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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

Desabrochando - II


Minhas lágrimas
Secaram tanto
Que nem sentindo dor
Às despejo mais.

Viro-me e rolo-me
Durante o descanso
Corporal noturno
Ao refazer de sonhos.

Desperto-me para o labor
Agora manso
Resiliente disciplinador
Distribuindo às forças.

Não mais o caos
Da mania frenética
Envolve-me na pujança
Cristalina da pureza d’alma.

O sentido esbraveja-se
Entre vetores
Ao norte/sul à leste/oeste
Preparando-se rupturas.

Vai-se assim
Perambulando pelos
Campos, becos e ruelas
De um novo tempo.

Do gritar titubeante
Das forças vocais
Que se enrouquecem
Nos calos agudos.

Nem mesmo permanentemente
Falsetes desavisados
São capazes de riscar
Cânticos e louvores.

Fé e amor intransponíveis
Não contemplam mais
Às enxurradas
Dos temporais encruzilhados.

Mentes dominadoras doentias
Rabiscam no universo
Midiático retumbante
Alicerces doutrinários.

São túmulos repousantes
Daqueles tremores terrestres
Que se esbarram
Nas larvas vulcânicas.

Núcleos atômicos
Preparam-se para explosões
Mantendo-se sempre
Lembranças de Hiroshima e Nagasaki.

Não há espaço
No Eu eterno e infinito
De uma temporalidade
Racional questionadora.

A dialética social
Não se sobrepõe ao indivíduo
Mas massacra-o
Nas contendas cerebrais.

Da carne onde
Te nutres
Ainda se faz presente
Pois tu és pai.

Tão íntimo
Prestigioso e laico
Deve-se espelhar
O interior e o exterior.

Nas masmorras
Da história
Não há espaço
Para a intolerância.

Apenas habita-se
Discrepâncias moleculares
Inimigas sociais
Do fazer contido.

Não há respostas prontas
Não há possibilidades extremas
Não há necessidade da inclusão
Apenas a radicalização do sujeito.

Inclusão reabre-se discussões
Facilita o debate
Quebra-se verdades eternas
Prepara-se saltos histórico-dialéticos.

Choques e desavenças
Não se constitui fracassos
Ao companheirismo e à camaradagem
Apenas estabelece de cada um as funções.

Quando nos lembramos
Da força do outro
Estabelecemos o poder
Analítico da coragem.

Não podemos esquecer das derrotas
Pelas quais nos definhamos
Pois o esquelético segura músculos
Restos de pele e cérebro denso.

Não se preocupe em esticar a flacidez
Alimente-se, caminhe e siga os movimentos
Do SER e da natureza
Para não atrofiar o corpo e maldizer o espírito.

A espécie pertence
Ao homo sapiens proletário
Numa edificação intelecto
Pensante da matéria orgânica.

Ame o pensamento
Como a ti mesmo
Deixe que o cansaço se abata
Pelas forças da poesia.

Nunca se entregue
Além do ócio criativo
Mas trabalhe sempre
Na perspectiva terapêutica do divã.


Carlos Maia

Vitória da Conquista

Janeiro/2025


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