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O Tambor Contra o Neofascismo: Esperança em Tempos de Ódio
Foto: Instagram de Rasta Bass |
"Essa turma não inventou nada; apenas deu um microfone aos demônios da colonização, uma nova roupagem ao velho projeto de genocídio."
*por Rasta Bass
Há algo de podre no reino do capitalismo – e o fedor atravessa continentes. Donald Trump reassumiu a presidência dos Estados Unidos, coroado pelo ódio de seus fiéis seguidores neonazistas, enquanto no Brasil ainda lambemos as feridas deixadas por outro tirano de mesma estirpe. É um baile macabro, onde dançam racismo, intolerância religiosa e um capitalismo que agoniza, mas não morre sem tentar arrastar tudo e todos consigo.
Aos pretos deste país, a coreografia do terror é conhecida. O ataque aos terreiros, o desprezo pelas religiões de matriz africana e a violência contra quem ousa cultuar o que resiste ao apagamento não são novidades. São velhos conhecidos vestidos de novo, renovados pelo perfume barato do neofascismo que Trump, Bolsonaro e seus pares espalhados pelo mundo. Essa turma não inventou nada; apenas deu um microfone aos demônios da colonização, uma nova roupagem ao velho projeto de genocídio.
É trágico, quase irônico, como esses defensores da “civilização” tremem diante do tambor. Talvez porque o som das culturas africanas ecoe algo que eles temem mais do que tudo: a memória. O tambor lembra que o capitalismo é um sistema jovem diante das histórias que carrega. Lembra que já vencemos correntes, navios negreiros, senzalas e chicotes. Lembra que o futuro não pertence aos que esmagam, mas aos que resistem.
A intolerância religiosa contra pretos no Brasil não é apenas ódio pelo diferente. É medo do que o diferente representa. É medo de que, na gira ou no xirê, esteja a chave para desmontar essa máquina de exploração e opressão. Eles sabem que os orixás, inquices e voduns não pedem licença; eles abrem caminho.
Mas não se enganem: a esperança não é passiva. Não virá de mãos postas nem de votos em urnas sequestradas por interesses burgueses. A esperança nasce no quilombo, na roda, na união de quem sabe que a luta é coletiva – ou não será. É hora de fazer mais do que resistir; é hora de destruir. Não apenas Trump, Bolsonaro ou Musk, esses testas de ferro de um sistema podre, mas o próprio capitalismo e seus tentáculos.
A intolerância religiosa, o racismo, o patriarcado, a desigualdade – tudo isso é parte de um mesmo monstro. E não adianta cortar uma cabeça, pois as outras crescerão. É preciso fogo, um incêndio revolucionário que consuma as raízes desse sistema. E é no tambor, no grito, na união de povos oprimidos que acenderemos essa chama.
Que o 21 de janeiro não seja apenas um dia de luto e denúncia. Que seja um lembrete de que o tambor ainda toca. E enquanto ele tocar, há esperança. Porque o tambor não é apenas som; é chamado. E nós atendemos: com força, com coragem, com uma política revolucionária que não quer reformar o mundo, mas recriá-lo. Que não quer paz com opressores, mas o fim de sua existência.
Se o capitalismo é o veneno, a revolução é o antídoto. E nela, encontraremos não só a liberdade religiosa, mas a liberdade de ser, viver e transformar. Que o ódio deles tema e trema diante da nossa unidade. Que o som dos tambores abafe o silêncio que eles querem impor. Que a luta seja a nossa celebração. E que o futuro, finalmente, pertença a quem o construiu com sangue, suor e sonho.
Axé.
Rasta Bass
Verão de 2025
Bahia, Brasil
_______________________________
*Nota de rodapé do texto "O Tambor Contra o Neofascismo: Esperança em Tempos de Ódio". Uelber Barbosa Silva, conhecido como Rasta Bass, é historiador, doutor em Serviço Social, capoeirista e músico. Escritor de versos periféricos, defensor do proletariado e militante anticapitalista, dedica-se à luta pela justiça social e à valorização das culturas populares.
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