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domingo, 30 de março de 2025

Entrevista Exclusiva com a economista Elen Coutinho

Foto: Herberson Sonkha

"O PT precisa retomar suas origens, atualizar pautas e reconstruir laços com a sociedade"



ELEN COUTINHO: trajetória, militância e desafio à presidência do PT baiano.



*por Herberson Sonkha

 


Elen Coutinho — mulher negra, intelectual, economista formada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e candidata à presidência estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) — tem uma trajetória marcada pelo engajamento acadêmico, político e social. Iniciou sua militância em associações comunitárias, passou pelo movimento estudantil e pela juventude do PT, consolidando-se como voz ativa na defesa de pautas progressistas.

Atualmente, além de integrar a Direção Nacional do PT, dirige o Centro Sérgio Buarque de Holanda – Documentação e Memória Política da Fundação Perseu Abramo, onde preserva a história do partido e das lutas populares. Com experiência em gestão pública, foi secretária estadual da Juventude e da Formação Política na Bahia e assessorou a Comissão de Direitos Humanos e Segurança Pública da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA).

Pesquisadora com publicações sobre trabalho escravo no estado, Coutinho alia expertise acadêmica à prática política. Sua candidatura à direção estadual do PT enfrenta um cenário dominado por figuras históricas e masculinas, mas sua campanha é vista como competitiva, sustentada por apoios locais e nacionais.

Defensora da direção coletiva, Elen propõe uma gestão que valorize as bases municipais e resgate a conexão do PT com periferias, comunidades indígenas, quilombolas e movimentos sociais. “Queremos um partido enraizado nas lutas cotidianas, que dialogue com a diversidade baiana”, afirma. Sua campanha enfatiza a memória das conquistas petistas e a necessidade de mudanças para enfrentar desafios como o avanço conservador e a recomposição de alianças.

VITÓRIADA CONQUISTA/BA - Em visita a Vitória da Conquista neste sábado (29), a economista e candidata à presidência estadual do Partido dos Trabalhadores (PT), Elen Coutinho, debateu com filiados, militantes e simpatizantes sobre os rumos das eleições internas do partido. Em entrevista exclusiva ao Blog do Sonkha, a pré-candidata analisou os pilares de sua campanha, que propõe romper com mais de quatro décadas de hegemonia masculina na direção estadual, enfrentar as estruturas do “condomínio de poder” e fortalecer a autonomia do partido — agenda respaldada pelo governador Jerônimo Rodrigues, que tem mantido distância formal do processo de escolha da nova liderança petista.

A conversa destacou o projeto de mudança política encabeçado por Coutinho, que busca ampliar a participação de mulheres, jovens e lideranças periféricas nas decisões partidárias. A economista reforçou ainda o compromisso com a autonomia do PED 2025 (Processo de Eleições Diretas do PT), mecanismo que define as regras para a escolha democrática da próxima executiva estadual.

Leia a entrevista na íntegra abaixo:

Herberson Sonkha: Elen Coutinho, como a Senhora avalia o momento atual do Partido dos Trabalhadores e quais são os desafios para o futuro?

Elen Coutinho: Sou uma entusiasta da história do PT e acredito que só coletivamente podemos construir uma saída para o Brasil — uma saída com mais cidadania, mais igualdade e que permita uma vida melhor para todas e todos. O PT precisa resgatar o que foi na época de sua fundação — Um Partido para organizar os trabalhadores e trabalhadores nos anos eleitorais e fora deles, para intervir na vida política do país. Retomar os princípios que marcaram sua origem, reconstruir laços com a sociedade e fortalecer as organizações sociais. Só assim conseguiremos consolidar um projeto coletivo capaz de transformar o país em uma nação mais justa e igualitária.

Herberson Sonkha: A Senhora fala muito sobre a necessidade de coletividade. Como isso se contrapõe ao discurso da extrema-direita?

Elen Coutinho: A extrema-direita prega a exacerbação do individualismo liberal como solução para os problemas sociais. Mas a verdade é que as grandes mudanças sempre vieram da ação coletiva. Precisamos fortalecer os movimentos sociais, as instâncias democráticas do partido e sua conexão com a população. O PT nasceu da organização dos trabalhadores e das trabalhadoras, dos e das camponesas, dos movimentos populares e precisa se reafirmar como um instrumento de transformação social.

Herberson Sonkha: Quais são suas principais propostas para a presidência estadual do PT na Bahia?

Elen Coutinho: Quero consolidar um partido mais democrático, próximo da base e comprometido com a reconstrução dos vínculos históricos e a memória política que nos fortaleceram. O PT precisa ser um espaço de formulação e formação política coletiva, onde a militância tenha voz ativa no presente para a construção efetiva do futuro. É fundamental aprofundarmos o debate sobre a organização partidária, sobre autonomia, sobre a relação entre diretório estadual e diretórios municipais e garantir que o PT na Bahia seja referência nacional em participação popular, democracia interna, organicidade nos movimentos sociais e na vida do povo em geral.

Herberson Sonkha: Como a memória do partido pode ser um fator estratégico nessa retomada?

Elen Coutinho: Conhecer nossa história é essencial para não perdermos o rumo. O PT sempre foi um partido de luta, que construiu conquistas históricas ao lado da classe trabalhadora. Resgatar essa memória fortalece nossa identidade e nos permite avançar sem esquecer nossas raízes. Precisamos olhar para o futuro, mas sem deixar de lado os princípios que nos trouxeram até aqui.

Herberson Sonkha: Sobre a militância petista?

Elen Coutinho: O PT é um partido que nasceu da luta coletiva e é assim que ele deve continuar. Nossa força está na militância petista, na democracia interna e no compromisso com a transformação social. Juntos, podemos construir um Brasil mais justo e igualitário. Vamos retomar nossa essência e fortalecer a luta por um país melhor para todas e todos.

Herberson Sonkha: A Bahia tem 417 municípios, mas o PT governa pouco mais de 10% do eleitorado desses municípios. Como o partido chegou a essa redução de força institucional?

Elen Coutinho: Sonkha, essa pergunta toca em pontos centrais. Primeiro, houve uma falha da direção estadual do PT em organizar o partido para disputar os municípios de forma estratégica. Não tivemos uma gestão que priorizasse o diálogo próximo com as bases municipais, a formação política contínua ou o acompanhamento das ações locais sem interferência. O distanciamento entre a cúpula estadual e os diretórios municipais fragilizou nossa capacidade de articulação. Em alguns casos prevaleceu interesses de grupos em detrimento aos interesses do Partido, em outros tivemos até ações de parlamentares petistas contrários a política definida pelo diretório municipal. E essas ações não tiveram da direção estadual uma resposta à altura.

Além dos erros internos, enfrentamos um contexto externo hostil: a sociedade tornou-se mais conservadora, o antipetismo foi instrumentalizado com fake-news, e houve um desencantamento geral com a política.

Herberson Sonkha: O que, especificamente, a direção do PT deixou de fazer?

Elen Coutinho: Falhou em construir uma relação de autonomia em relação ao nosso governo. Falhou e esteve distante dos diretórios municipais. Uma direção partidária forte precisa estar presente, contribuindo com as lideranças municipais, oferecendo formação política e respeitando a autonomia local. Em vez disso, tivemos uma gestão centralizadora, que não soube integrar as demandas das bases. Muitos municípios se sentiram desrespeitados, sem apoio para enfrentar desafios eleitorais, como a propagação de notícias falsas ou a aproximação baseada em interesses passageiros de candidaturas conservadoras. Sem uma relação de cuidado, perdemos espaço.

Herberson Sonkha: E como o antipetismo e o conservadorismo impactaram esse processo?

Elen Coutinho: Foram fatores decisivos. O PT foi criminalizado por anos, associado a narrativas mentirosas que ecoaram nas redes sociais e na mídia tradicional. As fake-news criaram uma cortina de fumaça que dificultou o diálogo com o eleitor. Além disso, parte da sociedade passou a enxergar a política como um campo de corrupção, não de transformação. Isso gerou apatia e abriu espaço para projetos retrógrados.

Herberson Sonkha: Qual é o caminho para reverter esse cenário?

Elen Coutinho: A mudança começa dentro do partido. Precisamos de uma direção estadual escolhida pela militância, não por grupos ou figuras públicas. Se a base eleger quem vai comandar o PT, teremos uma gestão mais conectada com os municípios, capaz de respeitar suas particularidades e fortalecer a formação política e a organicidade do Partido. Também é essencial disputar a narrativa: mostrar que o PT não é um “fantasma”, mas um partido presente nas lutas cotidianas, como o acesso à saúde, educação e direitos básicos.

Herberson Sonkha: Como convencer eleitores que associam o PT a problemas do passado?

Elen Coutinho: Reconstruindo credibilidade com ações concretas. Não adianta apenas discursar; é preciso estar nas comunidades, ouvir as críticas e mostrar resultados. Na Bahia, governamos em aliança, mas precisamos disputar ideologicamente dentro desse governo para garantir políticas públicas progressistas. Além disso, devemos valorizar novas lideranças populares, que representem a diversidade do estado. Só assim reconquistaremos a confiança.

Herberson Sonkha: O PT pode ficar refém de alianças?

Elen Coutinho: Esse é um desafio. Alianças são necessárias, mas não podem diluir nossa identidade. Temos que manter autonomia para criticar o que for contra os princípios do PT e, ao mesmo tempo, propor agendas ousadas, como enfrentar o debate da segurança pública, da reindustrialização e da questão ambiental. Se a direção estadual for fortalecida pelas bases, teremos musculatura para ampliar nossa agenda de desenvolvimento com inclusão social e mais qualidade de vida.

Herberson Sonkha: Quem ainda acredita no PT?

Elen Coutinho: As últimas eleições de 2022 em que o PT obteve mais 72% dos votos em Lula é uma resposta. Espera-se que continue sendo a resposta da população baiana. Digo que o PT é mais que um partido, é um projeto de país. Na Bahia, somos parte da história de grandes lutas por direitos sociais, por exemplo, a luta por terra, moradia, Água, Luz e dignidade. Temos passos a corrigir? Sim, mas seguimos sendo a única força capaz de unir campo e cidade, periferia e centro, em defesa dos mais vulneráveis. A reconstrução é lenta, mas só depende de nós: militantes, simpatizantes e quem ainda sonham com um Brasil justo.

Herberson Sonkha: Contrariando a teoria do "condomínio de poder", o governador Jerônimo Rodrigues não interferiu na escolha da direção partidária. Como avalia esse respeito às instâncias decisórias?

Elen Coutinho: Jerônimo Rodrigues é um símbolo do nosso partido. A forma como ele lida com as pessoas, sejam militantes do PT ou a população em geral, reflete uma postura próxima, humana e conectada às raízes populares. Ele não vem do parlamento (embora não seja um problema): é professor universitário, um quadro com larga experiência técnica, científica e política, além de ser um militante histórico do PT. Ao não intervir nas eleições internas do partido, respeitando o processo democrático em curso, Jerônimo demonstra maturidade e coerência com os princípios petistas. Essa atitude fortalece a autonomia do PT e reforça que as decisões devem ser tomadas pela base, não por "iluminados" ou figuras públicas.

Herberson Sonkha: Como candidata, qual sua análise sobre a postura do governador?

Elen Coutinho: Jerônimo está correto em não impor escolhas. Isso não só legitima o processo interno como sinaliza um caminho que o PT precisa seguir: ter direções eleitas pela militância, não indicadas por cúpulas. Sua trajetória — de professor a governador — inspira esperança. Ele mostra que é possível conciliar competência técnica com compromisso popular. O PT deve ter cada vez mais a "cara do povo", e Jerônimo personifica isso. Sua postura nesse momento reforça que a reconstrução do partido passa pelo protagonismo das bases, não por acordos de bastidores.

Herberson Sonkha: Esse “distanciamento” do governador das decisões partidárias não pode fragilizar a articulação política do PT?

Elen Coutinho: Pelo contrário. Respeitar a autonomia não significa ausência de diálogo. Jerônimo, como militante, participa das discussões, mas não tem feito imposições nesse início da disputa partidária. Isso evita que o partido vire um "apêndice" do governo e mantém nossa capacidade crítica. Espero que ele continue com essa postura correta.  Uma direção estadual forte, eleita democraticamente, terá mais legitimidade para dialogar com o governo sem submissão. A chave dessa relação Partido-Governo é a autonomia e o compromisso programático, é o PT equilibrar a defesa das conquistas da gestão e a disputa pelo que for necessário — e isso só se faz com independência.

Herberson Sonkha: Quais militantes que veem em Jerônimo um exemplo dessa renovação?

Elen Coutinho: Jerônimo é a prova de que um governante vindo do povo, com uma vida inteira de trabalho, com capacidade técnica é o melhor pra Bahia. Precisamos formar mais quadros como ele, que venham das universidades, dos movimentos sociais e das periferias. A esperança que ele inspira deve se transformar em projeto coletivo. Se a militância assumir as rédeas do partido, teremos um PT mais vivo, mais crítico e, acima de tudo, mais conectado com quem sempre defendeu: o povo trabalhador.

Herberson Sonkha: Como pretende equilibrar a reeleição de Jerônimo com o crescimento do PT no Legislativo?

Elen Coutinho: Priorizaremos a reeleição de Jerônimo, que faz um governo excelente e que é fundamental para a Bahia. Ao mesmo tempo, vamos fortalecer o partido, organizar os diretórios municipais e dialogar com nossas bancadas estadual e federal. Precisamos de um arranjo político eficiente que permita uma chapa forte em 2026, mantendo aliados confortáveis sob a liderança do PT e do governador, pois essa aliança tem dado certo na Bahia. Contudo, não descuidaremos da bancada estadual: aprendemos com o presidente Lula, que sofreu com um Congresso dominado por forças reacionárias e golpistas. Um parlamento ultraconservador tem tentado sabotar seu governo e vem pressionando contra os interesses do povo. Para mudar isso, precisamos eleger mais deputados estaduais e federais do PT. Não adianta ter um governador ou presidente progressista se eles ficarem reféns de um Congresso ultraconservador que trava políticas públicas.

Herberson Sonkha: Como garantir pluralidade interna?

Elen Coutinho: A diversidade virá da ampliação do diálogo com os diretórios municipais. Queremos que cada município participe ativa e efetivamente na construção das chapas e das pautas legislativas. Não seremos um partido de decisões monolíticas e ações centralizadas: vamos ouvir movimentos sociais e sindicais urbanos e camponeses, juventude, mulheres, populações lgbtqiapn+, negros, indígenas, quilombolas, pescadores e marisqueiras, que são à base da Bahia real. Só assim teremos um PT plural, capaz de reconquistar espaços com legitimidade.

Herberson Sonkha: Como evitar que o PT repita erros do passado, como a dependência de um Congresso hostil?

Elen Coutinho: A lição é clara: sem uma bancada forte, não há governo popular sustentável. O Congresso atual defende interesses de parlamentares, não do povo. Um exemplo recente foi à fala de um senador que admitiu priorizar demandas corporativas. Nós defenderemos os interesses do povo brasileiro, e para isso precisamos eleger deputados comprometidos com saúde, educação, meio ambiente, segurança pública, desenvolvimento social, combate a todo tipo de discriminação, e sobretudo o combate à fome.

Herberson Sonkha: Qual é a capacidade de renovação do PT?

Elen Coutinho: O PT é um partido que aprende com a história, que tem 45 anos de construção de um Brasil mais justo e que tem condições falar de futuro. A renovação do PT não é puramente geracional como é a da direita e da extrema direita, que entregam lideranças jovens com ideias extremamente conservadoras, com as mesmas posturas de seus pais e avós. A renovação do PT é política, de programa, de prática e também de sujeitos e sujeitas - com cada vez mais cara de povo nos espaços de poder.

Por isso a capacidade de renovação está diretamente ligada a uma direção enraizada na militância. Só assim seremos a voz das ruas outra vez com um PT forte e dirigente. E sem o PT forte, o retrocesso avança.

Herberson Sonkha: Generais, empresários e religiosos estão no banco dos réus por ataques à democracia. Como avalia esse cenário?

Elen Coutinho: É um marco histórico. Esses grupos da extrema-direita acreditaram que poderiam repetir a impunidade da ditadura militar (1964-1985), quando torturadores, estupradores e criminosos foram anistiados. Agora, estão sendo confrontados pelo sistema de Justiça. O Judiciário, especialmente o STF, cumpre seu papel ao investigar, julgar e punir os responsáveis pelos ataques de 8 de janeiro e pela tentativa de golpe. É fundamental que sejam punidos, pois não há democracia sem responsabilização.

Herberson Sonkha: Como esse processo repercute na Bahia e no país?

Elen Coutinho: A mensagem é clara: golpistas passarão e não ficarão impunes. O bolsonarismo imaginou que repetiria o roteiro de 2016, quando o impeachment fraudulento de Dilma Rousseff abriu caminho para Michel Temer indicar ministros como Alexandre de Moraes ao STF. Lembremos que o próprio Bolsonaro, ao votar pelo impeachment, homenageou o terrivelmente torturador Ustra. Esse grupo apostou no golpe em 2026, apostou na escalada de violência em 2018, mas em 2022 as instituições cumpriram seu papel constitucional. O STF, que nada fez para defender a democracia na época do golpe na presidenta Dilma, virou um freio a essa agenda autoritária.

Herberson Sonkha: A Senhora mencionou o impeachment de Dilma. Como ele se conecta ao cenário atual? 

Elen Coutinho: O golpe de 2016 foi o laboratório do que vivemos hoje. A extrema-direita testou a tolerância das instituições e viu que podia avançar. O ataque de 8 de janeiro foi o ápice dessa estratégia, mas a diferença é que, desta vez, o Judiciário não cruzou os braços. A nomeação de Alexandre de Moraes, paradoxalmente feita por Temer, impôs limites a sanha golpista da extrema direita. A lição é que a democracia exige vigilância constante, e mobilização popular.

Herberson Sonkha: Qual é a importância do lema "sem anistia"?

Elen Coutinho: "Sem anistia" é um compromisso com a verdade, memória e a justiça. Na ditadura, a Lei da Anistia permitiu que criminosos escapassem. Hoje, não podemos repetir esse erro. Quem planejou ataques às instituições, financiou acampamentos golpistas ou incitou violência e precisa responder por seus crimes. Isso vale para bolsonaristas, empresários, parte do generalato da cúpula das Forças Armadas, membros de forças policiais envolvidos e aliados do Congresso. A sociedade não aceitará negociatas que poupem elites econômicas.

Herberson Sonkha: E os riscos de polarização com esses julgamentos?

Elen Coutinho: O risco maior seria a impunidade. Punir criminosos não é vingança, é dever do Estado. A direita sempre usou o lawfare contra a esquerda, como vimos com Dilma e Lula. Agora, é a vez de as leis valerem para todos. Se há polarização, ela nasce da hipocrisia de quem defende "justiça" só para os adversários – no caso do Brasil a militância de esquerda, pessoas progressistas e pessoas negras da periferia. O Brasil precisa encerrar esse ciclo.

Herberson Sonkha: O que esperar desse processo?

Elen Coutinho: Espero que seja um recado definitivo: golpes não serão tolerados. A Bahia, que sofreu com a ditadura, sabe o que é lutar por democracia. Precisamos fortalecer instituições, mas também pressionar com mobilização popular. Só assim garantiremos que os filhos da ditadura não continuem sabotando o futuro.

Herberson Sonkha: Como convencer os militantes de que sua liderança é a alternativa para essa renovação?

Elen Coutinho: Meu compromisso é com um PT de esquerda e militante. Quero um partido que ouça os movimentos sociais, fortaleça os diretórios municipais e dispute cada espaço de poder com projetos, não com acordos de cúpula. Se queremos continuar transformando a Bahia, precisamos de uma direção que tenha compromisso com o PT e com o programa para o qual o PT foi criado. Por isso, convido todos a votarem em Elen Coutinho para presidir o PT baiano. Juntas e juntos, faremos do partido um instrumento ainda mais poderoso de justiça social.

Herberson Sonkha: Qual mensagem deixa para diretórios municipais e militantes?

Elen Coutinho: Estamos em um momento decisivo para definir os rumos do PT no estado. Que partido queremos ser nos próximos quatro anos? Um PT com autonomia, que lute por cidadania plena e qualidade de vida para todo o povo baiano. Um PT que abrace pautas urgentes, como o fim da jornada de trabalho 6x1, garantindo que trabalhadores e trabalhadoras tenham direito a mais que sobreviver — tenham direito à felicidade.

Para isso, precisamos reconstruir o PT. Um partido que, em 45 anos de história, promoveu mudanças reais na vida do povo, como a Bahia bem sabe. Nossos 15 milhões de baianos e baianas sentiram na pele o acesso à educação, saúde e inclusão social. Agora, é hora de renovar essa energia.

Aos diretórios municipais, filiados e militantes dos 417 municípios, digo: apresento-me como candidata à presidência estadual do PT para construir um partido melhor, mais preparado para promover mudanças efetivas na vida de quem mais precisa. Isso exige uma direção estadual alinhada com as bases, que dialogue com as ruas e priorize as lutas populares. Uma direção estadual que não seja subserviente, que não permita que o PT seja secundarizado e diminuído em cada acordo feito na cúpula. Uma direção que tenha compromisso com a defesa do PT e de sua militância, compreendendo que esse partido é um instrumento fundamental para a transformação política que sonhamos para a Bahia e para o Brasil.


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