento de mundo mais sólido e emancipacionista.

Buscar compreender e posicionar-se criticamente frente às contradições da sociedade contemporânea e suas perigosas consequências para quem chega à universidade, cada vez mais jovem, é uma escolha ideológica. E isso decorre da necessidade de combater as práticas e pensamentos retrógrados, mantidos por conservantes ideológicos que oxida a consciência crítica.

Nem por isso desconhecemos os limites que definem a natureza dos serviços educacionais que consistem os cursos pré-vestibulares, contudo, não significa que devemos fechar os olhos para os problemas socioeconômicos e políticos que afligem a sociedade. Assim, prossegue-se no sentido de articular os diversos saberes científicos na perspectiva das relações de ensino-aprendizagem, sem perder de vista a contribuição insubstituível para formação de uma consciência crítica.

Existe um espirito burguês corrosivo que invade mentes e corações desde a modernidade e continua na contemporaneidade. Essa ideologia mina a consciência vacilante de grande parte da classe média. Nesta condição encontra-se grande parte da docência que passaram a enxergar a escola apenas como um meio promissor para manter o consumismo desenfreado (sonho americano). Um lugar das técnicas, sem qualquer vínculo com um pensamento crítico das áreas de humanas ou sociais.

A burguesia ao convencer a classe média de que ela pode ficar rica (basta querer?!), mesmo sabendo que isso não vai acontecer, ela deixa essa classe iludida pelo vaidoso sonho de ir a Europa, casa própria, carro novo e o consumo de eletrodomésticos caríssimos. Como diria Florestan Fernandes, o andar de cima está sustentado pelo andar de baixo, isso até o andar de baixo não se rebelar contra o status quo que não é ad infinitum.

O caminho adotado pela classe média para evitar certas crítica ao adesismo à ideologia burguesia é negar peremptoriamente o caráter histórico de lutas de classes que explica essas contradições. Existe diferenças gritantes entre a zona de conforto do mundo burguês sustentado pela desgraça material e intelectual das classes trabalhadoras e populações em situação de vulnerabilidade socioeconômica. A zona de conflito do submundo das classes trabalhadoras mantida pelas relações de exploração de sua força de trabalho (mais valia) e a opressão/coerção sociopolítica, exercida pela dominação ideológica do Estado liberal burguês.

Assim, floresce a ideologia que sustenta o “sonho” de que todos podem ficar ricos e isso só depende da competência e inteligência individual. Essa é uma ética pensada por Max Weber, na qual se atribui valor moral universal a ser seguido como caminho promissor na direção das benesses capitalistas. O ethos do protestantismo operado as consciências alienadas. Siga essa receita e chegará o mais breve possível no paraíso das benesses capitalistas.

Existe uma diferença entre ganhar dinheiro honestamente e ficar rico explorando e oprimindo. Uma distinção entre empreender na crise capitalista e aplicar a força do capital para reprodução. Ter uma empresa como meio de sobrevivência digna, tocando de forma honesta não significa que você seja um porco chauvinista capitalista. É perfeitamente possível tocar uma empresa assentada em outros princípios coletivos que possibilite o crescimento intelectual e material de seu quadro de profissionais.

Essa combinação tem possibilitado alcançar resultados prodigiosos, mesmo sem abrir mão de se ocupar pedagogicamente também com o conteúdo exigido nesses processos avaliativos. Aliás, mantem-se a preocupação com a natureza crítica do conhecimento. Refestelar-se na zona de conforto dos indicadores sem avançar para questões mais profundas que analisa a sociedade e suas contradições, principalmente com o conservadorismo que inviabiliza a educação enquanto processo de libertação do sujeito.

O Mundo Zênite procura oferecer mais que uma possibilidade de passar no vestibular ou obter uma excelente pontuação no ENEM, que lhe permita ingressar num curso de ponta, a exemplo de medicina. Esse espaço de produção do conhecimento investe pesado na infraestrutura, profissionais da educação e atividades educacionais que visam melhorar gradativamente a qualidade dos serviços. Basta verificar por meio de indicadores estatísticos (aprovação) o desempenho desses jovens em processo avaliativos e comparar sua permanecia e atividade política na universidade.

Por isso que o Mundo Zênite tem sido um polo atrativo de formação intelectual crítica de sua massa estudantil. Atividades que integram e interagem os estudantes com os professores com perfis diferentes, construindo diálogos mais horizontalizados.

Aqui a razão e a empiria se articulam exatamente como pensou o idealismo alemão kantiano. Ou uma teoria do conhecimento como formulou Karl Marx a partir do idealismo de Kant e de Hegel. Essa experiência formidável vem oferecendo resultados interessantes e uma gradativa incorporação da razão instrumental oferecida pelas ciências naturais. As ciências da natureza articuladas às ciências sociais e humanas são examinadas e verificadas a validade de seus pressupostos.

As várias expressões artísticas e culturais dialogando com a ontologia[2] de Aristóteles à György Lukács. Sem determinismo ou anacronismo se discute tudo buscando sempre ampliar o domínio categorial que define as várias teorias do conhecimento. Não se defende esta ou aquela religião, nem ridiculariza o teísmo ou ateísmo, simplesmente se respeita a laicidade do Estado. Ser anarquista, comunista, socialista ou capitalista aqui é uma escolha importante, mas não se admite defesas apaixonadas sem fundamento teórico.

A atualíssima e necessária discussão sobre liberdade tem pressupostos filosóficos e não econômico (laissez-faire, laissez-passer) para explicar a liberdade de escolha na sociedade contemporânea. A base da discussão está alicerçada no senso crítico, que desbanca o bom senso, mas apropria-se criticamente do senso comum como evidencia primeira do fato, no qual se busca atingir a essência do fenômeno.

Portanto, ser Mundo Zênite é mais que um simples sentimento de pertencimento de uma escola preparatória para ingressar numa universidade. É a possibilidade efetiva de se descobrir enquanto ser pensante capaz de investigar o mundo. Transformar o mundo! Neste sentido urge perguntar: Qual a química necessária para transformar o mundo? Aquela produzida na parte mais elevada do pensamento existente na abobada social, que figura na culminância elevada do pensamento da sociedade, situada na zona neural que estrutura o conhecimento humano: No Zênite!




[1] Mnemônico é um conjunto de técnicas utilizadas para auxiliar o processo de memorização. Consiste na elaboração de suportes como os esquemas, gráficos, símbolos, palavras ou frases relacionadas com o assunto que se pretende memorizar. Recorrer a esses suportes promove uma rápida associação e permite uma melhor assimilação do conteúdo.

[2] Segundo o aristotelismo, parte da filosofia que tem por objeto o estudo das propriedades mais gerais do ser, apartada da infinidade de determinações que, ao qualificá-lo particularmente, ocultam sua natureza plena e integral.
sábado, 21 de outubro de 2017

SIMMP: uma nova conjuntura ideopolítica impõe formação da consciência crítica da categoria.

"A velha lógica do desmanche clandestino, após furtar o veiculo (Estado) vão matando compulsoriamente o mesmo para alimentar a ganancia insaciável do ferro velho (mercado)."


*por Herberson Sonkha


Há alguns meses era quase impossível a um docente militante crítico exigir compromisso ideológico da direção sindical, pois poderia ser classificado como “tolo” caso quisesse empregar qualquer categoria marxiana (ideologia, luta de classe, formas de dominação burguesa e exploração das forças de trabalho) numa assembleia sindical dos professores da rede municipal de educação para analisar ou definir o papel ideopolítico do sindicato, as lutas contra o capital e suas instituições políticas.

A temática ordinária de massificação na direção do sindicato era a corrupção generalizada do Partido dos Trabalhadores, tomada como explicação (estranhamento) que servia para todos os males do Brasil. O comportamento mais comum era intervir agressivamente em sua conversa (gritando: corrupto! Corrupto!), mesmo que você nunca tenha sido filiado ao partido e, caso fosse, jamais tenha participando de qualquer ato de corrupção. Contudo, isso ainda acontece pelo simples fato de ser do PT.

Qualquer um que ousasse discutir a natureza da corrupção para explicar a falência da moral burguesa capitalista era sumariamente defenestrado. A moral burguesa foi exposta e marca o fim do acordo tácito entre lacaios corruptos da tradicional (executivo, legislativo e judiciário) oligarquia brasileira que se perpetuaram nas instituições públicas do Brasil desde o período Colonial, por meio de corrupção velada. Esse era violentamente interrompido aos gritos ou até agressão física para acabar com a discussão.

Vieram às manifestações de rua validando o furto ao poder politico pela burguesia e seus aliados. Como coroamento do assalto eles empossaram o atual presidente. O sensacionalismo midiático maquinava diuturnamente um ambiente artificial onde tudo parecia resolvido e que as coisas voltariam no curto prazo a sua normalidade. Até aquele momento a raposa escondera suas intenções para com as classes trabalhadoras, as populações vulnerabilizadas, as estatais e as finanças públicas.

O mercado reagindo “bem” e favorável às transações multimilionárias no mercado financeiro; as classes trabalhadoras (intelectual e operacional) passaram a se comportar como se tivesse investimentos na bolsa; prejuízo com o imposto sobre o cheque; dando aulas sobre a necessidade de aumentar a taxa de juro; sentindo ameaçada com taxação sobre fortuna e etc.

Se o entrave era o PT para desregulamentar o mercado interno e reduzir o Estado à condição de mínima, uma meia dúzia de empresários imorais foram lá e ofereceram fatos “robustos” para materializar o processo condenatório e legitimar a saída deste do caminho. Para piorar, os movimentos sociais divididos e a maioria absoluta dos partidos desmoralizados. Oreizinho mandão colocou as mangas de fora e foi ao mercado comprar deputados para atender ao deus mercado. Chegou a hora de corresponder às expectativas de quem lhe deu a cadeira com as reformas.

Esse cenário cinematográfico criado pela animação da indústria cultural consumista estadunidense, com o sonho americano sustentado pelo sangue, suor e lagrimas das classes trabalhadoras latino-americana, chancelou à prefeitura municipal de Vitória da Conquista o candidato do PMDB, participe da trama do assalto ao planalto central e o inicio do desmanche clandestino do Estado. Até aqui, janeiro de 2017, o município era governado pela PT, os servidores da educação contava com um sindicato das campanhas salariais e algumas lutas pontuais. Ideologia? Como diria Cazuza, “eu quero uma pra viver”.

Na história recente dos servidores públicos municipal da educação de Vitória da Conquista, consta de maneira inegável que o sindicato dos servidores públicos municipais da educação cumpriu um papel ideológico liberal com algumas divergências internas apresentadas por forças minoritárias anticapitalistas. O que não significa que os aspectos mais gerais da luta sindical relacionados às questões salariais, mesmo sem grandes êxitos no processo de negociação, a entidade sindical não tenha mantido um desempenho destacado.

Nessa conjuntura complexa, mas perfeitamente compreensível, far-se-á necessário ressaltar que esse “desempenho destacado” não implica necessariamente numa concepção sindical emancipacionista, portanto, favorável às classes dominantes conquistense por ser predominantemente conservadora de cunho neoliberal. 

As ações do sindicato ensejavam mais a fragilização que propiciasse a queda ou desmoralização do governo municipal frente aos eleitores, do que as lutas historicamente defendidas pela categoria. Ou seja, sindicato como palanque eleitoral permanente contra o governo, todavia favorável ao Estado mínimo, desregulamentação das leis de proteção das classes trabalhadoras, fragilização dos movimentos sociais e a economia de livre mercado de interesse capitalista.

Conjunturalmente, as questões relacionadas aos desdobramentos da vitória da frente popular de centro-esquerda liderada pelo PT em 1996, a exemplo do desafio de montar a máquina de governo com militantes, impuseram aos partidos a necessidade de pinçar lideranças para compor a institucionalidade. A máquina precisava de gente para funcionar, mesmo com todas as contradições apresentada ao longo desse processo, mais do que legitimo que fosse incorporado à militância. A questão passou a ser quem daria continuidade a militância nos movimentos sociais.

Se esta realidade se evidencia em sua aparência como um paradigma no primeiro momento, no percurso dos 20 anos de governo ela vai desvelar a sua verdadeira natureza que é do fenômeno de cooptação para esvaziar os movimentos e suas agendas/bandeiras, consequentemente, acabou contribuindo para dissolver o poder politico dessas organizações sociais por dentro, evitando quaisquer resistências ao governo.

Não compreender esse paradoxo, tomando-o apenas como necessidade de cumprir as exigências de quadros técnicos, inexoravelmente levou os partidos a cometer o equivoco de realocar inúmeras lideranças partidárias ideologicamente de esquerda, tangenciando outras forças mais radicias ligadas as bases do sindicato, ao degredo ou as hostes institucionais.

Esse equívoco abriu um corredor imenso por onde passaram as forças liberais que tomaram eleitoralmente estas instituições. Principalmente a direção do PT que não se preocupou com a formação de lideranças para permanecerem nos movimentos sociais.

Isso manteria o PT presente neste espaço e fazendo o enfrentamento para tensionar os limites do Estado liberal burguês para que o governo avançasse com seu programa de promoção e proteção socioeconômico e politico; fortalecendo ao mesmo tempo o Estado para regular e frear a sanha destrutiva do livre mercado capitalista neoliberal e, obviamente, minimizar possíveis equívocos do governo.

Contrario a tudo isso, formou-se um campo hegemônico que aniquilou os espaços internos democráticos, os debates plurais e as construções coletivas capaz de retroalimentar o governo na condução do poder politico em favor das classes dominadas pela sociedade capitalista. O partido inchou com filiações de recém-nomeados a cargos no governo (algumas acertadas ideologicamente e outras inúmeras por conveniência), causando estranhamento no partido, e, ao mais remoto aceno conjuntural de derrota eleitoral deixaram o partido.

Porquanto isso tenha impelido o sindicato ao combate pontual, sobretudo a luta salarial, o combate a doenças que acometem a saúde da classe trabalhadora prejudicada pelo sucateamento e sobrecarga de trabalho. Excetuando-se do papel ideológico, obviamente à esquerda, a direção primou por caminhos estranhos aos interesses da categoria. Pois, negligenciou orientar o sindicato, enquanto instrumento de articulação, organização, mobilização e luta pela emancipação das classes trabalhadoras do jugo da exploração do capital e da ideologia de alienação social, econômica e política da classe dominante numa sociedade capitalista.

Esse movimento de repulsão, forçosamente causou a dispersão e por consequência levou a um esvaziamento de bandeiras emancipacionistas, voltando-se apenas para as pautas locais indispensáveis à qualidade de vida socioeconômica e política da categoria. Neste sentido, o sindicato vinculou-se a uma luta local contra municipalidade petista, desvinculando-se do movimento nacional e internacional do sindicalismo tradicionalmente de esquerda, favorecendo a lógica política dos pelegos.

ALTERAÇÃO NA CONJUNTURA NACIONAL INSIDE SOBRE A CONJUNTURA MUNICIPAL

A coalizão formada por partidos de direita e extrema-direita que garantiu ao PMDB à prefeitura municipal de Vitória da Conquista é alterada pela dinâmica capitalista nacional/internacional que organizou o assalto ao poder para rever o controle do Estado. Esse assalto é uma exigência do capitalismo que conspira contra as travas protetivas legais de mercado. Uma vez que, a livre reprodução e a circulação do capital (internacional) no país, passam essencialmente pela apropriação privada da riqueza das estatais e do orçamento que financia o dispêndio do Estado e social.

Essa altercação de forças na conjuntura nacional movimenta também o assento dessas forças na direção do movimento sindical no município. Isso marca uma recomposição de campos que passam a dirigir o sindicato. Pois o mesmo fenômeno de assunção (cooptação?!) ocorrido com as lideranças sindicais do PT, vai acontecer novamente deixando a direção sindical na mão de uma nova configuração ideopolítica do sindicato.

Isso inevitavelmente impõe discutir o papel ideopolítico do sindicato como instrumento ideológico de mobilização, organização e combate do capitalismo e suas lideranças burguesas que assolapam o verdadeiro papel sindical. A pauta da reforma passa a ser profundamente questionada e abandonada como possibilidade de correção dos “desvios” do capital, expondo essa temática como contradição estrutural do capitalismo.

No bojo dessas movimentações na conjuntura, a “novidade” é ausência de Programa de Governo Municipal, que ganha relevância na discussão como rebatimento na educação porque não se tem também um projeto para a educação municipal. Essa lacuna, que expõe o amadorismo e o caráter duvidoso desse governo, confirma a centralidade do debate sobre a ausência de concepção politico administrativo que deveria orientar a gestão e o financiamento da educação pública municipal.

Os benefícios do assalto ao poder para a burguesia são incalculáveis no curto prazo, contudo já se sente os malefícios causados as populações usuárias dos serviços públicos. Mesmo sendo do PMDB, esse governo está a deriva pela deficiência programática (nem mesmo o gerencialismo funcionaria sem um plano de governo) não torna imune o governo municipal dos malefícios orçamentários e trabalhistas causados pelo assalto ao poder perpetrado pelos seus próprios aliados partidários (PSDB e DEM).

A empresa contratada para fazer um plano de governo, fará um plano gerencialistas de gaveta picotado pelos cortes e reduções orçamentarias no financiamento destas políticas pelos seus aliados no Planalto Central. Esse quadro que já é crítico tende a piorar com a reforma trabalhista que promoveu modificações na CLT e no estatuto dos servidores públicos, na qual trará impactos negativos ao fluxo circular da renda das famílias de classe media e aos pobres, aumentando a pobreza e acentuando a extrema pobreza na cidade.

 Inevitavelmente, seus efeitos deletérios intensificará o sucateamento da rede pública de educação e a precarização das relações de trabalho na atual administração municipal (PMDB). Talvez, não tenha sido uma coisa boa ganhar as eleições em Vitória da Conquista numa conjuntura contrária aos interesses das populações, isso será sentido a partir de janeiro de 2018 quando passa a vigorar o congelamento dos dispêndios públicos por 20 anos.

Principalmente, a revelia do compromisso com os preceitos jurídicos administrativos da municipalidade e do respeito ao eleitor honesto que se permitiu confiar que existia um GPS no qual o capitão da nau se guiaria eticamente na selva de pedra da carcomida corrupção nas relações de poder, exacerbadas pela imoralidade da propina que move a sociedade capitalista.

A urgência desta análise deve ocupar o centro das atenções dos militantes sindicais, enquanto profissionais da educação, principalmente da docência. Na “urgência de governar”, o executivo municipal usará indiscriminadamente suplementação de verbas. E já o faz com a incapacidade que lhe é peculiar.

Encaminhando ao legislativo várias propostas de alterações fundamentais (sem conhecimento de causa) nas leis do Regime Jurídico Único (RJU) e no Plano de Carreira e Vencimentos (PCV) que serão votadas, à toque de caixa, com defesa jactanciosa pela bancada governista, cuja justificativa assentará no pragmatismo despolitizado da urgência-urgentíssima das matérias para que a municipalidade possa governar.

Esse governo municipal de sustentação das reformas do governo federal, está perecendo ao segurar na alça do caixão da TEMERidade. O desmanche do Estado passa pelo esquartejamento do corpo, sendo a educação um órgão valiosíssimo de grande interesse do capital. Uma vez que seu financiamento compreende os investimentos (capital e custeio) com o ensino que vai da educação infantil à pós-graduação, mais a pesquisa e a extensão.

Esse governo, não poderia ser outra coisa senão o desmanche clandestino de veiculo, para alimentar a orexia desregrada do trafico de órgãos estatais, estratégicos ao desenvolvimento socioeconômico da população brasileira, entregue a sanha do livre mercado. Essa logica afeta indistintamente a todas as pessoas (servidor, usuário e fornecedor), particularmente a municipalidade porque diminui a capacidade de investimento de curto e médio prazo do ente municipal. Não há como se esconder do prejuízo causado por esse receituário ultraliberal que se apossou da mente comezinha que orienta a retaguarda parlamentar dos governistas.

A velha lógica do desmanche clandestino, após furtar o veiculo (Estado) vão matando compulsoriamente o mesmo para alimentar a ganancia insaciável do ferro velho (mercado). Para que isso acontecesse alguém teria que furtar o poder político, já que só é possível atender ao mercado com a adequação do Estado às regras da “mão invisível”, impedida pela política de proteção do bem-estar social. Assim, uma maioria de vendilhões alimentados por “verbas” parlamentares, adotou a cartilha da filosofia ultraliberal da ortodoxia econômica, para garantir o pleno desenvolvimento do capital.

As referidas alterações promovidas pelo PMDB/PSDB/DEM na educação aponta para um aprofundamento do processo de alienação. Neste sentido, mantem-se incompreensivas (justificadas pela ideologia da anacronia criada para hostilizar as teorias contrarias ao capitalismo) as formas sociais e as estruturas para manter a dominação da sociedade capitalista. Estas por sua vez são irreconciliáveis pela natureza contraria aos interesses das classes trabalhadoras.

Nesta perspectiva, impõe-se compreender o papel dos profissionais da educação (professor e pedagogo) frente a este quadro de destruição das forças do trabalho alarmante. Movimentar-se rapidamente para abrir os olhos das classes dominadas acerca das relações sociais e das estruturas de poder engendradas pela sociedade capitalista. Para que isso ocorra faz-se necessário compreender as contradições nas estruturas de poder e nas formas sociais de dominação que mantem estas classes imobilizadas.

Espera-se que os profissionais da educação, principalmente o professor tenha um compromisso com a consciência crítica emancipadora. Essas categorias são responsáveis pelos diversos processos educacionais formativos, cujo objeto de ensino-aprendizagem é o próprio conhecimento validado pelas ciências.

O professor é o agente portador do saber cientifico e como tal deve coloca-lo em prática para dialogar com a sociedade, tendo em vista a possibilidade real da libertação dessas classes dominadas. Eximir-se desta tarefa precípua implica em assumir um lado da luta que é o da manutenção da forma de poder político opressor da classe dominante.

Um aspecto discutível pela sua importância é a condição intelectual e militante do professor no processo formativo dos seus educandos e no dialogo com as pessoas sobre as relações sociais de poder e a natureza opressora das estruturas socioeconômicas dominantes. A sua ação política, dentro e fora de sala de aula, deve ser perpassada por uma teoria do conhecimento capaz de mostrar por meio da crítica as contradições da sociedade capitalista.

Essa epistemologia deve levar em consideração o binômio capital versus trabalho, consequentemente a natureza antagônica estabelecida entre a classe dominante e as classes dominadas. Assim, a educação deve ser concebida como ação política sustentada por uma função técnica. No entanto, de maneira geral o que vem ocorrendo é a supremacia cultural da técnica, em favor dos interesses da classe dominante.

Os trabalhadores da educação, enquanto classe social, tradicionalmente se organiza em sua instituição política reconhecida pela categoria como sindicato. Neste aspecto, o papel do movimento sindical de professores e demais trabalhadores da educação é discutir com a categoria e com a sociedade estratégias de enfrentamento ao capital, a defesa dos interesses das classes trabalhadoras e a luta pela libertação das mentes encarceradas pelo poder da classe dominante.

Reaprender o ABC da militância de esquerda, a única capaz de enfrentar o furto e o desmanche do Estado. Mobilizar as classes trabalhadoras pera impedir os leilões privatistas em curso para formalizar o repasse a preço de banana das empresas brasileiras ao capital estrangeiro, esvaziando as estratégias para o desenvolvimento socioeconômico do Brasil como se a inciativa privada o fizesse a melhor opção (eficaz e eficiente) para o país.

A luta agora é contra o capital e sua ideologia ultraliberal de desmanche do Estado. Contra o avanço do capital para subsumir as instituições políticas das classes trabalhadoras e a desregulamentação da proteção social, para facilitar o movimento do capital na sua escalada pela mais valia, escorchante taxa de juros e maximização da taxa de retorno do lucro a custa da escravização das classes trabalhadoras.

O Estado, as forças sociais e as classes trabalhadoras são considerados como acessórios contrários aos interesses do capital, que precisa ser eliminadas urgentemente ao cumprir seu ciclo na reprodução do capital (concentração e centralização). Em âmbito municipal tudo que for empecilho será destruído, eliminado do caminho desse governo do PMDB para que o governo tenha êxito. Seu principal adversário é o próprio governo federal com a sua agenda reformista de desmanche e desregulamentação da proteção social.

Foi nesse PMDB que ele disse depositar a sua esperança de governar com grandes realizações. Além de limitado, esse governo não entende nada da realidade socioeconômica mundial que está afetando o Brasil, muito menos que isso possa afetar diretamente a sua gestão e o retrocesso na vida dos conquistenses.

Um governo fadado à morte súbita por falência múltipla de órgãos, por falta de financiamento público. A financeirização da economia mundial, impelido pelo discurso ideológico do déficit fiscal que “obriga” reduzir investir e o tamanho do Estado. Essa ideologia aplica criminalização de que não permite a sujeição das forças de trabalho a exploração do capital. Pratica a racionalização do vilipendio do livre mercado capitalista.


Neste contexto o ressurgimento do movimento sindical de quadros e de massa marcará uma nova conjuntura de enfrentamento e superação de praticas conservadoras liberais dentro do movimento sindical de professores em Vitória da Conquista. Mobilizar, organizar, fortalecer e formar a consciência crítica da categoria poderá construir uma massa crítica capaz de reverter em favor da categoria as desastrosas ações desse desgoverno medíocre. 

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