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quinta-feira, 14 de junho de 2012
Juventude petista apóia greve dos professores
junho 14, 2012
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por
Vinícius...
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* Por Fábio Sena
Em documento aprovado hoje pela Executiva Municipal, a Juventude do Partido dos Trabalhadores manifesta solidariedade à greve dos professores estaduais, afirmando que a mesma “possui um caráter histórico”. O documento dos companheiros de partido de Wagner afirma que a greve “é importante instrumento da classe trabalhadora para tencionar o Estado, visando melhorias para os trabalhadores na educação” e que a mesma exerce papel estratégico para organização e mobilização das bandeiras de luta da classe trabalhadora.
Carta da JPT à Greve dos Professores da Bahia
Juventude do Partido dos Trabalhadores de Vitória da Conquista Bahia
“Ser jovem assume contornos diferentes quando se é rico ou pobre, homem ou mulher, se reside no meio urbano ou rural, no centro ou na periferia, se é negro, branco ou índio, se tem ou não acesso à educação, a cultura e ao lazer.”(Apud, MOREIRA, 2005)
1) O atual momento de mobilização dos trabalhadores na educação, em greve por tempo indeterminado, é delicado e exige da Juventude do Partido dos Trabalhadores a compreensão e posicionamento firme sobre a GREVE. Para a Juventude Petista esta greve possui um caráter histórico, pois, reconhecemos a legitimidade da luta da classe trabalhadora. Por sermos jovens militantes de um partido que se afirma de esquerda não poderíamos nos furtar ao debate e ao posicionamento favorável à luta dos trabalhadores e a utilização deste importante instrumento da classe trabalhadora para tencionar o Estado, visando melhorias para os trabalhadores na educação. Desta forma, apresentamos a Carta da Juventude Petista, reafirmando a greve como instrumento estratégico fundamental para organização e mobilização das bandeiras de luta da classe trabalhadora. Contudo, não poderíamos deixar de fazer uma analise crítica de pontos que consideramos importante manifestar.
I - Considerações importantes sobre as condições históricas da juventude brasileira
2) Ser jovem num país herdado pela histórica elite brasileira é ter que conviver com a imensa diferença sócio-econômica-política. A desigualdade passada de gerações em geração por governantes que sempre estiveram a serviço da burguesia nacional e internacional consolidou uma enorme desigualdade social calcada no racismo, ausência de liberdade de orientação sexual, analfabetismo, ausência de oportunidades de trabalho, de lazer e de uma educação pública, gratuita e de qualidade capaz de inserir intelectualmente a juventude na universidade pública e tecnicamente no mercado de trabalho.
3) A geopolítica espacial brasileira institui aspectos diferenciados para quem não é rico, pois, os longos períodos de estiagem, sem acesso à água potável para consumo doméstico e para irrigação da agricultura de subsistência dos pequenos agricultores; pilhamento do capital pelo agronegócio; a crescente industrialização brasileira promoveu o êxodo rural forjando uma urbanicidade favelizada ou grandes adensamentos de barracos e precárias alvenarias habitacionais com aspectos horríveis de pobreza sem nenhuma estrutura de saneamento básico, saúde, educação, creche e espaços de lazer. Este fenômeno promove a violência moral, física e psicológica que assola nossa urbanicidade, adensada pelas ocupações desordenadas por falta de políticas publicas de habitação e fixação dos trabalhadores neste novo habitar urbano.
II- Considerações sobre a Educação Brasileira
4) A escola como espaço de convivência coletiva e ambiente propício ao ensino-aprendizado não aconteceu para a maioria dos filhos dos trabalhadores urbanos e rural. O ingresso no ensino superior estava reservado aos filhos das elites e de classe média alta que cursava ensino médio nas escolas particulares ou técnicas e ingressavam nas universidades públicas para formação superior. Portanto, a juventude abastada deste país contava com o Estado para sua inserção no mercado de trabalho público e privado com facilidade, pois, era a minoria.
5) Enquanto que a grande maioria dos jovens pobres mal conseguia concluir seus estudos de segundo grau porque precisava trabalhar para ajudar a família. O futuro para esta juventude esta limitada aos ciclos de crescimento da riqueza da burguesia que ofertava alguns postos de trabalho operacional nas fabricas e no comércio, subordinando-a as regras mais abomináveis do jogo político feitos por sindicatos pelegos com os patrões milionários ou ao jogo sórdido da politicagem rasteira de prefeitos e vereadores populistas e oportunistas que aliciava jovens e adultos empobrecidos em períodos eleitorais para suas apoteóticas campanhas reacionárias sem compromissos com as mudanças na sociedade, a preços módicos, para candidatos que explora a miséria do povo.
6) Se a propriedade privada que explora para aumentar sua riqueza não tem responsabilidade com o social e, o Estado que é financiado contraditoriamente pelos pobres e classe média, é governado pelos representantes da burguesia não criaram as condições necessárias para promover as classes para uma vida digna ao seu povo, o crime organizado com sua capacidade de aloca melhor seus recursos, faz. Mas, como tudo tem seu preço e neste caso, a vida é a parte alienada nesta relação homicida, o crime prospera e as famílias perdem seus filhos. O assalariamento é pauperização dos trabalhadores, enquanto que o crime oferece melhor remuneração pela força de trabalho da juventude regada a muitas drogas e o homicídio como ato de heroísmo no confronto com a polícia.
III - Considerações sobre as condições sociais da Juventude
7) Este é o Brasil herdado das elites carcomidas e hediondas. A análise sócio-histórica do Brasil nos oferece o mapa da incompetência e da violência praticada contra o povo, pela ordem burguesia no país. Todavia, além de matar seu povo de fome, de raiva e de sede vendeu parte da riqueza produzida pelos trabalhadores brasileiros materializadas nas estatais. A burguesia neste país tem nome e partido e a juventude precisa registrar isso para dar a resposta dentro do processo eleitoral. Sabemos quem promoveu a escravidão, a desigualdade, homofobia, o machismo e a violência social.
8) O capitalismo engendrou um tipo de sociedade baseada no ter, mas não é seu objetivo criar as condições para que todos tenham. Tolhe a liberdade intelectual transformadora; contamina processos eleitorais com a força da grana oprimido com opulência, conspurca pessoas pela veleidade da riqueza, transforma o ser em máquinas insensíveis, compra autoridades e saqueia a riqueza da nação.
IV - Considerações sobre as esperanças da juventude brasileira e PT
9) O Partido dos Trabalhadores é fiel depositário da esperança da juventude e dos trabalhadores brasileiro, contudo, precisa se dar conta de que o voto de confiança dado possui limites. As manifestações que vem ocorrendo não são simplesmente “ações do contra” ou “intrigas da oposição”, não. Há expressão, pois, existem pessoas dos diversos segmentos manifestando insatisfação e não se trata de pessoas que não foram convidadas a ocuparem cargos não. É a sociedade se organizando por dentro para responder criticamente às “nossas opções políticas”. Não podemos ter uma visão reducionista ou simplista de que os inimigos do governo estão atacando para saquear o Estado. O diagnostico está errado. Os empobrecidos pela burguesia vivem melhores no nosso governo, mas, a riqueza dos capitalistas está crescendo em proporções bem maiores.
10) Há sinais de que chegamos ao limite da caminhada com certos aliados, daqui pra frente nossas diferenças serão tão agudas que e a juventude, a classe trabalhadora, os intelectuais, os artistas, os religiosos progressistas, os movimentos sociais e sindicais tomarão posições que poderão nos tornar envelhecidos. Aí sim o PT deixará de ser um partido jovem para adentrar o panteão das velharias políticas destroçadas pela elite brasileira, assim como foi e esta sendo com partidos de nosso campo.
11) O Brasil deu uma guinada no sentido contrário ao Neoliberalismo iniciado por Fernando Collor de Mello e continuado pelo Fernando Henrique Cardoso, a partir do Governo do Presidente Luiz Inácio da Silva, o Lula. Não há como igualar estes governos, de naturezas tão distintas. O Partido dos Trabalhadores iniciou mudanças que devem ser aprofundadas visando à construção de outro modelo de civilização. Por que não o Socialismo?
V - Considerações sobre a lei que rege a educação brasileira – LDB Neoliberal
12) A grande luta que marca a derrota da proposta de educação da classe trabalhadora formulada por Sid Saboia, foi à vitoriosa LDB do governo Neoliberal de Fernando Henrique Cardoso, do ex-ministro Paulo Renato de síntese neoliberal, na década de 90 do século passado. Infelizmente ainda vivemos a égide desta perniciosa LDB burguesa e o PT ainda não pautou o debate para derrubar esta lei. O conteúdo desta lei é privatista e defende a terceirizações que além de precarizar as relações de trabalho geram enormes passivos trabalhistas e compromete profundamente a qualidade dos serviços públicos, que o PT prima.
13) A avaliação dos professores, segundo LDB do Sr. Paulo Renato, ainda vigente, não corresponde aos objetivos pedagógicos de Paulo Freire, a quem a nossa militância referencia em seus escritos e acalorados debates, pois, como bem nos cientificou a “Pedagogia dos Oprimidos”, temos uma pedagogia que aliena extirpando a capacidade crítica e de transformação da classe trabalhadora, não obstante, oprimir a mesma. As diretrizes e bases para educação brasileira mantêm o assalariamento como mecanismo de pauperização da massa de educadores, sem contar que retira também desta categoria às condições materiais para formação contínua dos educadores, intelectualmente. Isso revela a fragilização desta categoria diante das imposições do Estado, a que governos petistas estão submetidos.
14) A educação ainda na égide neoliberal não produz estudantes com pensamentos críticos e sim pessoas com estranhamento, incapazes de se reconhecer enquanto juventude capaz de transformar a sociedade. Isso explica também a ascensão de estilos dançantes voluptuosos com conteúdos pornográficos e de cunho racista, machista e homofóbico. Também estimula ao crime organizado, pois, nesta Saara não exige títulos, qualificações escolásticas e remuneram bem, aliás, não falta oportunidade de “trabalho”. Portanto, a “saída” para as crises existenciais sempre foram os recursos das drogas, quer sejam ansiolíticos, etílicos e alucinógenos. Esta matriz [LDB] que o PT tento questionou e posicionou-se radicalmente contra nas décadas anteriores, hoje passe “incólume”. Temos corresponsabilidade pela nossa omissão enquanto partido. Deve-se a isso a baixa qualidade e rendimento dos estudantes, tornando-nos inaptos a ocupar espaços que exigem conhecimento.
Por último, a Juventude Petista compreende que o Estado da Bahia foi constituído pela elite burguesa coronelista a partir da exploração da classe trabalhadora e mesmo assim não atende aos interesses da mesma. O Governo em curso, capitaneado pelo Partido dos Trabalhadores e demais partidos aliados, deve reconhecer a greve como legítima e posicionar-se enquanto governo de esquerda criando mecanismos democráticos e de dialogo com os grevistas. A juventude entende que a construção desta greve se deu a partir de uma força [LUTE] organizada por trabalhadores da educação e suas bandeiras são historicamente justificadas por nós petistas nas grandes greves de um passado recente. Há diferenças de conteúdo e de forma, na natureza ideológica do debate, mas são legitimas e que toda greve tem o cunho político. A Juventude Petista deve participar para evitar o oportunismo e outros interesses estranhos a classe trabalhadora, salientando que somos partido e não governo.
Juventude do Partido dos Trabalhadores
Vitória da Conquista, 01 de junho de 2012.
* Aprovada na reunião da Executiva Municipal do Partido dos Trabalhadores de Vitória da Conquista, em 13 de Junho de 2012.
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