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sexta-feira, 29 de agosto de 2014

"Os Jacqueswagneristas priorizaram um ‘debate fácil’ ao invés da reflexão com a militância do partido."

JBergher: "Assim como boa parte de brasileiros,
sou filho de trabalhadores na acepção da palavra"


"Teoricamente professores deveriam não se colocar na posição de superioridade. É a lógica do ensinar para ignorantes... "

* Roteiro realizado por Herberson Sonkha

Olhos fixos, fala tranquila, centrado e um sorriso preciso fez de um elementar roteiro de perguntas, uma das mais ricas análises histórica, filosófica e política da atualidade. O intelectual jequeense faz um rápido balanço sobre os descaminhos teóricos da fluída sociedade contemporânea. Com lúcida e ácida respostas ao Blog do Sonkha, a entrevista com o militante petista negro, intelectual, historiador, filósofo, professor de formação, o jequieense Joilson Bergher, colidiram com o controverso cenário político eleitoral baiano, o infortúnio das alianças, mas ressalta os avanços socioeconômicos obtidos pela gestão do Partido dos Trabalhadores no Brasil e na Bahia. 

O estudante negro de escola pública e filho de trabalhadores, atualmente é Servidor Público Estadual concursado, o professor JBergher reacende o debate contras as hostes políticas conservadoras na Bahia, problematizando sobre a práxis política do PRC e as demandas do Estado liberal burguês, antípoda à matrix ideopolítica petista dos anos 80. Sua análises atualizadas, inexoravelmente colide contra os ataques acerca da (des)ideologização do PT após ascender aos governos federal, estadual e municipal, afirmando que tendências e coletivos internos ao partido mantém  a pauta do Socialismo, todavia infirma enfaticamente quaisquer esfinges que vise ‘desvendar’ o processo revolucionário  de emancipação humana que possibilitará a ruptura com o capitalismo. Assegura sua assente trajetória ideológica petista ao reivindicar que sua filiação ao PT é histórica, o historiador garante que sua opção de militância ao Coletivo Ética Socialista, assegura uma práxis política revolucionária e propositiva no sentido de promover mudanças políticas, econômicas e sociais que à longo prazo consolidará uma nova sociabilidade.


BLOG DO SONKHA: O Senhor é natural de que município?
JOILSON BERGHER: Sou de Jequié, Bahia

BLOG DO SONKHA: O Senhor concluiu o ensino médio em uma escola pública? Uma escola urbana ou camponesa? Da periferia ou do centro? Sua localização geopolítica influenciou na qualidade deste ensino? E na formação política?
JOILSON BERGHER: Assim como boa parte de brasileiros, sou filho de trabalhadores na acepção da palavra. Concluí sim os meus estudos numa Escola pública, na Zona Urbana de Jequié. Reporto-me ao Instituto de Educação Régis Pacheco (IERP), colégio onde de fato, iniciei uma trajetória de compreensão do Ser, das lutas e contradições cotidianas. Naquele colégio aprendi com outras pessoas, outros companheiros o significado do que seria um Grêmio estudantil, por exemplo. Afinal, atuei no Grêmio Estudantil Dinaelza Coqueiro, posteriormente, na Fundação da Umes, União Municipal dos estudantes Secundaristas. Tal período é o dos anos finais de 1980. A partir desse colégio, o meu ingresso de forma mais propositiva no entorno do Partido dos Trabalhadores, ganha corpo...

BLOG DO SONKHA: Qual era a realidade do ensino médio público de sua época? Havia uma proposta de educação que viabilizasse sua chegada qualificada ao mercado de trabalho ou a universidade pública? Esse ensino-aprendizado oferecido pela escola lhe possibilitou escolher qualquer curso superior? Por quê?
JOILSON BERGHER: Veja bem: os anos de 1980/1990, no Brasil, foram marcados por  movimentos em direção a socialização do poder político, fim da ditadura, etc. No âmbito da Educação, nos possibilitou um grande debate no Brasil inteiro. A sociedade estava política e civilmente organizada sobre projetos diferenciados de reestruturação da política educacional. Certamente, não tínhamos, digamos, o BOOM disso que se conhece como mercado de trabalho. Aliás, é bom frisar que, A chamada "Nova República" (mar/1985 a jan/1990) foi exatamente o resultado de uma combinação de pressões populares dos "de baixo" e de operações transformistas "pelo alto", ou seja, uma "contra-revolução por dentro da hegemonia" na concepção gramsciana mesmo da palavra.  Entretanto, não posso deixar de reconhecer que houve um encaminhamento político diferente daqueles ocorridos em períodos anteriores da História do Brasil, como a Revolução de 1930 e o Governo Militar de 1964. Penso ser tal momento e contexto histórico ser fundamental nas escolhas que fiz e, ainda faço no campo da academia. 

BLO DO SONKHA: O Senhor graduou-se em qual instituição superior? Qual foi o curso? Havia outras opções? Por que esta?
JOILSON BERGHER: É isso... A Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia foi, e, tem sido uma dessas Instituições de conhecimento fundamental em meu crescimento intelectual. Podendo ser sintetizada, em geral, como uma instituição modernizadora, não necessariamente nessa linha, voltada para a pesquisa ainda que, incipiente. Sou Licenciado em História por entender o Ser como fundante na possível resolução de suas contradições. É Marx que preconiza, "Na produção social de sua existência, os homens entram em relações determinadas, necessárias, independentes de sua vontade, relações de produção que correspondem a um dado grau de desenvolvimento de suas forças produtivas materiais. O conjunto destas relações de produção constitui a estrutura econômica da sociedade, a base real sobre a qual se ergue uma superestrutura jurídica e política e à qual correspondem determinadas formas de consciência social.”

BLOG DO SONKHA: O Senhor se graduou em História pela UESB e atualmente está se graduando pela segunda vez em filosofia, pela mesma instituição. Por que duas graduações?
JOILSON BERGHER: Então, preconizo o conhecimento qualquer que seja ele, fundante para finalmente mudar, dialogar, propor, revolucionar cenários. E Por que a História, a Filosofia? Partindo do princípio: que a humanidade não formularia jamais problemas que não pudesse resolver, olhando mais de perto, veremos sempre que o próprio problema só surge onde as condições materiais para resolvê-lo existem ou, pelo menos, estão em vias de aparecer. Esse é um princípio marxista, então, tanto uma como a outra diz sim de possibilidades, melhor, é a busca constante do refletir sobre o atual papel do profissional do entorno da educação nessa mesma sociedade, haja vista tantas transformações do contexto vivido, e ainda, por vir. Precisamos sim desempenhar um papel eminentemente político, educando para a transformação da sociedade atual, tendo em vista uma educação igualitária e com qualidade para todos. Afirmo aqui que da filosofia criada pela sociedade de classes devemos tomar dois elementos fundantes: o materialismo e a dialética. Graças à combinação orgânica de ambos, Marx criou seu método e erigiu seu sistema. Precisamos tomar partido...

BLOG DO SONKHA: O Senhor concluiu seu curso com regularidade dentro do tempo determinado pela UESB? Por quê?
JOILSON BERGHER: No caso da História, sim. Em relação à filosofia, não. Ainda estou cursando... Tenho como meta terminá-lo entre o final de 2014 e início de 2015. É importante essa questão. Se eu tivesse condições e segurança social, seguramente, teria mais tempo para estudar... É curioso isso – as instituições de conhecimento superior ainda criam, reproduz, comete a velha prática de ensino positivista ou o ideal republicano, como a busca de condições sociais básicas, pra uns... Quem dirige ou administra tais instituições, precisam entender também que, analisando dialeticamente, não há conhecimento absoluto, pois tudo está em constante transformação. Usando os dizeres de Gadotti, “todo saber traz consigo sua própria superação”. Gosto do debate sobre a relativização do saber. Teoricamente professores deveriam não se colocar na posição de superioridade. É a lógica do ensinar para ignorantes... 

BLOG DO SONKHA: O Senhor participou das atividades políticas e artístico-culturais da UESB? No movimento estudantil o Senhor participou da militância e/ou foi dirigente de CA, Da ou DCE? Qual foi sua contribuição nos encontros de área?
JOILSON BERGHER: Está na história e infelizmente, segundo Edgar Morin, ainda persiste que o possível se torna impossível e podemos pressentir que as mais ricas possibilidades humanas permanecem ainda impossíveis de se realizar. Em tal particular, é bom rememorar que cultura significou originalmente campo arado e cultivado, em oposição à floresta ou ao solo virgem. Então: cultura é tudo o que foi criado, construído, aprendido, conquistado pelo homem no curso de sua história, diferentemente do que recebeu da natureza, incluindo a própria história natural do homem como espécie animal. Com base em tal assertiva, não tive outra possibilidade que não fosse a de participar da direção do CA de História, e, principalmente da Fundação, participação e coordenação decisiva no Diretório Central dos Estudantes da UESB. Em relação a encontros de áreas, sempre nos pautamos no debate ético e propositivo, ora na melhora de Cursos, ora na melhora de condições e permanência dos Estudantes nos espaços a esses delimitados.
BLOG DO SOKHA: Qual era a UNE de sua época? Quais suas principais bandeiras? Sua militância se dava a favor ou contra a política da UNE? O Senhor chegou a participar como delegado/observador de algum congresso da UNE? Qual era a tese do seu campo? Quando? Qual era a maior força no movimento estudantil?

JOILSON BERGHER: “A UNE somos nós, nossa força nossa voz”, (rsrsrsr) . Você, Sonkha, deve se lembrar muito bem dessa palavra de Ordem. De fato, nos anos finais de 1980 e 1990, muitas bandeiras: abertura política, reorganização de movimentos sociais, o debate em torno da cor do socialismo, o surgimento do Lulismo versus a débâcle do Brizolismo versus o aparelhamento do movimento do movimento estudantil por parte da UJS/Pc do B, prisão daqueles que patrocinaram a banimento de jovens guerrilheiros militantes veiculados ao PC do B.... Como todo animal, o homem é obrigado a lutar por sua existência. Então, - toda luta supõe um certo desgaste de forças, naquele momento, isso estava evidente e continua a nosso ver ainda, claro, num outro contexto. Os congressos da UNE, deveria ser um espaço de debates, diálogos, ideias, aliás, até, era, lá, nas antigas. Eu fazia parte de um Coletivo amplo, instado na luta e participação social, ora no campo, ora na cidade. Tal coletivo se encorpou, obviamente, no campo da oposição. Em tal época, eram muitos os campos da oposição, nós, por exemplo, militávamos á época, numa corrente do Partido dos Trabalhadores, Chamada de Causa Operária, no campo estudantil, AJR, ou Aliança da Juventude Revolucionária, mais tarde, expulsa do Partido dos Trabalhadores. Com a divisão da esquerda propositiva, a UJS/PC do B, - que era o campo majoritário, acabava por vencer as eleições, sempre...

BLOG DO SONKHA: Eduardo Galeano ao escrever o livro "As Veias Abertas da América Latina". (1978), produz mais que um livro, forja uma obra clássica de leitura obrigatória para o ensino superior e principalmente para a militância, ou qualquer pessoa que desejasse compreender os vários processos “civilizatórios” transcorridos na América Latina desde a expansão ultramarina, colonização e domínio da elite européia pré-capitalista no século XVI. Ao dizer que "A história é um profeta com o olhar voltado para trás: pelo que foi e contra o que foi, anuncia o que será." (Pág.9) Galeano propõe buscar na história passada-presente as tendências que vão estruturar o futuro-presente e a partir desta realidade tece suas ricas e minuciosas análises conjunturais ainda atuais para toda América Latina. Os golpes, financiados pelos estadunidenses imperialistas faz parte da dominação de mercado de consumo e sediar as empresas transnacionais. Para o Senhor qual é o país de hoje? Como o Senhor compararia a atual fase imperialista com a analisada por Eduardo Galeano? Na sua avaliação as instituições político-financeiras internacionais continuam praticando ingerência no Brasil? Por quê?
JOILSON BERGHER: É uma questão de fôlego essa formulada por você, Sonkha. É fato. O “Só sei que nada sei”, - é uma das máximas do Sócrates. Desse entrechoque de imagens percebe-se que o diálogo entre o pensador e o abastado proprietário rural revelava o que diariamente estava no cotidiano de todos. Mas com uma diferença que certamente incomodava: Sócrates mostra que no plano das opiniões todos tem razão, mas, também poderia não ter. Não lhes interessava as belas e sedutoras palavras, - o desafio: conhecer a essência das coisas. O intelectual Eduardo Galeano fez exatamente isso: a necessidade da visão sistêmica desse imenso continente chamado de “novo mundo” para uns, antiqüíssimos para outros. Muito lúcido, Galeano, descortina 500 anos de dominação e exploração do velho continente americano do Sul, desde o achamento em 1492. Por essas bandas, Cristóvão Colombo dirigiu uma campanha militar que dizimou os índios da Ilha Dominicana, sendo que alguns dos que sobraram, acabaram sendo vendidos como escravos. Ressalto que grande parte dos metais explorados na América Latina servia somente para enviar aos países europeus. No caso brasileiro quem se beneficiou, particularmente, foi à Inglaterra. A busca do ouro e da prata foi o motor principal de tais conquistas... 1492 mudou o mundo. Quando o mundo se abre, com ele, abre-se a história, com ela, a dialética, a arte, a poesia, os contos, a tragédia, aqui desfilados: Considero o encontro como um fenômeno de conquista e dominação, mas, subestimar a cultura do “outro” não dá. Claro, fora a complexidade tecnológica trazida pelos europeus e dos deuses que o abandonaram diante do estrangeiro branco e barbudo. Houve a crise e inevitáveis conflitos, mortes, resistências. Vive-se um mundo hedonista. No Brasil de hoje a juventude vêm crescendo em matéria de desobediência contra esta lei que os condena à resignação, à aceitação do mundo tal qual está colocado. Está muito claro o divórcio numa boa parte da América Latina a separação – entre os jovens, as novas gerações, e o sistema político e o de partidos vigentes. As jornadas de junho/julho-2013, o é sintomático dessa situação. Sem dúvida, este é um dos dramas do mundo em nosso tempo, internacionalmente. É contraditório: vive-se a onda cibernética – tudo ao mesmo tempo agora, no entanto, é esta estrutura de poder que às vezes é invisível e que, no fundo, controla tudo.  O Brasil também é isso. Mas-, as tradições sempre são derrubadas...

BLOG DO SONKHA: O Brasil corre o risco de reviver, através de ditaduras civil-militares e articuladas por organismos e agências econômicas internacionais uma nova ditadura? Por quê? Em que medida o país se libertou das tradições políticas influenciadas pela ideologia capitalista imperialista?
JOILSON BERGHER: E qual seria receita para isso? E desconfiaria muito de alguém que quisesse me vender tal receita. O Brasil é muito complexo, contraditório mesmo. Tenho a História como minha aliada, suas ações são lentas. Até li num desses Blogs existente por ai, que o Golpe Militar retornaria no dia 31 de Março, de 2014. Não, não creio. A palavra-, “O comunismo está chegando e é um perigo para o Brasil”. Não está mais na ordem do dia, pelo menos, aqui no Brasil. Coisas como ‘a marcha da família com deus’, em defesa da vida, da liberdade, da pátria e da democracia, contra o comunismo”, de inspiração em 1964, não teria mais sentido. A própria família se desagregou, faz é tempo. Mas,- não é essa velha elite que adora essa política econômica de juros altos, e desenvolvimentista, propugnada pelo governo Dilma? Pois, não são esses que lucram horrores com essa financeiração econômica? Aliás, países da América Latina e África, temem o Brasil e a sua trajetória de ascensão no cenário internacional, um novo modelo neo-colonialista a brasileira? Os dados:-Segundo dados do Ministério das Relações Exteriores, o total das exportações nacionais para o restante da América Latina e o Caribe saltou de 11,5 bilhões para 57 bilhões de dólares, entre 2002 e 2011. Isso situa a região como segundo mais importante mercado para o comércio externo brasileiro, depois da Ásia. Uma outra questão interessante do ponto de vista da política programática lastreada no entorno dos movimentos sociais e político, é o Decreto da Democracia, nº-8243/2013, que cria a Política Nacional de Participação Social (PNPS), em tal Decreto, preconiza-se a Democracia direta, a meu ver complicadíssima, ainda não resolvemos uma questão essencial que é o como nós somos. Querem fazer democracia direta? Como organizar isso? O Decreto veio de cima num momento de crise com a sociedade na rua...queremos e lutamos a vida inteira por democracia direta. O Decreto-8243/2013, vindo de cima pra baixo, tem de ser ao contrário. Sou entusiasta por exemplo, de uma Assembléia Nacional Constituinte exclusiva, para tratar de reforma política no País...a ideia de Plebiscito, nesse momento, em discussão pelos movimentos sociais e políticos, me parece ser um bom  indício da construção da Assembléia Nacional Constituinte Soberana. A Presidente Dilma Rousseff, nesse particular, acertou, literalmente e a aplaudo por isso, aliás, fora eleita pra isso...

BLOG DO SOKHA: O site criticanarede.com, traz um texto denso do pesquisador e Professor Estevão de Rezende Martins (UNB), intitulado “História”. O professor dialoga com duas acepções básicas de história. Uma é elementar e dialoga com o aspecto cultural, com a reflexão filosófica e considera a história como processo temporal interpretado e vivenciado pelo homem (agente racional humano) no presente cônscio; a segunda construída por opção do método investigativo, constituído o fundamental da ciência histórica e de epistemologia e toma a história como reconstrução do passado humano, individual, grupal ou social, a partir de procedimentos previamente convencionados de controle das fontes, com explicações fundamentada em estruturas de argumentos em formatos de argumentos, cujo estado de coisas presentes e relativo ao tempo determinado e delimitado como objeto de exame. O Senhor posiciona-se enquanto historiador em qual destas duas acepções básicas da história? Por quê?
JOILSON BERGHER: Ainda que -, vivendo essa ou aquela possibilidade presente em atos projetados pelo Ser, sempre é difícil conviver num mundo, sentir-se num mundo em estado de angústia, entedendo-a como a precariedade humana do Ser, Heidegger, procura, diálogo, busca o modo de ser da coisa, “na medida em que ela se mostra como uma obra de arte”. O que é a coisa? Um martelo, um giz: na verdade, são coisas que não depende de algo, alguém, está em si, melhor, é autônoma, ou seria o nada, assim como possibilidade da existência? Precisamente, eis aqui o significado da filosofia, nela não há questões que não seja objeto de disputa e reflexão, sempre. Em Descartes, o “recurso ao indivíduo, ao cogito, permite superar o momento da dúvida e da tábula rasa” o que queremos é clareza e erudição, refletindo o papel do historiador, analisar problemas pertinentes principalmente voltada a atualidade como a indefinição das identidades nacionais no Brasil, por exemplo,  e o uso ideológico do discurso histórico nessa ou naquela realidade. Esse debate por si só, me interessa muito. Considerando críticas, por sinal, ácidas e, é bom que haja, o materialismo histórico, ao contrário do que dizem seus críticos, não tem nada de sectário, não é ideia fechada em si mesma, petrificada, pelo contrário, é uma resposta pontual às questões que o pensamento avançado da humanidade havia colocado, sendo inclusive o que chamo de (re) formulação imediata das doutrinas dos representantes mais eminentes da filosofia, da economia política e do socialismo. Veja harmonia, integração e concepção integral do Ser. Seguramente é o marxismo o que de mais alvissareiro e legítimo, aliás, até agora é o que de melhor a humanidade teve de possibilidade de criar no século XIX, - a filosofia alemã, a economia inglesa e o socialismo francês. É crível que se reverbere a crise do breve século XX, e por tabela, a crise do marxismo... Desde então ganhou corpo estudos privilegiando a história das mentalidades, vida cotidiana, história de negros, mulheres e crianças, ou seja, as migalhas da história ou o abandono literal da preocupação com os movimentos que explicam a totalidade societária. A nosso ver, - não existe só o contexto capitalista a ser estudado pela história... Eis aqui um bom debate trazido por seu Blog, Sonkha.

BLOG DO SONKHA: O que é história? É uma ciência? Qual é o instrumental teórico que a define como ciência? E quais são as matrizes teóricas que as constituí? Há diferenças? Quais e por quê?
JOILSON BERGHER: Num recorte epistemológico e considerando as novas contingências históricas emergentes, a história, o homem, em tese, não se explica pelas relações sociais de produção. Na questão anterior, há uma explicação, diria, generalizada da questão do fazer a história, do Ser na história. Acho curioso o fato: a negação de uma relação dialética existente entre sociedade civil, sociedade política e Estado. Aos "novos paradigmas", pressupõe afirmar que tais traços mais estruturais das sociedades humanas perderam a sua validade no processo de construção do conhecimento histórico.  Isolar o singular do geral e, por conseguinte, abandonou-se a particularidade fenomênica como categoria fundante da história... Não creio em tal tese. Na atual conjuntura epistemológica cresce estudos ou objetos de pesquisas extremamente desconectados entre si. Com a derrocada melancólica do socialismo real e o concreto fim da história? O que se conhece como mundo cultural passou a ser interpretado como uma nuvem pequenininha de fenômenos, desconectado de qualquer sentido explicativo. É oportuno dizer aqui das contradições de opiniões ou do bom debate entre o jovem Geômetra e o engajado Sócrates sobre a história, o conhecer, a razão e da própria história e o conhecimento em si. Vejo que nem sempre o estabelecido é a percepção verdadeira. Aliás, penso ser verdadeiro o que preconizava Aristóteles: integrar a percepção do mundo sensível ao conhecimento filosófico e científico. Existe o homem e as coisas individuais, a abstração, o intelecto produzindo obviamente conceitos ditos universais. Então, tudo se transforma continuamente.  Em tal diálogo, tudo tem uma causa. Estreita-se aí: ciência, razão, poder, história, filosofia, conhecimento, medo, morte, vida, afetos - pressupondo-se a elucidação da questão originária-, o que é conhecer.
BLOG DO SOKHA: Qual é a contribuição de Karl Marx à história? O método desenvolvido por Marx, particularmente o materialismo histórico-dialético, ainda influencia os pensadores contemporâneos? O Senhor se considera um marxista? Qual dos marxismos o Senhor recebeu mais influencia?
JOILSON BERGHER: Veja Sonkha, - Há diferenças, divergências irreconciliáveis entre esse ou aquele método e o estudo das particularidades dos métodos acontece na área chamada de metodologia, um campo específico de reflexão sobre as possibilidades e peculiaridades dos métodos. Brecht-, numa cena teatral, descrevendo Galilei Galileu, destinada aos que se diziam doutores e especialistas da corte italiana, mostra a beleza do firmamento a partir do telescópio, fazendo eco, descrevendo, especulando o nascimento da ciência moderna. Em curso: observar os fatos era a palavra de ordem no nascer do pensamento científico. Marx é isso: o combate sem dó nem piedade das grandes sínteses que determina o que é ou não é a história. A dimensão crítica e utópica, preconizada pelo Marx, se mostra atualizadíssima. Afinando-me com o trotskismo, é esse o tal fio condutor que nos levará indubitavelmente a discutir, formular, nos orientará sobre a realidade da ciência, melhor, da episteme, e a descontinuidade do Ser.

BLOG DO SONKHA: No livro publicado em 1856, intitulado 18 Brumário, Karl Marx, investiga minuciosamente a queima roupa os processos históricos na França pós 1848 sob a vigência das eleições democrática burguesa que elege Luiz Bonaparte presidente e na seqüência o golpe que restitui a monarquia absolutista. Ao analisar o processo Marx vai dizer que “a história é feita por homens que não a fazem exatamente como desejam”, essa compreensão da relação dialética entre a teoria e práxis política, em grande medida explica a dicotomia de interesses de classes e o caráter golpista da burguesia frente à possibilidade de derrocada de suas instituições políticas. O Senhor compreende a existência de lutas de classes na sociedade atual? Como o Senhor analisa a práxis pedagógica do historiador em sala de aula frente à fluidez de pensadores na atualidade?
JOILSON BERGHER: Repito: Marx está ritualizadíssimo. A não existência ou negação da luta de classes resvala seguramente na perspectiva, de um mundo apenas subjetivo e sua proeminência, onde estudos históricos passaram a se preocupar mais com a forma da linguagem do que propriamente com os determinantes econômicos, sociais, políticos e culturais desse ou daquele povo. O importante dessa questão de classe levantada pelo Blog, em relação ao Bonapartismo, é que Leon Trotsky, nos anos 1930, já concluía em tom de derrota que o regime então vigente na URSS, mesmo não tendo lugar em um Estado capitalista, era sim em um “Estado Operário Burocraticamente Degenerado”, mereceria também receber o rótulo de bonapartista. Enquanto em França prosperava o golpe contra a revolução, também na URSS, prosperava, consolidava-se o bonapartismo da burocracia soviética de poder, seria, “na perspectiva de Trotsky, um corolário do thermidor iniciado com a ascensão da fração estalinista ao controle do Estado quando da morte de Lênin, em 1924”. In. DEUTSCHER, Isaac. Trotski. O profeta banido (1929-1940). 2ª edição. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1984.

BLOG DO SONKHA: Como o Senhor conheceu o PT? O movimento estudantil foi à porta de entrada para militância partidária? O Senhor foi recrutado por que tendência? Quem abonou sua ficha? Qual é a sua corrente atual? Por quê?
JOILSON BERGHER: O fato de ser filho de Dona Maria Rosa, uma trabalhadora preta que lavava roupa de ganho para a burguesia de Jequié nas águas turvas do Rio de Contas, coadunado com outro fato, a morte de meu pai, trabalhador da prefeitura dessa mesma cidade, Otacílio Lima, eu fora dado, melhor, doado a uma segunda família, Reis, essa me dera as condições, primeiro de trabalhar na casa deles, segundo, a possibilidade de estudo, o que, certamente aconteceu. Você vai adquirindo consciência: na verdade era uma troca. Morava, trabalhava na casa e estudava. A segunda família me dera um lar, não que a primeira não o fosse... Em determinado momento, percebe-se as contradições que Florestan Fernandes, Milton Santos, o professor Nivaldo Santana, Lênin, Trotsky e outros -, tanto reverberaram e que fere a nós que tem a pele preta. Exploração. Então o colégio, os bons amigos da luta incansável contra a antiga direção do IERP, que impunha a venda indelével de rifas para conserto no colégio, o que prontamente era rechaçado por nós daquele Coletivo, a participação num setor da Igreja católica propositiva, as viagens pela Bahia na viabilização de discussões sobre Grêmios e União de estudantes. Tais movimentos fora a porta de entrada para a Esquerda do Partido dos Trabalhadores, primeiro coordenando a Juventude do Partido dos Trabalhadores, em sua Vice-Presidência, depois, militando na tendência Causa Operária, hoje Partido de Causa Operária, de inspiração Trotskista. A minha ficha fora abonada pelo militante Waldemir, (In) memoriam, antigo militante ligado a ala progressista da Igreja Católica e fundador do Partido dos Trabalhadores em Jequié. Em tal cenário, é certo, houveram defecções, inclusive com a expulsão de Causa Operária e outra correntes, por não concordarem com o que na época era chamada de Frente Popular, na verdade, o início de concessões  feitas pelo Partido dos Trabalhadores a “esses e aqueles”, que historicamente, se colocaram contra a possibilidade de construção de um verdadeiro partido operário e que, para tornar realidade esta possibilidade, a vanguarda operária consciente deveria intervir energicamente neste processo com um programa socialista e na defesa da construção de um partido independente da burguesia e de massas. Seguindo tal cenário de debates, diálogos, (in)compreensões, ainda vejo no Partido dos Trabalhadores, via Coletivo Ético Socialista, uma vanguarda de lutadores que se apresenta como um contra-ponto, apresentando um programa de luta e independência de classe no calor dos acontecimentos no movimento operário e de crítica à política de conciliação de classes da direção petista, em nível local, estadual e nacional. Não há como apostar numa luta propositiva em função de uma grande massa desprezada pelo Estado fora do Partido dos Trabalhadores. Nesse Partido dos Trabalhadores, fazemos um bom debate, um debate militante...

BLOG DO SONKHA: O Senhor é filiado ao Partido dos Trabalhadores? Desde quando? Por quê?
JOILSON BERGHER: A história é a minha grande aliada: veja bem, nos anos de 1980, o surgimento do Partido dos Trabalhadores a partir das lutas revolucionárias no final da década de 70 e início da década de 80, o movimento operário e os estudantes saíram às ruas de todo o país e iniciaram um vasto movimento, reconstruindo suas entidades de base e a UNE. Este movimento foi muito importante para impulsionar o reagrupamento do movimento operário, com o surgimento, em 1978, das greves do ABC paulista. É certo que tais mobilizações vão encerrar os anos de regime militar no Brasil. Obviamente que em Jequié, esse cenário, era muito tímido, mas as informações chegavam pela tela sempre atenta dessa que diz a principal emissora de televisão do país e de impressos das tendências do Partido dos Trabalhadores e dos jornalzões de circulação no país. Esse cenário todo se dera em finais do ano de 1980... Logo depois da primeira eleição presidencial disputada por Luiz Inácio Lula da Silva em 1989. Lutávamos à época contra a política de colaboração de classes no Brasil abrindo o caminho já naquela época para o que se desenvolveu durante toda a década de 90, e culminou na ascensão do PT ao governo apoiado por todo um setor da burguesia brasileira e com o aval do imperialismo mundial... Está na história.

BLOG DO SONKHA: Por que o Senhor optou pelo Partido dos Trabalhadores?
JOILSON BERGHER: A questão anterior formulada por você Sonkha, e parte dessa história... A ascensão do Partido dos Trabalhadores no Estado irá estabelecer uma relação de controle desse mesmo regime político sobre os partidos, impedindo um funcionamento realmente democrático, de massas. A não existência de financiamento público de campanha é parte do jogo. É importante ver na Presidente Dilma Rousseff uma aliada propositiva no sentido de propor uma constituinte exclusiva a fim de mudar cenários da política no Brasil. Reconhecer o caráter da presidente, não implica que façamos críticas ácidas as políticas de seu governo. É como afirma o editorialista do Jornal Brasil de Fato, março/2014, Alípio Freire-, “Mas, por tudo que conhecemos da hoje presidenta, nada disso combina com sua trajetória e caráter que, diferente dos cortesãos e cortesãs, arrivista e oportunistas em geral, não se presta a manobras capazes de rechear os dossiês hoje tão em voga na política brasileira, e às quais o Partido dos Trabalhadores tão bem se adaptou (...) Há apenas uma diferença com relação ao ex-presidente e ao partido: a nossa presidenta costuma agir de maneira clara e direta – o que, aliás, nesse universo de políticas sempre articuladas nas sombras, e compromisso assumidos na calada da noite, só depõe a seu favor”. Nas jornadas de junho/julho de 2014, a omissão do Partido dos Trabalhadores foi vergonhosa...

BLOG DO SONKHA: Qual é a sua história no PT? Qual é a sua contribuição ao partido?
JOILSON BERGHER: Tem sido uma história de superação, sempre! Conhecer de perto uma máquina partidária burocrática e o conseqüente bloqueio de debates e diálogos no partido... Um monte de “personalidades” que opera a partir de gabinetes, não escrevem, não Lêem, fazem isso muito pouco, nada produzem, a não ser administrar recursos, aliás, o Partido dos Trabalhadores causa inveja, certamente, aqueles que nem sabe o que é Estado, não devem ter lido a obra máxima do Nicolô Maquiavelly, o Príncipe, na tal obra, fala-se discute-se a legitimidade e a organização. É o (tiver-virtù) será capaz de neutralizar o imprevisível (a fortuna). Virtù e fortuna constituem as categorias ontológicas que fundamentam a teoria política de o Príncipe. Diferente do que propugna René Descartes, é o Príncipe uma fórmula quase matemática que possibilita a quem souber utilizá-las o exercício do poder.  Portanto, não baixemos a cabeça, nunca.

BLOG DO SONKHA: Qual é a sua perspectiva política dentro do Partido dos Trabalhadores?
JOILSON BERGHER: Com o Coletivo Ético Socialista, - Fazer política grande, séria. Como deve ser e não como aparentemente deveria!
BLOG DO SONKHA: O Partido dos Trabalhadores expulsou algumas tendências internas nos anos 90 que se transformaram em partidos adversários, como por exemplo, a Causa Operária, PSTU e PSOL. O Senhor analisa este acontecimento como prelúdio de uma defecção política do campo hegemônica ou o exercício do pragmatismo despolitizado contra uma minoria orgânica revolucionária? Ou as duas? Por quê?
JOILSON BERGHER: Caro Sonkha, a estrutura de questões, por sinal, muito bem delineada pelo Blog, por você, já permitiu que eu até adiantasse um pouco acima essa questão da expulsão de companheiros que de fato, criaram, deram a vida pelo Partido os Trabalhadores... Penso ter sido a política de capitulação e à adaptação ao regime político tão caro ao Partido dos Trabalhadores nos dias hoje a questão de fundo... A direção do Partido do Trabalhadores criou as condições para um ataque que pode ser desastroso às nossas candidaturas, particularmente, ali e acolá onde a situação da direita unificada no PSDB, PMDB, PPS e partidos nanicos, é especialmente delicada... 

BLOG DO SONKHA: Na condição de servidor público estadual de carreira, lotado na Secretaria de Saúde do Estado da Bahia, no setor administrativo do hospital que até bem pouco tempo atrás era um sistema prisional com celas escuras, frio, desconfortável, violento, desumano, para conter “bichos” agressivos, cujo “procedimento” utilizado era o tradicional método condenado pelos direitos humanos internacionais para paciente com transtornos leves ou degenerativos graves através choques elétricos e uso de terapias alopáticas em doses cavalares que retardam os reflexos do sistema neural, destruía a memória, desenvolvia a obesidade, comprometia os mecanismos de leitura e reconhecimento do mundo real. Para o Senhor por que o Senhor Othon Alencar não promoveu a modernização da saúde e nem humanizou o Afrânio Peixoto quando foi Secretário de Saúde, no Governo do carlista Paulo Souto? Qual foi à mudança promovida por esse governo que transformou o Afrânio Peixoto para torná-lo um hospital psiquiátrico humanizado e pronto para atender qualquer paciente com transtorno psiquiátrico? Por quê?
JOILSON BERGHER: De fato: esse fora um período nefasto da saúde mental no Brasil, na Bahia até bem pouco tempo... É bom que se diga que o que se conhecemos de a humanidade convive com a loucura há séculos e, antes de se tornar um tema essencialmente médico, o louco habitou o imaginário popular de diversas formas. De motivo de chacota e escárnio a possuído pelo demônio, até marginalizado por não se enquadrar nos preceitos morais vigentes, o louco é um enigma que ameaça os saberes constituídos sobre o homem. Eles esqueceram que existe o homem e as coisas indivíduos, a abstração, o intelecto. Então tudo se transforma continuamente. Se antes, destituídos de identidade, privados de direitos básicos de liberdade e sem a chance de possuir qualquer objeto pessoal, hoje de forma digamos, humanizada, são personagens, tem o rosto da cidade: transitam no cenário urbano, vizinhos, são trabalhadores e também turistas, estudantes e artistas. Compõem novas histórias no mundo... Em relação à reforma psiquiátrica, a Lei Federal 10.216/2001, que imbricada ao SUS, incluindo aí Centro de Atenção Psicossocial, CAPS, centros de convivência e cultura assistidos, oficinas de geração de renda e residência, é em tese instrumentos que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. Dessa lei origina-se a Política de Saúde Mental a qual, basicamente, visa garantir o cuidado ao paciente com transtorno mental em serviços substitutivos aos hospitais psiquiátricos, a exemplo, do Hospital Especializado Afrânio Peixoto, HEAP, superando assim a lógica das internações de longa permanência que tratam o paciente isolando-o do convívio com a família e com a sociedade como um todo. Em relação à personalidade citada pelo Blog, ontem titular da Saúde e também governador tampão, hoje, Secretário, Vice-Governador e candidato a uma eleição, penso não ter tido vontade política para desempenhar um governo decente, para enfim, incluir esses e aqueles desprezados por quem de fato em tempo algum deixou o carreirismo que é a política... Aliás, tenho por base a labuta do governo do Partido dos Trabalhadores em vergar essa categoria extremamente corporativista, os médicos. Em relação aos adversários da modernização da saúde psiquiátrica, provavelmente resida na defesa da “hegemonia absoluta dos médicos no campo da atenção à saúde, na ênfase nos tratamentos biológicos como única forma efetiva de tratamento, na importação acrítica, para a Psiquiatria, do modelo da medicina baseada em evidências, em detrimento da atenção às dimensões psicodinâmica, fenomenológica e psicossocial das psicopatologias, e assim por diante”... Provavelmente as corporações em tal período agiram de forma incólume: é apenas uma leitura...

BLOG DOSONKHA: O artigo de Heraldo Rocha, "O PT, o retrovisor e o retrocesso" (06/2013), aquele médico que continua batendo continência à memória do Senador ACM, que ingressou nas fileiras do PFL 1989, eleito varias deputado estadual (1991-2001) e em 2007 ingressou no DEM, é vice-presidente municipal da legenda, disse que o “pré-candidato do governador Jaques Wagner ainda comete um atentado à língua portuguesa”. O liberal Heraldo Rocha num truanesco retórico carregado de inaudita ingratidão a quem confessa ser devoto, coronel-mor, ACM, num ato falho, esforça-se para isentar sua opinião de quaisquer procedências carlista-pefelista, como se isso atribuísse verdade absoluta ao seu corretíssimo português, mas politicamente errado, porque o PT não abre mão do “retrovisor” como observatório crítico da prossecução da história para facilitar o reconhecimento dos “prodigiosos” feitos dos governos Carlistas e da “naturalização” da presença destes trânsfugas no atual governo de Jaques Wagner, inclusive, negando compulsoriamente a crítica dos petistas, tratando-a como erro histórico, para intimidar principalmente o premier do PRC de Jaques Wagner dentro do PT, Jonas Paulo. Como historiador qual é a sua análise em relação à axioma do Senhor Heraldo Rocha: “vemos a história se repetir da exata mesma maneira. Mudaram os artistas apenas, mas o enredo continua o mesmo”? É uma negação por desconhecimento do materialismo histórico ou um “marmitex requentado” dos sofistas de plantão da política baiana? O Governo de Jaques Wagner é uma repetição piorada do carlismo como disse o revisor de texto Heraldo Rocha?
JOILSON BERGHER: São sintomáticas tais afirmações dessa personalidade. Do ponto de vista que nos interessa no caso do Bonapartismo, o de origem jacobina, veja como a história atua: Neste caso, se tratava da consolidação da revolução burguesa por meio da liquidação de seus princípios e instituições políticas. Essa pérola de personalidade já sem lastro na política, teoricamente deve está avaliando a situação política evolutiva do Partido dos Trabalhadores e a sua conseqüente ruptura pela direita. Para dar conta de tal política intercambiada pelo método Jacqueswagnerista de poder e a construção de um projeto político, criou a problemática a partir de um caminho ou, conforme se afirma aqui, o método Jacqueswagnerista de poder -, antes de formular o tema já o explicitou no projeto desse mesmo poder. Então, quebra-se a hegemonia anterior (?) e assusta “esses”. Na prática é uma breve revisão da prática de poder com esses óbvios desdobramentos ou como fora afirmado pelo Blog. Defecções! Está na história, - entre 2003 e 2010, O ex-presidente fez um governo que recebeu aplausos quase unânimes do que há de mais reacionário no Brasil e no mundo: de Maluf a Delfim Neto, de Michel Temer a Henrique Meirelles, de Bush a Sarkozy, de Merkel a Putin, não faltaram entre os maiores banqueiros, empreiteiros e latifundiários vozes dispostas a admitir em público o deslumbramento das classes dominantes de todos os continentes com o nosso ex-presidente, e não necessariamente, com o Partido dos Trabalhadores. O  método Jacqueswagnerista de poder surpreende pela resiliência de sua autoridade diante desses que nunca deixaram o poder. Outra questão é definir qual foi à natureza das mudanças do método Jacqueswagnerista de poder. Meu caro Sonkha sabe-se que a história nunca se repete. Em verdade o que a personalidade revisora de texto quer por uma razão óbvia, dentre as quais, a defesa do método, desse ou daquele poder reinante de décadas, que valorizava o feito do “grandes homens”, os grandes governantes, “homens que mudaram a História”, a história deles e não a nossa história. Essa idéia, comum, passada de boca em boca, de pai para filho, traduz uma visão mutilada da história, marginalizando milhões de indivíduos e, indiretamente, colocando cada um de nós em uma categoria que não é a dos heróis; ou seja, nos leva a pensar, “devemos nos colocar em nosso devido lugar. Melhor, colocar eles em seu devido lugar. É isso, apenas isso...

BLOG DO SONKHA: A pré-candidatura a Presidência da República pelo Partido Ecológico Nacional (PEN), advogada, ex-servidora da Casa Civil e ex-diretora da ANAC, Denise Abreu, há quase uma década vem se preparando para o cargo. A noviça presidenciável aposta no seu conhecimento da máquina administrativa federal e no funcionamento interno do PT e como não poderia faltar ao seleto clube da conservadora família paulista, Denise Abreu defende de forma intransigente os “valores conservadores da família e valores judaico-cristãos". Num Déjà vu collorido, a pré-candidata refere-se à Presidenta Dilma como sua amiguinha de quarto da Harvard Business School na adolescência que disputa a melhor roupa para o Spring Break Cancun e por isso Dilma “mudou” seu look passando a adotar seu estilo “despojado” (de pobreza) ditado pela alta costura internacional de Christophe Decarnin, Coco Chanel, Christian Dior ao francês Nicolas Ghesquière, porque este é o padrão estabelecido pelas elites brasileiras. Na sua pregressa vida pública consta várias influências administravas: administração Quércia, Fleury, Mário Covas, rápida passagem por Geraldo, Covas até o governo federal. Como o Senhor avalia o ressurgimento de projetos conservadores como PEN no cenário político brasileiro? É uma crise de paradigmas das esquerdas no Brasil que impede superar este modelo político historicamente conservador de séculos ou uma nova onda conservadora neonazista vinda da Europa tende a crescer no Brasil?
JOILSON BERGHER: Vaidade, é apenas vaidade, nada mais do que isso! Veja bem- uma opinião falsa, é “como uma espécie de ‘outra opinião’, que se produz sempre que alguém, ao mudar o pensamento, diz que uma das coisas que são é outra coisa que não é. O homem não é nada. A impressão que tenho é que voltamos para a Idade Média. Com uma diferença: séculos atrás acreditava-se que o homem era insignificante perante a grandiosidade de um deus. Hoje reforça-se a insignificância do homem, substituído por governantes menos capacitados. Acreditava-se na Igreja Católica medieval. Acreditamos na Imprensa atual? São Paulo é isso: a denomino de o princípio da insignificância que me permite logo de cara excluir tais tipos desde logo, tem pouca  importância. Na moral, essa disputa de bastidores pela “medalha judaico-cristã”,-  lembrou-me as guerras de madames por espaços em colunas sociais dos anos 70 – algo tão ultrapassado quanto as festas com laquê em profusão regada a leite de rosas. Mas há quem goste, paciência. De mais a mais e entendendo que Partidos são fundamentais numa sociedade que se respeita, falo de partidos com lastro...com raríssimas exceções filhos e filhas, pais, avôs e até bisavós das castas já passadas da hora que dominaram a cidade, o país... não percebem que ela cresceu e que existem outros grupos – tão ou mais significativos que os quatrocentões de outrora....

BLOG DO SONKHA: O PT ainda é um espaço para militância à esquerda ou mais uma legenda para disputar as eleições? Por quê?
JOILSON BERGHER:- Conseguimos atravessar uma das fases mais tenebrosas e acéfalas da História, resgatada a democracia, a liberdade tornou-se valor absoluto. Mas o que é mesmo liberdade? Avaliando o que significa essa máquina chamada de Partido dos Trabalhadores como uma instituição e um fenômeno singular na história mundial, tal Partido dos Trabalhadores, é sim um espaço dessas discussões. Sinceramente, o candidato a governador do Partido dos Trabalhadores até gostaria ou poderia ser esse pólo de discussão, análise, reflexões, proposições, ações, mas, priorizou um debate fácil, uma zona de conforto gravitado no entorno do PRC, como afirma o professor-Doutor, Luiz Rogério Cosme. Cabe a todos nós do campo minoritários e outros grupos e companheiros, garantir uma essência mínima de debates e reflexões, proposições, atuações. O Coletivo Ético Socialista continua sendo esse pólo, sempre fora esse pólo, essa possibilidade...

BLOG DO SONKHA: Para o Senhor, o Partido dos Trabalhadores é uma instituição que foi cooptada pela pequena burguesia em ascensão após acender ao Estado conspurcando a perspectiva revolucionária ou ainda há possibilidades de atuação política para um projeto alternativo de sociedade? Qual?
JOILSON BERGHER: Há um militante do PC do B, amigo nosso, lá de Jequié, ele cunhou a seguinte frase, acho alvissareira, diz assim - “O adesista tem que ser pisado pelo pescoço, literalmente”. É isso – na Bahia o método Jacqueswagnerista de poder, via de regra, cooptou a partir da fala fácil, do fino trato os que estão aí a serem tratados como zumbis dessa mesma política servilista. O Partido dos Trabalhadores ser Cooptado pela burguesia? Não creio, sinceramente. Essa, nem precisa de partidos... Já tem os partidos, são os partidos. É só observar a nanicada de partidos no entorno do Partido dos Trabalhadores, colocando a disposições, 02, 03, 04 segundinhos... O que não aceitam de forma alguma é o Projeto do Partido dos Trabalhadores, concentrar ou desconcentrar, um pouquinho os frutos do regime nascido da revolução ao contrário realizada por essa camada social conhecida de burguesia. A esses soa a ideia de uma nova aristocracia política... A esses o Partido dos Trabalhadores, “insistindo em desconhecer a contribuição deles”. É curioso, mas às vezes, nessa campanha eleitoral vendo as tomadas cinematográficas da campanha de televisão do Partido dos Trabalhadores, me pergunto: quem é afinal, o candidato a presidente do Brasil, O ex-presidente ou Dilma Rousseff?

BLOG DO SONKHA: Qual é o projeto de Governo que defende para a municipalidade? Por quê?
JOILSON BERGHER: Na URSS, Stalin não preservou as conquistas da revolução de Outubro só da contra-revolução feudal-burguesa. A sua impaciência, seu descontentamento, esmaga a ala esquerda, que expressa às tendências históricas progressivas das massas trabalhadoras sem privilégios... Divinizar o líder ex-presidente e a técnica quase plebiscitária  utilizada pela cúpula burocrática do Partido dos Trabalhadores, também não seria o meu caso, até porque, se não fosse milhões de militantes a cerrarem fileiras no entorno de um Projeto chamado de Partido dos Trabalhadores, tal partido, nada seria. Faz parte de o jogo compreender a pressão violenta que a classe trabalhadora sofre, para enfim, entender o que o Partido dos Trabalhadores representa. Em relação ao projeto? O artigo 1º do partido é sintomático e muito claro, - O Partido dos Trabalhadores (PT) é uma associação voluntária de cidadãs e cidadãos que se propõem a lutar por democracia, pluralidade, solidariedade, transformações políticas, sociais, institucionais, econômicas, jurídicas e culturais, destinadas a eliminar a exploração, a dominação, a opressão, a desigualdade, a injustiça e a miséria, com o objetivo de construir o socialismo democrático. É isso. 

BLOG DO SONKHA: As instancias do partido a nível estadual esteve presente nas candidaturas aos diretórios municipais? Como isso aconteceu? Por quê?
JOILSON BERGHER: Muito pouco. Já afirmei nessa entrevista que o Partido dos Trabalhadores fez a opção pelo pragmatismo extremo assustando inclusive os que sempre se beneficiaram do poder... O método Jacqueswagnerista de poder é a prova de tais afirmações. A velha escolástica do carro de som e do panfleto finou-se.  Temos tomado um verdadeiro baile - para usar um mote futebolístico - dessas novas ferramentas construídas pelo Partido dos Trabalhadores. Não existe Cursos de Formação ou essa e aquela leitura de livros ou filmes com temas propositivos para entender e discutir, por exemplo, o porquê que a Diplomacia Brasileira, rompera com a ordem civilizatória trazidas pelos europeus e ou estadunidenses, voltando-se para a África, Ásia e América do Sul? O Partido dos Trabalhadores é vítima sistemática da visão unilateral e elitista transmitida diuturnamente pelos veículos de mídia tradicionais e até de campanhas sorrateiras nas redes sociais. Em rede, a burocracia capilariza com o apoio das estruturas do Partido seus militantes e simpatizantes a saírem do “cerco” ideológico dentro do partido. É a palavra de ordem.

BLOG DO SONKHA: O professor Milton Santos questiona o modelo econômico e político neoliberal e defende a organização geopolítica desconcentrada, privilegiando a periferia historicamente constituída por imensos bolsões de miséria justamente porque não há investimentos público-privados e equipamentos públicos essenciais ao desenvolvimento demográfico, geoeconômico e ambiental equilibrado destas populações. Para ele a globalização é um fenômeno clássico com precedentes históricos, mas que assume na atualidade uma dimensão econômica, social e política neoliberal. Esta política neoliberal concentra e centraliza a riqueza nas mãos de alguns capitalistas, enquanto a maioria acentua a distancia entre o centro e a periferia. Qual é a avaliação que o Senhor faz do desempenho do Governo do Estado da Bahia, principalmente frente às necessidades urgentes do interior? O governo tem desenvolvido políticas públicas eficientes capazes de inverter os altos índices de pobreza, mortalidade infantil, analfabetismo, desemprego, habitação popular, extermínio da juventude negra, fome, segurança pública e direitos humanos das minorias e étnicas raciais, surto epidemiológicos tradicionais e emergentes, dependência química, violência contra mulheres, crianças, jovens e LGBT?
JOILSON BERGHER: Forças centrífugas de um modelo desenvolvimentista operando em alto por dentro do Partido dos Trabalhadores. É um bonde de juros altos, favorecimento extremo do agro-negócio em detrimento da agricultura familiar. Óbvio que o governo baseado no método Jacqueswagnerista de poder não iria atacar problemas sociais há anos guardados como prêmio, isso é fato. Agudizou-se quando fora feita a opção em trazer para gravitar no entorno do partido esse modelo de Estado... O que em tese, foi feito em Brasília a partir do governo do ex-presidente, sobretudo em seu segundo mandato, tentou-se aqui na Bahia também – é uma simbiose política. Uma preocupação do governo recorrente do partido: acondicionar esse ou aquele pretenso líder, desse ou daquele partido. Seduzir uma banda de uma oposição ávida por cargos, a fim e influenciar os “incautos”, agora, fora do antigo governo de décadas passadas. Depois de 08 anos de governo, falar em água para todos, luz no campo, estradas, construção de hospitais, descentralização de decisões no campo da cultura a partir de territórios, comprar batata, feijão e arroz, assinar carteira de trabalho, repassar casas a quem não tem, ainda, é muito pouco para a grandeza que é o Partido dos Trabalhadores. Não dá pra fazer discurso de mesa de bar e dizer que a vida desse povo melhorou... Sim, seria hipocrisia afirmar o contrário. Segundo Sérgio Fialho, da escola de Administração da UFBA, a economia da Bahia foi tomada, por essa estratégia, essencialmente como um instrumento para um amálgama específico de interesses locais e nacionais que viabilizou e reproduziu radical processo de concentração da estrutura econômica e de poder no espaço político da Bahia. Nessa perspectiva instrumental - ainda ambígua na primeira metade da década de 50, já estabelecida na segunda metade, radicalizada a partir das condições políticas fornecidas pelo golpe militar de 1964 e institucionalizada nas políticas públicas estaduais ao longo das décadas de 80 e 90 - não se tornaram elementos relevantes o desenvolvimento de capacidade competitiva dos setores industriais de raízes locais, nem a distribuição intra-regional dos investimentos. Acerta o deputado Waldenor Pereira, PT-Ba, quando afirma que-,“A Bahia também vem sendo beneficiada pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), eu gostaria de destacar a construção da ferrovia oeste-leste um investimento público de mais de R$ 6 bilhões que esta permitindo a integração do nosso estado, região do oeste médio São Francisco com a região sul, esta ferrovia vai permitir o escoamento da produção de vegetais e minerais” destacou o deputado, que ainda explicou que o empreendimento vai atrair novos investimentos e permitir a descentralização da economia. É sintomática a grita e ausência de uma política efetiva contra, por exemplo, morte em excesso de jovens pretos... Em Simões Filho, por exemplo, é um local de desova dos grupos de extermínio na região metropolitana de Salvador, a taxa de homicídio de jovens negros é de 400 por 100 mil habitantes (agência pública, acessado em 26 de agosto, 2014). Ainda que afirmemos: São cinco séculos de existência! Impossível entender como esta histórica terra, construída com a mão de obra negra e indígena, preserva um cenário de exclusão social e racial, miséria e violência...

BLOG DO SONKHA: Como o Senhor avalia a posição conservadora do diretório estadual em travar o diretório municipal de Brumado porque o mesmo não aceitou o “consenso” em torno do candidato “Chapa Branca” do governo e optou por outro caminho dando uma expressiva votação ao candidato petista Ernesto Marques? Qual é a natureza deste comportamento?
JOILSON BERGHER: Pois é...é exatamente a fórmula mágica da máquina burocrática de uma hegemonia consistente que opera em alta por dentro do Partido dos Trabalhadores. Por que não querer debater o próprio partido? Quem tem medo de debates? Ora, ora, esse Partido dos Trabalhadores se firmou exatamente garantindo o direito de fala da companheirada, das tendências grandes e menores, dessa ou daquela personalidade. Talvez o fato de o Partido dos Trabalhadores ingressar no bloco dos grandes partidos, onde divide, com PSDB, PMDB e DEM, (aliás, esse já foi...) a condição de ser uma das principais agremiações políticas brasileiras, estando, em alguns quesitos, até mesmo acima das demais, e constituindo-se, sob certos critérios, no principal partido do país, faça com que na visão de uma pretensa hegemonia querer impor essa “nova forma” de fazer política. Em relação a Brumado, os dirigentes do partido, em sua larga maioria de militantes fundadores do Partido dos Trabalhadores e com atuação em diversos movimentos sociais, não fugiu a regra do partido, a todo o momento fez o grande debate, dialogando, mostrando que o partido é uma instância voluntária, sem dono que se propõe a transformações políticas sociais contra a injustiça e a miséria reinante na velha Bahia. O grande projeto no entorno do Ernesto Marques, é apenas a materialização concreta do que queremos para a Bahia, e em especial, para a cidade de Brumado. Mudar cenários é a nossa palavra de ordem.

BLOG DO SONKHA: O Senhor participou das plenárias para formular o Programa de Governo Participativo? Houve um debate amplo ou foi mais uma campanha interna? Por quê?
JOILSON BERGHER: Meu caro blogueiro Sonkha, discutir, coordenar, propor  ações programáticas de governo junto ao Programa de Governo Participativo do próximo governador do Partido dos Trabalhadores, é o que mais queremos...

BLOG DO SONKHA: O que representa para o Senhor a candidatura ao Governo do Estado da Bahia, do Ex-secretário da Casa Civil, Sr. Rui Costa? Foi um processo democrático que ouviu a opinião da militância ou foi definido ad infinito pelo Governador? Como o Senhor avalia este comportamento? Conservador ou autoritário? Por quê?
JOILSON BERGHER: O candidato a governador sabe dos enfrentamentos no interior do Partido dos Trabalhadores. O método de poder jacqueswagnerista não permitiu que o quê os militantes do Partido dos Trabalhadores em Brumado fizeram e fazem... Dialogaram o tempo inteiro em busca de consensos... O que nos interessa, em particular, é assinalar que o partido adquiriu, a partir de 2002, uma ressonância popular inédita, mas essa tal de ressonância não refletiu nas danças das cadeiras em 2014... Não deixaram. Mas o projeto de Partido dos Trabalhadores é bem maior do que o  apresentado...

BLOG DO SONKHA: Historicamente a sucessão de governador carlistas na Bahia aconteceu pelos mecanismos tradicionais de apadrinhamento. Para o Senhor a escolha do governador foi influenciada por este comportamento? Por quê?
JOILSON BERGHER: Não, não creio...controlar uma máquina da estrutura do Partido dos Trabalhadores é um sonho grande, para todos. É aquela história, até o fim do século XX, o tipo de alinhamento estabelecido na década de 1970, era dado pelo MDB se fixando como "partido dos pobres", refletia-se no sistema partidário. Nos tempos atuais a "formação inicial do Partido dos Trabalhadores como um partido consolidado em torno de interesses organizados e cristalizados, de intelectuais e da classe média urbana progressista se encorpou, houve a ruptura inclusive com partidos tradicionalmente de militância à esquerda, a exemplo do PCB. A partir de 2002, o Partido dos Trabalhadores crescera em todas as faixas sociais da sociedade, indo da mais baixa a mais alta faixa superior de renda... Tal movimento deu/dá ao Partido dos Trabalhadores uma alta abrangência desconhecida... O resultado é o que conhecemos: uma máquina de poder, literalmente...

BLOG DO SONKHA: A militância petista acusa o Governador Jaques Wagner de praticar pragmatismo despolitizado para manter uma governabilidade a qualquer custo. O Senhor poderia fazer um balanço da chamada governabilidade adotada pela era Jaques Wagner? Quais as conseqüências desta política de aliança para os municípios do interior?
JOILSON BERGHER: Na moral, a meu ver, o que se quer é o controle, diria não é nem dessa coisa que é o poder, é o controle mesmo da máquina partidária que se chama Partido dos Trabalhadores, pois é ele quem forja a imposição ou digamos, diálogo e composições desse ou daquele quadro partidário. Claro está: a militância modificou-se. A tônica hoje, a saber, é associar o partido com o eleitorado de maior escolaridade, coerente com a sua característica pronunciadamente ideológica. Como mostram estudos de comportamento político em diversos países, eleitores de maior escolaridade decodificam mensagens ideológicas com menor esforço...  

BLOG DO SONKHA: Qual é o seu candidato a governador da Bahia? Por quê? E ao Senado? Por quê?
JOILSON BERGHER: Voto em Projetos... Assim tem sido as discussões que tenho participado com a companheirada, desde o início de minha militância, lá, em fins do ano de 1980, destacando aí inclusive o papel fundante do Coletivo Ético Socialista no entorno do Partido dos Trabalhadores na atualidade. Na plataforma política de fundação do Partido, em seu artigo 1º, há uma palavrinha, pra uns, pra outros, palavrão, tal artigo diz de eliminar a exploração, a dominação, a opressão, a desigualdade, a injustiça e a miséria, - mas, isso, em tese só se dará a partir do socialismo., melhor seria que em tal programa, estivesse a palavra comunismo. Tenha certeza, os que de forma fácil aderira ao projeto do Partido dos Trabalhadores, não terão os votos de quem de fato fez e faz o projeto Partido dos Trabalhadores andar.

BLOG DO SONKHA: Na plenária do PGP em Vitória da Conquista, o Governador Jaques Wagner em tom apelativo exortou aos presentes a aceitar que “os inimigos de ontem são os amigos de hoje”, emudecendo a militância. Destituído de qualquer historicidade imantou os adesistas “boinas azuis”, espólio carlista espalhado em pequenas legendas de aluguel que formam um arquipélago após a morte do Senador Antônio Carlos Magalhães. Assim, o ex-deputado Clovis Ferraz, Othon Alencar, Paulo Câmara e o baixo clero do carlismo havidos por dinheiro da “vaca leiteira” porquanto tenham perdidas as “tetas do poder”, se tornaram os principais dirigentes da era Jaques Wagner, inclusive preterindo a histórica militância que o elegeu. Como o Senhor analisa esta conjuntura? Para o Senhor, ressuscitar antigos fantasmas da população baiana derrotas pelas classes trabalhadoras, sindicalistas, estudantes, Movimentos Negros, LGBT e diversos movimentos sociais é só uma defecção política de Jaques Wagner dissimulada em democratismo ou um retrocesso ao neocarlismo?

JOILSON BERGHER: O governo no entorno do governador do método de poder jacqueswagnerista acabou. É certo que na Bahia não ficará. Brasília o espera, para enfim, ter a visão sistêmica de Brasil, de ver de longe a província... Aos que ficam, cabe administrar o espólio deixado. Ao novo governador do Partido dos Trabalhadores que chegará, provavelmente, será até mais fácil administra o que sobrar. Sinal dos tempos: diferentemente do que ocorrera em 1998, quando a aliança com um partido tido de centro-esquerda, PDT, obrigou o Diretório Nacional a intervir na seção carioca do Partido dos Trabalhadores, a aproximação com os adesistas da direita na Bahia, caminhou, caminha ilesa... Memória é isso...

BLOG DO SONKHA: Para concluir nossa entrevista o Senhor poderia fazer um balanço da política dotada pelo governador Jaques Wagner na Bahia, na perspectiva dos movimentos sociais? Na sua análise há possibilidades de sobrevivência das forças à esquerda internas ao PT. Qual seriam o caminho para as tendências internas, a expulsão ou a formação de uma frente internas para retomar o partido?
JOILSON BERGHER: É sintomático: após anos e anos de ditadura, os movimentos sociais e sindicais mostraram para que foram criados e foram pra rua nas jornadas de Junho/Julho-2013, pedindo democratização, políticas públicas uma constituinte soberana livre das amarras do Estado. Isso nós não devemos esquecer. É urgente construímos políticas públicas com base para democratizar o país. São quase 30 anos de um processo radical de privatização da vida. O que conseguimos construir foi desconstruído ao longo dos anos de 1990 e 2000. Reconheço: -houve avanços no “novo” perfil do Estado, mas a ideologia liberal, continua vigilantes inclusive  por dentro do governo do Partido dos Trabalhadores. O Estado continua sendo o grande investidor da economia... Mas se atravancou com as PPPs (Parcerias Públicos Privadas), utilizando o financiamento desse mesmo Estado a partir do BNDES. No Estado da Bahia, é certo sob a égide do Partido dos Trabalhadores, certamente, há um saldo positivo nesse ou naquele setor social... Comunidades rurais, mesmo aquelas mais distantes das sedes dos municípios, para inserir povos tradicionais, quilombolas, assentados de reforma agrária, agricultores familiares, juventude, mulheres, LGBT’s e negros, querem inserir-se no processo de debate participativo. Ações ocorrerem sim, mas é necessário um amplo balanço e analises a fim de obtermos informações dessas duas gestões do Governo. Há que se ter, melhor dar, muita  importância aos movimentos sociais na política e na construção de políticas públicas para o Estado. Importante ter em mente que construir um partido como o nosso Partido dos Trabalhadores nunca em tempo algum foi fácil. Lembro-me muito bem de tal trajetória. Nós que somos a alma propositiva e política desse partido sabemos o que é ir pra rua muitas das vezes na madrugada a fim de não levar porrada do poder estabelecido na Bahia, dentro de um Fusca ou Rural Willys, com a trincha na mão melada a Cal branca, as vezes, cachorros correndo atrás da companheirada por ter pintado esse ou aquele muro sem a devida  autorização ou ainda cotizando valores para pagar o almoço desse ou daquele candidato a esse ou aquele cargo, e mais, comícios, era um tantinho de gente e nosso povo usando a Estrelinha vermelha do Partido dos Trabalhadores. Era um acinte inaceitável a esses que forma “sutil”, melhor escancarada, se assenta junto a nós. Eram os comunistas que estavam chegando que, de cima de um banquinho, um som medíocre com boca de alto-falantes Delta, estavam a reverberar uma sociedade livre, soberana, independente, socialista. A hegemonia partidária gravitada no entorno do candidato a governador do Partido dos Trabalhadores estabelecera pontes com a direita sem levar em consideração as razões ideológicas, demonstrando uma disposição pragmática que estava no extremo oposto do antigo purismo do Partido dos Trabalhadores. “Isso de forma alguma é flexibilização é sim um verdadeiro mergulho no pragmatismo tradicional brasileiro, cuja recusa fora antes, bandeira do partido”. Enfim, não é fácil ser vermelho. É vermelho também a sua cor. Vermelha é a cor do movimento popular. Vermelho é o nosso sonho. Vermelho é o sangue derramado pela companheirada da terra. Afinal, até a estrela do Partido dos Trabalhadores nem aparece mais nas campanhas... Por fim, alvissareiro e muito importante um Blog do Sonkha, onde de fato, a discussão e o debate, economia, filosofia, história, sociedade e política, se faz extremamente oportuno...

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Conversa sem formalidades: PSDB e a rede globo, tudo a ver!


* Herberson Sonkha

“Convém aqui relembrar que os meios de comunicação, notadamente a televisão, constituem-se em poderosos instrumentos de manipulação e de persuasão, sendo na atualidade os maiores formadores não só de opinião como de comportamentos, hábitos e atitudes”. (Profª. e Socióloga Maria Lucia Victor Barbosa.)

A mídia continua sendo o quarto poder no mundo, assim escreve a professora Maria Lúcia Victor Barbosa. Este poderoso instrumento de manipulação e persuasão segue conspurcando a opinião pública para atender aos interesses do grande capital. Aqui no Brasil, a rede globo de televisão representa esses interesses. Basta lembrar-se das eleições de 1989 em que a emissora revelou seu verdadeiro caráter mercenário, que, aliás, lhe rendeu uma generosa ajuda feita pelo governo FHC como recompensa pela criminosa manipulação contra Luiz Inácio. A rede globo continua praticando crimes contra a opinião pública quando se utiliza diariamente do seu eficiente arsenal tecnológico para difusão de sua programação visando intervir na escolha dos eleitores em favor deste ou aquele mandatário que tirar do vermelho o fluxo de caixa da emissora.


Mas, há algo de errado no “país das maravilhas”, porque a entrevista com Aécio Neves (PSDB), que foi ao ar na noite de ontem (11), faz parte de uma série de entrevistas ao vivo com presidenciáveis, para que o candidato(a) pudesse responder a questões polêmicas e falar sobre os principais projetos que serão implementados caso vença as eleições, surpreendeu a todos, inclusive ao entrevistado Aécio Neves que ficou desconcertado, com sorriso furta-cor, tergiversou às perguntas. Os apresentadores do telejornal revelou tamanho contrassenso com o habitual formato, ou não passou de um jogo de cena. Ainda apropriando-se criticamente do artigo da professora Maria Lúcia, para elucidar o conceito de jornalismo da rede globo, ao citar o jornalista L.H. Mencken, “a verdade é uma mercadoria que as massas não podem ser induzidas a comprar”, ou seja, só há duas formas de impedir essa aquisição, uma é elevar o valor desta “mercadoria” a preços exorbitantes tornando-a incessível e a outra é mistificar de maneira a manipuladora.

A entrevista causou estranhamento porque contraria o juízo de valor da emissora, além do mais essa não é a conduta comum que a rede globo leva ao ar diariamente em suas opiniões tendenciosas e defesas veladas dos interesses capitalista em sua grade de programação pseudojornalística e comercial (não que haja qualquer diferença de um para o outro). Os rumos da entrevista realizada por Wiliam Bonner e Patrícia Poeta surpreenderam a todos telespectadores mais atentos, não pelas perguntas capciosas (fácil perceber porque somo vitimas disso diariamente) e sim para quem se dirigia tais perguntas com graus acentuados de cinismos, asperezas e eloquência crítica, embora o conteúdo seja de senso comum. O que não significa que elas tinham o objetivo de esclarecer alguma coisa, pelo contrário, imantar de verdade, isenção e seriedade o pseudojornalismo da rede globo.

Aécio Neves assume abertamente que representa o grande capital financeiro nacional e internacional e aproveita para anunciar em rede nacional a retomada da economia neoliberal de FHC e interrompida pelos governos de Lula e Dilma. Aécio Neves deixa claro que os organismos políticos e financeiros internacionais que regulam capitalismo não estão satisfeitos com as políticas de indução de desenvolvimento socioeconômico das populações pobres e das pífias taxas de crescimento do grande capital imperialista. O candidato o mineiro manifestou o descontentamento do PSDB com a política econômica do governo atual porque os indicadores socioeconômicos apresentou crescimento real porquanto vem promovendo melhorias nas condições de vida das populações empobrecidas pelo capitalismo. Milhões de brasileiros estão saindo da situação de vulnerabilidade socioeconômica através de políticas públicas financiadas com investimento público, que Aécio Neves chama de gastos.

Aécio Neves explicita as principais linhas programáticas de seu possível governo, de tal modo que é o PSDB vocalizado na voz de Aécio Neves que assume em rede nacional que pretende enxugar o Estado, cortar gastos, aumentar tarifas e reorientar investimentos para a indústria pesada e o agronegócio, preterindo investimentos estratégicos para recuperar o tecido social danificado pela ausência histórica de ações sociais do Estado, como indutor do desenvolvimento social e humano.

O insigne representante do capitalismo, Aécio Neves, também avalia que o meio ambiente (a natureza) seja transformado em recurso útil ao desenvolvimento dos fatores de produção do setor industrial, sem necessariamente melhorar a remuneração da força de trabalho, o inexorável fator de produção capaz de gerar riqueza. Esta afirmação implica em romper com a política ambiental adotada no país, cuja situação de estrago encontrado na natureza pelo governo atual diagnóstica como estado avançado de destruição, cujo esforço maior se dá exatamente em proteger, recuperar e conservar como área de interesses nacional para preservação ambiental pela sobrevivência das espécies animal e vegetal e mineral e, principalmente do rico banco genético. Aliás, na proposta de governo do candidato do PSDB, Aécio Neves afirma que retomará o projeto agroindustrial neoliberal que transformará compulsoriamente o pouco que conseguimos preservar em matéria-prima e insumo para atende a desenfreada demanda de mercado mundial da indústria de produção de bens de capital e consumo, de forma predatória, como foi no governo de FHC.

Reaparecem antigas expressões como enxugar o Estado, lá do governo neoliberal de FHC, sem necessariamente dizer o que isso significa para a população empobrecida e historicamente preterida em seus direitos socioeconômicos e políticos. Ou seja, para o neoliberal Aécio Neves isso impõe acabar com ministérios estratégicos para fortalecer a cidadania e dar musculatura às populações pobres para ingressar na universidade e outros espaços de poder. Aécio Neves quer eliminar as conquistas e para isso propõe diminuir substancialmente recursos destinados ao financiamento de políticas públicas estruturantes do tecido social destruído por FHC. Isso implica em impedir modificações socioeconômicas e políticas em curso que estão mudando a realidade de milhões de brasileiros que viviam em extrema pobreza no país. Comparece aqui o discurso perigoso de qualidade e eficiência apresentado pelo ex-presidente FHC para desqualificar e autorizar o desmonte do Estado com a insustentável justificativa de que este Estado, criado por eles, nas mãos de forças de centro e de esquerda é incompetente e incapaz de atender as necessidades da população brasileira.

O candidato fala em previsibilidade como se estivesse descoberto o elixir da vida eterna que cura todos os malefícios causados pela dinâmica perversa do capitalismo, baseado na mesma lógica do planejamento da economia do setor público, deixando a economia do setor privado ao deus dará da mão invisível, a mesma que ocasionou o apagão, arrasou o tecido social com o aumento da miséria, analfabetismo, desemprego, inflação, precarização dos serviços públicos, violência urbana e rural do governo FHC.  Aécio Neves diz, “vou tomar as medidas necessárias para que o país retome o ritmo de crescimento minimamente aceitável. Não é adequado, não é compreensível que um país com as potencialidades como o Brasil seja o lanterna do crescimento na América do Sul”.

William Bonner abre a entrevista dizendo que Aécio Neves vem fazendo criticas ao governo federal a partir de um “diagnostico” que afirma que a economia do país não está boa e para resolver esta situação propõe que seu governo fará choque de gestão, redução de ministérios e de cargos comissionados, combate a desperdício, muito embora economistas ortodoxos reconheçam que são suficientes e sugerem cortes profundos de gestos e diz ser necessário eliminar a defasagem de tarifas públicas como gasolina e energia elétrica. Insiste Bonner: “O senhor não vai fazer estas medidas que os economistas defendem, ou Senhor esta procurando não mencionar estas medidas porque são impopulares?” Responde Aécio Neves: “A inflação que era uma agenda que imaginava ter sido superada (por FHC) está de volta a atormentar a vida das pessoas”.


O candidato do PSDB volta a tocar na questão do ambiente econômico alegando desconfiança internacional para investimento. Aécio Neves se esquece que o governo atual diminuiu consideravelmente o indicador Riscos Brasil (O índice Emerging Markets Bond Index Plus-EMBI, é a medida mais utilizada pelo mercado para expressar o nível de risco de um país e é calculado pelo banco de investimentos americano J. P. Morgan) melhorando a relação retorno versus risco, que em setembro de 2002 era de 2,446, vale lembrar que neste período o dólar era cotado próximo a R$ 4,00 e a Bolsa brasileira (Bovespa) já acumulava uma perda de -30% nos últimos 3 anos, caindo numa série histórica em março de 2011 para 184 (dados do IPEA Data, 17/03/2011) com índices altíssimo, deixado pelo governo do PSDB, clima que tem atraído setores do capitalismo imperialista disposto em investir no país.

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