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segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

RACISMO: um tema recorrente na USP!

Herberson Sonkha militante do Movimento Negros,
militante do Agentes de Pastorais Negros/ Negras do Brasil
 
 
"Portanto, a opção ideológica liberal das universidades contribui para definir a própria natureza socioeconômica e política de determinados cursos que os tornam tradicionais e exclusivamente voltados para atender as tendências de mercado, vendendo a ideia de ‘ascensão socioeconômica’ aos seus educandos e educandas."
 
Por Herberson Sonkha
 

O perfil de estudantes aprovados em cursos de ciências sociais aplicadas (administração, economia, contábeis e direito e etc.) não é selecionado por meritocracia, como pretende os defensores da tese “estude e passe”. Aliás, como se isso fosse naturalmente sequencial ao término do ensino médio. Para milhões de jovens brasileiros, existem gargalos seletivos criados pelas condições objetivas e subjetivas, que determinam seu lugar e suas formas de vida em sociedade baseado nas mais desiguais condições socioeconômicas e políticas no Brasil.


As universidades públicas atendem, em parte, o preceito da LDB (lei nº 9.394/96), segundo a qual diz no seu Art. 2º, “A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” (o grifo é meu). Aqui se estabelece politicamente o que lhe é conveniente atender...

Sublinhei exatamente aquilo que representa o gargalo para milhões de brasileiro (trabalhadores formais/informais, desempregados e autônomos), pois tais expressões como “princípios de liberdade”, “exercício de cidadania” e “qualificação para o trabalho” são expressões forjadas ideologicamente pela matriz liberal. Sua aplicação na sociedade burguesa pressupõe valores questionáveis por estabelecer igualdade na forma, mas mistifica suas condições de desigualdades socioeconômica e política em sua essência.

Neste sentido, retomo aqui o debate sobre as contradições entre ‘forma e conteúdo’ operado pelo direito positivista, presente nesta lei neoliberal (atualização do liberalismo) que permeou todas as discussões realizadas pelos diversos atores acadêmicos nas universidades públicas brasileiras nos anos 90, que posicionam criticamente contra este golpe de Darci Ribeiro (LDB 9.396/96), em substituição ao substitutivo do senador Sid Saboia. Assim, a crítica ao liberalismo enquanto valor formal supremo que esconde (o que não explica mistifica) as condições objetivas que estabelecem as desigualdades como elemento constitutivo de sua essência. 

O terceiro artigo define as bases que orienta a práxis pedagógica fundamentada em princípios predeterminados no artigo anterior (Art. 2º) que dá sentido ao papel da universidade no Brasil. Em tese são 12 princípios que deveria se articular para garantir que problemas com este na USP fossem evitados.

Como o direito liberal burguês em suas atualizações (neoliberal e ultraliberal) mantém os princípios fundantes da sociedade burguesa, observamos que após quase 20 anos de sua promulgação, percebemos que só o item XI – (“vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais”) de forma parcial porque “as práticas sociais” nunca foram bem definidas, foi priorizada quase que absolutamente a inserção destes educandos no mercado de trabalho, objetivando somente a “formação” para o mercado de trabalho (tecnocratas e não cientistas), em detrimento de itens importantes como I (igualdade de condições para o acesso e permanência na escola) e principalmente o item XII (consideração com a diversidade étnico-racial).

Portanto, a opção ideológica liberal das universidades contribui para definir a própria natureza socioeconômica e política de determinados cursos que os tornam tradicionais e exclusivamente voltados para atender as tendências de mercado, vendendo a ideia de ‘ascensão socioeconômica’ aos seus educandos e educandas. Por outro lado, pouquíssimos colegiados e departamentos fogem a esta regra, permanecendo na mesma linha ideológica de reitorados liberais.

No que pese saber que a LDB também acene para outras possibilidades para além da exclusiva inserção no mercado de trabalho ou pesquisas voltadas ao aprimoramento (extração de mais valia) da produção e circulação de mercadorias (bens e serviços), não há uma tradição pedagógica nos cursos de bacharelado da produção (ensino, pesquisa e extensão) que leve em consideração as tais práticas sociais pautadas por temas (que não são transversais) estruturantes como as questões étnico raciais, gênero e orientação sexual. No máximo, uma ou outra monografia que apresenta discricionariamente um determinado “fato social” de formal brilhante, mas que não aprofundar o mérito do tema, portanto, de em passant.

Por último, observo neste debate ocorrido na USP, particularmente na FEA, nesta perspectiva aqui apresentada, que a logica liberal adotada pela reitoria da tradicional a aristocrática Universidade de São Paulo é a principal responsável por este quadro de flagrante racismo, na contramão do movimento de reitores ocorrido nacionalmente que demonstra que das 59 universidades federais em território brasileiro, 25 tem, à sua maneira, cotas raciais. As universidades estaduais, com algumas exceções, a exemplo àquelas que lideram grandes movimentos sociais de ruptura deste modelo (docência, discentes, técnicos e cientistas), dentro da academia, os resultados alcançados após adoção mecanismos reparatórios destas desigualdades criadas pelo modelo de sociedade capitalista, baseada no homem branco, patriarcal, machista e heterocentrista.

A política de cotas é um dos mecanismos de reparação destas desigualdades históricas no Brasil. O racismo, o machismo/misoginia, a lesbo-homofobia e xenofobia (e outras formas correlatas de fobia) são mecanismos (muito deles legais) de dominação política que as elites (liberais burguesas) desenvolveram contras estas populações, que foram forçadas à situação de vulnerabilidade socioeconômica e política e mantidas invisibilizadas. A naturalização destas desigualdades foram construídas nestes mais de cinco séculos de dominação. O Estado, por meio de governos liberais (neoliberais), teve papel fundamental na manutenção e ampliação destas desigualdades, por isso consideramos institucional.  
quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

A quem o Chico incomoda?


 
* Por Herberson Sonkha

O Chico Buarque reencontra com a escória da “Fazenda Modelo” no Leblon, no Rio, em plena centúria 21, marcado por avanços e retrocessos políticos na América latina. Não poderia deixar de mencionar neste momento o livro-romance de Chico.  Muito interessante para o momento atual porque discute o Brasil que caminhava para reabertura da pós-ditadura civil-militar, ali pelo mês de dezembro de 1974. O país que Chico vislumbra em seu romance, denominada de “novela pecuária”, é um lugar agrário paradisíaco de cenário e da beleza animal, presente à fazenda, mas que não passa de um lugar chafurdado no lamaçal da corrupção, estupros, assassinatos e torturas.


A “Fazenda Modelo” é, em certa medida, uma leitura obrigatória na latino-americana. em minha opinião, alusiva ao livro de A Revolução dos Bichos, de George Orwell. Um livro para driblar a censura atroz (nos remete ao reencontro no Leblon) escrito em sua curta temporada na Itália porque o Chico era o alvo número um dos milicos. O livro foi publicado pela editora Civilização Brasileira (uma espécie de compêndio da produção da esquerda brasileira) e é constituído por uma enorme fazenda de “bois e vacas”.

O Chico, um maestros clássico das palavras, oficina do mundo em plena ditadura que clamava por liberdade,  justiça e revolução. A “Fazenda Modelo”, um dos seus três romances, buscar construir elementos críticos numa rica análise de dois períodos da vida brasileira, entre os anos 70 aos anos 90, o período da ditadura e a democratização, mostrando um Brasil marcado profundamente pela distancia que separa ricos de pobres. Sua escrita marca as desigualdades sociais de um Brasil que escreve seus desafios na Constituição de 1988.  

Esta crítica às desigualdades sociais tão pertinentes, está presente nos outros dois romances, Estorvo e Benjamin Zambraia. Um nexo interliga e ativa a memória histórica destes tempos sombrios que as vezes parece tão distante da consciência brasileira, mas que ainda trás sinais de vida num país absolutamente diferente dos anos 70, mas que inicia-se nos anos 90 mantendo elementos tão iguais em suas dimensões socioeconômicas.  

No Leblon, o Chico reencontra seus antigos adversários (personagens) e, o que é pior, restabelece naquela fatídica noite quente do Rio de Janeiro aquela memória que nos remete a enorme “Fazenda Modelo” em que os “animais” aproveita da oportunidade para o repreende-lo violentamente com palavras, porque o aparato militar ainda não está dado. Tudo isso,  por continuar observando criticamente a história (quer seja com a poesia, quer seja com a musica, quer seja com a literatura) ao lado de quem sempre fora oprimido e explorado por estes processos “civilizatórios” da destruição dos sonhos e suas possibilidades de paz, solidariedade e fraternidade humana entre os povos, respeitando autodeterminação destes, e denunciando praticas nazifascistas e seus instrumentos ideológicos, principalmente pelo aperfeiçoamento agressivo das formas de poder opressor.

O Chico mais uma vez esta sendo condenado por posicionar-se politicamente contra aqueles históricos corruptos que enfrentara na ditadura militar, fazendo carga em favor de um determinado governo que, apesar das contradições internas, tem posição clara contra a onda nazifascista e as diversas formas de fobias, violências e extorsão das populações ainda em situação de vulnerabilidades socioeconômicas. É contra esta turma, plaboiyzada coxinha que o pensamento e a postura política de Chico incomoda.....

O Chico enfrenta o discurso viral da modernização nos anos 90 que tomou os quatro cantos do país, resquício da farsa característica da ditadura, “ame-o ou deixe-o” que busca consolidar uma ideologização autoritária conservadora de sociedade, fundamentada numa ideologia cientificista, como mito que se contrapõe a razão. Mas, o arguto Chico traz à baila um debate antigo, não menos presente, que me remete a obra “Admirável Mundo Novo”, um romance distópico, escrito por Aldous Huxley e publicado em 1932 ao tentar abafar a resistência da boiada como no livro “A Revolução dos Bichos”, de George Orwell.

Como sua genialidade política, o Chico apresenta alguns personagens (bois) que se opõem ao sistema a partir de questionamentos para compreender as engrenagens opressoras.  Assim como nas referidas obras (Aldous Huxley e George Orwell) o romance de Chico vislumbra uma tensão que aponta para desarticulação da força opressora, não obstante  apresentar novas perspectivas políticas, culminando no fim da experiência pecuária remetendo a todos a outro manejo de plantio (Soja) denunciando os seus algozes e sua compreensão de trato com o povo por considerar ser “mais barato e mais tratável”.

Sua ironia refinada e perspicaz mostra a sedimentação de uma ideologia e o horror do país autoritário que dissimula sua realidade escamoteando suas verdadeiras motivações por trás de discursos modernizantes. Há uma aproximação com as investidas ideológicas da direita que esconde sua pratica perniciosa, nazifascista e capitalista ao apresentar de forma prometeica e inquestionável uma face aprazível, democrática e competente para o Brasil. O Chico é agressivamente atacado por nazifascistas (coxinhas) por posicionar contrário a esta perspectiva política...
 
sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Diretório Municipal homologa pré-candidatura do Prof. Marcelo Costa Neves!

* Por Herberson Sonkha

O COESO formalizou junto ao diretório municipal seu pleito às prévias internas do partido para disputar às eleições em 2016 com a apresentação de um documento-tese contendo análise crítica sobre as eleições municipais, o governo e a condução eleitoral do partido. Está dado o processo com a confirmação pelo Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores, instancia partidária responsável pela homologação, da pré-candidatura às prévias internas do partido. Assim, o companheiro Prof. Marcelo Neves Costa está candidato. 

A assembleia instituída para decidir sobre homologação e encerrar o prazo para novos registros de candidaturas ocorreu na noite de quinta-feira (17) na sede do partido e contou com a presença de representantes de todas as forças internas: COESO, CNB, Reencantar, EPS, DS, PPTT e do atual prefeito Guilherme Menezes, que não veiculou sua força a nenhum campo ou coletivo interno.
 

O Diretório também confirmou mais duas importantes candidaturas (no mínimo inusitado porque nunca aconteceu deuma tendência apresentar mais de um nome), apresentadas pelo campo Reencantar que formalizou os nomes dos deputados José Raimundo Fontes e Waldenor Pereira, como pré-candidatos ás prévias. Assim, o Partido dos Trabalhadores de Vitória da Conquista passa a ter cinco candidaturas oficiais ao pleito 2016. As confirmações ocorreram em clima de muita alegria e disposição política para o dialogo sobre um possível afunilamento em torno de um único candidato, evitando assim as disputas fraticidas internas.  

O PT é um partido constituído por diversas forças internas que vão da direita á esquerda. Exatamente por isso, o caráter organizacional partidário é plural, de outro modo garante de maneira mais ampla a dinâmica democrática interna. Portanto,  Partido dos Trabalhadores assiste aos filiados e filiadas o direito pétreo de cada pessoa ter (ou não) tendências e coletivos, não obstante salientar que sem o qual o partido se tornaria monolítico e monocrático.


O objetivo destas disputas internas é tornar acessível às forças, principalmente as  menores como, por exemplo, o COESO o direito irrepreensível de apresentar sua análise teórica e proposições, por mais críticas que sejam, ao debate sobre a plataforma de gestão política, para a máquina pública municipal. Certamente, os mecanismos que definem o processo que decide nome interno é o mais democrático possível, não obstante ainda haver correlações de forças desproporcionais. Mas, para o COESO seu interesse maior é a possibilidade do debate mais profundo e elaborado à esquerda que impede a despolitização das discussões e fortalece a militância crítica que efetivamente constrói a disputa política.  
quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

2 mil pessoas vão à manifestação contra o golpe em Conquista


* Por Herberson Sonkha

Nesta quarta-feira (16), centenas de pessoas foram às ruas em Vitória da Conquista para denunciar a tentativa de golpe contra a presidente Dilma Rousseff (PT) e em favor da saída do presidente da Câmara de Deputados, o Eduardo Cunha (PMDB), investigado pelo Supremo Tribunal Federal (o STF acaba de pedir seu afastamento do mesmo). Vários dirigentes sindicais, estudantis, movimentos sociais, partidários e vereadores tomaram às ruas da cidade portando bandeiras, faixas e cartazes. Além, do tradicional acessório de agitação política, contou ainda com palavras de ordem e discursos inflamados de militantes em defesa da democracia, saída do deputado Eduardo Cunha e contra o impeachment à Dilma Rousseff eleita democraticamente.
 
Contrapondo ao fiasco da mobilização do pró-impeachment, organizado pelos movimentos O Grupo Independente, o Conquista Forte é Conquista Unida e o 100% Oposição, esse ato político da direita realizado em Vitória da Conquista no domingo (13) contou com menos de uma centena de pessoas, (segundo a polícia militar foram 80 pessoas). Já o movimento Frente Brasil Popular, estima que duas mil pessoas foram às ruas neste fim de tarde em Vitória da Conquista contra esta agenda golpista da direita. Esta data tem um valor simbólico para à direita brasileira porque neste período, há exatamente 47 anos, as forças de sustentação da ditadura militar editavam o terrível AI-5 (13/12/1968). Como a direita no Brasil vem pedindo o retorno à ditadura militar, por meio de um novo golpe, esta data passa a ser estrategicamente combatida pelos movimentos sociais que defende o fortalecimento das instituições democráticas.

Mais de 20 entidades que atuam no movimento social participaram da construção da manifestação em Vitoria da Conquista: MST, MPA, SINDILIMP, FETRACOM, FETAG, Sindicato da Construção Civil, Movimento Unificado, União de Mulheres, CEDASB, ASA, Economia Solidária, PT, PCdoB, CTB, CUT, Marcha Mundial das Mulheres, Levante Popular, Consulta Popular, JPT, UJS, Agentes de Pastorais Negros e Negras do Brasil (APNS), COESO, Reencantar, CNB. EPS, PPTT e DS. 
terça-feira, 15 de dezembro de 2015

16 de dezembro 2015: Em defesa do Brasil! Não haverá golpe.


"Este dia de luta está sendo construído por uma grande rede de ação popular. Numa  plataforma popular onde visa-se o enfrentamento das desigualdades da sociedade brasileira."
* Por Joilson Bergher

Movimentos sociais, militantes de diversas matizes do campo de esquerda apoiadores do governo da presidenta Dilma Rousseff e da democracia irão às ruas no dia 16 de dezembro. Em Vitória da Conquista, e cidades no entorno dessa, não será diferente.


Tais movimentações, reunião e debates democráticos entre as entidades que compõem a Frente Brasil Popular e a Frente Brasil Sem Medo estão se dando a partir do momento em que um setor descontente com o resultado das eleições em 2014, e por um suposto movimento de pedaladas no campo econômico, que segundo, os que se dizem de oposição, atenta contra determinada Lei constitucional, levando entre outras punições o afastamento da presidenta Dilma Rouseff da presidência do Brasil. Afirmo aqui, que todas essas movimentações que ocorrerão no dia 16 de dezembro em todo o Brasil, são integradas originalmente por CUT, CTB, Levante Popular, UBES, UJS, UNE, MST, MTST, movimentos sociais de todos os estratos populares da sociedade, pelas centrais, diversos sindicatos e por partidos políticos.

Em Vitória da Conquista, o ato acontecerá, a partir das 17h, na Praça Barão do Rio Branco. Devendo os manifestantes seguir em caminhada por algumas por ruas dessa cidade. Há uma grande expectativa de a mobilização reunir um grande número não filiados e não militantes, mas que acreditam que a quebra da ordem democrática prejudicará a classe de trabalhadora e todos os brasileiros.

Assinalo aqui a unidade de vários movimentos sociais se dera de um acordo em ter uma posição propositiva, firme e de repúdio contra o impeachment”, contra o acolhimento do pedido de abertura do processo de impeachment contra o mandato da presidenta Dilma Rousseff, pelo presidente da Câmara dos Deputados. Certamente, o movimento de afastamento é uma flagrante chantagem política por parte desse ou daquele setor ora desprestigiados em 13 anos de governo, sob a égide do Partido dos Trabalhadores, e demais partidos afinados com a democracia no Brasil.

Uma palavra de ordem ouvida a todo momento nos dias atuais: tomar as ruas por direitos, liberdade e democracia, rechaçando no entendimento do movimento social do país o que seria um golpe contra a democracia, fruto de muita luta, utopia, destruições e morte de pessoas.  Muito importante: o presidente do parlamento brasileiro e seus assemelhados são colocados e apresentados como um retrocesso ignóbil, acéfalo e um feroz ataque à democracia no Brasil. Particularmente penso que de fato os ricos é que devem pagar pela crise rentista construída por esses próprios. Contraditoriamente essas medidas econômicas penalizem os mais pobres. Portanto, defendo sem dó nem piedade a taxação das grandes fortunas, dos dividendos e das remessas de lucro e uma auditoria da dívida pública.

Este dia de luta está sendo construído por uma grande rede de ação popular. Numa  plataforma popular onde visa-se o enfrentamento das desigualdades da sociedade brasileira e propõe uma saída para a crise à esquerda: a saída será pela mobilização nas ruas, em defesa do aprofundamento da democracia e as reformas necessárias para o Brasil: reforma tributária, urbana, agrária, educacional, reforma democrática do sistema político, e principalmente da democratização das comunicações, a mãe de toda essa batalha. Aliás, cumpre-me a reverberar aqui é que esse ato político desse dia 16 de dezembro de 2015, por si só pode ajudar a conscientizar as pessoas de que a concentração da mídia, do jeito que existe no Brasil, representa um perigo à nossa estabilidade democrática. Tal a nossa mídia se coloca a todo momento impulsionadora de golpes, não só no Brasil, mas, em toda a grande América do Sul, reacionária e anti-trabalhista, de um lado; e detêm um poder financeiro monstruoso, de outro. A concentração apavorante da mídia brasileira em mãos de meia dúzia de herdeiros da ditadura é uma anomalia que os amantes da democracia devem combater com todas as suas forças.

É isso: A presidenta Dilma e o Brasil tem de entender que, se não combater a mídia golpista, não vai conseguir fazer o Brasil avançar. É essa uma verdade elementar em pauta, desde os tempos em que a ditadura militar destruía pessoas, afinal, até a presidente Dilma sofrera na pele a perversidade desses anões militares, hoje, transmutados de seres que inclusive, professa essa ou aquela palavra metafísica, em nome desse ou daquele ser divino. “Atenção para a PALAVRA DE ORDEM e atenção, muita atenção para o refrão. Ainda é preciso estar 'atento e forte', com as luzes de alerta acesas no CAMPO DE JOGO POLÍTICO, mas sem mistificações”. Então é isso aí: vive-se uma época de pragmatismo, principalmente na política. Mas rezemos forte, escolha seu santo e boa sorte.

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Joilson Bergher. Professor de História, Especialista em Metodologia do Ensino Superior/ Uesb. Pesquisador independente do Negro no Brasil, Graduando em Filosofia/Uesb

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Crítica da crítica: aparência e essência do mundo atual.

Historiador, compositor e especialista
em Gestão Pública
 Professor João Paulo

"Do outro lado do mundo, o inimigo a ser derrotado não podia ser outro senão o Brasil por questões obvias." 
* Por Professor João Paulo Pereira.
Há uma máxima na historiografia de que a “história é cíclica em espiral, ela se repete deixando sempre uma saída para o futuro[1]”, este momento histórico que vivenciamos é a prova prática e literal desta afirmação. Estamos assistindo à repetição de fatos históricos que já ocorreram na America Latina e no mundo, a história se repete literalmente e, mais uma vez à esquerda, os movimentos populares, a população de forma geral, estão mesmo por viver o desconhecimento total. Lamentavelmente, não dão conta dos fatos históricos e a sociedade, mais uma vez, está sendo levada a acreditar de forma bestializada em mais uma construção das elites dominantes, na busca irracional pelo domínio econômico, político e cultural do planeta.

Assistimos constantemente a uma avalanche de notícias no Brasil, particularmente sobre a suposta rede de corrupção criada pelo Partido dos Trabalhadores, nos últimos 12 anos, período em que esse partido vence sucessivas disputas eleitorais, assumindo a direção política do Estado burguês no país. Da forma como a mídia, é preciso deixar claro que esta tem partido, está servindo a classe dominante brasileira ao mostrar as notícias, não temos dúvidas, o PT realmente é o culpado por toda a corrupção que se espalhou pelo Estado brasileiro.
Para o senso comum, seria fácil compreender assim, afinal nosso povo de senso comum compreende mais de ¾ da população, por isso não consegue fazer as leituras sociológicas, filosóficas e conjunturais do processo histórico. Entretanto, é incompreensível quando alguns setores da nossa esquerda, ofendida se for incluída neste senso comum, assumi de forma mais qualificada o discurso oficial da mídia burguesa sem se dá conta de que estamos vivenciando um processo histórico maior que a disputa ideológica entre PSDB E PT, ou direita e esquerda, (ou centro como teimosamente insistem em classificar o PT).
Se nos atentarmos aos fatos, especialmente nos últimos 25 anos, compreenderemos melhor o que está acontecendo no mundo. Na virada dos anos 80 do século passado, para os anos 90, percebemos uma mudança radical na geopolítica do planeta. A Perestróika e Glasnost decretaram definitivamente o fim do sonho do “socialismo real”, ou o stalinismo como projeto alternativo ao capitalismo. A queda do Muro de Berlim sepultou o “socialismo real” da Europa Oriental, essa mesma abertura chegou a China de Mao Tse Tung, deixando a Coreia do Norte e Cuba à sós no processo político. Desde então, o capitalismo com sua nova face, o neoliberalismo, passou a definir sem maiores resistências, ou oposição aparente, os rumos do planeta embalado pela globalização, tanto do ponto de vista econômico, quanto do ponto de vista cultural, ecológico, social e político.
Nasce uma nova ordem mundial, o mercado finalmente passa a controlar tudo que pode ser gerador de lucro para a acumulação de apensa 1% da população mundial, entretanto, na medida em que este pequeno grupo passou a acumular toda a riqueza, a maioria da população foi aprofundando o estado de pobreza, e isso certamente traria uma reação, mesmo que essa fosse despolitizada ou não tivesse um caráter de classe. E ela veio: na Europa, no início da primeira década do século XXI, vimos ascender uma série de movimentos espontâneistas, das juventudes periféricas das grandes cidades, como por exemplo, Paris, Berlim, Madrid e algumas cidades Inglesas, onde o aumento do desemprego colocou em linha de confronto essa juventude e o Estado Neoliberal. Aprofundamento da pobreza em país como, Itália, Grécia, Espanha, Portugal, França, se tornou algo “normal” neste início de século.
Seguindo a escrita, desde 2007, a economia do principal país do mundo capitalista, EUA, do ponto de vista do mercado, mergulhou numa crise profunda com nuances de recessão e desemprego e ainda não conseguiu sair da possibilidade docolapso,o que tem colocado em cheque a economia mundial. Ao mesmo tempo, em todo o planeta, há um despertar dos setores oprimidos da sociedade. Inicialmente com o nascimento de uma consciência ecológica, que percebendo o perigo do desenvolvimentismo irracional do neoliberalismo predatório da natureza, que lançou mão de tudo que estivesse ao seu alcance, como matéria prima e insumos para a geração de riquezas (lucro), agredindo violentamente o planeta, colocando em risco à vida na Terra.
Depois das sucessivas vitórias de setores de centro e de esquerda, por todo mundo, passou-se a questionar o projeto neoliberal. Esse movimento político propôs mudanças na condução macroeconômica da economia política mundial e um realinhamento sociopolítico, com respeito às questões regionais, à economia das nações em “desenvolvimento e subdesenvolvidas”. Surge uma contraofensiva planetária de caráter inclusiva e mais fraterna, confrontando-se a nova ordem mundial que a coloca na corda bamba e impõe limites as pretensões imperialistas do G7 e de seus organismos políticos de poder.
Nesse sentido, a vitória do Partido dos Trabalhadores no Brasil alterou as agendas governamentais internas e na América Latina por meio de políticas públicas universais e especificas e suas bem sucedidas políticas externas, desenvolvidas por este partido. Assim, o governo brasileiros passou a apoiar todos os setores de oposição ao projeto imperialista pelo mundo, fortalecendo os pequenos grupos de centro esquerda na América Latina. Esse revés político à esquerda, possibilitou formar um grupo de resistência ao agressivo imperialismo norte americano.
Este importante movimento contrário a nova ordem mundial, contribuiu para criar um sentimento de soberania dos povos no continente, construindo junto com os principais países emergentes do globo, um bloco econômico capaz de enfrentar o dragão do capitalismo e constituir a resistência e enfrentamento à nova ordem mundial. Certas áreas geopolíticas no mundo passaram a viver relações mais humanas e fraternas, trouxe uma nova perspectiva política, intimidando a hegemonia dos países capitalistas, principalmente aqueles de ponta do mercado e exigindo deles uma reação também em aldeia global.
E a classe dominante mundial partiu para o ataque, o primeiro passo era restabelecer o controle econômico do mundo, para tanto, o caminho usual é a disputa e controle das fontes energéticas. Durante os anos 60 e 70 do século XX, o domínio do petróleo do Oriente Médio deu aos Estados Unidos o controle da economia do planeta. Para garantir passagem livre na região, o imperialismo impôs governos fortes sobre sua influencia nos países centrais da região, que formaram ditaduras civis, com caráter teocrático, que determinou a manutenção da ordem a favor do imperialismo na região. No início deste século, estes governos passaram a questionar esse domínio, buscando a superação dessa relação de dependência econômica aos EUA. Aliás, o que provocou uma reação imediata do G7, já em crise econômica, culminando com a “Primavera Árabe”.
Seguindo a lógica da manutenção do poder imperialista no mundo e sua busca por soluções para a crise iniciada com a questão imobiliária nos Estados Unidos, que rapidamente se espalhou pelo capitalismo mundial, nota-se que se tornou condição sine qua non para o mercado derrotar definitivamente os países emergentes e reduzir a competitividade destes no mercado global, inicia aí a luta do G7 contra o BRICS. A reação capitalista considera necessária e fundamental, desarticular todas as ações deste novo bloco econômico.
Para manter o poder, os países centrais do capitalismo mundial, inicia uma guerra sem tréguas contra as lideranças dos países emergentes, buscando a aniquilação de alguns e o enfraquecimento dos outros. O primeiro alvo foi a Rússia, que desde 2007 está sob fogo direto dos Estados Unidos, depois assistimos a interferência ocidental nas eleições na Índia que culminou com a derrota da “Dinastia Gandhi”, que governou o país por 50 anos.
Do outro lado do mundo, o inimigo a ser derrotado não podia ser outro senão o Brasil por questões obvias. As razões deste empreendimento demolidor podem ser compreendidas se levarmos em conta certas questões materiais decisivas nas relações internacionais. Este país possui condições econômica favoráveis e posição geográfica estratégica para exerce forte influência na América Latina. A política internacional dos governos petistas de Lula e Dilma passou a liderar um grupo de países, como a Argentina, Venezuela, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Cuba, formando um bloco forte na defesa da soberania da América Latina, da mesma forma, essa influência chegou a países do continente africano.
As ações políticas do governo brasileiro em relação ao BRICS, também passou a incomodar ao mercado capitalista, sem falar das ações políticas na ONU, que em alguns momentos colocou o Brasil em linha de confronto com os interesses do grande capital. Tornou-se fundamental para o capitalismo mundial derrotar o Partido dos Trabalhadores, mas não é só derrotar eleitoralmente, é preciso ferir mortalmente esse partido, visando à extinção dele e, a partir dele, todas as organizações de esquerda na América Latina. Ao mesmo tempo em que, iniciou uma ofensiva contra todos os países que formaram junto com o Brasil esse bloco antagônico ao imperialismo norte-americano no continente.
Inicialmente conseguiu retomar o Paraguai, com a deposição de Fernando Lugo, um golpe contra a democracia Paraguaia. Aí o alvo se tornou a Argentina, iniciaram uma série de manifestações contra a Presidente Cristina Kirchner, onde a mídia e os partidos de oposição levaram a classe média para as ruas, sempre utilizando o argumento da corrupção. Assim, a burguesia argentina conseguiu derrotar o projeto de centro de Cristina, e trouxe de volta ao poder os velhos aliados do capital internacional.
Recentemente, mais um líder de esquerda caiu na America do Sul, foi à vez de o “Chavismo” perder força na Venezuela. Com uma intensa campanha organizada pela burguesia nacional e internacional, prejudicando diretamente o povo venezuelano, provocando a escassez de alimentos no mercado, com greves constantes da classe média e manifestações contrárias a manutenção do governo de esquerda iniciado por Hugo Chaves e continuado por Nicolás Maduro.
Ao mesmo tempo, os EUA buscam uma reaproximação com Cuba, ampliando o cerco e por fim chegou ao Brasil. Claro que aqui a oposição ao PT é histórica, desde que esse partido nasceu que as elites nacionais e internacionais trabalham através de sua mídia burguesa para construir uma imagem negativa do Partido, junto aos setores mais desinformados da sociedade brasileira, que se orienta de senso comum. Entretanto, com a chegada deste partido a direção do Estado no Brasil, se tornou necessário construir uma oposição, mas intensa.
Não era fácil derrotar o Lulismo, pois esse tinha apoio irrestrito da maior parte da população. O sucesso dos governos do ex-presidente Lula, criou um clima de confiança baseada na aceitação popular que não permitia uma ação direta contra o governo, fato que pode ser percebido no episódio do “Mensalão”, que apesar de ter abalado o Partido dos Trabalhadores e aniquilado quadros dirigentes importantes, não conseguiu enfraquecer o Presidente Lula. Mas veio a sucessão presidencial e a candidata eleita Dilma Rousseff, não tinha o mesmo carisma e liderança do presidente operário.
Era o momento ideal para minar as bases do partido e promover a queda deste no conceito popular. Mesmo fazendo um governo que garantiu mudanças substanciais e concretas na vida da população de baixa renda, a burguesia aliada à mídia burguesa e fortalecida pelo assessoramento dos organismos do mercado internacional, conseguiram minar o governo e a pessoa da presidente, junto à opinião pública.
A oposição utilizou de tudo que estava ao alcance para criar um imaginário coletivo de oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff. As forças de oposição aliaram-se e lançaram uma campanha intensa contra esse governo, que culminou com as manifestações de 2013, que foi chamada pela mídia de “Jornadas de Junho, durante a Copa das Confederações”. A partir deste momento, essas elites começaram a tramar a queda definitiva do Partido dos Trabalhadores. O primeiro passo era a demonização do PT e de tudo que tivesse relação política com o partido.
Desta forma, foi-se gradativamente sendo construído o “Ódio ao PT”, o que se tornou uma ideologia de massa, consequentemente e, sobretudo, no meio da juventude, o “ódio ao PT” gradativamente se transformou em ódio ao comunismo, ao socialismo, a teologia da libertação, aos avanços sociais garantidos pelo governo do PT.De outro modo, ampliou-se a homofobia, o ódio às relações de gênero, ampliou-se o racismo, o preconceito social, o fundamentalismo religioso em setores conservadores da Igreja Católica e na maioria dos seguimentos protestantes, principalmente nos segmentos pentecostais e neopentecostais. Este ambiente hostil às populações em situação histórica de vulnerabilidade socioeconômica, cultural e política foi construído a partir do recrudescimento de velha ordem cultural e social burguesa, fundamentada uma prerrogativa fascista para a sociedade brasileira.
Nesse contexto, é que se levantam alguns questionamentos sobre o que é ser esquerda no Brasil. Diante deste quadro apresentado, como nosso movimento de esquerda tem se comportado diante de uma conjuntura tão adversa? Em algumas declarações dos setores tidos como esquerda revolucionaria brasileira, percebe-se um discurso muito próximo no conteúdo dos discursos de senso comum, apresentado pela população de forma geral. A falta de leitura, ou não leitura correta, do processo históricos e sociológico que estamos submetidos, a incapacidade desta esquerda em fazer analise de conjuntura, tem trazidos setores importantes para a vala comum. Assim, é apresentado de forma elaborada o discurso produzido pela mídia burguesa, atribuindo todas as culpas a incapacidade de gestão do PT.
Claro que não dá para fazer ouvido de mercador ou fazer vistas grossas aos erros cometidos pelos setores hegemônicos que dirigem o Partido dos Trabalhadores nestes 12 anos que o partido assumiu a direção do Estado burguês no Brasil. Não podemos esquecer-nos da desastrosa política de alianças defendida pelos setores hegemônicos do partido desde a chegada de José Dirceu a direção em 1995-2002 como expressão deste campo; não dá para esquecer-se das concessões feitas aos setores dominantes para manter uma famigerada governabilidade, abandonando a “luta de Classes”; não dá para esquecer a adequação a ordem burguesa e o jeito de governar a partir das prerrogativas da classe dominante nacional.
Contudo, não podemos nos esquecer que mesmo com o Partido dos Trabalhadores abrindo mão da luta de classes, a classe dominante nacional e internacional não o fez. E, hoje, temos vivido a radicalização desta luta no Brasil. O processo político atual, será discutido pela historiografia brasileira e aí perceberemos o que de fato está acontecendo, talvez seja tarde, pois estaremos imersos em um processo histórico de média e longa duração, de reconstrução da luta dos trabalhares, que está sendo destruída neste momento. Evidentemente, que parte disso em função dos erros cometidos por esse partido ao longo de sua pequena história política, mas sobretudo, em função deste excesso de ideologismo, que Lênin, chamou de “esquerdismo, doença infantil do comunismo”.
É um novo momento da história do país e precisamos entender esse processo para que possamos responder coerentemente à investida de retomada do poder mundial pela burguesia, entendendo que não se trata apenas de uma luta entre PT e PSDB, ou burguesia e trabalhadores dentro das fronteiras de um país. Estamos enfrentando uma readequação do capitalismo mundial com um mercado de capitais altamente lucrativo operando pelo mundo, com exceção de certas comunidades que guardam características tribais na África subsaariana e a Ásia.
O projeto neoliberal falhou em sua função de garantir o equilíbrio econômico do planeta e hoje vivemos uma reengenharia atroz das forças do capitalismo. E se os setores de esquerda no Brasil e no mundo não estiverem antenados com esse processo e pronto para fazer o enfrentamento, poderá ser a barbárie. Obviamente, que poderá não ser no mesmo formato apresentados pelas grandes revoluções dos séculos XVIII, XIX e particularmente a luta armada comunista do século XX nos moldes das ortodoxias marxistas, com características operárias urbanas/camponesas e estudantis. Mas, um enfrentamento político que passa pela emancipação de todos as dimensões da vida humana no planeta, envolvendo as classes trabalhadoras, as questões ecológicas, culturais, étnico raciais, mulheres e gênero, sociais, políticas, econômicas.
Nesta perspectiva desoladora, seremos realmente vencidos e aniquilados por um projeto ideológico que está gradativamente se consolidando no planeta, onde o pensamento fascista cresce arrebatadoramente em todos os cantos do planeta e no Brasil com uma população historicamente conservadora, de outro modo, é facilmente perceptível nas mais simples conversas populares a presença desta ideologia que está se tornando padrão mundial.




           





[1] Os primeiros a afirmarem a condição cíclica da história foram Heródoto na Grécia, 484-424 A.C. considerado o pai da história. E Tucídides 460-404 A.C.
segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Alienação da juventude no século 21[1]



"A maior parte do conhecimento que precisamos e temos que adquirir vem dos livros. O livro é a principal fonte do conhecimento capaz de libertar uma pessoa da ignorância."





* Por João Victor

Desde o início do século, até os dias atuais, percebemos que a nossa juventude vem perdendo o interesse pelo debate político com muita rapidez. Mesmo com o avanço tecnológico, que agora nos permite acesso fácil à informação, estamos distante e diferentemente, por exemplo, do que ocorria há 25 anos.


A falta de interesse pela leitura, aliada à desinformação generalizada, está gerando um processo de “emburrecimento” de grande parte da atual geração de jovens, que hoje em dia só pensam no consumo de bens materiais, influenciado pela mídia burguesa que tem o objetivo de continuar essa alienação, porque querem que os jovens percam aquele espírito revolucionário que tanto os marcaram em décadas passadas. Mas, qual é o objetivo disso tudo?

O objetivo é que a burguesia mundial quer que nossos jovens continuem “burros” para que eles não percebam a hora de pedir mudanças na sociedade e, portanto, continuarem o consumismo, que é a principal característica e a sobrevivência desse sistema capitalista que vem devastando o mundo social e ambientalmente, com diz a música de John Lennon chamada “Working Class Hero”, (Herói da classe trabalhadora) principalmente aquela parte (um verso) que diz o seguinte: “Eles te odeiam se você é esperto, desprezam se é um idiota”.

Essa música diz o que a burguesia esconde, aliás, não quer que os nossos jovens tenham o conhecimento. O conhecimento é a nossa principal arma para que seja feita uma revolução e, é isso que a burguesia mas teme. Mas, hoje em dia vemos o contrário. Se você for a uma escola qualquer, seja ela pública ou privada, podemos perceber o baixo nível de conhecimento entre os jovens, sobre atualidade, política e história da humanidade.

Esses mesmos jovens ouvem “músicas” em que prezam por consumismo e a luxúria. Defendem ferozmente o capitalismo e continuam seguindo o senso comum de que não vale apena transformar a sociedade porque ela não precisa de mudanças urgentemente. Se você perguntar para esses mesmos jovens se eles leem livros, a resposta vai ser não. Por que isso é preocupante?

A maior parte do conhecimento que precisamos e temos que adquirir vem dos livros. O livro é a principal fonte do conhecimento capaz de libertar uma pessoa da ignorância. Se você vem com um assunto (discussão) sobre política, a maioria dos jovens já encerram logo de início a conversa, pois não tem o mínimo de conhecimento para argumentar com a qualidade necessária à compreensão. Pois, a única fonte de informações deles são as principais emissoras de TV, que estão aliadas à burguesia e manipulam as notícias.  

Querem mantê-los alienados para que continuem sem perceber as necessidades da população e, mais que isso, se oponham a quem defende tais interesses. Podemos perceber isso claramente quando algum desinformado defende o fim de um programa social, a exemplo do Bolsa Família. Para eles, a maior parte dos jovens e a burguesia, esses programas sociais devem ser instintos. Eles querem continuar com a desigualdade e a pobreza. Aliás, sempre ouvimos algo do tipo como “Bolsa esmola”, “Quem recebe bolsa família é um vagabundo que não gosta de trabalhar”.

É esse tipo de auxilio social, que muitas famílias precisam, não é bem visto pela burguesia porque eles acreditam que estas famílias não merecem. É isso que eles estão passando para os nossos jovens, que acaba criando um ódio insano às populações de classe baixa.

Outro elemento fundamental que faz parte desse processo de alienação é a música. O mercado sempre ditando os ritmos das “revoluções”, a indústria musical atualmente está passando por uma fase em que para eles só o dinheiro importa, vou citar exemplos como o funk ostentação, sertanejo universitário, arrocha e o famoso pagodão, que muitos ouvem aqui na Bahia.

O que eles têm em comum, tirando as letras que foram horrivelmente compostas por pessoas que tem sedimentos no lugar do cérebro, é estimular a vulgaridade.  O objetivo comum de todos esses “gêneros músicas” que citei, é fazer com que os jovens percam a vontade de aprender e que não tenham o conhecimento que precisam para se iniciar uma revolução social e, assim continuem vivendo nesse mundo de utopia.

Atualmente estamos passando por um momento de dificuldade no governo do PT, em que a mídia e a burguesia pedem o impeachment de uma presidente eleita democraticamente. Para isso, eles manipulam as notícias intencionalmente, para que a população fique contra esse governo que sempre lutou pelos direitos dos trabalhadores, da juventude, populações negras, mulheres e LGBT. E para isso eles utilizam os jovens que não tem a mínima ideia do que está acontecendo. Isso se torna preocupante a cada dia que passa, pois caso a burguesia vença, estará decretando o fim de nosso país.

O Brasil tem muitos recursos naturais que estão sendo cobiçados pelas principais companhias estadunidenses como as petrolíferas Chevron e Shell. E o que a mídia acaba passado para esses jovens é que essas companhias têm o direito de explorar esses recursos naturais e, isso prejudica o país economicamente, pois uma boa parte da renda que poderia ser adquirida na extração desses recursos poderá sair de nosso país.

Os jovens brasileiros precisam perceber que a burguesia nacional, aliada às grandes potências mundiais, querem prejudicar o nosso país de todas as maneiras e o que estamos presenciando no momento é a tentativa de um golpe contra uma presidente, eleita democraticamente. Nossa juventude precisa se unir para que esse golpe não ocorra e para que nossa constituição seja respeitada.
Deixo a seguir uma mensagem para todos. “Juntos podemos fazer a diferença para derrotar nosso maior inimigo, mas para isso precisamos estar sempre bem preparados para o que vier e usar a nossa principal arma o conhecimento”. E, por último, deixo a sugestão de duas músicas que são minhas preferidas, ambas estão em inglês, mas isso não quer dizer que elas sejam ruins, a primeira é “Had Enough” da banda de rock Breaking Benjamin e a segunda “Working Class Hero” de John Lennon que citei em meu texto.



[1]A redação do Blog do Sonkha recebeu este texto com autorização para sua publicação na integra. O autor deste texto é o estudante João Victor, tem 16 anos, faz o 1º ano, no matutino, no Centro Integrado de Educação Navarro de Brito (CIENB).  

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Por que o COESO apresenta candidatura às prévias para 2016?

"A propositura desta candidatura propõe dar conta das expectavas e angustias de petistas, e não petistas, que ainda acredita no PT enquanto organização partidária séria, politizada e comprometida com a luta por uma outra sociabilidade."


O Coletivo Ética Socialista (COESO) e simpatizantes, sentimo-nos representados pela práxis política do professor Marcelo Neves, valoroso militante e dirigente fundador do Coletivo Ética Socialista. O trabalhador Marcelo Neves que se reconhece enquanto classe trabalhadora vocaliza em sua práxis política os vários processos históricos, socioeconômicos e políticos de emancipação humana, antípoda ao capitalismo. Nesta pré-candidatura às prévias, estão presentes todos os debates, militância e ações das diversas populações fragilizadas pelas elites burguesas.

A propositura desta candidatura propõe dar conta das expectavas e angustias de petistas, e não petistas, que ainda acredita no PT enquanto organização partidária séria, politizada e comprometida com a luta por uma outra sociabilidade. No entanto, mesmo com significativos avanços promovidos pelas sucessivas gestões petistas, esta candidatura buscar pautar a ausência de respostas às diversas demandas coletivas das lideranças dos movimentos sociais, sindicalistas, dos movimentos negros, mulheres, LGBT, ambientalistas, artistas, intelectuais, cientistas e militantes.

Pautamos também a postura intransigente, arrogante e indiferente de dirigentes petistas (no partido e no governo) e nome desta militância silenciada que deixaram de ser ouvidas pela direção do Partido dos Trabalhadores, apresentamos a candidatura do COESO, aqui representada, pelo Professor Marcelo Neves. Nossas críticas e propostas de alteração de curso vão no sentido de agregar ao processo sucessório, contrapondo-se á logica perversa da mercancia ou da barganha que despolitiza o partido, adotada a partir do momento que abraçaram a democracia e o Estado liberal burguês como “único e possível” caminho da humanidade para se chegar ao bem estar.

O COESO, trás a baila polêmicas, não menos valiosas, como atualização programática do Modo Petista de Governar; empoderamento institucional, socioeconômico e politico das classes trabalhadoras, sobre tudo seus efeitos devastadores sobre as populações negras, quilombolas, povos tradicionais e terreiros, mulheres e populações LGBT, em todas as faixas etárias (crianças, adolescentes, jovens, adultos e melhor idade).

O COESO compreende as contradições que nortearam a evolução nas relações de trabalho ao longo do desenvolvimento das engrenagens capitalistas, mas não prescindi da luta de classes que põem em rota de colisão interesses absolutamente irreconciliáveis, posicionando-se contrário à conciliação de classes antagônicas. Não há como negar as mudanças substanciais nos instrumentos jurídicos administrativos de exploração das classes trabalhadoras, nas formas políticas de exclusão de múltiplas populações, na atualidade.

No entanto, a falácia prometeica da democracia liberal não deu conta de resolver as mazelas mais elementares provocadas pelo capitalismo, como a fome, violência, fanatismo, guerras, pestes, falta de moradia, lazer, saúde, cultura e educação de qualidade às populações marginalizadas. Pelo contrário, fortaleceu os mecanismos privados de exploração que asseguram o aumento agressivo da concentração e centralização de riquezas sob o controle de poucas famílias, alargando indicadores de desigualdades multidimensionais e miséria.

O COESO considera necessária a desapropriação dos condomínios de poder, desburocratização e descentralização da maquina pública por forças dominantes conservadoras. É inadmissível que um projeto nascido em berço operário, movimentos populares, intelectuais, artistas e lideres religiosos com práxis de esquerda possam sucumbir aos interesses mesquinhos de “lideranças” petistas de direita.
A crise que se abate sobre o PT é de ordem política e tem raízes e reflexos profundos no comportamento simbólico criado pela sociedade burguesa. Formaram-se ligeiramente grandes ilhas de poder inabaláveis e inacessíveis. A cada eleição, a partir do estrangulamento e asfixiamento das forças internas, cresciam e tornavam-se incontrolavelmente imorais.  Assim, como ocorre entre as forças capitalistas que digladiam no mercado para destruir a concorrência, o campo hegemônico foi aniquilando gradativamente com poder econômico as forças à esquerda tratando-nos como concorrentes e esvaziando os espaços de participação democrática das tendências e coletivos à esquerda.

O patrimonialismo, clientelismo e a busca deslumbrada pelo poder, levaram lideranças históricas (outras nem tanto) do campo hegemônico a equivocadas estratégias de alianças com setores de direita conservadora, que colocaram o partido, sua história, projetos e seus sonhos na geleia geral do senso comum: todos são corruptos! Descredenciando o PT das fileiras da esquerda combativa e de sujeito do projeto mais ousados da história  política brasileira, que é mudar de forma contínua a triste realidade de pobreza, fome, desemprego, violência e miséria deixada pelas elites burguesas e suas políticas elitizadas que geraram a exclusão e opressão dos pobres.

O COESO defende a radicalização compulsória dos mecanismos democráticos de participação popular, capaz de fazer a transição deste modelo limitado para organizações sociais revolucionárias. As valorosas experiências de Orçamento Participativo e de Conselhos de Controle Social são conquistas importantes, mas precisam ser atualizada porque seu funcionamento apresenta desgastes após 20 anos ininterruptos de uso. Faz-se necessário transformar estes mecanismos que foram infectados pelos vícios da democracia liberal, que garante a igualdade na forma da lei, mas não avança no seu conteúdo.

As organizações sociais cunhadas a partir do Código Civil reflete a grande medida a sociedade burguesa e seus mecanismos jurídicos de controle que impõe retrocessos à práxis revolucionária. Portanto, não transcende a democracia formal. Sua ideologia é incompatível com a práxis e conteúdos revolucionários, impedindo-a de avançar no sentido da radicalização da democracia. Portanto, urge a necessidade de romper com estes modelos arcaicos de organização de participação social liberal.

Devemos construir organizações participativas revolucionárias em sua práxis política que leve o Estado liberal burguês a sua logica organizacional a exaustão/superação. Precisamos de Conselhos Populares constituídos pela práxis política revolucionárias, com plenos poderes para intervir politicamente na consecução orçamentária e nas políticas conservadoras, direcionando-as às populações com múltiplas vulnerabilidades.

O COESO defende a ampliação compulsória do financiamento público para programas, projetos e ações governamentais voltadas para inclusão de populações em situação de risco provocada pela vulnerabilidade socioeconômica e politica originada pelas instituições políticas do Estado e mercancias das relações de troca. O capitalismo produz consequências maléficas na vida das pessoas, estragos em todas as dimensões da vida humana: relações pessoais, sociais, econômicas, religiosas, ambientais e políticas.

A máquina mortífera do capitalismo desenvolveu-se intensamente nestas últimas décadas, ampliando consideravelmente sua capacidade de acumular riquezas de forma concentrada e centralizada. Mas, contraditoriamente vem arruinando a humanidade, mobilizando os vários recursos naturais para produção destruindo o meio ambiente e a vida humana em sociedade. Os números confirma a escalada desastrosa da produção, mas aponta para ampliação da fome, da miséria, endemias coletivas, falta de moradia, saúde, educação, múltiplas violências, genocídios de jovens negros, estupros e violência contra mulheres e populações LGBT, racismo e intolerância religiosa.

Estas estatísticas mostram os resultados desastrosos deixados pelo capitalismo ao longo de sua existência. Estes malefícios devem ser cuidados pelo poder público por meio de políticas públicas direcionadas, porque a universalização de tais políticas desconsidera a existências de classes em situação melhor, colocando a todos na mesma condição de direitos. Em verdade, não há igualdade de condições porque existem classes diferentes com poder socioeconômicos absolutamente diferenciados.

No que pese a existência de programas, projetos e ações governamentais iniciados há 20 anos, os indicadores dizem que ainda são tímidas. Consideramos necessária a efetividade e compulsoriedade destas políticas por meio do financiamento público crescente, visando atingir todas estas populações fragilizadas pelo desenvolvimento, domínio e exploração capitalista. Nos marcos da democracia liberal, mesmo que tenha sofrido mudanças desde o seu surgimento a partir do século XVIII, não há como melhorar progressivamente o financiamento destas políticas porque não deixa de ser um projeto da burguesia para sustentar o desenvolvimento do capitalismo.


Estas questões encontram eco na militância do COESO está presente na práxis política do professor Marcelo Neves. A candidatura do professor Marcelo Neves às prévias internas do Partido dos Trabalhadores à prefeitura municipal de Vitória da Conquista é uma expressão de luta e debates que visa à atualização programática do Governo Participativo. Não defendemos a deificação de quem quer que seja, por isso não apresentamos o professor Marcelo Neves como salvador de nenhuma pátria ou aquele que virá impávido por entre as nuvens para redimir todos os problemas e as angustias dos conquistenses. Também não compreendemos que a nossa candidatura seja dada por benemérito de quaisquer trabalhos assistencialistas, como fazem os populistas e demagogos. 

Nossa candidatura é apenas uma expressão ideológica legitima de militantes de esquerda que desejam aprofundar as mudanças iniciadas pelo Partido dos Trabalhadores que não são iniciadas pelos dois grandes gestores Guilherme Menezes e o professor José Raimundo Fontes, mas sim pelas forças de centro e esquerda que militam nesta cidade construindo as grandes manifestações contra o capitalismo e suas instituições políticas e ideológicas que remontam a história de Vitória da Conquista. 

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