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domingo, 14 de abril de 2013

São João em Anagé: sério e comprometido com a tradição junina.




* Por Herberson Sonkha

Às vésperas de uma das festas mais populares, fartas, alegre e repleta de sincretismo religioso do nordeste, o festejo junino, que só perde para o carnaval que é reconhecidamente a maior festa popular do planeta, a natureza impõe uma inflexão acerca dos efeitos negativos da estiagem e as instituições de fiscalização dos gastos públicos do Estado faz severas advertências quanto aos exageros com os festejos, recomendando não realizar os mesmos. Realizar ou não, é uma questão de promoção da política cultural para a cidade, não só no sentido lúdico, mas também no fluxo da movimentação econômica e cultural da cidade. Aliás, há uma prefeitura inadimplente por herança com seus compromissos e o povo que celebra o padroeiro da cidade. Eis o dilema posto para a reflexão.


Mesmo assim, a Prefeita, a Secretária de Educação, o Coordenador de Cultura e a Comissão Organizadora vêm promovendo um amplo debate acerca do sentido histórico da festa, da necessidade de criar alternativa de movimentação econômica para o comércio local, do resgate e promoção da cultura tradicional junina e dos limites do fisco e suas instituições fiscalizadoras dos gastos públicos. Sem perder de vista a perspectiva histórica da seca no país desde o século XVI.

Desde a grande seca no nordeste nos idos da década de 40, do século XX, bem lembrado por Florestan Fernandes, chamando-a de indústria da seca por falta de investimento público no desenvolvimento do nordeste, que justifica a migração em massa de trabalhadores (sem qualificação) para o sudeste e sul do país, para formar um contingente de reserva de força de trabalho (ociosa na sua maioria) para regular o preço do salário pago aos trabalhadores brasileiro.

Este fenômeno geopolítico foi desencadeado pelo primeiro modelo de produção agroexportador adotado no país desde o século XVI, com o ciclo da cana-de-açúcar que devastou uma imensa região do nordeste com a coivara e o manejo de solo para o plantio da cana-de-açúcar. A modificação das condições naturais de proteção e regulação do meio ambiente (biota) para adequar o campo as exigências da produção do agronegócio exportador contribui-o efetivamente para a seca no nordeste.

O desequilíbrio das suas matas, extinção dos rios, caça predatória, extinção da fauna e da flora e consequentemente aos longos períodos de estiagens, decorrem da matriz de produção capitalista adotada pelos coronéis e aprimorada pela elite política deste país. Inclusive, se enriqueceu com a exploração da misera da classe trabalhadora e da ação predatória da natureza, destruindo-a ao bel prazer da ganancia desenfreada pelo lucro.

A adoção do ciclo da cana-de-açúcar no Brasil Colônia, a primeira fonte de riqueza é o agronegócio no Brasil, começa nas três capitanias (Pernambuco, Bahia e São Paulo), sendo que em 1549, Pernambuco já possuía trinta engenhos de banguê, a Bahia, dezoito, e São Vicente, apenas dois e meio século depois se chagava a marca de 256, dos quais a maior parte no nordeste. Os fazendeiros eram os proprietários das unidades produtivas agrícolas exportadoras e produzia com uma mão de obra escrava e indígena. É desta forma que a elite brasileira se constitui enquanto classe dominante no Brasil e fez fortuna destruindo as matas para atender ao mercado europeu de açúcar, tabaco e algodão.  Portanto, as origens da destruição e o empobrecimento da natureza e humano que tanto aflige nosso povo nordestino, remota a própria história da formação social, política e econômica do Brasil.

Não é porque as elites governaram Anagé com este espirito destruidor que o governo da Renovação responderá por isso não. Sabe-se que a Defesa Civil com o poio e contra partida do governo municipal vem acompanhando a distribuição gratuita e democrática, de forma crescente, com o objetivo de atender a toda zonal rural do município de Anagé, através de carros pipas levando e trazendo água potável à população anageense, independente de sua opção política nas ultimas eleições.

A Prefeita Andréa Oliveira decretou sim situação de emergência em função de o município ser um dos 214 municípios afetado pela estiagem prolongada e esta decisão é de natureza político-administrativa, porque tem em vista receber recursos dos governos do Estado e Federal, próprios para estes períodos de estiagens. Pois, o município não chove há dois anos e o estado é realmente de calamidade. Mas as medidas foram tomadas desde o primeiro dia do governo para amenizar este problema estrutural histórico herdado da elite brasileira.

O governa do Estado da Bahia, através da CAR vem implementando vários programas de convivência com a seca, no semiárido. Programas como o de Combate a pobreza rural (Produzir); Programa de Desenvolvimento de Comunidades Rurais nas Áreas mais Carentes do Estado da Bahia (Gente de Valor); Programa de Conservação e Gestão Sustentável do Bioma Caatinga – Mata Branca; Projeto de Inclusão das Comunidades Remanescentes de Quilombos (Quilombolas) e o Programa Vida Melhor são reais e vem melhorando a situação do campo. O exemplo do Programa “Terra de valor” que objetiva de forma geral promover o desenvolvimento socioeconômico sustentável no semiárido, visando reduzir as desigualdades regionais, herança maldita dos coronéis, com justiça social.

No que pese saber que estes programas começaram a existir a partir do governo Jaques Wagner em 2006, sabe-se na prática que só agora, no Governo de Andréa, estes programas estão sendo levados a sério, portanto, estes programas (federal e estadual) só atualmente começaram a funcionar efetivamente. Apesar do caráter histórico das estiagens, a questão da seca em Anagé está sendo tratada de forma séria e democrática e para nossa alegria sabemos que em algumas regiões como Gameleira Trançada, Lagoa Queimada, Lagoa do Peixe, Lagoa Torta dos Pretos, Lagoa do Arroz e outras regiões afetadas começaram a chover.

Portanto, não podemos permitir que quaisquer desavisados de ontem, criem qualquer tipo de controvérsia, situações de conflito ou desqualificação moral de forma acrítica da festa. Este governo, deferente da prática dos algozes da cidade, realizará uma festa tranquila, com contratações transparentes e honestas e atendendo ao público diverso, que vai dos 15 aos 80 anos. Além de promover e incentivar a cultura tradicional do forró possibilitará a cultura da paz, da solidariedade e da não violência musical contra a Mulher em atenção ao que diz a Lei “antibaixaria” (Lei 19.237/11, de autoria da Deputada Luiza Maia-PT) que incentiva a não contratação de bandas (artistas) que incitem a violência, o deboche e os maus tratos contra as meninas e adolescentes com amplo apoio do Ministério Pública da Bahia.

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