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quarta-feira, 1 de novembro de 2017
Respeite as Profissionais da Educação: mesmo sendo monitoras elas nunca foram domésticas.
novembro 01, 2017
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por
Vinícius...
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"Esta postura infeliz de agredir colegas na categoria não é regra, apenas uma exceção. Lamentavelmente o desequilíbrio teve o inconsequente ataque as colegas, refletindo a ausência de formação teórica consistente, um fenômeno muito comum na contemporaneidade denominado de analfabetismo funcional"[1]
*por Herberson Sonkha[2]
Após seis anos se arrastando na Câmara de Deputados, em 6 de agosto de 2009 finalmente foi sancionada a Lei 12.014/2009 que reconhece os funcionários de escola como profissionais da educação, assegurado pela LDB. Poe fim a uma história de descriminação e humilhação vivenciada pela afamada monitoria, tratada pejorativamente como doméstica por alguns reacionários, inclusive docentes. Assim, acabou a via-crúcis destas mulheres egressas da assistência social. De tal modo, o governo federal cumpriu uma das exigências definidas pelas Conferencias Nacional de Educação, pressionados pelo movimento sindical dos professores e movimentos sociais com acento no Conselho Nacional de Educação. Portanto, tal decisão política garantiu o direito a plano de carreira e ao piso salarial profissional nacional ao monitor.
Art. 5º A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, é oferecida em creches e pré-escolas, as quais se caracterizam como espaços institucionais não domésticos que constituem estabelecimentos educacionais públicos ou privados que educam e cuidam de crianças de 0 a 5 anos de idade no período diurno, em jornada integral ou parcial, regulados e supervisionados por órgão competente do sistema de ensino e submetidos a controle social (Resolução CNE/CEB N°05/2010).
Por isso, qualquer professora sensata e prudente se assenhora com a verdade factível, sem vacilar jamais hesitaria em verificar escrupulosamente a precedência do que diz antes de fazer uso da palavra, principalmente se a fala abrir margem para a infâmia e calunia. Pois, colocar em suspeição uma candidata ao cargo de finanças de um importante sindicato, só porque é uma “monitora”, imediatamente qualifica os autos de um processo, no qual se poderia impetrar danos morais e outras implicações penais cabíveis. Antes de qualquer coisa precisa ser dito à professora que o ônus da prova continua sendo de quem acusa.
Esta postura infeliz de agredir colegas na categoria não é regra, apenas uma exceção. Lamentavelmente o desequilíbrio teve o inconsequente ataque as colegas, refletindo a ausência de formação teórica consistente, um fenômeno muito comum na contemporaneidade denominado de analfabetismo funcional. Não consegue abstrair o papel intelectual do docente na mediação das relações socioeconômicas e políticas no âmbito do debate acadêmicos acerca da transferência do regime de competência das monitoras da assistência social para a educação em 2012, visando superar a questão da monitoria como um paradigma a ser solucionado no campo da educação, com seu aparato instrumental.
“[...] é a educação, portanto que mantém viva a memória de um povo e de condições para a sua sobrevivência. Por isso dizemos que a educação é uma instância mediadora que torna possível a reciprocidade entre indivíduo e sociedade” (ARANHA, 1996. Pag. 15).
Neste sentido, o maior desafio neste processo eleitoral para a tradição da democracia política e participativa do SIMMP é combater sistematicamente o discurso pernósticos de caráter fascista de uma malfadada minoria contra honrosas colegas de profissão, que insiste em condená-las pejorativamente de monitoras de creche. Seria trágico para tradição democrática do sindicalismo do SIMMP, caso não houvessem hábeis intervenções politizadas, bem fundamentadas que desconstruíssem essa cólera fascista. Nossas colegas professoras puniram exemplarmente esses deslizes e fizeram uma calorosa acolhida as colegas.
Antes de abordar esta questão mais detidamente, gostaria de ressaltar que o discurso em tela reflete em alguma medida as contradições levantadas sobre a pós-verdade. Por tanto, tomo como referência uma teoria do conhecimento antípoda ao pensamento liberal (cartesiano-positivista), ancorada na crítica ao paradigma racionalista-empirista determinista herdada do iluminismo.
O psicanalista e escritor Christian Dunker, vencedor do prêmio Jabuti de melhor livro em Psicologia e Psicanálise em 2012, escreve para a Revista Boitempo sobre o comportamento mediano das pessoas que se apropriam acriticamente da tese de que não existe verdade factível, na qual os pressupostos objetivos não são verificáveis, portanto, não podem ser validados cabendo a penas a tibieza do discurso como definidor dessa verdade.
Essa ideologia contemporânea que afirma que tudo não passa de um ponto de vista, utilizando inadequadamente o fenômeno da paralaxe[3], emprega um relativismo extremado em que a verdade deixa de existe enquanto objeto de análise prevalecendo à habilidade da narrativa ou o poder do discurso. Esse modismo tem encorajado muita gente irresponsável a colocar em cheque a dignidade e a história de muita gente séria e comprometida com o que faz.
“Alguns consideram que o discurso da pós-verdade corresponde a uma suspensão completa da referência a fatos e verificações objetivas, substituídas por opiniões tornadas verossímeis apenas à base de repetições, sem confirmação de fontes” (DUNKER, 2017).
Neste sentido, observo alguns discursos recalcitrantes que ataca descuidadamente a honra e a dignidade de trabalhadoras do serviço público. Esse vilipêndio da moral alheia decorre da forma inescrupulosa como acusa pessoas, com o blefe de serem destituídas da verdade.
Esse discurso feriu princípios democráticos sólidos constituídos nestes 30 anos de muitas lutas coletivas no sindicato. O risco na taça de cristal constitui o principal argumento que estimula o ódio de classe, o racismo e o desrespeito a política de gênero. O estranhamento dessa narrativa tangencia o limite da irracionalidade humana.
O enfrentamento mais insolente feito à Chapa Atitude e Independência é o de julgar levianamente a legalidade da inscrição da chapa. Mas não acaba nisso, prosseguiu desferindo agressões covardes aos seus membros à revelia dos fatos. Isto serve a penas para motivar a discórdia a partir da difusão de factoides reacionários de cunho fascista. Ao compreender importância das monitoras no processo de greve e ter a atitude coerente de construir uma composição da chapa com estas valorosas educadoras, assegurando uma posição de proeminência.
O mais grave é observar que as monitoras foram taxativamente classificadas como uma espécie de subcategoria, e, assim como fazem com as populações negras neste país, destituídas da presunção de inocência podem a qualquer momento serem colocadas em suspeição por outra mulher, principalmente quando esta mulher em suspeição merece todo nosso respeito. Essa estratégia é mais uma pereiriçe do golpista de plantão para inviabilizar a candidatura dos egressos da última greve da categoria que desqualificou o staff do governo nas vergonhosas mesas de negociação salariais.
No que pese admitir que exista um universo infinitamente maior que é constituído por inúmeras classes trabalhadoras, far-se-á presente simultaneamente sua antípoda que é a classe dominante. Aliás, numa sociedade dividida em classes dominante e dominada, obviamente esta dualidade tem correspondência com a luta de classes. Esta disputa circunscreve dois projetos de sociedade antagônicos, cuja disputa objetiva ocupar o comando do poder político para exercer seus interesses.
Tradicionalmente esse poder foi exercido em Vitória da Conquista pelas elites (oligarquias) que não tiveram nenhuma crise moral com os desígnios perversos de suas práxis política de manutenção da “ordem e do progresso”. Mesmo que isso implique em usar da força coercitiva (policialesca) para garantir a “harmonia” entre explorados e exploradores.
Este é o cenário de disputa que a Chapa Atitude e Independência se coloca para enfrentar politicamente o desgoverno que se elegeu com a mesma mentira contada pela direita de que promoveria avanços e desenvolvimento para a cidade. Esse retorno destas forças vencidas põe para a categoria o desafio de cumprir a tarefa precípua de proteger a educação pública, gratuita, laica e de qualidade. Articulado a luta pela garantia de direitos socioeconômicos e políticos conquistados ao longe de seus 30 anos de atividade política.
A principal tarefa é assegurar que os profissionais da educação não percam direitos adquiridos por meio das lutas encetadas pelo SIMMP. Entre estas lutas está o reenquadramento urgentíssimo das monitoras de creche comumente agredidas pelos conservadores fascistas que as tratam com desprezo e juízo de valor criminosamente degradante que fere a dignidade, princípios e valores morais.
O discurso agressivamente imoral contra a presença das profissionais da educação no seio da categoria reside de um resquício reacionário que fomenta o ódio racial, a desconstrução de gênero e a xenofobia calcificada pelo preconceito tradicionalmente herdado da casa grande, que insiste em classificar estas educadoras como domésticas circunscritas à senzala.
Com todo respeito e carinho que se devem ter a esta nobre profissão de Doméstica, reconhecida pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), a educadora de creche é uma profissional da educação classificada pelo termo sóciotécnico de educadora, pois além de cuidar das crianças ela desenvolve ações pedagógicas previstas no Plano Político Pedagógica da escola.
O que é imoral neste discurso reacionário de caráter fascista é o comportamento pervertido e ladinamente equivocado ao atrever-se a colocar em suspeição (uma monitora assumirá as finanças. cuidado com o dinheiro...) as mulheres trabalhadoras do serviço público que cumprem honestamente suas funções, agem prudentemente no exercício de suas atividades laborais, centradas na aptidão intelectual certificada pelo concurso público e estão inexoravelmente aptas para desenvolver plenamente todas as etapas do processo educativo, pois estão cônscias de suas faculdades mentais, aliás, infinitamente mais preparadas para recepcionar o conhecimento por meio da percepção cognitiva[4] que aprimora e desenvolve o processo de ensino-aprendizagem.
Essa escoria degenerada, uma minoria de nefelibatas de pereira que deveria atualizar-se na academia, perdeu o time da história. Mesmo enfeitando as paredes de suas mansões de certificados estéreis, de nada servem, porquanto não consegue fazer uma análise de conjuntura para compreender sua própria condição de gênero e as constantes desconstruções pelo machismo misoginia contra as mulheres.
A escritora Mirla Cisne vai denunciar esse comportamento ardiloso, idiotizante e despolitizado em sua obra “Feminismo e consciência de classe no Brasil”, que denuncia esta prática pernóstica da casa grande que olhar uma trabalhadora como um bichinho dócil, ou a intimida olhando por cima dos olhos com desprezo e arroubo acusatório:
“[...] as mulheres são, segundo Mészáros (2002), 70% dos pobres do mundo. São também as maiores vítimas da precarização do trabalho e das políticas públicas. São elas que enfrentam as filas de madrugada nos hospitais públicos para levarem seus(suas) filhos(as), bem como em busca de vagas nas escolas; são muitas delas que não chegam à previdência, seja por serem as que mais se encontram na informalidade, nos empregos mais precarizados sem direitos trabalhistas assegurados, ou até mesmo por não terem sequer as suas documentações, especialmente as rurais; são elas que estão no cotidiano da assistência social buscando a garantia mínima das condições de sobrevivência da sua família” (CISNE, 2015, pag. 18).
Por isso, devemos politizar o debate e combater as idiossincrasias da classe média alta que acha que são os novos ricos. Comportam-se como cachorros que protege o patrão, mas dorme do lado de fora da casa. Portanto, nunca é demais lembra-las que as profissionais da educação não são suas domésticas que vocês deixam em casa tomando conta de suas crianças e ficam passivamente aguardando gritos histéricos da madame ao telefone para ter o prazer de dar ordens. Essa é a reprodução ideológica do famigerado machismo que oprime as mulheres, cuja natureza serve para explicar as desigualdades entre homens e mulheres:
“A origem do antagonismo de classe coincidir com a dominação do homem sobre a mulher demonstra, dentre outras determinações, a necessidade de analisarmos as relações entre classe e sexo. Cremos que esses antagonismos “coincidiram” no tempo histórico não por conta de uma determinação natural, mas para atender aos interesses dominantes de garantia e reprodução da propriedade privada, bem como da força de trabalho” (CISNE, 2015, pg. 24).
Ser sindicalista pressupõe assumir uma concepção de luta baseada na busca continuada da formação intelectual coerente com uma práxis política emancipacionista capaz de superar ideologias burguesas liberais adotadas por oligarquias e elites golpistas corroídas pelos privilégios de alguns, que só serve para sustentar relações de poder opressoras e intelectualmente destrutivas.
O mundo está sendo transformado a todos instante quando as mulheres educadoras entram encena em casa, na sala de aula, na rua, na igreja, na festa, no clube, nas greves e nas manifestações políticas. As profissionais da educação, quer sejam as professoras ou educadoras são mulheres de verdade que enfrentam extenuantes jornadas de trabalho, chegam a realizar até três jornadas sem descanso, e, sem tergiversar ainda encontram tempo para estudar. Enfrentam corajosamente sua história e rejeita o infortúnio do fadário machista criminalizado pelos homens, construindo sua própria história de vida.
Por isso, ELAS dizem com a convicção baseada no fato que exala de seus poros com a força do suor de suas lutas que o novo sempre vem. Não adianta espernear, gritar, ofender, burlar, falar mal porque virá impávida anunciado um novo dia.
Essas Mulheres não dão vaias em plenário, estão exercendo dignamente o jus esperniandis, pois são apenas gritos presos na garganta por décadas, séculos e milênios. É a força das classes marginalizadas eclodindo em brados retumbantes, desferidas por essas valorosas mulheres. Se isso incomoda é porque seu constructo mental envelheceu e precisar ser abalado com um vibrato ensurdecedor para acordar para a realidade.
Isso lhe incomoda? Pense melhor mulher que não se respeita e assume repugnantemente a narrativa machista contra vós mesmas! Pois, já vem raiando a madrugada o os raios da liberdade jazem os grilhões que aprisionavam vossas almas doridas.
Haverá um tempo, e, este tempo está perto de vir, em que não mais serão invisibilizadas. A emancipação dar-se-á pelas mãos limpas destas guerreiras militantes. Tal proeza hão de romper a aurora dos tempos com a violência política necessária para quebrar o silencio do poder coercitivo e aniquilar o carcereiro mental que impede essas bandeiras de lutas de triunfarem nos espaços de luta sindical. Como disse o poeta Bertolt Brecht, “Do rio que tudo arrasta se diz que é violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem”. O novo sempre vem!
[1] Grifo e adaptação do autor do texto.
[2] Professor e militante do Movimento Negro.
[3] Fenômeno físico da paralaxe é deslocamento aparente de um objeto quando se muda o ponto de observação.
[4] A cognição envolve fatores diversos como o pensamento, a linguagem, a percepção, a memória, o raciocínio etc., que fazem parte do desenvolvimento intelectual.
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