Translate

Seguidores

segunda-feira, 31 de março de 2014

AVENIDA BRUMADO: Elomar condena mudanças na artéria: “O tiro saiu pela culatra”




As intervenções do governo municipal em avenidas da zona oeste da cidade – Pará, Maranhão e Brumado – vêm sendo objeto de reiteradas manifestações, ora de apoio e de aplauso, ora de repúdio. Mas, mais inusitada de todas e inédita foi a opinião do cantor e compositor Elomar Figueira Melo que, num artigo no qual reivindica status de técnico por força de sua formação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Bahia\UFBA – “pelo que estou a falar de cátedra” – afirma que os técnicos do governo municipal podem até ter tido a melhor das intenções de aprimoramento, “no que pese o populismo do propício do momento”, todavia não acertaram. “O tiro saiu pela culatra”.

Do Correspondente especial de Guerra para o Estado do Sertão, Elomar Figueira Mello
Há muitos, muito s séculos passados, coisa de dois mil quinhentos e um bom punhado de anos, viveu na lendária Grécia um escravo muito inteligente e destemido. Veio a este mundo com distorções físicas cruéis; era deformado de rosto e de corpo, corcunda rejeitado por quem quer que o olhasse, contudo, senhor de um fino espírito crítico e pleno de sabedoria na separação do que é justo, daquilo que é perverso. No meu juízo eu sempre o tive como o mais importante dos pré-socráticos, mesmo que relegado a um simples fabulista pelo tribunal classificatório da pedante e preconceituosa academia dos tempos modernos. Digo mais, Sócrates não passa de um simples pós-Ele. Mesmo sendo escravo encoleirado, sua superioridade intelectiva forçou em seu senhor o reconhecimento da grandeza de sua pessoa, não só consentindo o assentamento de seu fabulário, – de crítica severa e implacável à Ordem sistêmica de então – como também o alforriando após a ciência de tal fato. Seu nome, Esopo.

Quinhentos anos após os dias deste genial escravo – por quais caprichos não se sabe – surge em Roma um outro igualmente escravo e quasímodo também, também fabulista de verve similar que não só vertera para o Latim as fábulas daquele, como também criou outro belíssimo bestiário, num compendio de histórias que envolvendo como personagens os animais passavam lições de fundo moral para a estúpida e cruel sociedade sua coetânea, este chamava-se Fedro.

Estes dois grandes fabulistas, do baixo de suas míseras condições de escravo, ante o estado de injustiça e tirania que reinava em seus pobres dias de vida aqui na terra, tiveram a ousadia e a coragem de se alevantar contra aquela sociedade perversa que os esmagava como insetos peçonhentos sob o tacão de suas botas e sapatilhas. Escreveram curtíssimos ensaios críticos em forma de fábulas, estórias onde todo enredo se passa no mundo dos animais num tempo em que os bichos falavam. Pois bem, hoje passados mais de vinte séculos de Esopo e Fedro, no que pese o estúpido “avanço” alcançado pela sociedade humana, o quadro não mudou, déspotas e tiranos continuam com a plena conivência da mesma sociedade, a nos esmagar como insetos peçonhentos sob a luz do mesmo sol que os outrora alumiava. O quadro continua, nada mudou. Apenas uma coisa mudou, não existe mais um escravo encoleirado, como Esopo, nem algum Fedro, são outras as coleiras marteladas pelo consumismo escravizante e mais que estúpido, tendo como gravame maior a pusilanimidade, a frôxura que achaca o grande rebanho encoleirado pelo pescoço. Quando aqueles escreveram suas peças, em momento algum se deixaram ser assaltados por temores noturnos de retaliações, execuções sumárias, juízos singularíssimos, o que era tido como próprio, natural e justo naquela época. Inspirados pela fagulha divina – que não vinda do panteão Grego ou Romano – sentiram-se no dever de clamar em brava voz por amor de si mesmos e extensivamente aqueloutros destituídos de verve e tribuna.

Não tendo no presente, eu, a quem indagar, face ao despreparo geral que tomou conta desta pobre geração, inquiro eu a quem (?). Não tendo mínimus, minimorum de uma ideia a quem me dirigir, vez que a Ordem despersonificou in totum o meu falso defensorium que o “avanço” da sociedade descaradamente me mente eu possuir!; se indago ao mar “veloz a vaga resvala como um cúmplice fugaz”; aos poderes constituídos (?), são sequazes de presas afiadas; ao meu vizinho que perpassa (?), vocifera-me: Tu está atrasado, cara!; do intelectualóide ouço: é a fúria do capitalismo selvagem! E assim é uma só cantiga de grilo em obstinatum.

- Mas Cavaleiro, eu aqui estou à sua inteira disposição, desde que você chegou, tentando me convencer de que eu – por questão de justiça e educação – devo pelo menos me fazer de gentil e educado, durante o tempo máximo que meu sistema sensitivo possa suportar lhe ouvir, na esperança de que se faça logo concluir esta exposição longérima de fatos…

- Desculpas, desculpas, rogo-me dar por escusado, si’l vous plait.
- Vá logo na mosca, rapaz, arrasta o gatilho.
- Ora, ora, onde estávamos?!
- Sei lá! Não estávamos, você é que estava e agora está completamente perdido mais que perro dê pobre chê em dia dê mudança!
- “Aí é que está seu engano
Apenas tirei um cochilo
Sonhei que tava pescano
Nas Marge do Rio Nilo
E lá peguei uma traíra
Que só a cabeça deu um quilo”.
- Ave, Louro!

Perdido? Se de novo engana meu amigo. Lascado está você que é brasileiro e que é frôxo. Que aceita tudo que lhe é imposto, tudo que lhe fere, que lhe muito causa mal durante os dias e as noites quando se queda em revisão de coisas e fatos e… que quando não elogia, entra em silêncio na presença de seu predador que lhe ceifa e lhe colhe em feixes como se faz à erva do campo.

Eu sou filho desta terra, Serra do Peri Peri, no que pese ser radicalmente urbanófono, tenho formação superior em Arquitetura e Urbanismo; isto em quadra pretérita quando a Universidade Brasileira sobretudo a da Bahia não era assistida por simples professores, sim por mestres. Pelo que ,estou a falar de cátedra.

Estou aqui referindo-me parabolicamente, ao assalto de que foram tomados não só os comerciantes das vias radiais do quadrante noroeste desta cidade (Avenida Brumado, Pará e interparalela) como todos os que por ela perpassam no entra e sai ,face às bruscas e impensadas mudanças de sentido de trânsito que ali recentemente se implantou.

Creio que os técnicos tiveram a melhor das intenções de aprimoramento na vazão daquelas artérias, no que pese o populismo do propício do momento. Todavia não acertaram. O tiro saiu pela culatra! Casos deste modelo não se resolvem com quebra- molas, mãos e contra mãos, “pares”, sinaleiras, etc. Não se pode jogar dados, tem-se que ser feito estudos profundos sobre as causas e, em seguida, por dedução aristotélica, diagnosticar o fator ou fatores que estão provocando o assoreamento que emperra a melhor fluidez do trânsito.

Esta cidade alcançou (infelizmente!) o estágio de arrancada para o grande avanço explosivo, contudo pelo despreparo em que se encontra, piriga, dentro de pouco tempo, implodir. Está lentamente aos poucos tendendo à morte por asfixia, porquanto, necessita de um tratamento de urgência. E é bom lembrar que num corpo moribundo não se começa um tratamento por dedos e artelhos, ataca-se logo, aprioristicamente o tronco: onde está o coração, pulmões, estômago e intestino.

As cidades são organismo como que vivos, se parecem com as árvores, nascem, crescem e morrem. E a morte delas, assim como das árvores, se dá pelo cerne, o miolo, no caso, o centro. E como já é tarde até que arde, vou me recolher. Antes, porém, vou contar uma historinha curta:

Uma, quatro, etc. vezes eu tive que com o violão nas mãos me confrontar com grande orquestra e apresentar uma só peça ou composições durante hora e mais para plateias de mil ou duas mil pessoas. O fiz (e todas as vezes que isto se deu) sem titubear, sem o menor deslize, sendo no final ovacionado pelas plateias onde contentes batiam os corações.

Por favor, e, por um outro lado, não me chame para instalar um programa nesta zorra de computador. Tô fora, nun sei!

Os incômpts – parafraseando meu saldoso amigo Vinícius de Moraes – e aqueles que são de impronptus, que me perdoem, competência é fundamental.

Casa dos Carneiros, no minguante da Lua.
Elomar Figueira Mello é cantador


*Reprodução de texto devidamente autorizada pela produção do músico.

Por João Goulart, agosto de 1964





Faz hoje dez anos que a Nação, traumatizada, assistiu ao supremo sacrifício de Getúlio Vargas. Nunca deixei de me dirigir a todos vós, neste dia, que está definitivamente incorporado à nossa história, marcando, no Brasil republicano, o instante heroico do saudoso estadista que empenhou a própria vida para conter as terríveis forças do obscurantismo e para que pudéssemos prosseguir na dura caminhada da libertação do nosso povo e da nossa Pátria. É, pois, a luta do povo pela liberdade e pela conquista das reformas estruturais profundas e cristãs da sociedade brasileira que, mais uma vez, conduz ao encontro dos vossos anseios e das vossas mais aflitas esperanças.


Deixo, assim, no exílio em que me acho, o silêncio a que me havia imposto para voltar à intimidade honrada dos vossos lares, muitos já violados, dos vossos sindicatos, oprimidos; das vossas associações, atingidas pelo ódio da reação, com uma palavra de advertência, mas, sobretudo, de fé inquebrantável no destino do nosso país. Esta palavra já não parte do Presidente da República. Não vos posso, também, dirigi-la da praça pública, onde tantas vezes nos encontramos. Dominam a Nação o arbítrio e a opressão.

A reconquista das liberdades democráticas deve constituir o ponto básico e irrenunciável da nossa luta, a luta corajosa do povo brasileiro para a emancipação definitiva do Brasil. Duas vezes preferi o sacrifício pessoal de poderes constitucionais à guerra civil e ao ensangüentamento da Nação. Duas vezes evitei a luta entre irmãos. Só Deus sabe quanto me custou a deliberação a que me impus e pude impor a milhões de patriotas.

Em 1961, tolerei as maquinações da prepotência e consenti na limitação de poderes que a Constituição me conferia, para, depois, restaurá-los democraticamente, pela livre e esmagadora deliberação da vontade popular. Nunca recorri à violência. Os tanques, os fuzis e as espadas jamais, historicamente, conseguiram substituir, por muito tempo, a força do direito e da justiça. A função que a Constituição lhes impõe é a defesa da soberania do país e de suas instituições e nunca a tutela do pensamento do povo, para suprimir e esmagar suas liberdades, como pretendem alguns chefes militares.

Este ano, depois de recusar-me à renúncia que nunca admiti, resolvi, pelo conhecimento real da situação militar, não consentir no massacre do povo. Não só porque contrariava minha formação cristã e liberal, mas porque eu sabia que o povo estava desarmado. Eu sabia que a subversão, fartamente denunciada e muito bem paga, na profusão de rádios, jornais e televisão, era o preparo da mentira do perigo comunista, que iria constituir o ponto de partida para concretização da quartelada, a fim de que, assim, pudessem esmagar as justas aspirações populares que o meu Governo defendia. Baniram, ditatorialmente, o direito de defesa; humilharam a consciência jurídica nacional; suprimiram o poder dos tribunais legítimos. Invadiram universidades, queimaram bibliotecas; não respeitaram sequer as mesmas igrejas onde antes desfilavam as contas de seus rosários. Trabalhadores, estudantes, jornalistas, profissionais liberais, artistas, homens e mulheres são presos pelo único crime da opinião pública, da palavra ou das idéias. Cassam centenas de mandatos populares. Porventura são trapos de papel os compromissos internacionais que assumimos na Declaração Universal dos Direitos do Homem e na Carta organizatória das Nações Unidas?

Pessoalmente, tudo posso suportar, como parcela do meu destino na luta da emancipação do povo brasileiro. O que não posso é calar diante dos sofrimentos impostos a milhares de patrícios inocentes e do esmagamento das nossas mais caras tradições republicanas. Hoje, lançam contra mim toda a sorte de calúnias. Sei que continuarão a injuriar-me. Mas o julgamento que respeito e que alguns temem é o do povo brasileiro. É possível que haja cometido erros no meu Governo. Erros da contingência humana. Mas tudo fiz para identificar-me com os sentimentos do povo e da Nação e posso afirmar que assegurei a todos os brasileiros, inclusive a meus adversários, o exercício mais amplo das liberdades constitucionais. Deus não faltará com seu apoio à energia do povo para a reconquista de suas liberdades. Ninguém impedirá o povo de construir o desenvolvimento nacional e dirigir o seu próprio destino.

Tudo fiz por um Governo democrático e justo, no qual se processassem, pacificamente, com a colaboração dos órgãos legislativos, as transformações essenciais da sociedade brasileira; quis um Governo que incorporasse à família nacional, com acesso aos benefícios da civilização do nosso tempo, os milhões de patrícios humildes do campo e as áreas marginalizadas da população urbana; empenhei-me por um Governo que exprimisse os anseios legítimos dos trabalhadores, dos camponeses, dos estudantes, dos intelectuais, dos empresários, dos agricultores, do homem anônimo da rua para, todos juntos, travarmos a difícil luta contra a miséria, a doença, o analfabetismo, o desemprego e a fome. Sobre mim recaiu, então, todo o ódio dos interesses contrariados.

Promovi o reatamento de relações diplomáticas com as nações do mundo e assumi a responsabilidade de alargar nossos mercados, no interesse único da economia do país e do bem-estar do nosso povo. Executei uma política externa independente. Condenamos o colonialismo, sob qualquer disfarce, defendendo os princípios da não-intervenção e da autodeterminação dos povos. Nunca transigi com a dignidade do meu país e o respeito à sua soberania. Hoje, representantes estrangeiros interferem publicamente nos assuntos internos do país ou conhecidas organizações monetárias internacionais fixam, unilateralmente, condições humilhantes, em cláusulas de negociações, para ajudas ilusórias que, internamente, agravam o sofrimento do nosso povo e, externamente, aviltam os preços dos nossos principais produtos de exportação. E já se fala na execução de acordos que abrirão o caminho legal para a instalação, em nosso território, de importantes bases militares, sob o controle e o comando de outras nações.

Decretei, brasileiros, a regulamentação da lei de disciplina do capital estrangeiro. Decretei o monopólio da importação do petróleo e a encampação das refinarias particulares. Decretei a desapropriação de terras, objeto de especulação do latifúndio improdutivo. Decretei a implantação da empresa brasileira de telecomunicações. Lutei pela Eletrobrás. Decretei a limitação dos aluguéis, dos preços dos remédios, dos calçados, das matrículas escolares, dos livros didáticos. Hoje, os aumentos incontrolados do custo das utilidades indispensáveis à vida do povo atingem limites insuportáveis.

Promovi, por todos os meios, campanha intensiva de educação popular, para suprimir o analfabetismo em nossa Pátria. Estimulei os investimentos que promovessem maiores oportunidades de trabalho. Quis vencimentos dignos para todos os servidores públicos, civis e militares. Assegurei aos trabalhadores do campo o direito legal de organizarem seus sindicatos e defendi o salário real de todos os brasileiros, que deve acompanhar a elevação do custo de vida, respeitando a liberdade constitucional dos seus movimentos reivindicatórios legítimos.

Bati-me pelas reformas de base, para que o Congresso as votasse democrática e pacificamente. Muitas vezes pedi a colaboração de suas lideranças partidárias. Nada foi possível obter. Mas ninguém se engane. As reformas estruturais, que tudo empenhei por alcançar, rigorosamente dentro do processo constitucional, nenhuma força conseguirá detê-las e nada impedirá a sua consecução. Neste dia, brasileiros, longe de todos, o pensamento voltado para a memória de Getúlio Vargas, que tombou sacrificado pelas mesmas forças que hoje investem contra mim, reflito sobre as permanentes verdades que o admirável estadista denunciou em sua Carta-Testamento, e anima-se a confiança que tenho no futuro do meu país. Não posso concebê-lo presa da intolerância, da tirania, da ilegalidade, que são atitudes repudiadas pelos sentimentos generosos de nossa gente.

Sem ressentimentos na alma, sem ódios, sem qualquer ambição pessoal, conclamo todos os meus patrícios, todos os verdadeiros democratas, a família brasileira, enfim, para a tarefa de restauração da legalidade democrática, do poder civil e da dignidade das nossas instituições republicanas. Queremos um Brasil livre, onde não haja lugar para qualquer espécie de regime ditatorial, com uma ordem fundada no respeito à pessoa humana, no culto aos valores morais, espirituais e religiosos do nosso povo. Queremos um Brasil justo, progressista, capaz de assegurar confiança ao trabalho e à ação de todos os brasileiros. Queremos um Brasil fiel às origens de sua formação cristã e de sua cultura, libertado da opressão, da ignorância, da penúria, do atraso, do medo, da insegurança.

Deus guiará o povo brasileiro para os objetivos patrióticos de nossa luta.

sábado, 22 de março de 2014

O SURGIMENTO DA BURGUESIA INDUSTRIAL BRASILEIRA E SUAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS



"Assim, o nascimento da burguesia brasileira, fins do século XIX, vai se dá através do esforço da política econômica desenvolvida na República, pelo Ministro da Fazenda, o liberal Rui Barbosa, que vai estimular a especulação, às finanças e ao comércio."

* Por Herberson Sonkha

A República surge no Brasil no final do século XIX, em 1889, profundamente influenciada pelas orientações econômico-financeiras do liberalismo europeu, fortemente vivenciadas por instituições financeiras inglesas e estadunidenses. Assim, o nascimento da burguesia brasileira, fins do século XIX, vai se dá através do esforço da política econômica desenvolvida na República, pelo Ministro da Fazenda, o liberal Rui Barbosa, que vai estimular a especulação, às finanças e ao comércio. 


Na esteira destas políticas econômicas, que favoreceram particularmente setores da burguesia, surgem os novos atores sociais e suas instituições fabris, os parques industriais que vai gradualmente consubstanciando e distanciado esta nova classe social, do conjunto das camadas sociais emergentes no Brasil do século XX. Suas ascendências possuem raízes na estrutura agrário-exportadora originado no Império e fortalecido nas primeiras décadas da República.

 A fazenda com seu empresário rural, o fazenda, era o lócus da produção agroindustrial exportador e importador, que possibilitava o acumulo e a concentração de riquezas através da exploração da mão de obra escrava e/ou assalariada.  A mesma tradicional família de agricultores, proprietária das terras, maquinários, sementes, galpões, transportes e também contratavam a força de trabalho, era também proprietária das fábricas nos perímetros urbanos, como por exemplo, a fábrica de vidro Santa Marina, pertencia à tradicional família Silva Prado. Salvo alguns industriais imigrantes como os Matarazzo, os Lundgren e os Klabin. Estes vão gradativamente substituindo os artigos importados pelas primeiras manufaturas produzidas em território brasileiro, pois o mercado de consumo era constituído em sua grande maioria por imigrantes, facilitando a preferência de consumo.

Essa burguesia incipiente não tinha força suficiente para opor-se a aristocracia fundiária alicerçada, portanto procurou adequar seus interesses aos destes aristocratas, organizando espaços de elaboração de instrumentos teóricos. A política econômica voltada para exportação beneficiava a burguesia industrial porque o governo editava sucessivas medidas inflacionárias visando garantir a rentabilidade deste setor. Apesar de alguns conflitos, os fazendeiros não se opunham ao surgimento da industrialização porque era o principal fornecedor de matéria prima e insumos. Os setores médios e populares urbanos consideravam que a política de proteção à indústria incidia sobre a alta dos preços e a oferta destes produtos.

Apesar da força e da organização política engendrada pelas oligarquias agroexportadoras, a recém-surgida burguesia industrial procurou se articular e defender seus interesses com os das oligarquias conservadoras. Assim, a burguesia industrial passa a organizar suas instituições de classe como, por exemplo, o Centro de Construtores Industriais (1916) e os industriais paulistas fundaram o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo em 1926.


Buscar neste blog

Inscreva seu e-mail e receba nossas atualizações:

Arquivo