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Histórias de vidas silenciadas pelo bolsonarismo nos Correios da Bahia
Imagem: Agência Brasil |
Assédio, perseguição, prejuízo financeiro e adoecimento na Bahia
"Para Ariel, a péssima influência de gestores vinculados à política tradicional carlista, não muito diferente da extrema-direita bolsonarista, como ACM Neto e João Roma, contrasta com a governança dos Correios e com os compromissos do programa de governo de Lula, eleito na Bahia com 72,12% dos votos, vencendo em 415 dos 417 municípios baianos em 2022."
*por Herberson Sonkha
Salvador/Bahia - Nos bastidores da estatal que conecta o Brasil e o mundo, histórias anônimas compõem os alicerces de um sistema que reflete a complexidade do país. Entre cartas, pacotes e rotinas administrativas exaustivas, destacam-se trajetórias de resiliência, dedicação e competência, mesmo em um ambiente frequentemente marcado por desafios estruturais e políticos. Esta é uma dessas histórias, que revela os paradoxos de uma instituição pública fundamental e a luta diária de seus trabalhadores e trabalhadoras.
Uma história de superação
Nascida no interior da Bahia e atualmente mora em Salvador, uma determinada pessoa dos Correios (por questões de segurança, manteremos sua identidade resguardada para evitar retaliações da SE/BAHIA), doravante chamada ficticiamente de Ariel, encontrou na estatal a oportunidade de transformar sua realidade. Após superar um rigoroso processo seletivo para o cargo de assistente comercial, Ariel ingressou na empresa com desempenho exemplar e reconhecimento. Contudo, sua trajetória foi interrompida durante o governo golpista Michel Temer, quando uma reestruturação resultou na perda de sua função.
Determinada, essa pessoa não se deixou abater. Ariel retornou a uma antiga agência, assumiu a coordenação local e, por meio de outro processo seletivo, reconquistou o posto de assistente comercial. O ciclo de superação, no entanto, seria novamente testado, desta vez sob uma gestão marcada por autoritarismo e práticas de assédio moral.
Assédio moral e resistência
Por dois anos, Ariel enfrentou o impacto psicológico de trabalhar sob um superior novo e temerário que transformou o ambiente em um espaço de ansiedade e sofrimento. O assédio moral culminou em uma denúncia formal ao Ministério Público do Trabalho (MPT) na Bahia que exigiu explicações da direção dos Correios da Bahia. Apesar da ausência de punições significativas para o gestor, a remoção do agressor trouxe alívio e marcou uma vitória parcial contra a impunidade no serviço público.
Atualmente lotada em uma unidade na capital baiana, essa pessoa segue sua trajetória. Com várias graduações, aprovação na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e um histórico profissional irrepreensível, Ariel simboliza a força de trabalho que sustenta os Correios. Sua história, porém, também expõe contradições e desafios de uma gestão pública que, muitas vezes, se afasta de princípios de profissionalismo e eficiência.
Contradições na gestão pública
Os Correios da Bahia têm sido palco de práticas administrativas alinhadas a lógicas conservadoras e autoritárias. Para Ariel, a péssima influência de gestores vinculados à política tradicional carlista, não muito diferente da extrema-direita bolsonarista, como ACM Neto e João Roma, contrasta com a governança dos Correios e com os compromissos do programa de governo de Lula, eleito na Bahia com 72,12% dos votos em 415 dos 417 municípios baianos em 2022.
Essa situação alimenta frustrações entre os trabalhadores e as trabalhadoras. Apesar das alianças políticas necessárias, mas questionáveis, esses trabalhadores e trabalhadoras veem nas nomeações uma traição às lutas travadas contra o bolsonarismo. Além disso, a continuidade de práticas autoritárias gera adoecimento, desmotivação e prejudica a excelência profissional.
Reflexo de uma realidade baiana
A trajetória dessa pessoa reflete a realidade enfrentada por muitos funcionários e funcionárias dos Correios na Bahia e, de forma mais ampla, pela classe trabalhadora brasileira. Em um país onde resiliência é condição constante, as adversidades encontram resposta no esforço coletivo pela manutenção de serviços essenciais.
Reconhecer essas histórias é crucial para valorizar os trabalhadores que sustentam instituições públicas. A luta por condições justas e respeito profissional transcende interesses individuais, representando uma demanda coletiva pela valorização da democracia e da cidadania.
Um serviço essencial
Os Correios da Bahia, símbolo de integração e serviço público, enfrentam desafios que exigem ações enérgicas imediatas de caráter político-administrativo nas altas esferas da governança no âmbito da presidência dos Correios. É preciso que práticas questionáveis na Bahia sejam substituídas urgentemente por uma governança humanizada, comprometida com a classe trabalhadora e com os princípios democráticos.
O reconhecimento do papel essencial dos trabalhadores e das trabalhadoras dos Correios é inegociável. Suas histórias, anônimas ou não, fazem parte da identidade do Brasil e são fundamentais para garantir a relevância da instituição no cenário nacional.
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