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terça-feira, 21 de janeiro de 2025

EDITORIAL | O desafio de combater a fome em território bolsonarista hostil

Foto: Herberson Sonkha

O desafio de combater a fome em território bolsonarista hostil:
O programa “Bahia Sem Fome” e a realidade crítica
da insegurança alimentar em Vitória da Conquista.


*por Herberson Sonkha




Uma das organizações mais ativas de Vitória da Conquista, o Movimento Unificado das Associações de Moradores de Vitória da Conquista (MUDAMVIC), foi selecionado no edital estadual Comida no Prato, parte do programa Bahia Sem Fome. Sob a liderança de Idelzito Souza Rocha (Zito), o movimento articula a implementação de quatro das seis cozinhas solidárias previstas para o município, garantindo a distribuição diária de 800 refeições às pessoas em situação de vulnerabilidade.

O projeto, estruturado pelo professor e mestre em administração Marcelo Neves (UNEB), ultrapassa a simples entrega de refeições. Ele se conecta a ações intersetoriais, como a valorização da agricultura familiar, a geração de trabalho e renda, e a promoção de qualificações profissionais. As Cozinhas Solidárias, além de assegurar a alimentação, representam um espaço de convergência para a articulação de políticas públicas voltadas à inclusão social e à dignidade.

Vitória da Conquista, terceira maior cidade da Bahia, outrora referência nacional em políticas públicas progressistas, enfrenta atualmente um cenário de retrocessos sociais sob uma gestão municipal alinhada a uma ideologia fascista de caráter ultraconservador bolsonarista. O município tornou-se um território hostil às políticas sociais promovidas tanto pelo governo estadual quanto pelo federal.

Após duas décadas de avanços sob administrações petistas (1996-2016), a cidade vivencia o drama da fome, que se alastra pelas periferias e zonas rurais, além de lidar com a era das fake news, que impulsionam as redes sociais, e o desmonte sistemático de conquistas que, outrora, a transformaram em um modelo de inclusão social.

Em meio a esse panorama flagelante, o Programa Bahia Sem Fome, do governo estadual liderado por Jerônimo Rodrigues (PT), emerge como resposta necessária e urgente. A iniciativa busca enfrentar a insegurança alimentar estrutural que aflige as populações periféricas da Bahia, e em Vitória da Conquista, assume a forma de resistência diante de uma administração municipal hostil às políticas públicas inclusivas.


Resistência e boicote: Um campo de batalha político

Desde 2016, quando se encerrou a gestão petista em Vitória da Conquista, a cidade enfrentou a redução ou extinção de programas sociais que priorizavam a habitação, a cultura, a saúde e o desenvolvimento social, tanto urbano quanto rural. Sob uma administração que privilegia interesses empresariais e se apoia em um falso discurso meritocrático, verdadeiramente excludente, as demandas populares foram relegadas ao segundo plano.

A atual gestão municipal bolsonarista opera sob uma lógica de privatização do bem público e criminalização dos movimentos sociais, minando iniciativas que combatem desigualdades. Apesar disso, lideranças como Carlos Ribeiro, coordenador do programa no município, e parlamentares como o deputado estadual Marcelino Galo (PT), mantêm viva a resistência. Galo critica o modelo fascista que guia a gestão local e destaca a importância de movimentos como o MUDAMVIC para garantir que as políticas estaduais cheguem às comunidades mais necessitadas.


O papel do programa Bahia Sem Fome

A iniciativa do governo de Jerônimo Rodrigues (PT), com aporte de R$ 24,2 milhões, é um marco no combate à fome e à insegurança alimentar na Bahia. A implantação de cem cozinhas solidárias em todo o estado reafirma o compromisso com a dignidade humana, mesmo em territórios adversos como Vitória da Conquista.

Na cidade, o programa tem como parceiras organizações como o Movimento de Ação Social Maria Nilza, o Terreiro de Mãe Rosa e possivelmente a organização Anuncia-me, que colaboram na busca ativa por pessoas excluídas das políticas públicas. Essas entidades promovem a inserção no CadÚnico, além de oferecer qualificação profissional para romper o ciclo da vulnerabilidade.


Fome: Uma arma política

Mais do que um problema social, a fome em Vitória da Conquista tornou-se uma ferramenta de controle político. A gestão municipal utiliza a exclusão social para perpetuar uma lógica de domínio que beneficia apenas uma elite local, enquanto marginaliza as comunidades periféricas.

A fome, como projeto de poder político das elites conquistenses, tem feito vítimas na periferia e no campo. É dessa forma que se perpetua a vulnerabilidade alimentar, garantindo os votos necessários para manter essa corriola bolsonarista no poder institucional.

A resistência do Bahia Sem Fome representa, portanto, um enfrentamento direto a esse modelo excludente. Cada refeição distribuída, cada pessoa inserida em programas sociais, é um ato de resistência e de reafirmação da democracia.


A luta pela dignidade

Vitória da Conquista, outrora exemplo de gestão inclusiva, enfrenta hoje os impactos do retrocesso político e social. A fome, resultado de escolhas políticas deliberadas, tornou-se uma ferramenta de controle, perpetuando desigualdades e beneficiando elites locais. O abandono das periferias e do campo expõe a gravidade do cenário atual, mas também fortalece a luta de movimentos sociais e lideranças progressistas por políticas públicas que garantam direitos básicos e dignidade.

Nesse contexto, iniciativas como o Programa Bahia Sem Fome surgem como faróis de esperança para resgatar a segurança alimentar e reconstruir os laços sociais rompidos. A resistência em Vitória da Conquista não é apenas um clamor local, mas um exemplo de como a mobilização popular pode enfrentar o autoritarismo e a exclusão. A solução para a vulnerabilidade alimentar passa pela luta coletiva por justiça social, reafirmando a democracia como caminho para um futuro mais igualitário.


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