sexta-feira, 15 de junho de 2012
Um dialogo com a história...
* Por João Paulo Pereira
Companheiro Helinho, quando escrevi o texto já esperava por estas interpelações, mesmo por que compartilho de algumas destas inquietações. Entretanto, não faço parte deste grupo de companheiros, quero ressaltar valorosos companheiros, que caíram no ceticismo político deixando de acreditar em tudo, e partindo para um criticismo esquerdista, ainda consigo conceber acertos nas relações políticas, bem como percebo também os erros do processo, passei por esta fase que você e outros importantes nomes se encontram, claro que as decepções com atitudes e determinadas linhas políticas nos levam a esse nível de desilusão com os partidos de esquerda que hoje estão no poder, mas refiz minhas leituras, busquei outros horizontes teóricos metodológicos, e hoje conseguir superar a descrença no homem, na política e nos partidos que chegaram ao poder e esse exercício tem sido bom, pois voltei a contribuir junto aos movimentos sociais, discutindo, elaborando e tencionando internamente para que o Partido dos Trabalhadores possa no futuro dá as respostas que a sociedade espera e precisa dele, já que ainda não surgiu outra organização partidária capaz de superar a experiência do PT. Mas vamos às respostas:
Podemos afirmar sim, companheiro Helinho, o Partido dos Trabalhadores é na realidade a experiência popular democrática, mas representativa da história, junto com os Bolcheviques e com o Partido Social Democrático Operário da Nicarágua. Entretanto, compreendo que o PT no poder não realizou o que nós militantes de esquerda acreditamos, não fizemos a tão sonhada revolução rumo ao socialismo, mas também não dá para negar os avanços sociais, políticos e econômicos, dirigidos pelos setores do partido que gestaram e gestão o Estado brasileiro. A negação radical disso companheiro é sim um exercício de abstração, e uma má vontade muito grande com a recente história do país.
Na segunda questão companheiro, eu não tenho dúvidas algumas em afirmar que a gestão petista contribuiu muito para os avanços que nosso município passou por nos últimos 16 anos, tirar o mérito dos nossos gestores e do partido nas conquistas garantidas para a cidade é novamente negar a história, ninguém com o mínimo de coerência faria isso, o PT, capitaneado pelos companheiros Guilherme Menezes e José Raimundo Fontes, recuperaram a estima da cidade, pode até dizer que houve incentivo federal, que foram as políticas publicas dos governos federais, mas a aplicação disto no município foi competentemente feita por nossos companheiros, outros municípios também receberam o incentivo federal e não avançaram tanto.
Companheiro esse discurso que faz acaba caindo no senso comum, o objetivo do texto não é acadêmico e sim de formação a população que infelizmente não adquiriram o nível de formulação ainda, que nós temos, por isso precisamos ter cuidado, para não estarmos contribuindo para ampliar o nível de desinformação de nossa população, o processo eleitoral serve para isso também, e se de fato temos compromisso com o movimento social, devemos está atentos para isso. E aí eu te respondo sim, temos aí colocado uma polarização entre setores de esquerda e setores de direita, basta lembrar que até o PDT, doutrinariamente é de esquerda, e aí precisamos voltar à leitura dos clássicos não é mesmo companheiro? E o PSDB, PMDB de Conquista, DEMOCRATAS, representam o que há de mais conservador e capitalista no município, e o texto diz isso.
Companheiro, o Partido dos Trabalhadores, diferente das experiências políticas que conhecemos se fundamenta na pluralidade de ideias, e temos internamente setores que estão no movimento social sim. Hoje, formamos um agrupamento interno que está discutindo com vários setores de esquerda externos ao partido, e com organizações do movimento social, precisa acompanhar isso de perto. Por outro lado, é preciso separar partido e governo, e fora do nosso coletivo, também temos valorosos companheiros militando junto aos movimentos sociais, quanto aos governos petistas estão atuando dentro da lógica pelas quais optaram o setor do PT que chegou ao Estado de Direito, não propuseram revolução, em nenhuma instancia de poder, se pegar todos os programas verá que apontam para a gestão do bem burguês, o que é alvo de críticas dos setores mais a esquerda que não fazem parte destas gestões, mas volto a repetir não vou ficar dizendo que tudo que foi feito foi errado. E nós militantes estamos aqui, construindo o movimento social e quem sabe essa semente não faça surgir uma nova sociedade, não existe formulas prontas companheiro, tudo é um processo de gestação, parafraseando o companheiro Cacá, e estamos gestando, deixe que a história vá dá conta se estamos agindo corretamente, mas estamos no processo, e estamos construindo.
E a sexta pergunta só pode ser respondida, com outra pergunta, e qual é a realidade das massas? Companheiro Helinho não seja anacrônico, não dá para avaliar o mundo hoje com o olhar de Marx e Engels, datado no tempo histórico. Será que aqueles que vivem do trabalho, tem de fato um projeto e estão querendo coloca-lo em pauta? Ou será que as demandas da transformação social, cultural, política e econômica, precisa serem repensadas? Não compartilho da ideia de “vanguarda revolucionária”, acredito que o povo deve ser senhor de sua história, mas infelizmente culturalmente estamos vivendo um momento de pouca elaboração popular e para nós que somos militantes de esquerda tudo é parte de uma reconstrução, aí companheiro nos cabe o importante papel de está junto às “massas” contribuindo para o surgimento de um projeto de caráter popular e revolucionário. E esse discurso que todo mundo é igual não contribui em nada.
Na questão sete é preciso conhecer para falar, veja o texto que foi aprovado pelo partido em Conquista sobre a greve dos trabalhadores em educação, e aprovado na integra, e aí verá que tem setores do partido que não comungam da postura do nosso governador, e que se posiciona favorável ao movimento, perceba que na direção do movimento tem professores que são filiados ao partido, e a partidos da base do governo, então não dá pra fazer esse discurso companheiro de que todos são iguais, estamos nos processo e estamos discutindo e elaborando. Quanto ao partido companheiro, temos militantes em várias áreas do movimento social, não somos só governo não, a maioria dos militantes estão no movimento social, estão inseridos nas lutas populares assim como você está, mais uma vez te digo, é preciso separar governo e partido, eu fui diretor de escola estadual, e nunca deixei de fazer a crítica aos erros cometidos pelo nosso governo, quem conviveu comigo durante minha gestão sabe disso, da mesma forma que parabenizei quando o governo acertou, e acredito que assim é que vamos construindo o novo.
Pare com essa ideia de que tudo está errado companheiro e procure contribuir para ampliar os acertos e corrigir os erros, ficar de fora só fazendo a crítica é cômodo para quem está incluído no processo, mas tem gente que não conseguiu ainda essa inclusão, e precisa de nós.
Por outro lado companheiro, os verdadeiros inimigos do povo não estão no nosso campo não, os verdadeiros inimigos do povo são os burgueses, nossa luta é contra eles, e quando afirmo isso provoco até uma ruptura com minhas convicções atuais, pois não sou marxista, mas ainda tenho claro que se alguém precisa ser vencido, são aqueles que ganham com o capitalismo, e tenho certeza que estes não são os petistas, nem os comunistas, nem os socialistas democráticos, quer queira você ou não estamos no mesmo campo. Nossos inimigos ou adversários ainda é a burguesia, seria bom fazer a disputa com eles só pra variar. Mas vocês da esquerda revolucionária perderam o trem da história e nos transformaram em seus inimigos prioritários, lembre-se do que eu já disse uma vez, quem vai muito para a esquerda, entra na direita de costas.
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