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sábado, 22 de março de 2014

O SURGIMENTO DA BURGUESIA INDUSTRIAL BRASILEIRA E SUAS INSTITUIÇÕES POLÍTICAS



"Assim, o nascimento da burguesia brasileira, fins do século XIX, vai se dá através do esforço da política econômica desenvolvida na República, pelo Ministro da Fazenda, o liberal Rui Barbosa, que vai estimular a especulação, às finanças e ao comércio."

* Por Herberson Sonkha

A República surge no Brasil no final do século XIX, em 1889, profundamente influenciada pelas orientações econômico-financeiras do liberalismo europeu, fortemente vivenciadas por instituições financeiras inglesas e estadunidenses. Assim, o nascimento da burguesia brasileira, fins do século XIX, vai se dá através do esforço da política econômica desenvolvida na República, pelo Ministro da Fazenda, o liberal Rui Barbosa, que vai estimular a especulação, às finanças e ao comércio. 


Na esteira destas políticas econômicas, que favoreceram particularmente setores da burguesia, surgem os novos atores sociais e suas instituições fabris, os parques industriais que vai gradualmente consubstanciando e distanciado esta nova classe social, do conjunto das camadas sociais emergentes no Brasil do século XX. Suas ascendências possuem raízes na estrutura agrário-exportadora originado no Império e fortalecido nas primeiras décadas da República.

 A fazenda com seu empresário rural, o fazenda, era o lócus da produção agroindustrial exportador e importador, que possibilitava o acumulo e a concentração de riquezas através da exploração da mão de obra escrava e/ou assalariada.  A mesma tradicional família de agricultores, proprietária das terras, maquinários, sementes, galpões, transportes e também contratavam a força de trabalho, era também proprietária das fábricas nos perímetros urbanos, como por exemplo, a fábrica de vidro Santa Marina, pertencia à tradicional família Silva Prado. Salvo alguns industriais imigrantes como os Matarazzo, os Lundgren e os Klabin. Estes vão gradativamente substituindo os artigos importados pelas primeiras manufaturas produzidas em território brasileiro, pois o mercado de consumo era constituído em sua grande maioria por imigrantes, facilitando a preferência de consumo.

Essa burguesia incipiente não tinha força suficiente para opor-se a aristocracia fundiária alicerçada, portanto procurou adequar seus interesses aos destes aristocratas, organizando espaços de elaboração de instrumentos teóricos. A política econômica voltada para exportação beneficiava a burguesia industrial porque o governo editava sucessivas medidas inflacionárias visando garantir a rentabilidade deste setor. Apesar de alguns conflitos, os fazendeiros não se opunham ao surgimento da industrialização porque era o principal fornecedor de matéria prima e insumos. Os setores médios e populares urbanos consideravam que a política de proteção à indústria incidia sobre a alta dos preços e a oferta destes produtos.

Apesar da força e da organização política engendrada pelas oligarquias agroexportadoras, a recém-surgida burguesia industrial procurou se articular e defender seus interesses com os das oligarquias conservadoras. Assim, a burguesia industrial passa a organizar suas instituições de classe como, por exemplo, o Centro de Construtores Industriais (1916) e os industriais paulistas fundaram o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo em 1926.


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