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quinta-feira, 23 de novembro de 2017

A Jornada de Lutas camponesas do MPA, SINTRAF e o COESO de Anagé.



"As pautas da Jornada de Lutas refletem o sentimento de insatisfação das populações camponesas de Anagé"
*por Herberson Sonkha


O SINTRAF, o MPA, o COESO e as demais associações camponesas ocuparam nesta terça-feira (14/Nov) a tribuna da Câmara Municipal de Anagé para apresentar um calendário de lutas com a finalidade de mobilizar politicamente o campo para ocupar as ruas e as praças da cidade para protestar contra as mazelas do atual governo municipal de Anagé que vem prejudicando a vida no campo.

As pautas da Jornada de Lutas refletem o sentimento de insatisfação das populações camponesas de Anagé que se organizaram nessas instituições (sindical e associações) camponesas para enfrentar o descaso, perseguições políticas e indícios de possíveis irregularidades na administração da atual gestão municipal.

A atividade realizada em Anagé faz parte das inúmeras ações em âmbito nacional envolvendo o MPA/SINTRAF de ocupação de executivo e legislativo contra o golpe institucional perpetrado pelas elites brasileiras visando defender os interesses socioeconômicos e políticos do capital internacional no Brasil.

A mesma burguesia internacional imperialista que domina culturalmente o comportamento colonizado das elites brasileiras desde o golpe civil-militar de março de 1964, continua organizada dentro do congresso nacional a partir de bancadas ruralista, militar e evangélica que articularam o golpe institucional no país.

Essa mesma ideologia neoliberal conservadora que vem acabando com direitos sociais e econômicos (no campo e na cidade) e políticos das populações brasileiras, está presente em Anagé. Recentemente foi eleita e já enfrenta desgastes em função da pior crise política institucional na história do município. A crise é a principal razão pela qual as pessoas compareceram à sessão da Câmara Municipal de Vereadores de Anagé para manifestar sua indignação em relação ao descaso político da gestora municipal.

Não obstante saber que a prefeita recém-eleita relegou à cidade ao mais absoluto abandono das instituições públicas municipais, a população vivencia também a ausência da agente política eleita para conduzir decentemente o poder público municipal, pelo menos deveria ser, pois se notícia nos quatro cantos do município que a gestora está domiciliando em Vitória da Conquista.

Diz-se que a cidade e os munícipes estão órfãos, pois a municipalidade está entregue ao arquétipo imoral de primeiro-ministro Tony Blair, segundo a denúncia da oposição é o principal nome da lista de evolução patrimonial não comprovada, caso seja materialmente comprovada as denúncias de ilicitudes poderão ser tipificadas como improbidade administrativa.

Engana-se que acha que a cidade está desatenta a este abandono pusilânime. Pois, enquanto o descaso campeia o município, as classes trabalhadoras começam a agir por conta própria (Corretamente!) e derramou o lixo na porta da prefeitura como forma de protesto de um trabalhador inconformado com a falta de recebimento de seu salário, honestamente trabalhado.

No que pese saber que esse episódio se transformou na principal polêmica (e apoio ao trabalhador que teve essa iniciativa) do momento nas redes sociais, a situação é muito mais grave do que se imagina: descaso generalizado da gestão municipal com a população. Em decorrência disso, outros problemas se agravam de tal maneira que aumenta a aflição dos munícipes, prejudicados em seus direitos mais elementares.

Contudo, a agenda de lutas dessas instituições camponesas politiza as pautas da jornada de lutas porque amplia a discussão com as questões conjunturais da macroeconomia nacional. Anagé precisa se opor as reformas desse governo golpista que afeta a população anageense, buscando fortalecer o campo contra os efeitos destrutivos do agronegócio e as dificuldades do camponês.

A luta camponesa do MPA/SINTRAF que avança em todo o país, visa combater o grande Capital internacional, principal responsável pela fome (A combinação de preços altos, conflitos e condições climáticas extremas aumentaram o número de pessoas afetadas pela fome no mundo para 108 milhões em 2016, segundo um relatório elaborado pela ONU e pela União Europeia) no mundo.

Precisamos enfrentar as múltiplas violências, desemprego, a pobreza, fenômenos migratórios, a destruição do planeta por meio da sistemática ação predatória do maior banco genético de espécies (animais, vegetais e mineiras nativas) existentes no planeta, sobretudo pelos seus efeitos bioquímicos tão destrutíveis ao ambiente global.

Apesar de a agricultura familiar responder por mais de 70% da alimentação consumido em todo país, considerando que esta produção atende a qualidade recomendada pela OMS colocada na mesa do povo brasileiro, contudo é o agrobusiness que recebe a maior fatia do recurso público. Segundo sitio oficial, “governo federal já ofertou R$ 905,1 bilhões em crédito agrícola em 2016”, enquanto que o pequeno agricultor, principal agente na cadeia produtiva do país recebeu apenas 28,9 bilhões de investimento em 2016.

Os capitalistas continuam sendo financiados pela atual política econômica neoliberal do atual (des)governo golpista. Cuja justificativa recai nos números apresentados pela balança financeira superavitária. Portanto, é feita com a apresentação de indicadores contábeis repletos de valores que correspondem as transações internacionais, já que não existe nenhuma taxação pelas transações realizadas pelo agronegócio internacional.

A questão central é o papel desse (des)governo que aparelha o Estado para se apropriar de recursos públicos egresso de impostos para estimular o desenvolvimento econômico capitalista. Sem contar que no Brasil, rico sonega imposto, ficando nas costas das classes trabalhadoras e populações em geral.

A riqueza gerada pela reprodução do capital fica centralizada nas mãos dos empresários capitalistas que passaram a controlar a política nacional via golpe. Segundo BBC Brasil, “A riqueza acumulada pelo 1% mais abastado da população mundial agora equivale, pela primeira vez, à riqueza dos 99% restantes”. Isso só é possível porque a burguesia coloca o Estado como gerente de seus interesses.

Assim, a burguesia coloca o Estado a serviço dos interesses socioeconômicos do capitalismo, no qual garante os interesses privados realizados pela indústria e o comércio que ocorrem por dentro do governo. O ciclo de produção de insumos para manter a produção rural, compreende a produção de agrotóxicos e equipamentos que promovem a mecanização agrícola aumentando o desemprego no campo.

Portanto, as elites visam por meio do governo o controle socioeconômico e político da sociedade civil e institucionais do Brasil, através da condução política do Estado por duas razões: Financiamento e controle político para garantir livremente o fluxo segundo interesses do liberalismo econômico da produção, circulação e consumo. Tudo isso, compreende estruturas de mercados para movimentar livremente a compra, o transporte, o beneficiamento e a venda de produtos agropecuários até o consumidor final. Deste modo, o frigorifico, as indústrias têxteis e a calçadista, empacotadores, supermercados, distribuidores de alimentos fazem parte da lógica do agronegócio.

A disputa camponesa passa por outro modelo de sociabilidade, por isso sua luta política de classe consiste em combater sistematicamente todas as formas de saque aos cofres públicos por meio de corrupção, de isenção fiscal ou transferências bilionárias de recursos aos capitalistas, principalmente aos empresários capitalistas do agro-veneno.

As elites ao golpearem o comando político do Estado, assumiram cinicamente o papel de facilitadores do financiamento para atender exclusivamente aos negócios do capitalismo predatório que impõe a matrix produtiva do agronegócio que devasta os mananciais ambientais, extermina a nossa biota e envenena lençóis freáticos e aquíferos, perversamente mantido pelo atual governo golpista.

Os pequenos agricultores de Anagé têm consciência e formulação política suficiente para encetar a luta contra essa política nefasta, na qual faz parte a agenda nacional apresentada pela Jornada Nacional de Lutas do Movimento dos Pequenos Agricultores. Como não existe a união e o Estado, é no município que as coisas acontecem.

Por isso, a luta campesina do município de Anagé cumpre o papel de enfrentar as mazelas e o descaso da atual gestora municipal que vem sucateando a anterior política de proteção e promoção das populações camponesas, principal responsável pela produção agroecológica da agricultura familiar, existente na Secretaria Municipal de Agricultura e Expansão Econômica.

Além de negligenciar politicas estruturantes e indispensáveis ao desenvolvimento socioeconômico do município, prejudicial à qualidade das vias públicas (malhas vicinais) de acesso e circulação da produção dos pequenos agricultores. Não realiza a limpeza e manutenção de aguadas para contenção de água para produção e consumo numa região semiárida, castigada pelas longas secas. Esta é uma das pautas apresentadas pelo Movimento dos Pequenos Agricultores e o Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (SINTRAF).

Estes sinuosos movimentos contra os munícipes anageenses parece não ter limites, pois fecham escolas irresponsavelmente num momento em que o município precisa ampliar a oferta de vagas previsto na lei do Plano Municipal de Educação, sem aumentar a sobrecarrega do atual quadro docente. A postura em curso reflete a atual conjuntura política de desrespeito à legislação em vigor que trata da qualidade da educação básica e fundamental de responsabilidade da gestão municipal.

Por último, acresce a lista indomável de descasos contra o patrimônio público, a ausência de isonomia na prestação dos serviços públicos e ataques a honra e a dignidade humana dos munícipes de Anagé. Surge um ad cautelam contra argumentado pela situação como sub-reptício, arrolado na peça jurídica como suspeita, pedido de investigação segundo ad nutum dos vereadores de oposição. A tese jurídica se constitui de elementos robustos que oferece informações que supõe existir animus furandi, menoscabando a possibilidade de ter existido bona fide no exercício da atividade pública, uma vez que se argui com farta e caudalosa materialidade documental.



Percebeu-se na plenária um ar de consensus omniummanifestado pela maioria dos presentes na sessão legislativa, em função da disposição dos edis em acatar e investigar o pedido dentro dos rigores da lei. Não sou legalista e nem acredito em expedientes golpistas efetivados por brechas na lei que viabilizar caminhos “legais”, via pedido de investigação como estratégia de debacle de uma gestão eleita dentro da normalidade da lei, cabendo ao auctori incumbit onus probandi.


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*Herberson Sonkha é professor de Filosofia e Sociologia no Zênite Vestibular e Cursos. Estudante de Ciências Econômicas na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Foi gestor administrativo lotado no Hospital de Base de Vitória da Conquista. Foi do Comitê Gestor da Secretaria Municipal de Educação de Anagé. Presidiu o Conselho Municipal de Educação de Anagé. Coordenou o Programa Municipal Mais Educação e a Promoção da Igualdade Racial do município de Anagé. Foi Vice-Bahia da União Brasileira de Estudante (UBES) e Coordenador de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de Vitória da Conquista (UMES). Militante e ex-dirigente nacional de Finanças e Relações Institucionais e Internacional dos Agentes de Pastorais Negros/Negras do Brasil. Membro dirigente do Coletivo Ética Socialista (COESO) organização radical de esquerda do Partido dos Trabalhadores.
terça-feira, 21 de novembro de 2017

O Pensamento de Sérgio Buarque de Holanda e a sua Interpretação da Revolução

"[...] a elite brasileira é empecilho para o desenvolvimento do país, uma vez que apresenta uma cultura personalista, egocêntrica e privatista que teria dificultado e fortalece o caráter contratualista da sociedade brasileira"




Sérgio e Chico Buarque de Holanda
Na tentativa de compreender a realidade brasileira, o pensador brasileiro Sérgio Buarque de Holanda busca delinear numa perspectiva weberiana o tipo ideal do homem brasileiro. Nesse sentido, recorre ao estudo da sociedade brasileira, a partir do qual compreende que o atraso histórico de desenvolvimento do Brasil tem relação com a forma de o brasileiro lidar com a coisa pública, forma esta relacionada ao chamado “jeitinho brasileiro”, que para Buarque recebe o nome de cordialidade.

O autor aponta que sob ação de forças transformadoras somente com a superação da cordialidade e o desenvolvimento da impessoalidade, será possível constituir, num processo lento e gradual, um Estado Moderno forte, capaz de garantir o desenvolvimento do país.

Holanda (1995) aponta em seu livro “Raízes do Brasil” uma caracterização de como o brasileiro lida com as suas relações pessoais e institucionais. Para ele a cordialidade do brasileiro é revestida de uma postura de pessoalidade expressa num comportamento pouco ético e em que se verifica a dificuldade de se cumprir normas sociais estabelecidas. Sob um comportamento característico de generosidade, de hospitalidade esconde-se um caráter que se aproveita da proximidade para se estabelecer o domínio do privado sob público. Seria então esse comportamento típico do povo brasileiro de lidar com a coisa pública que contribuía para o atraso do país.


A contribuição brasileira para a civilização será de cordialidade- daremos ao mundo o “homem cordial’. A lhaneza no trato, a hospitalidade, a generosidade, virtudes tão gabadas por estrangeiros que nos visitam, representam, com efeito, um traço definido do caráter brasileiro (...)” (HOLANDA, 1995, pág. 146); 

O autor faz a defesa de um projeto republicano que preza pela manutenção da coisa pública e apresenta então a concepção de revolução como a superação lenta e gradual da cordialidade, que conduziria à lenta modernização do país. Essa modernização se dará, segundo o autor, pelo avanço de forças que superem a cordialidade típica brasileira e desenvolvam a impessoalidade nas relações no estado. Essas forças são a imigração e o fim da escravidão que resultam no trabalho livre e no desenvolvimento da vida urbana.

Esse projeto requer também um tipo ideal de estado Moderno a ser desenvolvido em que se verificam o domínio sobre o território, o monopólio da violência, uma burocracia que lide com a administração do mesmo e uma moeda própria. Em conjunto com esses elementos, o autor valoriza a superação da cordialidade e o desenvolvimento de uma impessoalidade que conflua para o cumprimento de normas sociais a saber por exemplo de uma Constituição Federal.

Fazendo uma análise das relações entre indivíduos, família e Estado, Holanda (1995) afirma que “o Estado não é uma ampliação do círculo familiar e, ainda menos, uma integração de certos agrupamentos, de certas vontades particularistas, de que a família é o melhor exemplo. ” Para ele o estado precisa ser livre da pessoalidade de modo a garantir o fortalecimento da modernização do país através de um projeto republicano.

A elite brasileira, expressão da cordialidade, de acordo com o autor seria implacável em suas posições um obstáculo para a modernização do país. A cordialidade brasileira estaria expressa na postura, por exemplo, do funcionalismo público, uma vez que este se aproveita das ferramentas e funções do Estado para benefício próprio como apresenta no trecho abaixo ao autor.

“Para o funcionário ‘patrimonial’, a própria gestão política apresenta-se como assunto de seu interesse particular; as funções, os empregos e os benefícios que deles aufere, relacionam-se a direitos pessoais do funcionário e não a interesses objetivos, como sucede o verdadeiro Estado Burocrático, em que prevalecem a especialização de funções e o esforço para se assegurarem garantias jurídicas aos cidadãos” (Holanda , 1995, pág. 145-146).

Embora não apresente uma análise marxista da realidade brasileira, Sérgio Buarque de Holanda traz a contribuição para a compreensão da formação cultural do povo brasileiro, observando que a elite brasileira é empecilho para o desenvolvimento do país, uma vez que apresenta uma cultura personalista, egocêntrica e privatista que teria dificultado e fortalece o caráter contratualista da sociedade brasileira. 


Referência
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo: Cia das Letras. 1995, 26 edição. Capítulo 05- O Homem cordial. Pág. 141- 151. 



*Pós-graduandas em Economia e Desenvolvimento Agrário pela Escola Nacional Florestan Fernandes e pela Universidade Federal do Espírito Santo-ES. Texto redigido para a disciplina Pensamento Econômico Brasileiro, ministrada por Rogério Falleiros e Vinícius ( deptº de Economia da UFES-ES).
domingo, 19 de novembro de 2017

O COESO: aposta no fim do injusto degredo do professor Iranildo Freire



"O interstício forçado na trajetória política bem estruturada de Freire exige dos verdadeiros responsáveis um pedido de desculpa à população."

*por Herberson Sonkha

Inevitavelmente estará de volta à liderança no ranque da playlist de notáveis lideranças na política institucional anageense, excepcionalmente no momento em que as principais lideranças saem de cena por excessos e/ou imoralidades, sua presença robusta incomoda às oligarquias municipais, principalmente aos seus desafetos internos e criar expectativas para a ala à esquerda.


Inegavelmente a população ficou apreensiva esperando mais do professor Iranildo desde que declinou de livre espontânea vontade de concorrer à reeleição para mais um mandato legislativo, explicando que deve existir alternância para evitar mandatos vitalícios. Razão pela qual se faz qualquer coisa, inclusive imoralidades, para reeleger mandatos muitas vezes sem qualquer consequência positiva para a população que o elegeu, apenas carreirismo.

O COESO sempre buscou orientar-se pelas grandes contribuições intelectuais do professor Iranildo Freire. Inspira-se em sua práxis política confirmada pela sua vasta experiência na defesa e construção incessantemente de condições objetivas que possibilitem mudanças estruturais na sociedade. Mesmo sendo forçado a um degredo inesperado, o professor Iranildo não deixou de contribuir nos bastidores da política municipal, mesmo vivendo os dissabores da injustiçada condição de berlinda da política municipal.

As páginas do capítulo de exceção não foram escritas por ele, por isso não cabe nota de rodapé explicativa e sim um termo de ajuste de conduta pelas práticas ardilosas cometidas pelos seus detratores. Não cabe um indulto porque ele não cometeu crime algum. O interstício forçado na trajetória política bem estruturada de Freire exige dos verdadeiros responsáveis um pedido de desculpa à população. Afinal, a cidade ainda desconhece os verdadeiros motivos dessa “morte-súbita”, um silêncio escarpado envolvendo uma das mentes mais brilhantes e prodigiosas do cenário político de Anagé.

Não se pode admitir que a mais respeitada e conceituada liderança política da cidade seja defenestrada, principalmente quando a cidade vive a sua pior crise política institucional. É preciso tomar providências quanto a isso, mesmo reconhecendo tardiamente a importância de classificar os erros e a conduta contra o professor Iranildo Freire como crimes políticos injustificáveis por atentarem contra a honra e a dignidade da pessoa humana.

Ao fazer uma entrevista com um dos mais notáveis pensadores crítico de Anagé, obtive o feedback esperado ao confirmar o interesse dos leitores pela entrevista, principalmente porque faz muito tempo que a população de Anagé não apreciava a rica análise do professor. Além do mais, havia uma expectativa de que em algum momento houvesse explicações plausível para o ocorrido com o professor que transformou a vida do pacato parlamento com seus ardentes debates visando defender os interesses da população e buscando sempre melhorar a vida da cidade.

O grande militante sindical Iranildo Freire compõe o topo da playlist dos grandes nomes de fundação do PT de Anagé. Testado pela institucionalidade, mais maduro, situado politicamente à esquerda e cônscio de seu papel na política, o professor dispara a verve política insurrecta para afirmar princípios norteadores da luta política revolucionária que não são tão comuns nos fluidos dias do século XXI. O degradado voltou para o cenário político das grandes lutas sociais e políticas anageense.

Afinado com a ética aristotélica, o professor Freire infirma o individualismo exacerbado, contrário à liberdade lastrada pela igualdade pensada pela revolução francesa. Dispara contra o banditismo hedonista neoliberal que hostiliza o povo brasileiro. Faz duras críticas a pauperização das classes trabalhadoras subjugada pela burguesia, apresentando um portfólio analítico contra o dueto crescimento e desenvolvimento socioeconômico capitalista.

Estreia uma afinadíssima maiêutica e destrói as bases antropológicas da liquidez contemporânea. Posiciona-se contra a alógica liberal do Estado mínimo e o fim das políticas públicas para as classes trabalhadoras e as populações em situação de vulnerabilidade socioeconômica e política. Reafirma a intervenção reguladora do Estado na economia e uma macroeconomia voltada para o desenvolvimento social. Propõe aprofundar a discussão sobre a naturezas das relações sociais-econômicas-políticas influenciadas pela ideologia burguesa e sua ruptura.

Ao considerar que existe uma tradição no Brasil, afirma o educador Freire, e que esta é a cultura da corrupção socioeconômica e política herdada da tradição burguesa desde o império português até os dias atuais. Para o professor de história esse comportamento está entranhado nas estruturas de poder engendradas pelas elites que perpassa tanto da iniciativa privada, quanto à pública. Acrescenta que só um comportamento firme e intransigente com quem comete delitos corruptos é capaz de destruir a complacência com a corrupção. Independentemente de quem quer que seja, devemos ser intolerantes com que rouba o dinheiro do povo.

Freire vai à raiz do problema social da corrupção brasileira ao tomar o homem como medida para todas as coisas, fazendo críticas acidas a ciladas do modelo antropocêntrico pensado pelos iluministas liberais desde o século XVI. Freire considera que o mal de todos os problemas crônicos no país reside na complacência generalizada (com aquiescência de parte da classe média esclarecida brasileira) com atos imorais doentios tidos como menores, que vai desde a tolerância com o chamado “jeitinho” brasileiro para tirar vantagens pessoais em tudo à promiscuidade nas relações de compra de produtos e serviços pelo poder público, contra os quais devem ser fortemente confrontados.

A vivacidade e a lucidez do professor Freire vêm contagiando a todos os seus pares, pois demonstra na prática desacordo ao comportamento geral dos homens que ao envelhecer caminha sem volta à esclerose política, com forte fascínio ao conservadorismo político. Contrariando essa regra geral, Freire nos convence de que o envelhecimento tem sido apenas uma desculpa esfarrapada para muitos intelectuais vendidos assumirem o que sempre foram e seu comportamento retrógrado: Da pauta fascista ao histérico pedido de intervenção militar.

Quando tudo parece fazer água no submundo da politicagem, eis que o COESO e os movimentos camponeses levantam a voz e se posicionam no tabuleiro do xadrez da política grande como uma luz no final do túnel, reacendendo a esperança e a vontade de recolocar o Partido dos Trabalhadores de Anagé nos trilhos. As inúmeras cobranças para a retomada urgente do debate teórico sério e da práxis política deverá reorientar os caminhos do PT para a política municipal de Anagé, interrompido pelo carcomido pragmatismo do campo hegemônico.

Essa verve à esquerda, surge como possibilidade concreta de ruptura com o clássico pragmatismo idiotizante da Realpolitik, fonte de alguns intelectuais liberais influentes dentro do PT que passaram a reproduzir a tática do chanceler Bismarck para controlar internamente o partido no final do século XX. Contudo, poder-se-ia confirmar que essa versão já foi piorada ao extremo pelas tradicionais oligarquias baianas, especialmente pelo ladino coronel ACM e incorporado cinicamente pelo campo hegemônico petista.

Para o COESO, a região sudoeste tem se colocado por mais de duas décadas de forma muito consistente contra esse modismo bizarro na política. Obviamente que aliado a esse horizonte de possibilidades, ainda subsiste os aprendizes de bruxos midiáticos a serviço do imperador transvertido de republicano que acreditam que uma boa maquiagem nos dados e uma excelente propaganda resolve qualquer mal-estar sociopolítico, causado por suas idiossincrasias autoritárias cuja postura desastrosa para as classes trabalhadoras, reflete apenas as reminiscências stalinistas.

Essa analise possui um lastro teórico sólido na filosofia política, pois visa aprofundar a compreensão conjuntural. Desde o surgimento do Partido dos Trabalhadores que se questiona o papel das forças marxistas como forças impeditivas do crescimento da ala liberal dentro do partido. Inclusive, rotulando-as como faceres ab origine classificando-as como grupos extremistas fechados ao diálogo com o único objetivo de perturbar a estratégia dos inimigos internos. Utilizando do conceito desenvolvido pelo filosofo Nicolau Maquiavel** que instituiu a distinção entre partido e facção, para explicar um regime em queda e pensando uma nova morfologia para a sociedade civil insurgente, a burguesia.

Então, plasmou-se uma cultura ideológica liberal de que aquelas pessoas que aceitassem as condições impostas na forma de “dialogo” (aceitar as regras de cooptação por meio da barganha material aos cargos) com a ordem e o progresso (física social) era classificada como legítimas e recebiam o clichê de homens e mulheres de partido, pois se aplicava o conceito desenvolvido por Maquiavel de republicanismo no sentido de partir e porque denotava o sentido de dividir. Um partido republicano pressupõe divisão inconteste do poder político entre seus membros filiados.

Esse conceito para a ciência política dialoga com a tese liberal pensada para um partido mais flexível e mais suavizado, portanto aberto ao diálogo em deferência ao bem comum. Contudo, mascara uma contradição que é a inversão (mistificação) dessa força que se constitui como bloco hegemônico envernizado com sendo supostamente “mais flexível e mais suavizado”.  Aqui passa a existir uma superorganização socioeconômica que opera com opulência no sentido de centralizar o poder de decisão nas mãos de um grupo que comporta efetivamente como facção.

Contudo, o que se define como verdade é uma ideologia de dominação que mistifica as tendências e coletivos à esquerda como sendo estas facções que prejudicam o crescimento do partido em função de seus extremismos e factoides. Essa inversão é mesma que explica a ascensão ao comando político do Estado e a reprodução em larga escala desse comportamento mistificador nas instancia institucionais para justificar o alijamento das tendências e coletivos de participarem politicamente da direção institucional, visando evitar que estas forças levem o Estado liberal à exaustão e ao esgarçamento, criando fissuras que possibilitem uma emancipação socioeconômica e política.

Esse constructo mental liberal operou inúmeras justificativas para expulsar e perseguir tendências e coletivos à esquerda, pois segundo a qual uma facção se utiliza de “calúnia” contra a liberdade existente na república, enquanto que um partido se utiliza legitimamente da “denuncia publica” adaptável ao arranjo republicano.

Segundo Freire, a experiência mais notável em âmbito regional foi a de Vitória da Conquista que se manteve 20 anos na condução do poder político municipal e fez grades mudanças na cidade, que até os anos 80 do século XX, era apenas uma cidade provinciana com orçamento público de aproximadamente 50 milhões. Essa cidade era controlada pelas forças oligárquicas conservadoras egressas da cafeicultura que se alternavam no poder eleitoralmente, sem promover as mudanças estruturais necessárias para melhorar a qualidade de vida de seus/suas munícipes.

Para o poeta e camponês João Aguiar, ex-vereador e ex-secretário de Agricultura e Expansão Econômica, infelizmente o governo de Anagé, eleito sob a bandeira do PT não fez nenhuma opção por quaisquer programas experimentados e mundialmente reconhecidos (a exemplo do orçamento participativo) que foram genuinamente desenvolvidos pelo PT. A gestão eleita nem sequer buscou construir relações políticas com a experiência do governo popular do PT de Vitória da Conquista. Além de criar dificuldade para quem trabalhou, ficaram insulado na prática comezinha das velhas oligarquias (Oliveira e Soares) conservadoras de Anagé.

Em nossa análise, muito próxima da compreensão do professor Freire, conta com uma exceção acerca da eleição do PT em Anagé, fortemente favorecida pela conjuntura nacional que apontava um crescente apoio popular a Lula e depois Wagner na Bahia e fortemente influenciado pelos avanços conseguidos pelos sucessivos governos do PT conquistenses. A segunda disputa vai acontecer com a presença das forças institucionais cuja presença fora pavimentada por uma articulação política da executiva municipal do PT de Anagé, sob a liderança do próprio professor Freire.

Segundo o professor João Paulo, após um alijamento inescrupuloso, com a anuência pusilânime das forças que controlavam o PT de Anagé, antigos companheiros que por anos andaram ombreados, permitiu defenestrar sem nenhuma explicação plausível o próprio mentor intelectual dessa vitória, aliás, Freire foi também o construtor dessa que foi a maior expressão eleitoral do partido desde a sua criação nos anos 80.

Sem contar das inúmeras vezes que teve que convencer a todos e todas companheiras, sem exceção, da viabilidade eleitoral da candidatura de uma professora politicamente apagada e hermeticamente confinada numa sala de alguns metros quadrados (poupando-a do convívio com o público em função dos seus rompantes) tratando apenas das finanças públicas do município.

Sem apoio e quaisquer enfrentamentos internos, emudecido pela vigarice daqueles que o traiu sordidamente como Judas traiu a Cristo, caminhou solitariamente para expiação como um carneiro que ao pressentir a morte lacrimeja os olhos, mas não exerce o jus sperniandis. Humanamente sentiu toda a dor daquele momento dorido em que Cristo reporta-se ao Pai e clama, “afasta de mim este cálice”, e apostando num futuro melhor para a cidade se recompõe e diz, “contudo, seja feita a tua vontade”.

A via-crúcis do professor Freire nos faz lembrar-se de que mesmo que tenha dado exemplarmente o máximo de si como professor e militante para consolidar a formação política daquelas pessoas que reivindicavam seus companheiros/as, jamais ele exigiria dos seus pares uma ética, tal condição pressupunha tácita, assim sendo pelo menos se esperava que fosse implícita porque sempre esteve presente nas suas relações mediadas pela verdade, tão bem constituídas por sua práxis política. Assim como o fez Sócrates, resignou-se e tomou seu veneno, refestelou-se nos braços da ética tão bem vivenciada por ele.

Sem exigir nada de ninguém caminhou para o seu degredo, retirando-se da cena política com honra, pois ninguém melhor do que ele sabia que nem mesmo Cristo houvera dado a Judas essa solidez ética. Não havia outra condição, porquanto tinha plena consciência de sua criação e a tibieza do golpe sub-reptício, pois somos responsáveis pelos nossos atos, mesmo que isso desperte os mais sórdidos sentimentos de inveja que exceda o que é justo e valha o tribunal da tirania pseudoesclarecida praticando impune o cerceamento ao direito da presunção da inocência e da ampla defesa.

Aqui existe um homem sábio e sensato que aceitou a sua sentença e resignadamente foi para o abate sem direito as honras que são conferidas aos extraordinários generais que tombam combatendo o bom combate. Na terra de ninguém não se garante ao menos o direito de poder se defender daquilo que nem mesmo seus pares sabiam exatamente as razões de sua exclusão, pois dare nemo potest quod non habet, neque plus quam habet.

O nutricionista Alan Calixto tem feito uma crítica contundente e atualíssima sobre a inviziblização feita pelo partido do melhor quadro do partido em Anagé. Considera que aqueles/as que outrora foram formados pelo professor Iranildo Freire, infelizmente a maioria fora tragados pela sanha do carguismo em nome de um pragmatismo despolitizante. O historiador Adriano Calixto considera que o professor Freire honestamente recolheu-se silente à sua caverna platônica para uma inflexão acerca da investigação teórica do ser, uma compreensão ontológica capaz de explicar essas defecções políticas. Contudo, jamais fez qualquer ilação e/ou crítica (pública ou privada) ao governo que tenha sido desferida por este resignado homem, em respeito à sua própria construção.

Aqui assistimos um novo comportamento de uma casta de emergentes conscientes, pois agiu com animus abandonandi, claro propósito de eliminação de quem pode ser a principal sucessão municipal. Uma reprodução do comportamento perseguidor do sanguinário Stalin a uma das mais importantes lideranças do processo revolucionário na Rússia, o Leon Trotsky, em grande medida cogita malfadada obra em que a criatura destrói o seu criador.

O grande pensador Freire mais uma vez se mostra intelectualmente preparado ao desconstruir o senso comum revanchista que procura explicar esse fenômeno que ocorreu em Anagé sem qualquer relação com a conjuntura nacional de defecções do campo hegemônico interno no partido para ganhar o poder político mais importante que é aquele exercido a partir da explanada. Esse fenômeno vai se reproduzir de forma escalonada, neste sentido aconteceu com o palácio de Ondina e com a prefeitura de Anagé. Contudo, em Anagé foi mais cruel porque foi literalmente desumano e despolitizado. As consequências desse equívoco grotesco é o naufrágio da única embarcação que conseguiu singrar o mar da corrupção e do clientelismo patrimonialista de Anagé, contudo ficou à deriva por falta de direcionamento e linha política avançada. Padeceu do mesmo mal da politicagem que levou a oligarquia anterior à lona por nocaute eleitoral desferido pela militância do PT.

Neste sentido, impõem-se uma perspectiva em que se vislumbre construir outra embarcação coletiva para as próximas disputas eleitorais. Um novo levante das catrupias atravessar-se-á num só folego a correnteza da corrupção e o turbilhão de imoralidades com a coisa pública que está assolando a vida do povo anageense e aniquilando a cidade. O COESO aposta sem titubear no mesmo professor Freire sonhador de ontem é o mesmo de hoje, com mais consistência, centralidade e maturidade para não cometer os mesmos erros. Com a derrota eleitoral desse campo hegemônico que controlavam o partido, automaticamente revogou-se o exilio do professor Freire que voltou do degredo avido por mudanças nas estruturas de poder e está politicamente pronto para assumir a condução da luta política.


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*Herberson Sonkha é professor de Filosofia e Sociologia no Zênite Vestibular e Cursos. Estudante de Ciências Econômicas na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Foi gestor administrativo lotado no Hospital de Base de Vitória da Conquista. Foi do Comitê Gestor da Secretaria Municipal de Educação de Anagé. Presidiu o Conselho Municipal de Educação de Anagé. Coordenou o Programa Municipal Mais Educação e a Promoção da Igualdade Racial do município de Anagé. Foi Vice-Bahia da União Brasileira de Estudante (UBES) e Coordenador de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de Vitória da Conquista (UMES). Militante e ex-dirigente nacional de Finanças e Relações Institucionais e Internacional dos Agentes de Pastorais Negros/Negras do Brasil. Membro dirigente do Coletivo Ética Socialista (COESO) organização radical de esquerda do Partido dos Trabalhadores.

**O filósofo Nicolau Maquiavel, que fez a distinção dos termos partido e facção em seus Discursos sobre a Primeira Década em Tito Lívio.
quarta-feira, 15 de novembro de 2017

O que é história das mentalidades?

por Me. Cláudio Fernandes

*O historiador francês Lucien Febvre
é considerado um dos precursores
da história das mentalidades
A história é uma disciplina que atravessou, desde o seu processo de institucionalização como “ciência”, no século XIX, inúmeras reformulações, revisões e batalhas teóricas. Na primeira metade do século XX, entre os historiadores franceses, uma “revolução” metodológica passou a acontecer. Revolução essa que deitaria raízes no futuro das reflexões sobre a história. A Escola dos Annales foi o “carro-chefe” dessa revolução. Foi de um dos fundadores da Escola dos Annales, Lucien Febvre (1878-1956), que nasceu um dos mais importantes ramos da historiografia do século XX, a história das mentalidades.

Segundo Febvre, havia camadas do desenvolvimento histórico da humanidade que não sofriam transformações rápidas e nítidas como outras. Assim, por exemplo, as estruturas políticas e sociais seriam as primeiras nas quais se poderia verificar mudanças substantivas, enquanto certos comportamentos e formas de pensamento demorariam significativamente mais para sofrer alterações.

Dessa forma, pensamentos, ideias, ideologias, segmentos morais, atmosferas de compreensão científica, entre outros, estariam dentro da esfera das mentalidades, isto é, formas duradouras de pensamento que caracterizam longos espaços de tempo. Parte dos fundamentos da psicologia moderna, desenvolvida na virada do século XIX para o século XX, ajudou Febvre a assentar suas teses sobre a história das mentalidades. Como aponta o pesquisador Ronald Raminelli:

“Sob influência da psicologia de Charles Blondel e Henri Wallon, Febvre lança o que se pode chamar de "manifesto da história das mentalidades", com a publicação, em 1938, do artigo intitulado "La Phsychologie et L'Histoire" [''A Psicologia da história''] no tomo VIII da Encyclopédic Française; depois em 1941, em Annales d'Histoire Social, um outro artigo: "La Sensibilité dans l'Histoire" [''A sensibilidade na História''], ambos encontrados nos Combates pela História. Os dois textos dão algumas pistas do que seria o método de se fazer história das mentalidades”. (Raminelli, Ronald. Lucien Febvre no caminho das mentalidades. R. História, São Paulo, n. 122, jan/jul. 1990. p. 97-115.)

A esses trabalhos iniciais, Febvre acrescentaria grandes ensaios de investigação histórica que exploraram o terreno das mentalidades. Os exemplos mais notáveis são “Martinho Lutero, um destino”, sobre o reformador religioso alemão; “O início do livro: o impacto da Imprensa (1450-1800)”, trabalho pioneiro também na área da história da leitura; e “O problema da descrença no século XVI: a religião de Rabelais”, sobre a atmosfera religiosa na época do autor de Gargantua e Pantagruel.

Os herdeiros intelectuais de Febvre continuaram a desenvolver pesquisas no âmbito da história das ideias. Nomes como Michel Vovelle, Philippe Ariès, Fernand Braudel e, depois, Jacques Le Goff, Emmuel Le Roy Larurie, Roger Chartier, etc., integraram o time, mas também fundaram novas áreas de investigação, como a história cultural e a “nova história”.

*Crédito das imagens: Commons

Fonte: http://historiadomundo.uol.com.br/curiosidades/o-que-historia-das-mentalidades.htm

Escola dos Annales


A revista da Escola dos Annales teve enorme influência
sobre a produção de trabalhos de História
até a década de 1970

por Me. Cláudio Fernandes

Quando há um grupo de historiadores ou, mesmo, duas ou três gerações de historiadores que trabalham em torno de uma instituição específica, tal como uma universidade ou uma revista universitária especializada, escrevendo sobre temas afins e com um tipo de abordagem que esteja em sintonia, dá-se a esse grupo o nome de “escola histórica” ou “escola de historiografia”. No século XX, uma das mais notáveis escolas históricas foi a chamada Escola dos Annales, cuja atividade começou em 1929.

Este nome, “Escola dos Annales”, ficou conhecido porque tal grupo se organizou em torno do periódico francês Annales d'histoire économique et sociale (Anais de história econômica e social), no qual eram publicados seus principais trabalhos. Os dois principais nomes da fundação desse periódico eram Lucien Febvre e Marc Bloch, e seus principais objetivos consistiam no combate ao positivismo histórico e no desenvolvimento de um tipo de História que levasse em consideração o acréscimo de novas fontes à pesquisa histórica e realizasse um novo tipo de abordagem.

*O historiador francês Marc Bloch,
especialista em História Medieval,
foi um dos fundadores da Escola dos Annales
Por positivismo histórico, que era o alvo dos “annales”, entende-se um tipo de visão do trabalho do historiador típico de uma corrente histórica também francesa, dominante no século XIX. Essa corrente entendia que ao historiador bastava expor as fontes escritas, sem necessidade de interrogar os documentos, de interpretá-los nas entrelinhas e de confrontá-los com outras fontes, como vestígios materiais arqueológicos etc. O modo de abordagem dos “annales”, ao contrário, passou a valorizar essas outras fontes, além dos documentos escritos. Se hoje há a história do vestuário, do chiclete, das capas discos de música, entre outros, isso se deve a esse esforço pela ampliação de análise que a Escola dos Annales desencadeou.

Outros nomes importantes seguiram-se ao de Bloch e de Febvre, como o de Fernand Braudel, que se notabilizou, na década de 1940, por desenvolver um tipo de História que se mesclava com a Geografia e levava em conta grandes estruturas temporais, que ele denominou de “longa duração”. O maior exemplo disso é sua obra “O Mediterrâneo”, publicada em 1947.

Outro exemplo é o do especialista em história medieval Jacques Le Goff, que, junto a outros historiadores herdeiros dos “annales”, como Pierre Nora, organizou o que ficou conhecido como “História Nova”, um tipo de História que alargava ainda mais as possibilidades de pesquisas abertas pela Escola dos Annales.

*Créditos da imagem: Wikimedia Commons

** FONTE: http://historiadomundo.uol.com.br/curiosidades/escola-dos-annales.htm
segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Encontro com Guilherme Menezes: O Lado Bonito da Política



"[...] o valor de Vitória da Conquista e da politização do seu povo, que, para ele, é quem melhor avalia os governos... "

*por Luís Rogério Cosme

Assistimos na noite passada (11/Nov.), num encontro de amigos com o ex-prefeito Guilherme Menezes, uma cena política da melhor qualidade. Importante reconhecer isso em tempos de luta, sempre que a democracia busca oxigênio, em meio a desesperança ou frustração de um povo que se entende enganado.

Com didática peculiar, sem ar professoral, Guilherme, aos 74 anos, firme, deu mais uma aula sobre a boa política, e, quando fala, o silêncio o respeita. Percebemos, contemplativos, o alinhavar na memória coletiva, dos fatos desvelados por ele em sua análise de conjuntura, tendo a história como lastro.

Polido, culto, defendeu seu conceito de democracia e de ética na política; reafirmou o golpe de Estado como afronta a soberania nacional. Ressaltou o valor de Vitória da Conquista e da politização do seu povo, que, para ele, é quem melhor avalia os governos...

Ouvir Guilherme é como assistir conselhos de bons modos na arena da deselegância política atual, com a certeza de que não estamos sendo ludibriados. Porque ele mesmo atesta e avisa quanto aos seus defeitos. E, justamente, por assumir seu lado "sombrio”, como fez em público hoje, que todos temos, embora poucos assumam, é que podemos enxergar uma luz em toda a sua elucidação.

Não é um factoide criado, é um homem que escolheu a limalha da política para testar o próprio caráter. Não é tarefa para aventureiros, tal empreitada. E, na vida pública, onde muitos falastrões se desconcertam frente ao real, ou estertoram na malícia das suas línguas de fogo sem freios, Guilherme vai se aprimorando e escorre como água...

Há sabedoria no pensamento, nas palavras e no gesto. E nós só temos a agradecer por momentos e aprendizados assim. Saímos do encontro como a certeza de que a política não pode ser negada, malvista, porque a boa política é bela!
quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Respeite as Profissionais da Educação: mesmo sendo monitoras elas nunca foram domésticas.

"Esta postura infeliz de agredir colegas na categoria não é regra, apenas uma exceção. Lamentavelmente o desequilíbrio teve o inconsequente ataque as colegas, refletindo a ausência de formação teórica consistente, um fenômeno muito comum na contemporaneidade denominado de analfabetismo funcional"[1]

*por Herberson Sonkha[2]

Após seis anos se arrastando na Câmara de Deputados, em 6 de agosto de 2009 finalmente foi sancionada a Lei 12.014/2009 que reconhece os funcionários de escola como profissionais da educação, assegurado pela LDB. Poe fim a uma história de descriminação e humilhação vivenciada pela afamada monitoria, tratada pejorativamente como doméstica por alguns reacionários, inclusive docentes. Assim, acabou a via-crúcis destas mulheres egressas da assistência social. De tal modo, o governo federal cumpriu uma das exigências definidas pelas Conferencias Nacional de Educação, pressionados pelo movimento sindical dos professores e movimentos sociais com acento no Conselho Nacional de Educação. Portanto, tal decisão política garantiu o direito a plano de carreira e ao piso salarial profissional nacional ao monitor.


Art. 5º A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, é oferecida em creches e pré-escolas, as quais se caracterizam como espaços institucionais não domésticos que constituem estabelecimentos educacionais públicos ou privados que educam e cuidam de crianças de 0 a 5 anos de idade no período diurno, em jornada integral ou parcial, regulados e supervisionados por órgão competente do sistema de ensino e submetidos a controle social (Resolução CNE/CEB N°05/2010).

Por isso, qualquer professora sensata e prudente se assenhora com a verdade factível, sem vacilar jamais hesitaria em verificar escrupulosamente a precedência do que diz antes de fazer uso da palavra, principalmente se a fala abrir margem para a infâmia e calunia. Pois, colocar em suspeição uma candidata ao cargo de finanças de um importante sindicato, só porque é uma “monitora”, imediatamente qualifica os autos de um processo, no qual se poderia impetrar danos morais e outras implicações penais cabíveis. Antes de qualquer coisa precisa ser dito à professora que o ônus da prova continua sendo de quem acusa.

Esta postura infeliz de agredir colegas na categoria não é regra, apenas uma exceção. Lamentavelmente o desequilíbrio teve o inconsequente ataque as colegas, refletindo a ausência de formação teórica consistente, um fenômeno muito comum na contemporaneidade denominado de analfabetismo funcional. Não consegue abstrair o papel intelectual do docente na mediação das relações socioeconômicas e políticas no âmbito do debate acadêmicos acerca da transferência do regime de competência das monitoras da assistência social para a educação em 2012, visando superar a questão da monitoria como um paradigma a ser solucionado no campo da educação, com seu aparato instrumental.

 “[...] é a educação, portanto que mantém viva a memória de um povo e de condições para a sua sobrevivência. Por isso dizemos que a educação é uma instância mediadora que torna possível a reciprocidade entre indivíduo e sociedade” (ARANHA, 1996. Pag. 15).

Neste sentido, o maior desafio neste processo eleitoral para a tradição da democracia política e participativa do SIMMP é combater sistematicamente o discurso pernósticos de caráter fascista de uma malfadada minoria contra honrosas colegas de profissão, que insiste em condená-las pejorativamente de monitoras de creche. Seria trágico para tradição democrática do sindicalismo do SIMMP, caso não houvessem hábeis intervenções politizadas, bem fundamentadas que desconstruíssem essa cólera fascista.  Nossas colegas professoras puniram exemplarmente esses deslizes e fizeram uma calorosa acolhida as colegas.

Antes de abordar esta questão mais detidamente, gostaria de ressaltar que o discurso em tela reflete em alguma medida as contradições levantadas sobre a pós-verdade. Por tanto, tomo como referência uma teoria do conhecimento antípoda ao pensamento liberal (cartesiano-positivista), ancorada na crítica ao paradigma racionalista-empirista determinista herdada do iluminismo.

O psicanalista e escritor Christian Dunker, vencedor do prêmio Jabuti de melhor livro em Psicologia e Psicanálise em 2012, escreve para a Revista Boitempo sobre o comportamento mediano das pessoas que se apropriam acriticamente da tese de que não existe verdade factível, na qual os pressupostos objetivos não são verificáveis, portanto, não podem ser validados cabendo a penas a tibieza do discurso como definidor dessa verdade.

Essa ideologia contemporânea que afirma que tudo não passa de um ponto de vista, utilizando inadequadamente o fenômeno da paralaxe[3], emprega um relativismo extremado em que a verdade deixa de existe enquanto objeto de análise prevalecendo à habilidade da narrativa ou o poder do discurso. Esse modismo tem encorajado muita gente irresponsável a colocar em cheque a dignidade e a história de muita gente séria e comprometida com o que faz.

“Alguns consideram que o discurso da pós-verdade corresponde a uma suspensão completa da referência a fatos e verificações objetivas, substituídas por opiniões tornadas verossímeis apenas à base de repetições, sem confirmação de fontes” (DUNKER, 2017).

Neste sentido, observo alguns discursos recalcitrantes que ataca descuidadamente a honra e a dignidade de trabalhadoras do serviço público. Esse vilipêndio da moral alheia decorre da forma inescrupulosa como acusa pessoas, com o blefe de serem destituídas da verdade.

Esse discurso feriu princípios democráticos sólidos constituídos nestes 30 anos de muitas lutas coletivas no sindicato. O risco na taça de cristal constitui o principal argumento que estimula o ódio de classe, o racismo e o desrespeito a política de gênero. O estranhamento dessa narrativa tangencia o limite da irracionalidade humana.

O enfrentamento mais insolente feito à Chapa Atitude e Independência é o de julgar levianamente a legalidade da inscrição da chapa. Mas não acaba nisso, prosseguiu desferindo agressões covardes aos seus membros à revelia dos fatos. Isto serve a penas para motivar a discórdia a partir da difusão de factoides reacionários de cunho fascista.  Ao compreender importância das monitoras no processo de greve e ter a atitude coerente de construir uma composição da chapa com estas valorosas educadoras, assegurando uma posição de proeminência.

O mais grave é observar que as monitoras foram taxativamente classificadas como uma espécie de subcategoria, e, assim como fazem com as populações negras neste país, destituídas da presunção de inocência podem a qualquer momento serem colocadas em suspeição por outra mulher, principalmente quando esta mulher em suspeição merece todo nosso respeito. Essa estratégia é mais uma pereiriçe do golpista de plantão para inviabilizar a candidatura dos egressos da última greve da categoria que desqualificou o staff do governo nas vergonhosas mesas de negociação salariais.

No que pese admitir que exista um universo infinitamente maior que é constituído por inúmeras classes trabalhadoras, far-se-á presente simultaneamente sua antípoda que é a classe dominante. Aliás, numa sociedade dividida em classes dominante e dominada, obviamente esta dualidade tem correspondência com a luta de classes. Esta disputa circunscreve dois projetos de sociedade antagônicos, cuja disputa objetiva ocupar o comando do poder político para exercer seus interesses.

Tradicionalmente esse poder foi exercido em Vitória da Conquista pelas elites (oligarquias) que não tiveram nenhuma crise moral com os desígnios perversos de suas práxis política de manutenção da “ordem e do progresso”. Mesmo que isso implique em usar da força coercitiva (policialesca) para garantir a “harmonia” entre explorados e exploradores.

Este é o cenário de disputa que a Chapa Atitude e Independência se coloca para enfrentar politicamente o desgoverno que se elegeu com a mesma mentira contada pela direita de que promoveria avanços e desenvolvimento para a cidade. Esse retorno destas forças vencidas põe para a categoria o desafio de cumprir a tarefa precípua de proteger a educação pública, gratuita, laica e de qualidade. Articulado a luta pela garantia de direitos socioeconômicos e políticos conquistados ao longe de seus 30 anos de atividade política.

A principal tarefa é assegurar que os profissionais da educação não percam direitos adquiridos por meio das lutas encetadas pelo SIMMP. Entre estas lutas está o reenquadramento urgentíssimo das monitoras de creche comumente agredidas pelos conservadores fascistas que as tratam com desprezo e juízo de valor criminosamente degradante que fere a dignidade, princípios e valores morais.

O discurso agressivamente imoral contra a presença das profissionais da educação no seio da categoria reside de um resquício reacionário que fomenta o ódio racial, a desconstrução de gênero e a xenofobia calcificada pelo preconceito tradicionalmente herdado da casa grande, que insiste em classificar estas educadoras como domésticas circunscritas à senzala.

Com todo respeito e carinho que se devem ter a esta nobre profissão de Doméstica, reconhecida pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), a educadora de creche é uma profissional da educação classificada pelo termo sóciotécnico de educadora, pois além de cuidar das crianças ela desenvolve ações pedagógicas previstas no Plano Político Pedagógica da escola.

O que é imoral neste discurso reacionário de caráter fascista é o comportamento pervertido e ladinamente equivocado ao atrever-se a colocar em suspeição (uma monitora assumirá as finanças. cuidado com o dinheiro...) as mulheres trabalhadoras do serviço público que cumprem honestamente suas funções, agem prudentemente no exercício de suas atividades laborais, centradas na aptidão intelectual certificada pelo concurso público e estão inexoravelmente aptas para desenvolver plenamente todas as etapas do processo educativo, pois estão cônscias de suas faculdades mentais, aliás, infinitamente mais preparadas para recepcionar o conhecimento por meio da percepção cognitiva[4] que aprimora e desenvolve o processo de ensino-aprendizagem.

Essa escoria degenerada, uma minoria de nefelibatas de pereira que deveria atualizar-se na academia, perdeu o time da história. Mesmo enfeitando as paredes de suas mansões de certificados estéreis, de nada servem, porquanto não consegue fazer uma análise de conjuntura para compreender sua própria condição de gênero e as constantes desconstruções pelo machismo misoginia contra as mulheres.

A escritora Mirla Cisne vai denunciar esse comportamento ardiloso, idiotizante e despolitizado em sua obra “Feminismo e consciência de classe no Brasil”, que denuncia esta prática pernóstica da casa grande que olhar uma trabalhadora como um bichinho dócil, ou a intimida olhando por cima dos olhos com desprezo e arroubo acusatório:

“[...] as mulheres são, segundo Mészáros (2002), 70% dos pobres do mundo. São também as maiores vítimas da precarização do trabalho e das políticas públicas. São elas que enfrentam as filas de madrugada nos hospitais públicos para levarem seus(suas) filhos(as), bem como em busca de vagas nas escolas; são muitas delas que não chegam à previdência, seja por serem as que mais se encontram na informalidade, nos empregos mais precarizados sem direitos trabalhistas assegurados, ou até mesmo por não terem sequer as suas documentações, especialmente as rurais; são elas que estão no cotidiano da assistência social buscando a garantia mínima das condições de sobrevivência da sua família” (CISNE, 2015, pag. 18).

Por isso, devemos politizar o debate e combater as idiossincrasias da classe média alta que acha que são os novos ricos. Comportam-se como cachorros que protege o patrão, mas dorme do lado de fora da casa. Portanto, nunca é demais lembra-las que as profissionais da educação não são suas domésticas que vocês deixam em casa tomando conta de suas crianças e ficam passivamente aguardando gritos histéricos da madame ao telefone para ter o prazer de dar ordens. Essa é a reprodução ideológica do famigerado machismo que oprime as mulheres, cuja natureza serve para explicar as desigualdades entre homens e mulheres:

“A origem do antagonismo de classe coincidir com a dominação do homem sobre a mulher demonstra, dentre outras determinações, a necessidade de analisarmos as relações entre classe e sexo. Cremos que esses antagonismos “coincidiram” no tempo histórico não por conta de uma determinação natural, mas para atender aos interesses dominantes de garantia e reprodução da propriedade privada, bem como da força de trabalho” (CISNE, 2015, pg. 24).

Ser sindicalista pressupõe assumir uma concepção de luta baseada na busca continuada da formação intelectual coerente com uma práxis política emancipacionista capaz de superar ideologias burguesas liberais adotadas por oligarquias e elites golpistas corroídas pelos privilégios de alguns, que só serve para sustentar relações de poder opressoras e intelectualmente destrutivas.

O mundo está sendo transformado a todos instante quando as mulheres educadoras entram encena em casa, na sala de aula, na rua, na igreja, na festa, no clube, nas greves e nas manifestações políticas. As profissionais da educação, quer sejam as professoras ou educadoras são mulheres de verdade que enfrentam extenuantes jornadas de trabalho, chegam a realizar até três jornadas sem descanso, e, sem tergiversar ainda encontram tempo para estudar. Enfrentam corajosamente sua história e rejeita o infortúnio do fadário machista criminalizado pelos homens, construindo sua própria história de vida.

Por isso, ELAS dizem com a convicção baseada no fato que exala de seus poros com a força do suor de suas lutas que o novo sempre vem. Não adianta espernear, gritar, ofender, burlar, falar mal porque virá impávida anunciado um novo dia.  

Essas Mulheres não dão vaias em plenário, estão exercendo dignamente o jus esperniandis, pois são apenas gritos presos na garganta por décadas, séculos e milênios. É a força das classes marginalizadas eclodindo em brados retumbantes, desferidas por essas valorosas mulheres. Se isso incomoda é porque seu constructo mental envelheceu e precisar ser abalado com um vibrato ensurdecedor para acordar para a realidade. 

Isso lhe incomoda? Pense melhor mulher que não se respeita e assume repugnantemente a narrativa machista contra vós mesmas! Pois, já vem raiando a madrugada o os raios da liberdade jazem os grilhões que aprisionavam vossas almas doridas.

Haverá um tempo, e, este tempo está perto de vir, em que não mais serão invisibilizadas. A emancipação dar-se-á pelas mãos limpas destas guerreiras militantes. Tal proeza hão de romper a aurora dos tempos com a violência política necessária para quebrar o silencio do poder coercitivo e aniquilar o carcereiro mental que impede essas bandeiras de lutas de triunfarem nos espaços de luta sindical. Como disse o poeta Bertolt Brecht, “Do rio que tudo arrasta se diz que é violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem”. O novo sempre vem!




[1] Grifo e adaptação do autor do texto.
[2] Professor e militante do Movimento Negro.
[3] Fenômeno físico da paralaxe é deslocamento aparente de um objeto quando se muda o ponto de observação.
[4] A cognição envolve fatores diversos como o pensamento, a linguagem, a percepção, a memória, o raciocínio etc., que fazem parte do desenvolvimento intelectual.



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