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terça-feira, 14 de outubro de 2014

CONSTRUINDO O ÓDIO AO PT

"construção da ideia de que os pregadores do início do século no nordeste em inimigos da pátria e de Deus, dos revolucionários que enfrentaram a ditadura militar em terroristas, dos militantes da teologia da libertação em comunistas, dos comunistas em representantes do mau e agora dos Petistas em Petralhas ou quadrilheiros."


* Por Professor João Paulo Pereira 

É eleição no Brasil, e mais uma vez nos deparamos com uma avalanche de denuncias contra o partido que está ao lado dos trabalhadores. A velha prática da burguesia, de demonizar tudo que se coloca no seu caminho, o mesmo processo que outrora foi construído com a cultura afro-brasileira, com a musicalidade vinda da África, com as religiões de matrizes africanas, com as transformações da doutrina anarquista em bagunça, com a transformação dos tenentes em revoltosos, da construção da ideia de que os pregadores do início do século no nordeste em inimigos da pátria e de Deus, dos revolucionários que enfrentaram a ditadura militar em terroristas, dos militantes da teologia da libertação em comunistas, dos comunistas em representantes do mau e agora dos Petistas em Petralhas ou quadrilheiros.


Essa lógica sempre utilizada no Brasil, desde que nos tornamos uma nação, voltou com toda força, nesta eleição presidencial, sabendo da impossibilidade de vencer o Partido dos Trabalhadores, no debate franco de idéias, as elites se organizaram para construir o que chamaremos aqui de Indústria do Antipetismo.

Para garantir o sucesso de construção desta ideologia, a classe dominante brasileira, buscou inicialmente, difundir uma crítica acirrada a corrupção. Primeiro, mudar o foco do debate sobre corrupção em uma perspectiva sociológica, tirar do debate as questões de caráter estrutural da corrupção, como fruto das relações de competição exercidas dentro do próprio sistema capitalista e criar culpados externos ao sistema a corrupção.

Prioritariamente esse culpado único deveria ser o Partido dos Trabalhadores. Inicialmente com o que a mídia burguesa classificou de “Mensalão”, uma prática comum, infelizmente, na estrutura do Estado de Direito no Brasil, que se desenvolveu desde a primeira eleição em 1843, e que em função da necessidade de demonizar o Partido dos Trabalhadores, a mídia criou o discurso e colocou na boca do senso comum, palco ideal para a alienação e para o processo de desconstrução da imagem de alguém, de um seguimento social, religioso e político.

Mesmo transformando os militantes do PT em quadrilheiros, em petralhas, não se deram por satisfeitos, veio à copa do mundo, a classe dominante brasileira passou a alimentar o ódio antipetista dentro do senso comum, mas agora não mais só no senso comum, desta vez era preciso alem de afirmar a corrupção, criar mais uma mácula, para o partido político que se levantou contra o poder dos muito ricos no Brasil. E aí veio, mas uma série de denuncias de corrupção, acompanhada do estimulo a juventude a ocuparem as ruas das cidades, reivindicando contra sabe-se lá o que, mas a ordem era reivindicar, de qualquer forma, agredindo, espalhando o terror, com bandeiras desconectadas, sem um cunho político e, sobretudo, a partidária.

Da forma que estes movimentos aconteceram era necessária uma ação repressiva, pois as reivindicações chegaram a níveis de violência jamais vistos no país, nem mesmo durante a ditadura militar e uma violência gratuita contra tudo que parecia diferente da postura dos militantes de última hora. As medidas repressivas usadas para conter a fúria da multidão insana, foram classificadas como autoritária, ditatorial, pela mídia, esse discurso chegou de forma contundente nas vozes da nossa ultra-esquerda, que fazendo coro com a mídia burguesa passou a defender uma suposta tentativa do Partido dos Trabalhadores, de instaurar um governo centralizador, autoritário, com base no stalinismo soviético. Essa pauta se tornou mais um projeto para a construção da demonização do Partido dos Trabalhadores e estimulo ao “ódio ao PT”.

Internacionalmente o resultado desta ofensiva antipetista, também teve suas ramificações, primeiro pela necessidade Norte-Americana de reconquistar o domínio econômico e político do mundo e do mercado. Diante do fracasso do neoliberalismo e mediante a crise econômica que se fortaleceu desde 2007, o Estado norte-americano, passou a investir na construção de uma prerrogativa fascista, para o planeta. Investindo pesado na dissolução de governos e regimes estabelecidos por décadas, como aconteceu no norte da África e no Oriente Médio.
O Estado norte-americano compreendeu também que a retomada do seu poderio econômico, passa pelo enfraquecimento do BRICS, dos países emergentes que fazem oposição a estratégia de reconquistas do mundo pelos Norte Americanos e o G7. Inicialmente contribuíram para a derrota da Dinastia Gandhi na Índia, que elegeu um remanescente do Nazi-Fascismo ao poder, depois passou a atacar o governo de Vladimir Putin na Rússia, instigando conflitos com a Ucrânia, onde setores com bandeiras Nazi-Fascistas derrotaram um governo liberal e instituíram um novo governo. Na América Latina, de forma aparentemente involuntária, setores com prerrogativas fascistas, emergiram, liderando movimentos pelos principais países de resistência ao imperialismo norte-americano, Brasil, Venezuela, Argentina.

O Partido dos Trabalhadores se tornou uma ameaça, a construção deste projeto e uma pedra no caminho dos Estados Unidos da América, desta forma, toda a elite dominante brasileira, aliou-se aos interesses norte-americanos, com o objetivo claro de derrotar o PT, ferir de morte o maior opositor ao capitalismo na América Latina. Compreenderam que derrotar eleitoralmente o Partido dos Trabalhadores não era suficiente, era preciso o processo de desconstrução da história deste partido e assim teve início o processo de construção ao “ódio ao PT”.

O primeiro passo foi reforçar a afirmativa que todos são iguais. Jogar o PT na vala comum da história, apagar a história de luta deste partido, desde o seu surgimento até a mácula da corrupção. Para isso, foi necessário criar a idéia de que toda a corrupção do país teve início nos governos do PT, apagaram a história anterior a 2002, atribuiu todos os erros de condução do projeto político a corrupção e estabeleceu um único culpado por isso.

Segundo ponto foi condenar figuras históricas do partido, que serviram como o modelo de petista desenvolveu a idéia de que todo petista é como aqueles que estão presos, criando uma referência nacional e desenvolvendo o codinome de Petralhas, para tudo que está ligado ao Partido dos Trabalhadores, é comum ouvirmos em reuniões de petistas, o desconsolo por termos passado pela vergonha do “mensalão”.

O terceiro passo e o mais perigoso foram estabelecer uma distancia entre o Partido dos Trabalhadores e as novas gerações. Primeiro por terem embutido nestas novas gerações um padrão ideológico com características fascistas, formaram jovens conservadores, cheios de toda tipo de preconceitos de classe, de gêneros, étnicos, individualistas, meramente consumistas, que tem como projeto “ostentar” um padrão social, que possa colocá-los no centro das rodas de amigos, bem vistos nos ciclos sociais, seja na classe média, ou nas periferias, o importante é ser notado, a forma não importa muito. Depois a esses jovens, foi imposta uma doutrinação apolítica, apartidária, o papel do jovem passou a ser meramente figurativo socialmente, é o cara que tem que curtir, afinal ele é jovem.

Por fim, trataram de dizer para essa juventude que todos os problemas que ele vivencia no seu cotidiano são por culpa da corrupção do Partido dos Trabalhadores. Se a saúde tem problema é por que o PT, desvia o dinheiro da saúde por conta da corrupção, se há problemas na educação é por que o PT desvia dinheiro para a corrupção, se há problemas com a segurança pública é por que o PT desvia dinheiro para a corrupção desta forma fortaleceu o “ódio ao PT”.

Essa é a lógica que prevalece atualmente, nesta eleição, as elites nacionais e internacionais se apegaram mais uma vez ao modismo para tentar derrotar o Partido dos Trabalhadores, assim com fazem com a música, com o futebol, onde nosso povo vive de modismos, trouxeram para a vida política do país. Nosso povo hoje vai decidir o futuro do país por modismo. E agora está na moda a negação ao PT, foi introduzido no imaginário coletivo do povo brasileiro, sobretudo, de nossa juventude, que não conhece o passado recente do país, desconhece nossa história, se tornou um analfabeto funcional e vai servir neste pleito eleitoral, aos interesses de classe, aderindo a aqueles que os oprime.

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