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segunda-feira, 16 de junho de 2014

Um “hexapapo” para ser continuado...




*Por Vinícius



Ilustre João,


Até por nossa diferença de idade, eu infelizmente demorei mais tempo para aprender essa lição de não torcer por nenhuma seleção e que erro representa o dito patriotismo que nos vendem. Lembro de assistir sozinho a final de 94 e ficar numa felicidade ímpar com aquilo que eu acreditava ser uma vitória do esporte em si. Eu tinha apenas 13 anos e ainda não atentava para os “detalhes”. Pior foi em 98 ao quase ter uma parada cardíaca no jogo Brasil x Holanda e ter certeza plena de que o penta já viria ali. Só bastou ver aquela novela “global” em torno do pegador de traveco e seu “mal súbito” para eu finalmente enxergar o óbvio. Futebol, antes de qualquer paixão nacional, mundial ou interplanetária é um negócio e só a desavisada inocência para crer que bilhões em jogo serão mesmo decididos por onze manés atrás de um pedacinho de couro.

Entendo e respeito suas pontuações partidárias, ainda que eu não só não concorde, como não enxergue que zorra de “paquinho” é esse ou que diabos isso realmente vise, além do óbvio favorecimento de empreiteiras, bancos e variantes.

Não posso entrar nessa discussão aqui, pois não seremos claros, nem devidamente acertados em um espaço de reflexão tão limitado e com um “delay” gigante entre nossas pontuações. Também não faria isso por conta da opinião que registrei no texto anterior sobre os lados da “moeda”. De toda forma, não posso deixar de compreender vossa crença e militância por algo do qual você ativamente participa e tenta transformar.

Ainda que alguma organização aglomerada seja indispensável, também pelas mesmas ponderações da moeda supracitada, não creio em nada que se intitule partido. Isso é controverso, mesmo por conta do simples fato de, ao escolhermos um lado, isso nos colocar numa “parte” do processo, mas creio que você compreenda o que tento dizer.

Meu maior problema com esses rótulos é que eles embarcam construções teóricas, obras realmente importantes e um sem número de nomes de sujeitos que nem vivos estão, mas acabam figurando em bandeiras, faixas e camisas que possivelmente desaprovariam se vivos. Vide Che Guevara vestido por playboys e variantes mil.

O que me deixa puto (eu até tentei explicar no texto anterior) é ver nomes como os de Marx e tantos outros serem colocados como alicerce de partidos ditos de esquerda, mas que na prática real são meras adaptações contemporâneas de práticas tão de direita quanto sempre. Aqui a prática econômica se sobressai, trazendo consigo todos os reflexos que esta envolve em todos os meios. Não sejamos inocentes em achar que alguém propondo revolução chegasse ao poder na putaria pseudodemocrática, essa burrice não nos cabe. Porém, aceitar que um mero slogan, uma cor de bandeira diferente ou um discurso mais “povão” seja uma mudança real ou meramente inicial para uma futura e estrutural alteração na sociedade seria tão ou ainda mais inocente quanto.

Ainda que eu tenha nascido sem qualquer talento para um monte de coisas e futebol seja uma das minhas piores, concordo plenamente com suas pontuações sobre a alegria que ele gera no povo e principalmente em quem o pratica. Só que o que eu tentei discutir no texto anterior e sei que não fui tão completo quanto queria, é o quanto isso está eleitoreiramente envolvido com o nosso momento no país e como esse hexazinho de merda calará todos e os deixará entorpecidos até outubro.

Não posso dizer que pouco me importo com a FIFA e seus “comparsas” ganhando muito. E isso, claro, é em função de saber de quem tiram essa grana. Minhas pontuações sobre o BNDES são mínimas perto do todo e como você bem cita, os estádios são para nossa branca, burguesa e “espertinha” parcela da população. 

Não assistirei NENHUM jogo e sei que isso não mudará nada no todo, mas é de minha mente que estou cuidando com isso. Já o noticiário, fica até difícil dizer que não verei, não passa mais nada em todos os canais. Nisso eu atentei para imagens da torcida no jogo do braZil e puta merda, achei que fosse a torcida da Alemanha, Rússia ou sei lá, a “olhoazulândia do norte” talvez. É foda ver os escrotos que governam esse prostíbulo dizerem que a festa é do “povo" (hein?) e só enxergar branquinhos privilegiados nas arquibancadas. Nem falemos da piada dos “volunOtários”. Só em terras burras como a nossa para alguém aceitar trabalhar de graça para um patrão faturando zilhões.

Revisando o título, não perdi a fé em mudanças ou o sonho com elas. Porém, realmente vejo os laços mentais que nos cercam piorando em todos os graus. Sabemos se tratar de guerra, daí não esperarmos nada fácil por vir, temos de nos adaptar ao fato. São muitos pontos e até o blog me chamou de chato a última vez que tentei escrever. Então encerro por aqui e espero que nos vejamos para voltar nesse papo assim que der.




respeito e admiração mantidos...um GRANDE abraço,
Vinícius...
“mas eu queria somente lembrar
que milhões de crianças sem lar
são frutos do mal que floriu
num país que jamais repartiu (pátria amada Brasil)
esse é o futuro do país"
                                        Autores Criminalizados


*Vinícius Barbosa de Moraes é graduando em Ciências Econômicas pela UESB.

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