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domingo, 15 de junho de 2014

CARTA A UM COMPANHEIRO QUE PERDEU O SONHO E A FÉ

João Paulo Pereira e Historiador,  Professor e especialista em Gestão Escolar

* Por João Paulo

Meu caro Vinicius, também lhe tenho bastante respeito e só por isso vou tentar responder às suas indagações. Primeiro Vinicius, que não estou aqui torcendo pelo Hexa, compreendo bem o que está na base de um evento como este e como as questões econômicas interferem diretamente no evento e exatamente por conta disto, já há 20 anos não torço mais pela vitória de nenhuma seleção, já estava discutindo o que você trouxe sobre o futebol há aproximadamente o mesmo tempo que deixei de torcer por qualquer seleção.


Entretanto, nestes meus 30 anos de militância, aprendi algumas coisas importantes, como por exemplo, que não devemos fechar os olhos para o mundo, parafraseando Moraes Moreira e os novos baianos, “e pra ter outro mundo é sempre necessário viver, viver sobre todas as coisas”, e disso não abro mão, adoro futebol, pratico futebol, este esporte, mesmo com as mazelas que você colocou aí e colocou bem, está na formação cultural do povo brasileiro, na formação histórica do povo brasileiro e não dá pra desprezar isso em nome da Revolução, pois aí cairíamos novamente no erro do Socialismo Real, ou Stalinismo. Se realmente queremos construir algo novo, precisamos nos tornar novos também.

Outra questão que você coloca, sobre as obras feitas para a copa, acredito que não compreendeu bem, estas obras foram antecipadas pela urgência da copa do mundo, mas todas já estavam previstas no plano de ação deste governo, eram obras do PAC, Plano de Aceleração do Crescimento, que está no plano de gestão do governo do PT. Aí é claro que se você tem outras prerrogativas políticas, é um direito questionar, mas vejo que ainda não sabe o que questionar, pois o questionamento correto passa pela viabilidade desta obras para o processo da construção de uma sociedade alternativa ao capital, e não a crítica ingênua ao modelo administrativo adotado pelo Partido dos Trabalhadores, desta forma caímos ou no senso comum ou em um discurso de direita.

Você ainda coloca uma crítica aos investimentos em saúde e educação e pergunta se os investimentos estão sendo feitos por que estes dois setores sociais estão tão carentes. Ora meu amigo, até parece que estamos falando de um mundo onde tudo está muito bom e só o Brasil tem problemas sociais. Esse é o velho sentimento de colônia, que não sai da nossa cabeça. Os problemas com saúde e educação são problemas claros do modo de produção capitalista, se quisermos curar essa ferida, precisamos derrotar o capital e não o PT e a esquerda apesar de todas as contradições que estes têm mostrado nos últimos anos e nos governos, não somos os inimigos da sociedade, estamos do mesmo lado, até podemos ter perspectivas diferentes na construção política, mas não somos iguais a direita.

O Partido dos Trabalhadores tem feito muito sim pelo povo brasileiro, tem mudado sim a vida de milhões de brasileiros, mas o Partido não é o FIM, o Partido é um meio e não é único, existem outros meios que devem ser utilizados, mas negar a contribuição deste partido para o processo histórico, social, político e econômico na luta pela construção de uma nova ordem social, é uma cegueira, provocada pelo domínio ideológico exercido pela ideologia burguesa sobre os mais brilhantes militantes Marxistas, Marxianos e Anarquistas, que preferem a comodidade da crítica pela critica do que a ação efetiva pela construção de um mundo novo.

No mais meu caro amigo, faço também minhas críticas a questão da copa do mundo no Brasil, também tenho críticas a linha definida por meu partido para a gestão deste nosso país, mas me permito o direito de gostar de futebol, estou tentando assistir a todos os jogos possíveis, faço questão de comentar com os meus parceiros que também gostam de futebol sobre os jogos e sobre a qualidade das seleções, quem vai ganhar a copa, pouco me importa, a FIFA e seus patrocinadores já estão ganhando muito. Mas estou feliz por ver o povo brasileiro, nas ruas, não nos estádios pois sei que quem  está lá é nossa elite branca e rica, mas vejo nas ruas o sorriso, a alegria de um povo que não precisa só  de escolas e hospitais, mas precisa também sorrir, viver, precisa ter lazer, pois isso é uma necessidade fisiológica e orgânica o ser humano, mais uma vez parafraseando uma banda nacional, “a gente não quer só comida, a gente quer bebida, diversão e arte”. E ela está aí, o futebol movimentando os grupos sociais, as famílias, provocando a reunião, o encontro amistoso entre as pessoas e isso eu considero fundamental e importante para a construção desta nova sociedade que tanto procura em seus textos.


No mais companheiro e amigo, seu texto está muito bom e acredito que realmente sonha com este novo mundo. 

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