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sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Se Guilherme Menezes não é um guilhermista, quem são estes?



"Outra condição indispensável dessa liturgia tautológica foi subestimar o compromisso ideológico (esquerda) de Guilherme Menezes com o PT."

por Herberson Sonkha[1]

As últimas notícias bombásticas sobre a política conquistense, envolvendo o Partido dos Trabalhadores de Vitória da Conquista, que circular na mídia local é de que o estrago que tentaram causar ao PT, aos governos petista, a militância do partido e a cidade poderia ter sido muito grande. O cadafalso polêmico criado entorno do ex-prefeito Guilherme Menezes envolve diretamente seus malvados preferidos, ardilosamente chamados de guilhermistas.


Realmente deve ser frustrante para qualquer ser humano se encontrar fortuitamente com o seu próprio homônimo é um estranhamento indesejável. Encontrar com uma história que você não escreveu, mas foi escrita por terceiros com a sua assinatura. Aliás, um choque olhar no espelho e ver outra caricatura esqueleticamente carcomida, uma imagem de uma pessoa desprezível que dizem ser você, é apavorante. Existe vários relatos na história de eventos dessa natureza.

Observando as atrocidades cometidas pelos extremistas de direita (viés fascista) que operam a política dentro do modismo comercial de mercado burguês denominado de religião evangélica (judaico-cristã), eu diria que Jesus Cristo em hipótese alguma assumiria o cristianismo como opção de prática religiosa. Certamente, conhecendo o silogismo dele, provavelmente ele mesmo diria publicamente que nunca foi cristão e taxativamente condenaria tamanha farsa: “Afasta-te, Satanás! Tu és para mim um escândalo” (Mateus,16). Sinceramente, eu espero que ele faça isso urgentemente.

O ex-prefeito do Partido dos Trabalhadores, o médico Guilherme Menezes vive esse drama na pele. Essa situação o abrigou a escalpelar publicamente os lobos com a capa de ovelha. A matilha vinha ceifando as ovelhas, destruindo o pasto e propagando o reino dos céus na Terra de Godah.

O ex-prefeito negou peremptoriamente qualquer relação com a espúria construção de candidatura proporcional exógena ao partido. Rechaçou quaisquer candidaturas proporcionais que não sejam genuinamente de filiados ao Partidos Trabalhadores. Na mesma toada crítica, disse que nunca foi adepto e nem incentivou, qualquer comportamento classificado como guilhermista.

O ex-prefeito considera o guilhermismo um estorvo à democracia interna do partido, excepcionalmente certos constructos mentais de viés caudilhista, nomeadamente aquela suposta prática sociopolítica autocrática deliberadamente imputada a ele. Uma espécie de tautologia, que ganha reconhecimento no senso-comum.

Igualmente, afirma categoricamente que ele não exerce nenhuma liderança ideológica consciente sobre qualquer grupo intitulado guilhermista. Guilherme Menezes se recente da rotura criada por alguns “fieis” companheiros que tomaram posição açodada e revoga a liturgia da reciprocidade na qual se insere a confiança e o respeito concedido sem reservas aos pares, principalmente àqueles antigos companheiros.

Assim como sucedeu ao quedar do velho stalinismo do leste europeu, o fim do ciclo de 20 anos de governos do PT em Vitória da Conquista revelou que o guilhermismo movia-se intensamente nos bastidores do governo com um nível de labilidade gravíssimo, aliás inegavelmente fez inúmeras canalhices operadas em nome do ex-prefeito.

Abusaram de sua confiança e cometeram os mais atrozes procedimentos contra o PT, contra os governos e a sociedade conquistense. Ou seja, existiam inimigos velados do rei, contra os quais jamais fora dito qualquer comentário maledicentemente depreciativo ou autorizado perseguições.

Não é nenhuma novidade que há muito existe um espectro circulando as mídias pensado pela nefanda fração que ronda as cabeças mais traiçoeiras dos neotraistas transvestidos de guilhermistas. Inclusive, esses “istas” flertaram de maneira alvissareira com o atual desgoverno perseguidor de servidores públicos e destruidor das conquistas populares.

Ninguém em sã consciência põe em suspeição a integridade e idoneidade do ex-prefeito Guilherme Menezes (PT), principalmente se for por inocência. Outra condição indispensável dessa liturgia tautológica foi subestimar o compromisso ideológico (esquerda) de Guilherme Menezes com o PT. Inclusive, houve certos movimentos há algum tempo atrás que deixou o partido desconfortavelmente incomodado com uma notícia que circulou na mídia que dava conta de uma suposta saída do ex-prefeito do PT.

Não se esqueçam da “fama” imputada a Guilherme Menezes por considerar que ele exerce o culto a ausência. Aliás, um jeito batista ante-deificação (os batistas tradicionais são prud'hommes volterianos!?), tão característico em quem é reservado e tem uma tendência a desconstruir imagens e adorações. Portanto, não seria nenhuma surpresa imputar ao ex-prefeito Guilherme Menezes e pecha de iconoclasta.

Quando afirma sem nenhuma margem para a dúvida de que “o sal é salgado”, tese segundo a qual a lógica enquanto parte da filosofia que estuda as formas do pensamento (dedução, indução, hipótese, inferência etc.) admite-se que agimos por determinações da lógica chamada de tautologia. A tautologia praticada por uma fração de aliados do ex-prefeito, gerou um monstro horrível batizado por guilhermismo. Essa repetição do sujeito possibilitou criar um arquétipo que passa a receber o nome de quem o “inspirou”: Guilherme - guilhermismo.

Dessa forma, os estudiosos, seguidores ou atém mesmo simpatizantes de tais ideias são tomados pelo nome mais um “ismo” para designar um movimento e um “ista” para designar uma prática do sujeito. Por exemplo, quem concorda com Antônio Carlos Magalhães é classificado como carlista e assim sucessivamente. Contudo, ocorre-se o risco de cometer um erro crasso do disse-me-disse em que nem tudo (ou quase tudo) que se diz sobre alguém é ou não verdade. Geralmente o que se diz sobre ele nunca foi dito ou escrito ipsis litteris pelo mesmo.

Esse mesmo raciocínio mecânico e universalista, tem sido utilizado como clichê para escamotear um fenômeno sociopolítico conquistense conservador surgido e consolidado nas últimas duas décadas, rotulado pejorativamente como “guilhermismo”. Se, e somente se, eu concordo com as ideias de Guilherme Menezes, logo eu sou guilhermista.

Contudo, observa-se que o objetivo não é organizar as pessoas a partir da afinidade de ideias (um critério ideológico, moral, político, social econômico ou político), mas sim para desqualificar o sujeito e a sua práxis política. Essa desconstrução sutil tem como principal objetivo negar o sentimento comum de pertencimento de parte da população, reconhecido pela coletividade como algo desejável.

Portanto, induz o pensamento imprudente (maledicente) a compreender que a expectativa geral do grupo (guilhermista) é imoral porque fazer parte desse universo particular, significa obter concessões ilimitadas para agir em causa própria contra alguém “indesejável” ou obter determinados “benefícios, facilidades ou vantagens” restritos a esse determinado grupo.

Após um período de 20 anos administrando uma cidade, é absolutamente natural os desgastes do sujeito, das ações e das engrenagens da sua administração. Principalmente do coletivo heterogêneo que opera a máquina pública. Esse movimento criou mecanismos de validação moral do que é certo ou errado centrado nas disputas internas, fortalecido pela dinâmica de alternância de forças internas do PT na gestão.

Com a derrota eleitoral de 2016, o PT deixou a administração pública perdendo a condução política da máquina pública para o vencedor. Apesar da derrota sofrida pelo PT, percebe-se que as causas desses resultados estão relacionadas ao cansaço e desgastes do projeto ao longo das cinco gestões, intensificado pela conjuntura nacional de liquidação moral do partido e de suas lideranças.

O parâmetro de avaliação mais preciso para analisar a força do PT e de suas lideranças, sem o comando da máquina pública, é o (in)sucesso do seu sucessor. A desastrosa condução da máquina pública, intensificada pelas constantes crises socioeconômica e política, vem afetando estruturalmente a sociedade, principalmente os servidores públicos municipais. Meio a essas crises, ressurge entre os nomes existentes do PT, o do ex-prefeito Guilherme Menezes como o principal nome para resolver problemas criados pela atual gestão.

Isso põe em movimento as expectativas políticas (alguns pessoais) do conjunto de forças internas, excepcionalmente da força majoritária (hegemônica) que tradicionalmente fez arranjos (muitos questionáveis) para se manter na posição de decisões para poder dar a linha política interna/externa do partido. Contudo, a sucessão de 2020 começará em 2018 com as eleições para o executivo e o parlamento (estadual, federal e senado).

As posições de parte dos vereadores do PT na Câmara de Vereadores, além de controversa é vacilante porque a casa está divindade entre aqueles que deliberadamente optaram por preservar suas reeleições, mantendo-se emudecidos e solícitos as pautas bombas do executivo. Enquanto que os outros dois mandatos (Márcia Viviane e Valdemir Dias) eleitos para o primeiro mandato, assumiram com coerência a postura militante de oposição ao desgoverno, combatendo sistematicamente as mazelas e imoralidades da atual gestão.

O campo classificado como “guilhermista” saiu das eleições de 2016 fortalecido porque elegeu três dos quatro vereadores eleitos pelo PT, cujas relações internas entre eles se deram de forma estranhamente contraditória (ao longo dos anos 2017 e 2018) pois acreditava-se que esses mandatos assumiria a responsabilidade de fazer oposição no parlamento. Dos três eleitos, um vereador alçou carreira solo, pois reivindicava o primado da primogenitura política da família “guilhermista”. Tomado por essa sanha, se precipitou para fora do partido na construção altamente questionável de uma agenda alhures às instancias partidária voltadas para discussão de estratégia e tática eleitoral.

Embora já houvesse comentários na imprensa local de “pular cerca”, a fração liderada pelo narcisista político, optou pelo inventário da herança preventivo e gastou por conta. Apresentou-se como procurador natural dessa fração, fechou acordo com duas candidaturas exógenas: uma da construção política da cidade e a outra do partido. Alegando ser herdeiro legitimo, portanto, sucessor natural do “trono” da família “guilhermista”.

Conspiraram ardilosamente contra as duas casas reais (guilhermista e zeísta!?) no dizer do companheiro Tadeu Quadro, agindo de fora para dentro. Acreditou piamente que o xeque-mate contra as duas casas reais estava confirmado e selado. Uma versão cafona de autoproclamação do monarca absolutista. Gritaram da sacada da avenue du pouvoir: vida longa ao imperador! Estamos “juntos e misturados”.

É verdade que há mais de 20 anos petistas e comunistas estão juntos na majoritária, todavia, jamais estiveram misturados na proporcional. Sim! Jamais! Como diria Carlos Drummond de Andrade, “no meio do caminho tinha uma pedra. Tinha uma pedra no meio do caminho”, eis que tal pedra seria exatamente as razões pelas quais se organiza um partido em função de sua ideologia, propostas e projetos de sociedade. Não se trata de ser melhor ou pior, apena diferentes.

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[1] Herberson Sonkha é professor de cursinhos em Vitória da Conquista. Estudante de Ciências Econômicas na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Foi gestor administrativo lotado no Hospital de Base de Vitória da Conquista. Foi do Comitê Gestor da Secretaria Municipal de Educação de Anagé. Presidiu o Conselho Municipal de Educação de Anagé. Coordenou o Programa Municipal Mais Educação e a Promoção da Igualdade Racial do município de Anagé. Foi Vice-Bahia da União Brasileira de Estudante (UBES) e Coordenador de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de Vitória da Conquista (UMES). Militante e ex-dirigente nacional de Finanças e Relações Institucionais e Internacional dos Agentes de Pastorais Negros/Negras do Brasil. Membro dirigente do Coletivo Ética Socialista (COESO) organização radical de esquerda do Partido dos Trabalhadores.

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