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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017
Que gênero – seria esse?
fevereiro 22, 2017
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por
Vinícius...
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"A filosofia que vem da Alemanha, portanto, branca, destacou-se pela capacidade inigualável (?) de entrar nos desejos mais profundos do ser humano. Diz Nietzsche que todos nós somos dotados de uma Vontade de Poder. "
*por Joilson Bergher
Dia desses numa Rádio em Vitória da Conquista, escuto a chamada, “O carnaval segundo o professor João Paulo Pereira, “oxe, oxe”, pensei, comigo, será João Paulo, do Coeso? Era! Voltei no tempo, quando na cidade de Jequié, época de carnaval, a festa na rua, com trios, blocos a fantasia, apitos, careta, e eu, querendo entrar na ACJ, ou, Associação Cultural Jequieense, como se fosse parte de uma elite, que se separa do povo, ou se junta por conveniência deletéria... mas, João Paulo Pereira, na pergunta dirigida a ele sobre a origem do carnaval, preconiza “Período de festas profanas de origem medieval, compreendido entre o dia de Reis e a quarta-feira de Cinzas. Período que compreende os três dias que precedem a Quaresma, ou ainda, entrudo. Podendo ser ainda, divertimento ou festa, farra, festim, folguedo, folia, pândega”.
Pega a visão, - é a nova gíria a correr trecho em becos, vielas, ruas e quinas da Bahia, ou ainda, um princípio espalhafatoso de um som, como se fosse o fim da festa. João Paulo falava de “mascaras”... e eu me perguntava: “ouvir o quê em tempos atuais”? Explodir meus miolos a escutar pagodes não sei das quantas, reboletion, mexe a bundinha pra lá, mexe a bundinha pra cá, ou ainda algo de nome universitário? O axé Bass... Nem sabia dessa existência, presente desde os anos de 2014... Fui à pesquisa, instigado pela visão ácida de defesa de um carnaval pra ‘gente que se respeita’, trazida por João Paulo Pereira: vamos lá, no ano de 2014, um novo movimento começou a se apresentar para o mundo, o Bahia Bass. Tal gênero sugere a aproximação da cultura musical baiana com a Bass Music. O termo "cultura musical baiana”, se refere a movimentos que vão além da Axé Music, como a cultura dos Blocos Afros, o Afoxé, Samba de Roda e o Samba-Reggae...sacaram? Então percebi que tudo é rede, tudo é fusão, ora, ora, ora, ou ainda um coletivo, capitaneado por Mauro Telefunksul, Lord Breu, Som Peba, Mahal Pita... Que cena é essa meu Rey? Talvez assim, perguntaria o sumidaço, Durvalino Lelys, da antiga Banda Asa de Agua, e seu “Bota pra ferver”, hit, dos anos de 1990. É curioso: seria apenas a música que representa a Bahia, o axé…? Certamente, não. Seria dizer assim - a música que representa São Paulo é o samba por causa do "Trem das Onze" de Adoniran Barbosa; o Rio por conta do indefectível carnaval pasteurizado num espaço pontilhado de mulheres, homens, fantasias e seus adereços de patrocínio de gosto duvidoso, pra uns, pra outros, o fim de uma classe média sem princípios num verão sem fim. “Se não guenta, pra que veio” ou “Mãozinhas pro alto” ou ainda, “Só as cabeças” como fosse a famosa sessão do descarrego num dia último de carnaval ao som do B_T_PGDÃO. Vamos todos nos sensualizar. Os anos de 1990, advento do axé. Mas a Bahia, de 1991 para cá, mudou bastante. Sua música e artistas também, fulmina João Paulo Pereira... Uma nova música baiana, feita totalmente por baianos? Produções diferentes, projetos próprios e o raciocínio sobre coisas que acontecem fora da zona de conforto. A BaianaSystem, é um exemplo, bom exemplo...fora do circuito predador, que achaca nessa marca de cerveja...e se a pessoa, quiser tomar Chá de cidreira em plena festa da carne? Seria essa BaianaSystem um produto alternativo, um simples (re)-posicionamento artístico fora de camarotes...(?). Talvez não queiram fazer parte da história da “história do axé music, e precisa? Tocaram em Vitória da Conquista, num Festival de Inverno (?), ora, ora, ora. Aliás, a “fantasia carnavalesca revela mais do que oculta”, será professor João Paulo Pereira? A filosofia que vem da Alemanha, portanto, branca, destacou-se pela capacidade inigualável (?) de entrar nos desejos mais profundos do ser humano. Diz Nietzsche que todos nós somos dotados de uma Vontade de Poder. Para isso, adotou algumas alegorias e aforismos para representar várias fases na vida do homem. São eles: O camelo, o leão e a criança. Teria a ver elas com o carnaval? A fase do Camelo, Nietzsche caracteriza como sendo uma fase não muito agradável. Porque demonstra um homem que carrega muitos fardos. Desprovido de esperança; um homem fraco, seja pessoal, seja comunitário. Com o passar do tempo esse homem vai caminhar para dois destinos. Um deles é a morte e aqui essa morte pode ser tanto física como moral. A fase Leão “Epa!!! Não quero essa vida pra mim!!! É como se essa voz falasse: Acorda pra vida, bote o pé no chão!!! Sai dessa rotina maldita em que se meteu... Cadê os seus sonhos? Seus desejos? Seus amores? Aqui, seria a vontade de se afetar? E o terceiro estágio é o da criança. É o passo decisivo. É o levantar do sofá. Abrir a porta da casa e gritar para o mundo ouvir. Nasceu uma nova mulher, um novo homem... Quando se toma essa atitude o ser humano para Nietzsche, rompe com as velhas estruturas e nasce novamente. Carnaval, carnaval, - o passeio acontece por um mundo de monstros, busca-se a África antepassada, a pintura tribal, colombinas, piratas, mercenários, golpistas, trogloditas, é a inversão de papeis, “No Brasil colônia escravizados se vestia de senhores, e ricos se vestia de pobres”, já nos tempos atuais, um Brasil de um ministro careca a proteger a sua colônia. N’os Mascarados deveria ter diabos e diabas, presidiários, policiais, exterminadores da esquerda... da direita tem? Anjos, rainhas, garis, médicos, bobos da corte, super-mulheres, marinheiros e marinheiros gays e não gays, e Bira do jegue. O esquema bloco e corda, se finou...ainda não! O galo da madrugada no Recife, segundo, diz, o mais democrático do planeta, com Dois milhões de madrugueiros, será? Buscar uma festa pra sobreviver. João Paulo Pereira, falara sobre fantasia... segundo Luciano Paganelli do bloco, de nome As Muquiranas, de Salvador, nos alerta, -“A fantasia não é um adereço, mas a própria festa, e nos lembra que o carnaval é feito pelos indivíduos, não por governo ou empresa”. Mas esse ou aquele carnaval se tornou tão grande que esse tipo de fantasia de controle da alegria deveria acabar na ladeira da preguiça, na Avenida Contorno na cidade do Salvador... reviver os anos de 1980? Não seria totalmente esse o caso... Talvez voltar a rede da mistura... mas Ademar e Banda Furta Cor, Acorde Verdes, Made In Bahia, Marcionílio Souza, Reflexu’s da Mãe África, Banda Mel, Márcia Freire, Netinho, Gerônimo, Germano Meneghel, moldaram a face da alegria no Brasil. Moraes Moreira nas antigas entrou na avenida sete a bordo do Trio Tapajós com a mistura que é o carnaval baiano, cantando um pouco de tudo – de frevo a rock. Traz os Montes é o primeiro trio elétrico a trocar os amplificadores a válvula por equipamentos transistorizados, aumentando a potência do som e estacando a voz do cantor Bell, Missinho, e João Nascimento, a época do Chiclete com Banana, que tocava com responsa, se respeitava! Ainda na linha Revival, trazido até nós por João Paulo Pereira, dos anos de 1980, - Bloco afro Ara Ketu, o Bloco Ilê Aiyê torna-se patrimônio da cultura afro baiana. O Olodum com compositor Tonho Matéria como seu primeiro cantor, o Bloco reggae Muzenza, o Bloco EVA o Bloco Cheiro de Amor que lança sua banda Pimenta do Cheiro, no carnaval de Salvador, que mais tarde se tornaria a banda Cheiro de Amor, os vocalistas Gildo, Gugui, Laurinha da banda Novos Bárbaros onde grava dois discos, Márcia Freire, Kako, Serginho, Carla Visi e, atualmente, Alyne Rosa, o cantor e compositor Ricardo Chaves, o guitarrista e compositor Durval Lelys (que posteriormente cria a banda Asa de Águia, em 1987) e a back vocal Daniela Mercury. O maestro e mestre de bateria Neguinho do Samba sai no bloco Ilê Aiyê, é o criador do samba-reggae, gênero que marcaria a batida da banda e seu reconhecimento pelo mundo, o Bloco Traz a Massa, o Trio Tapajós e o grande disco comemorativo Jubileu de Prata tendo na frente Luiz Caldas e Jota Morbeck. Um adendo apenas: o disco Magia de 1985, de Luiz Caldas, foi lançado no Brasil, trazendo hits de sucesso, Haja Amor, Odé e Adão, Tieta, Fricote, marco do movimento do dito Axé, ou seja, uma fusão criativa envolvendo Pop, Reggae, Ijexá, Toques Caribenhos, Frevo, Samba. Não é possível esquecer o arsenal musical da família Macedo. E, mais, segundo o deputado Marcelino Galo, do PT, esse ano, com o seu Bloco na avenida, diz que: “A política faz parte de tudo inclusive do carnaval. A revolução Russa foi uma revolução política e a tropicália uma revolução cultural. São coisas que precisa ser lembradas”. Tá certo deputado! Na linha do carnaval de 2017, de celebração das religiões de matriz africana, o Bloco Os Negões, em Salvador, trará pra avenida, “O mensageiro Exu, fruto da vida e da transformação”. Traz a perspectiva política e religiosa do bloco ao falar do Exu dentro da religiosidade de matriz africana. Eparrey, Exu. Lembro-me em Jequié, dos anos de 1980, a rua era o símbolo máximo de um carnaval sem cordas, das alegorias, ritmos e cores, escolas de samba, porta bandeira, uma monstruosa massa de pessoas dançando atrás dos trios elétricos; o público do carnaval crescia claramente, foliões, que agora faziam o uso de mortalhas, aderiram ao macacão, shorts e bermudas como indumentária para a festa...era um desejo oculto e profundo. Talvez se Nietzsche gritasse nas entrelinhas foliônica. Eu tenho vontade! Eu existo! Tenho desejos! Tenho sentimentos! Estou aqui durante esses quatro dias, querendo ser criança. Buscando decidir. Me parece ser esse o espirito, a vontade de potência bem singular nessa festa de folias, - “Que gênero – Seria esse”, João Paulo Pereira?
*O Historiador Joilson Bergher é professor de História e Ética, na Bahia, e graduando em Filosofia/UESB.
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Ainda estamos na fase do camelo, como que adormecidos, assistindo, ainda passivos a tudo que acontece... percebe-se aqui e ali, pontualmente ainda, alguns grupos acordando para a fase do leão. O carnaval, sendo manifestação de cultura popular, ao mesmo tempo em que serve para nos ajudar a suportar a dura realidade, ainda aliena. É a cultura do pão e circo, sendo ao mesmo tempo festa distinta para elite e povão, uma vez que segrega os desfavorecidos, restando- lhes apenas os circuitos alternativos e a pipoca. Mas creio que estes também tem seu valor. Posso estar enganada...
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