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domingo, 15 de junho de 2014

Platão e a sua concepção de política



Platão sempre foi apaixonado pela política, muitas vezes sua insistência em relação às suas ideias ocasionou-lhe problemas, sendo inclusive vendido como escravo após tentar convencer o rei da Sicília a adotar seu modelo político.


De origem aristocrática, ressentido com a condenação de seu mestre Sócrates, Platão era descrente em relação à democracia. Para Platão, os homens comuns são vítima de um conhecimento que é apenas imperfeito, por que está baseado na pura “opinião”. Assim, esses homens, na medida em que são limitados deveriam ser dirigidos por homens sábios, mais capacitados e preparados, trata-se da “sofocracia” ou o “poder da sabedoria”.

Essa concepção de poder restrito aos sábios liga-se em Platão com a idéia do “mito da caverna”. Trata-se de uma caverna onde estão acorrentados homens desde a sua infância, dispostos de tal forma que somente podem vislumbrar o fundo da caverna. À sua frente são projetadas as sombras das coisas que passam às suas costas, onde existe uma fogueira. Essa é a realidade para esses homens. Platão afirma que se um desses homens conseguisse se libertar de seus grilhões e contemplar o mundo exterior, quando retornasse a caverna e relatasse o que havia visto, esses os veria como um louco, não lhe dando crédito.





A indagação de Platão diz respeito a real possibilidade de se influenciar os homens que não querem ver, e nesse âmbito caberia ao sábio ensinar e dirigir esses indivíduos.

Platão vai imaginar uma cidade utópica – a sua Calípolis – que passa a ser o seu modelo de cidade ideal. Desta cidade utópica cabe destacar as seguintes características:

O estado deveria se ocupar da educação das crianças.

Criar-se-ia um sistema de eugenia para evitar casamentos entre pessoas desiguais.

Instituições para a educação coletiva das crianças, sendo que a educação seria igual para todos até os 20 anos.

A partir dos 20 anos seria feita uma “seleção” que dividiria as pessoas de acordo com suas aptidões. Os primeiros indivíduos selecionados seriam as “almas de bronze”, que teriam uma sensibilidade grosseira e deveriam se ocupar da agricultura, do artesanato e do comércio (as atividades de subsistência da pólis).

Os demais indivíduos continuariam seus estudos por mais dez anos, até que alguns seriam classificados na categoria “almas de prata”, que teriam a virtude da coragem, essencial para a prática da guerra. Esses ficariam responsáveis em resguardar a pólis.

Por fim restariam as “almas de ouro”, os mais notáveis e capacitados na arte de pensar e dialogar. Esses indivíduos se dedicariam a filosofia, e aos cinqüenta anos, aqueles que passassem por uma série de provas estariam, enfim, habilitados para serem admitidos no governo da cidade.

Para Platão, o fato de esses indivíduos serem extremamente sábios, os tornariam justos. Mais do que isso os sábios seriam os únicos conhecedores da “ciência política”, portanto, seriam aqueles mais habilitados para exercer essa arte, que tomaria forma na missão de “governar os outros indivíduos”.

Assim para Platão a democracia é inapropriada na medida em que a grande maioria dos indivíduos não está preparada para governar, sendo que o estado deve ser governado por filósofos. Trata-se de uma aristocracia da inteligência, onde o poder é dos melhores, ou em outras palavras, dos mais sábios. Cabe lembrar, que para Platão caso a persuasão não seja suficiente, o rei filósofo pode fazer uso de instrumentos como a força e a censura para atingir seus objetivos.

As formas de governo

Com a sua utopia, Platão critica a política do seu tempo e recusa as formas de poder degeneradas que segundo eles são:

A timocracia, quando o culto da virtude é substituído pela forma guerreira.

A oligarquia, quando prevalece o gosto pelas riquezas, e o critério para o exercício do poder passa a ser o dinheiro.

A democracia, que seria o governo dos mais pobres (cabe lembrar que para Platão os indivíduos não são iguais e uns são melhores que os outros).

A demagogia (político que manipula e engana o povo) “o que conduz o povo” e que seria uma das formas da democracia.

A democracia poderia levar ainda a tirania, a pior forma de governo, onde o poder é exercido por apenas um homem. O tirano é o oposto do “rei-filósofo”.

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