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quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

JOVEM NEGRO LEVA TIRO DA PM NO PRÉ-CARNAVAL DE CAETITÉ



NOTA DE REPÚDIO DO MOVIMENTO NEGRO UNIFICADO – CAETITÉ-BA

Na madrugada do dia 26 de janeiro de 2020, na Avenida Santana de Caetité-Ba, durante a 33ª Lavagem da Esquina do Padre, o jovem negro, Jailton Crispim Arruda, popularmente conhecido como Dai Black, foi alvejado com dois tiros na perna, disparados por um Policial Militar, sob o absurdo argumento de que teria tentado tomar a arma de um PM. Os disparos efetuados atingiram, ainda, uma foliona que estava próxima, numa ação imprudente que expôs toda uma multidão ao risco de vida.


Testemunhas alegam que Dai Black, estava dançando durante a festa com um grupo de amigos e, após a PM esbarrar nele, foi surpreendido com uma abordagem truculenta que originou os disparos do PM. Baleado, Dai Black foi algemado e obrigado a caminhar com extrema dificuldade (às vezes arrastado) do local da ação até o ponto de apoio da polícia, na Praça da Catedral.

Durante o percurso, ele sofreu violência física (socos e pontapés), moral e psicológica, além da humilhação pública, pois, os foliões sem o conhecimento dos fatos, aplaudiram a ação desastrosa da PM.

Na sequência da fatídica abordagem, Dai Black foi jogado no camburão e levado à UPA, onde ficou até o amanhecer do dia internado e algemado, sob a custódia ilegal da PM.

Este tipo de atuação faz parte de uma grande estrutura e institucionalização do que se compreende como racismo, visto que Dai Black é conhecido pela educação e carisma por todos de Caetité, o que leva a crer que não é apenas um tiro na perna de Dai Black, mas sim uma ação que constitui agressão à comunidade negra.

Tal afirmativa se sustenta no fato de que pesquisas e dados científicos comprovam que 75,5% das vítimas de homicídio no País, são negras. (Atlas da Violência: estudo publicado no dia 05/06/2019 do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública). Desta forma, a taxa de mortes chega a 43,1 por 100 mil habitantes e, para não negros, a taxa é de 16%.

A sociedade não pode assistir a tudo isso em silêncio e, nós do Movimento Negro Unificado de Caetité, não vamos nos calar diante deste absurdo, que silenciosamente grita o racismo explícito, caracterizado na ação absurda do PM. É questionável tal conduta, uma vez que existe normas de abordagem policial a serem cumpridas, às quais nem sempre funcionam para os jovens negros, tendo em vista a violência e a bala que chegam sempre antes, como se nossas vidas nada valessem.

Numa alusão ao abolicionista Castro Alves, sabemos que o camburão tem sangue de Navio Negreiro, reconhecemos isso como condição pertencente a um processo histórico de colonização e escravidão que insiste em marginalizar e assassinar os corpos dos negros e dos periféricos.

As autoridades, os sites e meios de comunicação locais, não se pronunciaram durante todo o domingo (apenas um ou outro de maneira tímida) e até o momento, não há posicionamento de nenhuma entidade ou nota oficial emitida pelo Comando da PM, nem tampouco da organização da festa. Os responsáveis por esta ação desastrada, trágica, infeliz e extremamente racista, bem como os responsáveis pelo evento devem uma resposta para a sociedade caetiteense, sobretudo, ao povo preto e ao povo da periferia urgentemente. Exigimos que esse silêncio seja quebrado e que seja feita justiça. Sabemos que a força da chibata está com quem usa farda e é braço direito do Estado. Não iremos nos calar como ora fazem as autoridades e os meios de comunicação local, estamos organizados e realizaremos um amplo debate e mobilizações em Caetité.

*VIDAS NEGRAS IMPORTAM!!!!

PAREM DE VIOLENTAR A POPULAÇÃO NEGRA!!!!*


Assinam essa carta: Levante Popular da Juventude; Coletivo Feminista Marias – Alto Sertão; Associação Brasileira de Pesquisadores Negros; Diretório Central dos estudantes da UNEB; Juventude Manifesta; Consulta Popular; PSOL; Coletivo Feminista Obá Elekó/ VCA; Movimento Estudantil de Educação Física – UNEB XII, Abayomi Organização de Mulheres Negras; Rede de Mulheres Negras da Bahia; Coletivo de Mulheres Negras Luíza Bairros. APN’s, MCOESO.

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