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EDITORIAL | O Brasil nunca virou a Venezuela
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Foto: Reprodução/Instagram |
“Sob o pretexto de "restabelecer a democracia",
os norte-americanos buscam controlar as
riquezas naturais da Venezuela — especialmente o petróleo
e o gás natural — e transformar sua força de trabalho
em mão de obra barata, atendendo à demanda
do mercado e à exploração precarizada promovida
por empresas terceirizadas norte-americanas.”
*por Herberson Sonkha Revista Fascismo & Soberania Popular
Após uma enxurrada de mensagens provenientes de diversos setores da sociedade, ecoando para além da caixa de ressonância construída pelas mídias sociais alinhadas à direita e à extrema direita, bem como pela grande imprensa de capital privado com viés liberal-conservador, muitas pessoas têm buscado explicações ou questionado sobre a real situação socioeconômica da Venezuela. Escrevo este texto com a expectativa de contribuir, por meio de uma análise crítica e heterodoxa, com argumentos que permitam uma compreensão mais profunda e dialética sobre o tema.
Minha intenção aqui não é apenas rebater as narrativas hegemônicas, mas problematizar as premissas que sustentam o discurso dominante, analisando a Venezuela não como um caso isolado ou desvinculado das estruturas globais de exploração e dependência, mas como expressão concreta das contradições do capitalismo contemporâneo e de sua crise estrutural.
A matéria “O Brasil nunca virou a Venezuela” foi publicada para ajudar a desmistificar a narrativa fascista, alarmista e desinformativa amplamente difundida pela extrema-direita bolsonarista no Brasil. Ao abordar o crescimento econômico recente do Brasil e da Venezuela, o texto objetiva contribuir com o desmonte de mitos sobre o “perigo comunista” e expõe o imperialismo como motor da crise venezuelana. Nesse contexto, o artigo reforça a importância de resistir à manipulação ideológica e valorizar modelos de soberania popular que enfrentam a lógica do capital e as desigualdades estruturais.
Nos últimos anos, a narrativa de que o Brasil estaria "virando a Venezuela" foi usada à exaustão pela extrema-direita bolsonarista como um instrumento de desinformação e terror político. Essa retórica, frequentemente pautada pela simplificação e pela comunicação violenta, visava não apenas desacreditar governos de esquerda no Brasil, mas também justificar e apoiar as inúmeras tentativas fascistas.
Imperialistas dos Estados Unidos de desestabilizar o governo da Venezuela
Desde Hugo Chávez, e com ainda mais intensidade no governo de Nicolás Maduro, os EUA têm financiado grupos de mercenários e a extrema-direita venezuelanos, para desqualificar sistematicamente as iniciativas populares do país, investido pesadamente em campanhas de desinformação. Sob o pretexto de "restabelecer a democracia", os norte-americanos buscam controlar as riquezas naturais da Venezuela — especialmente o petróleo e o gás natural — e transformar sua força de trabalho em mão de obra barata, atendendo à demanda do mercado e à exploração precarizada promovida por empresas terceirizadas norte-americanas.
Essa estratégia imperialista, sustentada por sanções econômicas, isolamento político e tentativas diretas de golpe, é amplificada por aliados regionais, como o bolsonarismo no Brasil, que reproduz o discurso de que tanto Chávez quanto Maduro seriam ditadores. No entanto, em 2024, a realidade desmonta as previsões alarmistas e expõe as contradições dessa retórica.
A ironia das previsões alarmistas
Apesar de todas as ameaças e manipulações, a Venezuela ocupa hoje o posto de sexta economia que mais cresce no mundo. Em paralelo, o Brasil também surpreendeu, registrando um crescimento econômico no terceiro trimestre que rivaliza com o da China, superando economias consolidadas, como a dos Estados Unidos, no mesmo período, segundo a BBC de News Brasil (Dezembro, 2024).
Esses números desmontam as narrativas catastrofistas propagadas por setores conservadores de extrema-direita fascista, que utilizavam o espectro do "comunismo venezuelano" para aterrorizar eleitores brasileiros. No entanto, enquanto o Brasil celebra avanços econômicos, sua desigualdade social permanece intacta, e o país ainda está longe de alcançar o nível de organização popular que caracteriza a Venezuela, mesmo em meio às adversidades.
O modelo venezuelano: resistência e soberania
Em relação a Venezuela, o que deixa a extrema-direita norte-americana, brasileira ou de qualquer outros país de economia capitalista inconformada, é a imbatível resistência política organizada e a capacidade de mobilização rápida da população periférica e campesina venezuelana contra quaisquer ataques golpistas imperialistas internos ou externos. Na Venezuela, o protagonismo das comunidades se materializa em conselhos populares, cooperativas e formas de autogestão que desafiam diretamente a lógica do capital. Esse modelo de resistência, ignorado ou criminalizado pela extrema-direita brasileira, emerge como um exemplo de soberania popular.
Enquanto os EUA e seus aliados tentam pintar um quadro de crise permanente, a Venezuela dá passos consistentes rumo à diversificação econômica e ao fortalecimento da soberania nacional. Mesmo sob bloqueios econômicos e sabotagens internas, o país construiu uma base social sólida, com a valorização cultural e o aprofundamento do debate marxista-leninista como pilares.
Brasil: aprendendo ou ignorando?
Por outro lado, o Brasil, apesar de seus avanços econômicos recentes, continua refém de um modelo que privilegia o crescimento sem distribuição de renda e sem o fortalecimento da organização popular. A ausência de políticas públicas voltadas para a soberania e o engajamento comunitário mantém o país preso a um ciclo de desigualdade estrutural.
A retórica bolsonarista de "virar a Venezuela" não apenas se revelou falsa, mas também contraproducente. Ao invés de inspirar debates sobre alternativas ao capitalismo neoliberal, ela reforçou preconceitos e serviu como instrumento de desinformação em massa.
A luta contra o imperialismo e a desinformação
O fracasso das previsões alarmistas da extrema-direita é um lembrete de que a luta contra o imperialismo e a desinformação é central para a construção de sociedades justas na América Latina. O Brasil, enquanto celebra seu crescimento econômico, deve refletir sobre como pode aprender com a resistência venezuelana.
A pergunta que fica é: será que o Brasil está disposto a ir além do crescimento econômico e a investir na construção de uma consciência coletiva capaz de transformar estruturalmente a sociedade? Ou continuará refém de narrativas simplistas que priorizam interesses externos e negligenciam o protagonismo popular?
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