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quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

Imperialismo Norte-Americano e o Fascismo

Imagem: Sátira veiculada na internet

Imperialismo Norte-Americano e o Fascismo:

A ideologia que transforma latinos

em defensores do próprio algoz


"O próprio fluxo migratório em direção aos EUA

é resultado direto da atuação imperialista do país

na América Latina, seja pelo apoio a golpes de Estado,

pela imposição de políticas neoliberais via

FMI e Banco Mundial ou pela militarização das fronteiras."



*por Herberson Sonkha

Revista Imperialismo Estadunidense & Alienação Fascista




Uma imagem viral no Instagram mostra três  homens latinos algemados e sendo arrastados por agentes da polícia migratória dos EUA. Um deles veste uma camiseta da campanha de Donald Trump. A foto, ainda que sua autenticidade seja questionada (por ser uma sátira), sintetiza uma contradição chocante: como imigrantes latinos podem apoiar um político cujas políticas promovem sua perseguição e deportação?

Essa cena não é apenas um paradoxo individual, mas o reflexo de um sistema de dominação ideológica que transforma vítimas em defensores de seu próprio opressor. Para entender esse fenômeno, é necessário analisar as raízes históricas, econômicas e psicológicas que o sustentam.


Imperialismo e Migração: Uma relação inseparável

A migração latina para os EUA não é um fenômeno aleatório, mas o resultado direto de políticas imperialistas que há décadas desestabilizam a América Latina. Segundo dados do Migration Policy Institute, mais de 40 milhões de latinos vivem nos EUA, muitos deles fugindo de crises econômicas e políticas em seus países de origem.

Essas crises têm raízes profundas:  

- Golpes de Estado apoiados pelos EUA, como o do Chile em 1973, que instalou a ditadura de Pinochet e aprofundou desigualdades.  

- Acordos comerciais desiguais, como o NAFTA, que devastaram a economia mexicana e forçaram milhares a migrar.  

- Intervenções militares, como o Plano Colômbia, que exacerbou a violência e o deslocamento forçado.


Como argumentou Lenin em "Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo" (1917), o imperialismo é um sistema global no qual países dominantes exploram nações mais pobres para extrair recursos e mão de obra barata. Essa dinâmica ajuda a explicar por que políticas dos EUA na América Latina criaram as condições para a migração em massa, enquanto a ideologia dominante nos países centrais justifica a opressão dos imigrantes.


A alienação ideológica: Por que latinos apoiam Trump?

Apesar de serem alvos das políticas anti-imigratórias de Trump, uma parcela significativa de latinos o apoia. Segundo uma pesquisa do Pew Research Center em 2020, 32% dos latinos votaram em Trump, um aumento em relação a 2016. Como explicar essa contradição?


Falsa consciência e hegemonia cultural

Karl Marx e Friedrich Engels descreveram a "falsa consciência" como o processo pelo qual as classes oprimidas internalizam a ideologia dominante. No caso dos latinos, isso se manifesta na adesão ao sonho americano e à narrativa meritocrática, que prometem sucesso para quem se esforça, enquanto ignoram as barreiras estruturais.


Identificação com o agressor

Sigmund Freud identificou um mecanismo psíquico no qual o oprimido adota características do opressor como forma de lidar com a ansiedade. Para muitos imigrantes, apoiar Trump pode ser uma tentativa de se integrar à sociedade norte-americana, mesmo que isso signifique negar sua própria identidade e direitos.


Violência Simbólica

Pierre Bourdieu descreveu a violência simbólica como a internalização, pelos dominados, da visão dos dominantes. A mídia conservadora, por exemplo, promove uma imagem negativa dos imigrantes, associando-os à criminalidade e ao atraso. Ao internalizar esses estereótipos, alguns latinos passam a ver Trump como um "protetor" da ordem e da segurança.


Resistências e Alternativas: A luta contra a alienação

Apesar da dominação ideológica, a comunidade latina nos EUA tem uma longa história de  resistência e organização. Movimentos como United We Dream e líderes como Alexandria Ocasio-Cortez desafiam as políticas anti-imigratórias e promovem uma visão inclusiva e solidária.

Exemplos de resistência incluem:

- "A Day Without Immigrants": Greves e protestos que destacam a contribuição dos imigrantes para a economia dos EUA.

- Sindicatos de Trabalhadores Rurais: Liderados por figuras como Cesar Chavez, que lutaram por direitos trabalhistas e dignidade.

- Comunidades Santuário: Cidades e estados que se recusam a cooperar com a deportação de imigrantes.


Essas iniciativas mostram que a alienação não é inevitável e que a luta por justiça e igualdade continua viva.


Conclusão: Rompendo as correntes da dominação

A imagem dos imigrantes algemados, traídos pelo sistema que ajudam a legitimar, é um símbolo poderoso da alienação ideológica. No entanto, como lembra Antonio Gramsci, "a velha ordem resiste, mas o novo ainda não nasceu".

O despertar da consciência crítica depende de um 'projeto político' que dispute a hegemonia ideológica da classe dominante. Isso exige não apenas denunciar as injustiças, mas também construir alternativas que valorizem a diversidade, a solidariedade e a dignidade humana.

Enquanto o imperialismo e o neoliberalismo continuarem a explorar e oprimir, cenas como essa se repetirão. Mas, como mostram as resistências, a luta por um mundo mais justo e igualitário está longe de acabar.




REFERÊNCIAS

Pew Research Center. "Latino voters in the 2020 election." 2020.  

Migration Policy Institute. "Immigrant population in the United States." 2023.  

LENIN, V. I. Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo. 1917.  

MARX, K. e ENGELS, F. A Ideologia Alemã. 1846.  

FREUD, S. Além do Princípio do Prazer. 1920.  

BOURDIEU, P. A Dominação Masculina. 1998.  

GRAMSCI, A. Cadernos do Cárcere. 1930.


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