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sexta-feira, 12 de abril de 2013
O HOMEM COMO SER COLETIVO
abril 12, 2013
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por
Vinícius...
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* Por João Paulo Pereira

Essa visão de mundo foi construída nos primórdios da formação do modo de produção vigente, ainda nos século XIII e IV, quando o Feudalismo agonizava e a sociedade de mercado se erguia como solução a crise política, econômica e social que passava a Europa Ocidental.
As teorias que serviram de base para o fortalecimento da nova prática que emergia dos escombros do Feudalismo, foram desenvolvidas inicialmente por pensadores, oriundos de um novo grupo social, homens bem nascidos que tiveram a oportunidade de frequentar e estudar nas faculdades criadas pela Igreja Católica, entre eles merecem destaques, pela produção e importância no surgimento do novo sistema político e econômico, Thomas Hobbes, Nicolau Maquiavel, Jean Bodin e Jacques Bussuet, estes foram os principais teóricos de um novo modelo de governo que foi chamado de “Absolutismo Monárquico”, onde o poder político foi passado para as mãos de uma única pessoa, concentrando o direito de dirigir os recém-nascidos “Estados Nacionais” e a vida de todos que viviam em suas fronteiras, surge à figura do rei, com poder garantido pelo direito divino e respeitado por todos. Esse é primeiro momento de construção teórica do capitalismo.
Ao mesmo tempo surge na Península Itálica, uma nova visão de mundo, baseada na teoria clássica Greco-romana, artistas, pensadores, membros da crescente classe burguesa, passaram a defender a superação do pensamento medieval e o nascimento de um paradigma civilizatório fundamentado na cultura helenística da antiguidade clássica.
O pensamento Renascentista tinha como princípios básicos, a superação do Idealismo Cristão, pelo racionalismo, a substituição do modelo de vida baseado na fidelidade dos estados que formavam a sociedade feudal, por uma visão individualista e competitiva, necessária para a nova sociedade de mercado nascente, o humanismo, que colocava o homem como o centro do universo, ”Antropocentrismo”, tirando de Deus o papel do condutor da história humana, como pregava a Igreja Católica, e o metalismo, a valorização do dinheiro ou de metais preciosos, sobre qualquer outra atividade humana, o Otimismo, os pensadores da renascença acreditavam está criando o melhor dos mundos, e que daquele momento para frente, a humanidade viveria em paz.
Desta forma a nova classe social, que agora aparecia forte na sociedade europeia, pois havia conquistado o poder econômico, acumulado dinheiro, passou a fortalecer a ideia de um novo mundo, onde gradativamente seus princípios seriam introduzidos e fortalecidos, até derrotar definitivamente os princípios da Igreja Católica, que dominara o modo de produção Feudal, nos séculos anteriores.
Com o advento do pensamento Iluminista e do Liberalismo Econômico, a partir do final do século XVII, com a Revolução Gloriosa na Inglaterra, e com a vitória da burguesia no século XVIII na Revolução Francesa, se estabelece a partir do século XIX a hegemonia definitiva do pensamento burguês, agora não mais sobre a Europa, mas sobre todo o globo terrestre. Claro que nesse momento o modo de produção procurou se adequar ao novo mundo, o pensamento renascentista e a organização dos estados absolutistas, havia sido superado pelo Liberalismo Econômico, mas o principio fundamental do absolutismo continua determinando a lógica do capital, a competição e o individualismo se mantiveram como a ferramenta perfeita para conduzir as vidas desse homem novo.
Já havia surgido o Protestantismo, com fundamentos cristãos, mas que doutrinariamente absorveu a filosofia da prosperidade do Judaísmo, e passou a defender categoricamente os princípios do individualismo burguês do ponto de vista religioso, como aponta em seu livro “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo” de Max Weber. Outras doutrinas sociais passaram a ser desenvolvidas, com o objetivo de garantir o sucesso do novo modo de produção, a exemplo do Positivismo, do sociólogo Augusto Comte. É um novo mundo em gestação, que se configurou a partir destas doutrinas e se consolidou no século XX.
O século XX é marcado pela hegemonia total do sistema capitalista, não que não tenha surgidos o contraponto a essa ordem social, que muito rapidamente se consolidou, trazendo em seu bojo, todos os avanços das ciências, das tecnologias, da medicina, porem, não dá pra negar que é este sistema o responsável direto também, por todas as mazelas que a humanidade, não que nos sistemas políticos e sociais anteriores não houvesse pobreza, exploração do homem pelo homem, a partir das condições de acumulação material, mas do ponto de vista social, as relações não haviam perdido o grau de humanização.
O capitalismo, a partir do pensamento da competição individual, tirou do ser humano a capacidade de perceber no outro igual, criou as condições objetivas para toda forma de preconceitos, de gênero, racial, segregou camadas importantes da sociedade por todo o mundo, pois precisava de pessoas específicas para executar o trabalho específico, implantou uma doutrina social, que dividiu os homens entre os incluídos e os não incluídos, esse foi o papel do capitalismo durante todo o século XX.
E nós meros seres humanos produtores do lucro, para manutenção da ordem dominante, não conseguimos perceber qual era o jogo da dominação, ficamos discutindo economia e política o tempo todo, claro que estas esferas da sociedade são importantes e também fundamentais no processo de construção de um novo paradigma civilizatório, mas nesse início do século XXI, fica claro que o processo de construção desta nova ordem social, passa eminentemente, pelo surgimento de um novo homem, que tenha a capacidade de retomar a essência da humanidade, trazer de volta um modelo de vida, uma nova sociabilidade, que resgate a coletividade, como princípio.
O espectro da competição, do individualismo precisa ser vencido, se quisermos viver em um novo mundo. Princípios de cuidado com a vida, com o outro, devem ser estimulados a cada segundo, a prática da hospitalidade, deve renascer nos meios sociais, nas relações individuais e coletivas, devemos reaprender a olhar o outro como um companheiro e não como um adversário social.
Nesse sentido, cabe aos educadores um papel fundamental, que é de preparar o homem do futuro, o novo homem para o novo mundo, seres humanos que sejam capazes de se perceber como parte deste ecossistema, componente fundamental para a manutenção da vida, nesta nave mãe chamada Terra. Homens que sejam capazes de amar livremente, homens que sejam capazes de respeitar a adversidade humana, homens que sejam capazes de conviver pacificamente com o planeta, com a natureza, com os diferentes, homens que sejam capazes de amar plenamente e de viver em uma nova sociedade.
Neste início de século é necessário que o educador se torne um novo homem, que se desprenda das amarras impostas pelo capitalismo, que se liberte da imposição do TER, buscando SER, um transformador de sua realidade objetiva e transformando vidas, na busca incansável da ressignificação do ser coletivo, que o modo operante do capital, ao longo destes séculos de sua hegemonia, sucumbiu, desumanizando, conduzindo a espécie humana à condição do principal predador da história, capaz de consumir a própria vida.
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