Foto: Igor/ASCOM Dep. Waldenor Pereira

Formada por integrantes do MCOESO, do Coletivo Avante e do Diálogo e Ação Petista (DAP), a chapa representa segmentos historicamente marginalizados dos espaços de poder interno do partido: a militância dos bairros periféricos e das zonas rurais. Esses grupos mantêm-se na base da resistência cotidiana e da construção política, mesmo diante das estruturas institucionalizadas que dominam o cenário local há décadas.

Apesar de enfrentar duas forças hegemônicas que se alternam no controle do PT conquistense – apoiadas por robusta estrutura institucional e diversos mandatos parlamentares –, “O Levante das Catrevagens” conquistou votação significativa. Seu desempenho evidencia a existência de um núcleo combativo e ideologicamente alinhado à tradição socialista do partido. O reconhecimento público do deputado Waldenor Pereira à atuação da chapa e ao esforço de sua militância vai além de um gesto de civilidade: é um sinal de que há no PT quem compreenda o valor das bases organizadas.

Contudo, um dado chama atenção: a participação no PED 2025 que atingiu apenas 10,6% dos filiados aptos a votar que são 4.860 filiados. Dos milhares de petistas com direito, apenas 718 votantes (632 válidos) compareceram às urnas. O número, embora o percentual legitime o processo, revela esvaziamento preocupante das instâncias participativas internas e aponta para um desafio urgente: reanimar a organicidade partidária e ampliar o engajamento da base. Isso é crucial num momento em que o Brasil demanda uma esquerda viva, popular e combativa.

É preciso reconhecer e parabenizar a candidata Márcia Viviane, da corrente Avante, pela vitória expressiva: com 75,53% dos votos válidos, consolidou aliança entre cinco correntes partidárias e contou com o engajamento de diversas lideranças regionais. Sua eleição é legítima e reflete o acúmulo político e organizativo de forças que souberam articular tática unitária eficaz.

Uma análise crítica, no entanto, se impõe. Apesar do amplo apoio de parlamentares federais e estaduais, da presença de quadros em cargos de confiança nos governos estadual e federal e da estrutura mobilizada durante o processo, o número de votantes não superou o da votação isolada da corrente Resistência Socialista (antiga Reencantar) no último PED. Isso sugere distanciamento entre os quadros institucionais do partido – muitos atualmente em posições de poder – e o processo de participação interna. A militância de base parece ter sido substituída por uma lógica de ocupação de espaços no Estado, em detrimento da vida partidária cotidiana.

“O Levante das Catrevagens” foi além de um ato de participação: foi uma afirmação política. Reafirmou, diante da estrutura e do pragmatismo que avança em parte do partido, a necessidade de manter vivo um PT plural, democrático, ideológico e enraizado nas lutas concretas do povo brasileiro.

Se há algo que o PED 2025 revela, é que a disputa por rumos e sentidos no PT está longe de se encerrar. E que, enquanto houver militantes dispostos a lutar por coerência ideológica e compromisso com os movimentos populares, o partido continuará sendo, apesar de tudo, um campo de disputa real pela transformação da sociedade.