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sexta-feira, 12 de abril de 2013

Uma breve contribuição à análise do historiador e Professor João Paulo



* Por Herberson Sonkha 

Li de forma entusiástica a análise do historiador e professor João Paulo. Sinceramente, eu fiquei imaginando como seria vê o mundo de lá da sacada do edifício na Rua Saint-Mauer (França) em 25 junho de 1848, depois do ataque do proletariado e depois assistir a uma reunião do chamado Congresso de Viena e vê vários monarcas reunidos, enfurecidos com os ecos da Revolução Francesa (1789), para formar a Santa Aliança e impedir o avanço dos princípios revolucionários (Sans-culottes) que após anos de ocorrida ainda influenciava o proletariado europeu, rondando o imaginário dos trabalhadores franceses, que bravamente pôs fim a era napoleônica.


No livro genial organizado por Michael Löwy[1], A revolução Fotografada, com imagens inéditas das barricadas de 1848 o Cientista social, intelectual e pensador marxista radicado na França faz uma viagem pelas ruas da frança que sediaram momentos sangrentos de conflito das massas contra a monarquia francesa, mesmo assim, o antigo regime não foi capaz de conter os levantes.

Este fenômeno vai varrer toda a Europa dando origem ao constitucionalismo democrático (déspotas esclarecidos?!) que subsidiaria teoricamente o processo de emancipação política dos países da América Latina no século XIX e XX. Algumas mais conflituosas outras mais light como no caso do Brasil. Mas, a base da doutrina política é sem dúvida originada nesta “plêiade” que é a frágil Democracia Liberal (Estado de Direito) adotada pela maioria dos países latinos americanos. A ligação entre democracia e direitos humanos é claramente definida no artigo 21º (3) da Declaração Universal dos Direitos Humanos:

“A vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes públicos; e deve exprimir-se através de eleições honestas a realizar periodicamente por sufrágio universal e igual, com voto secreto ou segundo processo equivalente que salvaguarde a liberdade de voto”.

Imagine a cara do italiano Guiseppe Mazzine exilado na Suíça; As grandes manifestações populares nas regiões germânicas (Hanôver, Saxônia, Bruns Wich e Hussen Kassel) em defesa do Estatuto das constituições e as tropas austríacas reprimindo violentamente as manifestações. Este foi o processo de construção da democracia na Europa.

Na esteira dos conflitos do proletariado o capitalismo se consolidou e com ele uma classe emergente que se organizou ideologicamente, a burguesia.  Um dos principais códigos assegurados para a nova classe emergente, a burguesia, foi à constituição de um novo Estado que assegurasse instituições capazes de gerir os interesses dos mercados capitalistas. Nasciam as novas instituições políticas, jurídicas e administrativas modernas e a garantia ao acesso da frágil burguesia aos altos cargos públicos, de que se queixavam os burgueses impedidos de ter acesso à vida material e intelectual restrito pelo rígido estamento da sociedade feudal. Isso permitiu a rápida estruturação financeira da burguesia enquanto classe hegemônica capitalista, fortalecendo suas economias domésticas e efetiva hegemonia absoluta dos burgueses no poder político.

O intelectual e escritor historiador Eric Hobsbawm em seu livro “Era das Revoluções (1789-1848)” vai confirmar sua tese de que o discurso da liberdade ao concurso público, ao direito inalienável de consumir, da propriedade e promoção econômica privada de uma classe ascendente, nasce deste período e inexoravelmente justifica a grande desigualdade material e intelectual da atualidade.

Neste sentido a analise do Historiador e Professor João Paulo constitui-se numa belíssima análise acerca das possibilidades para o educador comprometido com uma educação transformadora e com as mudanças coletivas que vislumbram a formação de um novo ser coletivo.





[1] A exposição mostra imagens do livro Revoluções, organizado por Michael Löwy e lançado no Brasil em 2009 pela Boitempo Editorial.

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