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quarta-feira, 24 de abril de 2013

Fite: O PT Conquistense perde mais um dos seus filhos ilustres.



* Por Herberson Sonkha

Na tarde de ontem fui informado pelo amigo incomum, Professor João Paulo, do lamentável infortúnio para todos nós e particularmente para a família de Fite, que foi falecimento do amigo, que lamentavelmente havia nos deixados. Assim que cheguei de Anagé, após um jantar de compromisso com o amigo jornalista Fábio Sena, fomos ao velório para vê-lo pela derradeira vez, despedir e prestar solidariedade aos seus familiares e amigos.  


Depois da dor irreparável da perda do ilustre comunista conquistense José Novais, fundador da CUT e do Partido dos Trabalhadores, o PT de Vitória da Conquista passa por mais um momento de dor, pois acaba de nos deixa o companheiro Fite. O PT compartilha da dor dos entes e amigos.

Nada melhor para despedir deste ilustre conquistense do que uma noite fria e cinzenta como nos tempos difíceis da ditadura militar e da reorganização dos partidos após a reabertura política do país, especialmente nas décadas de 70 e 80 quando se faziam necessárias às reuniões clandestinas para reorganizar a luta operária (urbana e camponesa) no sudoeste da Bahia, formada na sua grande maioria por catadores de café, que notabilizou Vitória da Conquista como a principal força política no nordeste, dando suporte a fundação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) na década de 80.

Fite foi um indefectível militante de esquerda, signatário do Partido dos Trabalhadores em Vitória da Conquista. O amigo nos deixou um grande legado, que foi o respeito à causa dos trabalhadores, a militância combativa de esquerda e o compromisso com um mundo igualitário, fraterno e solidário. Portanto, Fite foi um referencial político ideológico e sua práxis política coerente deve subsidiar o entendimento de quem nós somos e o que queremos.
Meu último contato com ele ocorreu na Praça Vitor Brito, no final da última caminhada do primeiro turno, por ocasião das eleições (2012) para entregar um boletim informativo e conversar um pouco sobre o perfil de esquerda e do compromisso da candidatura do companheiro Professor João Paulo com os movimentos sociais e do socialismo.

Sorridente e receptivo Fite confessou surpreso e contente com a candidatura do Professor João Paulo de quem fora amigo também, principalmente porque o perfil de militante e o compromisso com as bandeiras de lutas dos trabalhadores, não obstante manifestar certo desencanto com os arranjos políticos que a direção do PT vinha fazendo nos últimos anos, apesar de expressar grande apreço às candidaturas à esquerda que mantinha em suas propostas a agenda das mudanças estruturais da sociedade e a defesa do socialismo democrático tal qual pensara nos idos da livraria Mutirão onde trabalhava e fazia a militância político partidária.

Ao chegar à Capela do Hospital São Vicente, reencontrei amigos de longas datas e companheiros de históricas lutas em Vitória da Conquista, relembrando momentos marcantes da história política de Vitória da Conquista. Ao adentrar, observei por alguns segundos atentamente aquele ser politico único, com semblante sereno e de grande envergadura moral posto naquele ataúde ornado de flores, eu foi tomando por uma intensa sentimentalidade capaz de reviver lembranças históricas indeléveis, repletas de cenas intensas como aqueles polêmicos encontros no antigo restaurante Casarão no começo da Vivaldo Mendes, outras no antigo Gimba Jardim na Zeferino Correia... Estava presente ali naquele momento parte de nosso DNA político.

Aqui fica meu mais profundo sentimento de pesar por esta perda irreparável e meus mais sinceros sentimentos de solidariedade aos familiares, amigos e companheiros pela dor neste momento difícil. Meus préstimos a este que foi, em vida, o valoroso e honrado homem, amigo e companheiro inseparável de jornadas de lutas e de árduas caminhadas, sem as quais jamais teríamos construído do mesmo jeito o Partido dos Trabalhadores e o governo participativo. Nosso carinho e reconhecimento ao amigo Lafayette David de Freitas Júnior, a quem carinhosamente chamávamos de Fite.

domingo, 14 de abril de 2013

São João em Anagé: sério e comprometido com a tradição junina.




* Por Herberson Sonkha

Às vésperas de uma das festas mais populares, fartas, alegre e repleta de sincretismo religioso do nordeste, o festejo junino, que só perde para o carnaval que é reconhecidamente a maior festa popular do planeta, a natureza impõe uma inflexão acerca dos efeitos negativos da estiagem e as instituições de fiscalização dos gastos públicos do Estado faz severas advertências quanto aos exageros com os festejos, recomendando não realizar os mesmos. Realizar ou não, é uma questão de promoção da política cultural para a cidade, não só no sentido lúdico, mas também no fluxo da movimentação econômica e cultural da cidade. Aliás, há uma prefeitura inadimplente por herança com seus compromissos e o povo que celebra o padroeiro da cidade. Eis o dilema posto para a reflexão.


Mesmo assim, a Prefeita, a Secretária de Educação, o Coordenador de Cultura e a Comissão Organizadora vêm promovendo um amplo debate acerca do sentido histórico da festa, da necessidade de criar alternativa de movimentação econômica para o comércio local, do resgate e promoção da cultura tradicional junina e dos limites do fisco e suas instituições fiscalizadoras dos gastos públicos. Sem perder de vista a perspectiva histórica da seca no país desde o século XVI.

Desde a grande seca no nordeste nos idos da década de 40, do século XX, bem lembrado por Florestan Fernandes, chamando-a de indústria da seca por falta de investimento público no desenvolvimento do nordeste, que justifica a migração em massa de trabalhadores (sem qualificação) para o sudeste e sul do país, para formar um contingente de reserva de força de trabalho (ociosa na sua maioria) para regular o preço do salário pago aos trabalhadores brasileiro.

Este fenômeno geopolítico foi desencadeado pelo primeiro modelo de produção agroexportador adotado no país desde o século XVI, com o ciclo da cana-de-açúcar que devastou uma imensa região do nordeste com a coivara e o manejo de solo para o plantio da cana-de-açúcar. A modificação das condições naturais de proteção e regulação do meio ambiente (biota) para adequar o campo as exigências da produção do agronegócio exportador contribui-o efetivamente para a seca no nordeste.

O desequilíbrio das suas matas, extinção dos rios, caça predatória, extinção da fauna e da flora e consequentemente aos longos períodos de estiagens, decorrem da matriz de produção capitalista adotada pelos coronéis e aprimorada pela elite política deste país. Inclusive, se enriqueceu com a exploração da misera da classe trabalhadora e da ação predatória da natureza, destruindo-a ao bel prazer da ganancia desenfreada pelo lucro.

A adoção do ciclo da cana-de-açúcar no Brasil Colônia, a primeira fonte de riqueza é o agronegócio no Brasil, começa nas três capitanias (Pernambuco, Bahia e São Paulo), sendo que em 1549, Pernambuco já possuía trinta engenhos de banguê, a Bahia, dezoito, e São Vicente, apenas dois e meio século depois se chagava a marca de 256, dos quais a maior parte no nordeste. Os fazendeiros eram os proprietários das unidades produtivas agrícolas exportadoras e produzia com uma mão de obra escrava e indígena. É desta forma que a elite brasileira se constitui enquanto classe dominante no Brasil e fez fortuna destruindo as matas para atender ao mercado europeu de açúcar, tabaco e algodão.  Portanto, as origens da destruição e o empobrecimento da natureza e humano que tanto aflige nosso povo nordestino, remota a própria história da formação social, política e econômica do Brasil.

Não é porque as elites governaram Anagé com este espirito destruidor que o governo da Renovação responderá por isso não. Sabe-se que a Defesa Civil com o poio e contra partida do governo municipal vem acompanhando a distribuição gratuita e democrática, de forma crescente, com o objetivo de atender a toda zonal rural do município de Anagé, através de carros pipas levando e trazendo água potável à população anageense, independente de sua opção política nas ultimas eleições.

A Prefeita Andréa Oliveira decretou sim situação de emergência em função de o município ser um dos 214 municípios afetado pela estiagem prolongada e esta decisão é de natureza político-administrativa, porque tem em vista receber recursos dos governos do Estado e Federal, próprios para estes períodos de estiagens. Pois, o município não chove há dois anos e o estado é realmente de calamidade. Mas as medidas foram tomadas desde o primeiro dia do governo para amenizar este problema estrutural histórico herdado da elite brasileira.

O governa do Estado da Bahia, através da CAR vem implementando vários programas de convivência com a seca, no semiárido. Programas como o de Combate a pobreza rural (Produzir); Programa de Desenvolvimento de Comunidades Rurais nas Áreas mais Carentes do Estado da Bahia (Gente de Valor); Programa de Conservação e Gestão Sustentável do Bioma Caatinga – Mata Branca; Projeto de Inclusão das Comunidades Remanescentes de Quilombos (Quilombolas) e o Programa Vida Melhor são reais e vem melhorando a situação do campo. O exemplo do Programa “Terra de valor” que objetiva de forma geral promover o desenvolvimento socioeconômico sustentável no semiárido, visando reduzir as desigualdades regionais, herança maldita dos coronéis, com justiça social.

No que pese saber que estes programas começaram a existir a partir do governo Jaques Wagner em 2006, sabe-se na prática que só agora, no Governo de Andréa, estes programas estão sendo levados a sério, portanto, estes programas (federal e estadual) só atualmente começaram a funcionar efetivamente. Apesar do caráter histórico das estiagens, a questão da seca em Anagé está sendo tratada de forma séria e democrática e para nossa alegria sabemos que em algumas regiões como Gameleira Trançada, Lagoa Queimada, Lagoa do Peixe, Lagoa Torta dos Pretos, Lagoa do Arroz e outras regiões afetadas começaram a chover.

Portanto, não podemos permitir que quaisquer desavisados de ontem, criem qualquer tipo de controvérsia, situações de conflito ou desqualificação moral de forma acrítica da festa. Este governo, deferente da prática dos algozes da cidade, realizará uma festa tranquila, com contratações transparentes e honestas e atendendo ao público diverso, que vai dos 15 aos 80 anos. Além de promover e incentivar a cultura tradicional do forró possibilitará a cultura da paz, da solidariedade e da não violência musical contra a Mulher em atenção ao que diz a Lei “antibaixaria” (Lei 19.237/11, de autoria da Deputada Luiza Maia-PT) que incentiva a não contratação de bandas (artistas) que incitem a violência, o deboche e os maus tratos contra as meninas e adolescentes com amplo apoio do Ministério Pública da Bahia.

Há males que vem pra bem...


*Por Herberson Sonkha


Não sou muito dado às tecnologias (não que seja contra, pois não sou ludista) avançadíssimas e suas moderníssimas parafernálias eletrônicas, pois são chamativas e despertam o interesse alheio... Durante muito tempo eu resistir a estas parafernálias modernas, tanto pelo preço (muitas horas de trabalho) quanto pela minha limitada condição de usuário destas opções, já que nem sempre se consegue maximizar todas as suas funções. Neste sentido sempre achei um desperdício e, por canto disso passei boa parte com um Samsung fliper, simples, porem funcional. Atendia a minha necessidade, pois não havia desejo de obter algo mais sofisticado, um penduricalho cibernético, principalmente com o nome androide... 


Tudo muito galáctico... Até minha filha que já domina com certa habilidade os conceitos e procedimento dos eletroeletrônicos já aderiu e com várias conversas aulas sobre o assunto me convenceu de que há certas funções neste tipo de tecnologia que facilita muito o nosso dia-a-dia... Principalmente para quem realiza parte de seu trabalho por e-mail ou publicações virtuais. 

No último domingo fui a Salvador e programei o GPS com o endereço de Arembepe e foi batata... Apesar de conhecer um pouco aquela região, pois eu já havia dirigido na estrada do coco indo às belíssimas praias de Jacuípe e Arembepe com meu compadres Fábio Sena e Nadjara Régis. Até chegar ao aeroporto existem algumas vias complicadas que sempre atrapalho. Mas desta vez foi tudo muito fácil e, é claro, a tecnologia GPS funcionou excelentemente bem, uma beleza. Havia uma voz suave dizendo onde e quando eu deveria mudar o curso, até a distancia para mudar de via, tudo isso em metros. Além de mostrar o trajeto no mapa com nome e uma seta chamada navegador... Amei esta praticidade... Minha filha tinha razão, eu precisava mesmo adentar este mundo louco e rápido da tecnologia...

Confesso que gosto das coisas mais efetivas e duradouras, pois as tecnologias são rápidas e efêmeras. Elas desaparecem com a mesma facilidade em que surgem, e depois são substituídas com os upgrades e assim se vão... Somem e são chamadas de atrasadas... Quem viveu a década (80 e 90) esta palavra tem um significado político muito forte e importante, pois diz respeito nossa visão de mundo... E depois, nem deu tempo você usar todas as funções de forma otimizada...
  
Assim sigo meu curso normal, com prejuízo é claro, de volta ao meu velho e surrado aparelho vermelho da Samsung que ninguém quer, cuja modernidade oferecida é abrir e fechar e ouvir FM, que meu amigo Edmilson denominou de calço de guarda-roupa velho... 

Comunicado Urgente!



* Por  Herbeson Sonkha

Amigas (os), colegas e companheiras (os),

Informo que por motivo de força maior estou sem comunicação telefônica, razões pelas quais pretendo justificar no decorrer deste documento. Na oportunidade, aproveito também para pedir desculpas a quem tentou falar comigo neste período e não conseguiu. 

Apesar de ter nascido e criado nos bairros Alegria e Brasil e habitualmente andar pelas ruas dos mesmos sem qualquer tipo de preocupação, excepcionalmente na madrugada de hoje (0:30), ao retornar para minha casa (Av. Boa Vontade, nº 2264, Bairro Brasil) fui vítima de um assalto relâmpago na Av. Frei Benjamim (na calçada do Condomínio Parque Serrano em frente ao CIENB) praticado por dois elementos ainda não identificados.


Felizmente, não ocorreu nenhum dano ou lesão física, só a perda de um aparelho de marca Samsung S6102B (Galaxy Young) com dois chips (Oi (77) 8836-4758 e um Claro (77) 9993-4666) e uma pequena importância em dinheiro.

A prática de roubo (ações rápidas de pequenos objetos e quantias em valor) e, em alguns casos de latrocínio resultando em homicídio, caso haja reação por parte da vitima, lamentavelmente tem se tornado recorrente em Vitória da Conquista, criando um ambiente de pânico e terror, não obstante causar em suas vitimas a sensação de impunidade ao saber que tais práticas jamais serão coibidas e seus pertences devolvidos.

Por outro lado, percebe-se que tais ações alimenta uma rede criminosa do narco-capitalismo que irriga diariamente milhares de dependentes químicos destruindo famílias e dilacerando relações sentimentais, independente de sua classe, cor ou religião. Este fenômeno vem arrastando milhões de jovens ao mundo do crime através de “pequenos” assaltos. Como não são trabalhadores (formal ou informal) e por isso estão privados de participarem deste mercado de consumo clandestino, cometem crimes desta natureza para atender a necessidade de consumo de drogas ilícitas (Sintéticos) por consequência da dependência  assim como revela o Dr. Dráuzio em seus estudos sobre dependência química: “Por uma espécie de curto circuito, elas provocam uma ilusão química de prazer que induz a pessoa a repetir seu uso compulsivamente. Com a repetição do consumo, perdem o significado todas as fontes naturais de prazer e só interessa aquele imediato propiciado pela droga, mesmo que isso comprometa e ameace a vida do usuário.

A situação de sítio imposta pelos criminosos (organizações do trafico [narco-capitalismo]) aos trabalhadores e de toda sociedade de forma geral, nós impõe uma reflexão crítica dicotômica que separa o paciente que é o dependente químico, dos empreendedores traficantes que se aproveitam da condição do doente (transtorno mental) para aliciá-lo a prática de tais crimes, como caminho para obtenção de dinheiro ou objetos para pagamento de dividas com a boca. É desta forma que os traficantes acumulam grandes fortunas, incólume a chamada malha fina do fisco (gatinho da receita) compram e vendem bens, mantem movimentação bancária, alguns escandalosamente fazem investimentos em ações.

Tudo isso com o sucesso de vendas do rentável crack e outros sintéticos e a capacidade organizacional do crime. Por um lado, o silencio da sociedade enclausurada pelos traficantes e do outro o receio com a inoperância ou até envolvimentos de parte do poder político, judiciário a e da policia. É preciso combater a pratica da corrupção nas instituições (públicas) e reagir participando do debate com as instancias de poder, (executivo, legislativo e judiciário e a corporação militar e civil) para enfrentarmos este momento crítico que correi a pouca liberdade conseguida às duras penas com a democratização do país.




sexta-feira, 12 de abril de 2013

Uma breve contribuição à análise do historiador e Professor João Paulo



* Por Herberson Sonkha 

Li de forma entusiástica a análise do historiador e professor João Paulo. Sinceramente, eu fiquei imaginando como seria vê o mundo de lá da sacada do edifício na Rua Saint-Mauer (França) em 25 junho de 1848, depois do ataque do proletariado e depois assistir a uma reunião do chamado Congresso de Viena e vê vários monarcas reunidos, enfurecidos com os ecos da Revolução Francesa (1789), para formar a Santa Aliança e impedir o avanço dos princípios revolucionários (Sans-culottes) que após anos de ocorrida ainda influenciava o proletariado europeu, rondando o imaginário dos trabalhadores franceses, que bravamente pôs fim a era napoleônica.


No livro genial organizado por Michael Löwy[1], A revolução Fotografada, com imagens inéditas das barricadas de 1848 o Cientista social, intelectual e pensador marxista radicado na França faz uma viagem pelas ruas da frança que sediaram momentos sangrentos de conflito das massas contra a monarquia francesa, mesmo assim, o antigo regime não foi capaz de conter os levantes.

Este fenômeno vai varrer toda a Europa dando origem ao constitucionalismo democrático (déspotas esclarecidos?!) que subsidiaria teoricamente o processo de emancipação política dos países da América Latina no século XIX e XX. Algumas mais conflituosas outras mais light como no caso do Brasil. Mas, a base da doutrina política é sem dúvida originada nesta “plêiade” que é a frágil Democracia Liberal (Estado de Direito) adotada pela maioria dos países latinos americanos. A ligação entre democracia e direitos humanos é claramente definida no artigo 21º (3) da Declaração Universal dos Direitos Humanos:

“A vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes públicos; e deve exprimir-se através de eleições honestas a realizar periodicamente por sufrágio universal e igual, com voto secreto ou segundo processo equivalente que salvaguarde a liberdade de voto”.

Imagine a cara do italiano Guiseppe Mazzine exilado na Suíça; As grandes manifestações populares nas regiões germânicas (Hanôver, Saxônia, Bruns Wich e Hussen Kassel) em defesa do Estatuto das constituições e as tropas austríacas reprimindo violentamente as manifestações. Este foi o processo de construção da democracia na Europa.

Na esteira dos conflitos do proletariado o capitalismo se consolidou e com ele uma classe emergente que se organizou ideologicamente, a burguesia.  Um dos principais códigos assegurados para a nova classe emergente, a burguesia, foi à constituição de um novo Estado que assegurasse instituições capazes de gerir os interesses dos mercados capitalistas. Nasciam as novas instituições políticas, jurídicas e administrativas modernas e a garantia ao acesso da frágil burguesia aos altos cargos públicos, de que se queixavam os burgueses impedidos de ter acesso à vida material e intelectual restrito pelo rígido estamento da sociedade feudal. Isso permitiu a rápida estruturação financeira da burguesia enquanto classe hegemônica capitalista, fortalecendo suas economias domésticas e efetiva hegemonia absoluta dos burgueses no poder político.

O intelectual e escritor historiador Eric Hobsbawm em seu livro “Era das Revoluções (1789-1848)” vai confirmar sua tese de que o discurso da liberdade ao concurso público, ao direito inalienável de consumir, da propriedade e promoção econômica privada de uma classe ascendente, nasce deste período e inexoravelmente justifica a grande desigualdade material e intelectual da atualidade.

Neste sentido a analise do Historiador e Professor João Paulo constitui-se numa belíssima análise acerca das possibilidades para o educador comprometido com uma educação transformadora e com as mudanças coletivas que vislumbram a formação de um novo ser coletivo.





[1] A exposição mostra imagens do livro Revoluções, organizado por Michael Löwy e lançado no Brasil em 2009 pela Boitempo Editorial.

O HOMEM COMO SER COLETIVO


* Por João Paulo Pereira

O modelo de desenvolvimento econômico, político e cultural atual, ou seja, o modo de produção capitalista, ao longo dos seus seis séculos de história difundiu a ideia do individualismo como mecanismo de crescimento humano e de garantia do sucesso como agente social, visando à acumulação de riquezas e posição social no mundo da competição.
Essa visão de mundo foi construída nos primórdios da formação do modo de produção vigente, ainda nos século XIII e IV, quando o Feudalismo agonizava e a sociedade de mercado se erguia como solução a crise política, econômica e social que passava a Europa Ocidental.


As teorias que serviram de base para o fortalecimento da nova prática que emergia dos escombros do Feudalismo, foram desenvolvidas inicialmente por pensadores, oriundos de um novo grupo social, homens bem nascidos que tiveram a oportunidade de frequentar e estudar nas faculdades criadas pela Igreja Católica, entre eles merecem destaques, pela produção e importância no surgimento do novo sistema político e econômico, Thomas Hobbes, Nicolau Maquiavel, Jean Bodin e Jacques Bussuet, estes foram os principais teóricos de um novo modelo de governo que foi chamado de “Absolutismo Monárquico”, onde o poder político foi passado para as mãos de uma única pessoa, concentrando o direito de dirigir os recém-nascidos “Estados Nacionais” e a vida de todos que viviam em suas fronteiras, surge à figura do rei, com poder garantido pelo direito divino e respeitado por todos. Esse é primeiro momento de construção teórica do capitalismo.

Ao mesmo tempo surge na Península Itálica, uma nova visão de mundo, baseada na teoria clássica Greco-romana, artistas, pensadores, membros da crescente classe burguesa, passaram a defender a superação do pensamento medieval e o nascimento de um paradigma civilizatório fundamentado na cultura helenística da antiguidade clássica.

O pensamento Renascentista tinha como princípios básicos, a superação do Idealismo Cristão, pelo racionalismo, a substituição do modelo de vida baseado na fidelidade dos estados que formavam a sociedade feudal, por uma visão individualista e competitiva, necessária para a nova sociedade de mercado nascente, o humanismo, que colocava o homem como o centro do universo, ”Antropocentrismo”, tirando de Deus o papel do condutor da história humana, como pregava a Igreja Católica, e o metalismo, a valorização do dinheiro ou de metais preciosos, sobre qualquer outra atividade humana, o Otimismo, os pensadores da renascença acreditavam está criando o melhor dos mundos, e que daquele momento para frente, a humanidade viveria em paz.

Desta forma a nova classe social, que agora aparecia forte na sociedade europeia, pois havia conquistado o poder econômico, acumulado dinheiro, passou a fortalecer a ideia de um novo mundo, onde gradativamente seus princípios seriam introduzidos e fortalecidos, até derrotar definitivamente os princípios da Igreja Católica, que dominara o modo de produção Feudal, nos séculos anteriores.

Com o advento do pensamento Iluminista e do Liberalismo Econômico, a partir do final do século XVII, com a Revolução Gloriosa na Inglaterra, e com a vitória da burguesia no século XVIII na Revolução Francesa, se estabelece a partir do século XIX a hegemonia definitiva do pensamento burguês, agora não mais sobre a Europa, mas sobre todo o globo terrestre. Claro que nesse momento o modo de produção procurou se adequar ao novo mundo, o pensamento renascentista e a organização dos estados absolutistas, havia sido superado pelo Liberalismo Econômico, mas o principio fundamental do absolutismo continua determinando a lógica do capital, a competição e o individualismo se mantiveram como a ferramenta perfeita para conduzir as vidas desse homem novo.

Já havia surgido o Protestantismo, com fundamentos cristãos, mas que doutrinariamente absorveu a filosofia da prosperidade do Judaísmo, e passou a defender categoricamente os princípios do individualismo burguês do ponto de vista religioso, como aponta em seu livro “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo” de Max Weber. Outras doutrinas sociais passaram a ser desenvolvidas, com o objetivo de garantir o sucesso do novo modo de produção, a exemplo do Positivismo, do sociólogo Augusto Comte. É um novo mundo em gestação, que se configurou a partir destas doutrinas e se consolidou no século XX.

O século XX é marcado pela hegemonia total do sistema capitalista, não que não tenha surgidos o contraponto a essa ordem social, que muito rapidamente se consolidou, trazendo em seu bojo, todos os avanços das ciências, das tecnologias, da medicina, porem, não dá pra negar que é este sistema o responsável direto também, por todas as mazelas que a humanidade, não que nos sistemas políticos e sociais anteriores não houvesse pobreza, exploração do homem pelo homem, a partir das condições de acumulação material, mas do ponto de vista social, as relações não haviam perdido o grau de humanização.

O capitalismo, a partir do pensamento da competição individual, tirou do ser humano a capacidade de perceber no outro igual, criou as condições objetivas para toda forma de preconceitos, de gênero, racial, segregou camadas importantes da sociedade por todo o mundo, pois precisava de pessoas específicas para executar o trabalho específico, implantou uma doutrina social, que dividiu os homens entre os incluídos e os não incluídos, esse foi o papel do capitalismo durante todo o século XX.

E nós meros seres humanos produtores do lucro, para manutenção da ordem dominante, não conseguimos perceber qual era o jogo da dominação, ficamos discutindo economia e política o tempo todo, claro que estas esferas da sociedade são importantes e também fundamentais no processo de construção de um novo paradigma civilizatório, mas nesse início do século XXI, fica claro que o processo de construção desta nova ordem social, passa eminentemente, pelo surgimento de um novo homem, que tenha a capacidade de retomar a essência da humanidade, trazer de volta um modelo de vida, uma nova sociabilidade, que resgate a coletividade, como princípio.

O espectro da competição, do individualismo precisa ser vencido, se quisermos viver em um novo mundo. Princípios de cuidado com a vida, com o outro, devem ser estimulados a cada segundo, a prática da hospitalidade, deve renascer nos meios sociais, nas relações individuais e coletivas, devemos reaprender a olhar o outro como um companheiro e não como um adversário social.

Nesse sentido, cabe aos educadores um papel fundamental, que é de preparar o homem do futuro, o novo homem para o novo mundo, seres humanos que sejam capazes de se perceber como parte deste ecossistema, componente fundamental para a manutenção da vida, nesta nave mãe chamada Terra. Homens que sejam capazes de amar livremente, homens que sejam capazes de respeitar a adversidade humana, homens que sejam capazes de conviver pacificamente com o planeta, com a natureza, com os diferentes, homens que sejam capazes de amar plenamente e de viver em uma nova sociedade.

Neste início de século é necessário que o educador se torne um novo homem, que se desprenda das amarras impostas pelo capitalismo, que se liberte da imposição do TER, buscando SER, um transformador de sua realidade objetiva e transformando vidas, na busca incansável da ressignificação do ser coletivo, que o modo operante do capital, ao longo destes séculos de sua hegemonia, sucumbiu, desumanizando, conduzindo a espécie humana à condição do principal predador da história, capaz de consumir a própria vida.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Fábio Sena, o indefectível agente da crítica!



* Por Herberson Sonkha


A controversa frase do saudoso Abelardo Barbosa, O Chacrinha, “Quem não se comunica se trumbica”, saiu da televisão e ganhou as ruas na década de 80 se transformando num jargão brasileiro. Quem nunca utilizou desta frase para pirraçar alguém? 

O mercado é inexoravelmente implacável com quem não se comunica. Pior ainda com quem não se comunica bem. Isso explicar o nevrálgico vai-e-vem dos profissionais da comunicação no mundo do trabalho. A inserção qualificada (crítica) no mercado é um fator importante para quem pretende valorar de forma crescente sua remuneração em função do Know-hall a partir do domínio técnico-cientifico e filosófico. O jornalismo esta entre as funções mais disputadas no mundo público e privado das comunicações e é tida como importante para o mercado pela relevância frente às demandas em expansão por serviços especializados no Brasil.


Alocar uma força de trabalho qualificada no mercado de hoje tem sido cada vez mais difícil em decorrência da exigência do chamado perfil profissional e da compreensão de mundo local e global. Não é suficiente ter o domínio no exercício das atividades profissionais, exige-se que se tenha uma articulação em todos os campos para intervir qualificadamente e de maneira diferenciada no mundo.
Como não vivenciamos a realidade idealizada pelos pais da economia de mercado perfeito, com uma correlação de força equilibrada entre capital e trabalho, o pleno emprego da força de trabalho além de improvável serve tão somente de referencia para justificar a assalariamento das categorias laborativas.

Neste caso, o jornalismo “científico” que tem sido objeto de muitas polêmicas (falsas e verdadeiras) por parte dos estudantes de ensino superior que de forma preventiva investem contra bons profissionais que atuam neste nicho sem a “credencial”, visando garantir somente reserva de mercado. Portanto, estes formandos da academia apresenta um perfil eminentemente técnico, com raras exceções, e sem nenhuma formação que lhe sirva de base para depreender dialeticamente os fenômenos e suas antípodas intrínsecas nas relações sócio históricas.

A escassez de técnicos qualificados (tecnicamente, intelectualmente e filosoficamente) impõe o uso da racionalidade como critério aceito por todos para alocação deste profissional e para tanto determina um conjunto de condições mínimas a serem cumpridas, tais como a escrita conformada com o estudo da língua português instrumental que viabiliza a compreensão, interpretação e aporte técnico para produção textual.

Neste sentido, o historiador e jornalista Fabio Sena que também possui um blog diferenciado atua nesta área sem esta famigerada "credencial" superior. Polêmico, sério, ético e profundo estudioso do comportamento humano da contemporaneidade retorna a casa legislativa para desenvolver um formato de jornalismo conceitual com laços firmes com o mundo e suas complexidades. Não é e nem defende isenção, por compreender que em todo e qualquer texto há elementos de natureza ideológica implícita, pois ao expor um pensamento ou descrever um fato o mesmo reconhece que há influencia do olhar de quem descreve.

Na perspectiva deste simples observador, este notável profissional que também já foi secretário de comunicação da prefeitura de Vitória da Conquista sabe exatamente que se deve garantir sob quaisquer condições a liberdade incondicional de expressão mesmo que seja radicalmente contrário ao que hegemonicamente se estabelece como “verdade”. Por isso, a casa legislativa (com todas as implicações políticas que possam existir) ganha muito com a chegada deste professor, historiador e jornalista crítico.  

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