Translate

Seguidores

quarta-feira, 4 de junho de 2014

O QUE É ISSO, COMPANHEIROS?


                                                                                                       *Por: Iranildo Freire Oliveira

"queimei calorias nas longas caminhadas pelas ruas da cidade e sapequei a minha simpática calvície sob o sol inclemente de 40º (quarenta graus); fiz os mais inflamados discursos contra a postura autoritária do Governo da época em frente do prédio da Prefeitura, da Secretaria Municipal de Educação, das Escolas Estaduais, Rosel Soares e Renato Viana"

O SINSERV de Anagé nunca recebeu tanta gente como na última semana (19 a 23/05/2014). Uma verdadeira romaria. Lembrei-me da canção melodiosa e chorosa de Renato Teixeira: “É de sonho e de pó/ o destino de um só/Feito eu perdido em pensamentos/Sobre o meu cavalo/É de laço e de nó, de gibeira o jiló/dessa vida cumprida a só”. 

Professoras e professores, servidores e servidoras rumaram-se para lá, alguns, inclusive, diga-se de passagem, não sabiam nem mesmo onde se localizava o desconhecidosindicato; a razão da lufa-lufa dos servidores municipais era conhecer qual seria o seu quinhão no “latifúndio financeiro”, oriundo de uma Ação Trabalhista movida pelo Sinserv no ano de 2010 e que teve a Prefeitura de Anagé um montante de quase meio milhão de reais sequestrado e depositado numa conta na Caixa Econômica Federal da vizinha cidade de Vitória da Conquista à espera dos seus vorazes e “verdadeiros donos” aptos a fazer a gastança nas compras para as festas do São João da Copa que se aproxima – Êta, Laiá!... Coisa boa é dinheiro!
O único problema é que o sindicato também pensa assim – coisa boa é dinheiro! 15%e 30% do seu suado e minguado salário é dele; muito pior do que os juros de 10% praticados pelo “velho Braulino”, como dizia, Elomar Figueira Melo na canção - Curvas do Rio.

_ E eu, Godoia?

Como diria o saudoso e bom conterrâneo, Lalaô: “o dinheiro é apenas pra uns”. De preferência para aqueles que não participaram da greve e não tiveram um só centavo descontado do seu salário. Procurei saber através de uma colega que esteve no “bendito” sindicato, se o meu nome fazia parte da LISTA DE SCHINDLER – ô, desculpe! Da lista do sindicato e a resposta foi negativa.

Recorri a minha memória e logo lembrei de todo o período da greve – ela ocorreu entre os meses de março e abril de 2010. Lembro-me que fui o principal “orador” da dita greve; queimei calorias nas longas caminhadas pelas ruas da cidade e sapequei a minha simpática calvície sob o sol inclemente de 40º (quarenta graus); fiz os mais inflamados discursos contra a postura autoritária do Governo da época em frente do prédio da Prefeitura, da Secretaria Municipal de Educação, das Escolas Estaduais, Rosel Soares e Renato Viana; fui eu o escolhido para buscar ajuda da Câmara de Vereadores, também foi o professor Iranildo Freire Oliveira o escolhido por unanimidade em praça pública para representar a Coordenadora Aurenice Cardoso (Sinserv) e liderar a Comissão de outros servidores na negociação com o Prefeito, Secretários Municipais e Vereadores no prédio da Secretaria da Educação.

 Pois, bem! Lamentavelmente, isto não foi o suficiente para que eu tivesse o meu nome incluído na lista do Sinserv. Procurei explicações plausíveis da minha exclusão e não encontrei. Por isso elenco abaixo 13 (treze) motivos porque julgo injusta, desleal, absurda e perseguidora a minha exclusão:

1-      Sou professor municipal desde 1º de junho de 1987;
2-      Os áureos anos da minha vida dediquei a uma luta intensa e árdua para organizar e consignar um sindicato da categoria junto à Prefeitura Municipal de Anagé;
3-      Minha vida profissional foi sempre guiada pelos princípios da amizade, da ética, da dedicação, da responsabilidade e da honestidade;
4-      Participei da maioria das greves e paralisações promovidas pela categoria neste Município;
5-      Sou o maior divulgador da Lei nº 186/98 - sempre esclarecendo e incentivando os profissionais da educação a reivindicarem avanços desta Lei, principalmente a percepção do 1/3 de férias e a licença-prêmio;
6-      Os 5% (cinco por cento) e 10%(dez por cento) de Gratificação por Incentivo Profissional para o professor foi uma luta pessoal minha em 2002, quando ocupei uma cadeira na Câmara de Vereadores (Mandato 2001-2004);
7-      Quando ocupei a Chefia de Gabinete no Governo do Prefeito Rubinho (Fevereiro de 2007 a Dezembro de 2008), contribuí de forma decisiva para a criação da Delegacia do SINSERV em Anagé - articulei a assinatura do documento que garantiu a consignação, o imposto sindical e a liberação de dois servidores para atuar no sindicato;
8-      Construí juntamente com o Governo do Prefeito Rubinho, a Consultoria Redacta, o Sinserv e Representações das Principais Escolas Municipais um Plano de Carreira para o Magistério no ano de 2008, e, que depois de pronto para ser votado na Câmara de Vereadores, o Sinserv equivocadamente abandonou o Projeto por pura “paixão eleitoreira” e, de forma abrupta solicitou a retirada da matéria da pauta de votação na semana em que o Plano seria votado pelos vereadores;
9-      No período da greve a pedido de alguns companheiros me filiei ao Sinserv e tive descontado no contracheque 1% (um por cento) sobre o meu salário nos meses de março/setembro/outubro e novembro de 2010;
10-  Fui juntamente com os colegas do Centro Educacional Renato Viana, os responsáveis diretos pela garantia do cumprimento no Município da LEI Nº 11.738, DE 16 DE JULHO DE 2008 - piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação básica - também participei com os colegas de forma decisiva e definitiva da luta pelo fim das chamadas aulas suplementares;
11-  Anualmente (mês de março) tenho descontado no meu contracheque compulsoriamente a contribuição sindical em favor do Sinserv;
12-  Estive na Sede do Sinserv (à época na Avenida Tiradentes, nº 239 - Centro), logo após o término do movimento grevista e assinei a procuração, bem como, todos os documentos a mim apresentados pela referida entidade de classe para formulação da ação em questão;
13-  Tive o meu contracheque do mês de abril de 2010, quase zerado, recebi apenas R$ 6,04 (Seis Reais e Quatro Centavos) liquido por conta das faltas da greve.
Toda essa minha trajetória de luta participativa em prol da valorização da categoria no Município, bem como todo o meu envolvimento na referida greve não foi levado em conta pelo Sinserv, que optou pelo caminho do revanchismo, do ódio gratuitoe do abuso de poder - que imagina ter. Se tal constrangimento, vilipediamento e exclusão a que fui submetido publicamente tivesse ocorrido em outros tempos, confesso que as minhas primeiras palavras de reação teria sido aquelas mesmas ditas pelos participantes da Força Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra Mundial: “a cobra vai fumar”, mas hoje, que vejo a vida com outros olhos, direi apenas as palavras de um sensato professor de História: ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE – PARA FRENTE É QUE SE ANDA. E como resposta principal à minha indignação, busco nas sábias palavras de um certo Galileu que esteve por estas terras há dois mil e treze anos atrás quando proferiu aquele longo discurso conhecido como O Sermão da Montanha: Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus”.

        Anagé-BA, 27 de maio de 2014.

_______________
*Iranildo Freire Oliveira – Professor de História do CERV -  E-mail: irage.freire@gmail.com

                                                                                               

0 comments :

Postar um comentário

Buscar neste blog

por autor(a)

Arquivo

Inscreva seu e-mail e receba nossas atualizações: