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sábado, 25 de janeiro de 2020
Carta a Marcelino Galo sobre Juca Ferreira: Considerações sobre a reconexão do fio condutor partido que ativa a esperança de um povo desesperançado pelo Paço Municipal.
janeiro 25, 2020
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por
Vinícius...
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"Juca Ferreira me fez sentir inicialmente atraído pela escrita fácil, como faz aquele habilidoso artesão que esculpe na pedra recalcitrante com tanta facilidade que até achamos que podemos esculpi da mesma forma."
*por Herberson Sonkha
Recebi por intermédio do valoroso deputado Marcelino Galo um texto primoroso sobre o que pensa o intelectual orgânico Juca Ferreira sobre a militância de esquerda e sua dolorosa via-crúcis política para manter vivo o sonho possível de uma outra sociabilidade e a esperança como fio condutor dessa distopia.
Aqui comparece com nitidez a tarefa cognitiva desse intelectual de esquerda: Ler, interpretar e propor a elaboração das linhas mestras que norteará a proposta estratégica de pré-candidatura à prefeitura de Salvador pelo Partido dos(as) Trabalhadores(as).
Como a UNESCO reconhece os manuscritos do guerrilheiro, escritor, ensaísta da economia política, o comunista argentino Ernesto Che Guevara como patrimônio da humanidade, um comunista imprescindível para a história contemporânea, sua frase atualíssima nos chama a responsabilidade sobre o destino da humanidade. Dizia ele, “Quando o extraordinário se torna cotidiano, é a revolução”. Óbvio, que não estamos vivenciando as condições objetivas/subjetivas de uma revolução, mas precisamos tornar esse momento coletivo extraordinário descrito por Juca Ferreira em cotidiano.
Neste sentido, o texto de Juca Ferreira me fez sentir inicialmente atraído pela escrita fácil, como faz aquele habilidoso artesão que esculpe na pedra recalcitrante com tanta facilidade que até achamos que podemos esculpi da mesma forma.
Contudo, enganam-se quem achar que sua narrativa está comprometida pela senilidade dos velhacos do partido da ordem. Penso que não, pois é uma narrativa profunda, sensata e perpassada pelos elementos da antropologia crítica. Sua sutilidade se parece com a de quem tem a hercúlea tarefa de informar aos parentes o falecimento de seu ente querido, e o faz com a maestria admirável. Rememorando Che, “hay que endurecerse, pêro sin perder Ia ternura jamás”. Com a leveza no semblante que lhe é peculiar, a doçura das palavras e o sensato tom de sorriso discreto, sustentado levemente nos lábios, nunca cinismo, acolhe os desesperados.
É exatamente essa força irrecusável que me puxara e me impeliu pelas veredas da abscissa que estrutura o pensamento desse intelectual extraordinário, pejado pelo cotidiano de nosso povo tão covardemente subalternizado pelas elites atrasadas. Quando vi já estava lá, sem me dar conta do tempo que passei lendo, ataviado pelo juízo crítico de companheiro. Bem assim! Adentrei impávido pelos “labirintos de outras histórias”, no dizer do simpático poeta anti-autocrata, Geraldo Azevedo (Você se lembra).
Assim, conduzido pelas mãos sensíveis do “poeta” do devir, ensimesmado pela verve sediciosamente insurrecta, senti-me confortavelmente recepcionado, acolhido, ladeado, misturado a outros tantos, igualmente desesperados, incrédulos, ressequidos, depauperados, humilhados, maltrapilho, andarilhos, desabitados, favelados, desonrados, aviltados, explorados, desracializados, cicutados pela heteronormatividade e seus patriarcas e alguns outros ismos...
Mas, igualmente encontrados nessa narrativa fácil e audaz desafiador do Paço Municipal. Derribar coletivamente o alabastro que serve com busto dos “lideres” da burguesia sobre o qual se ergue a bandeira dos vencedores. Inebriei-me distopicamente pela esperança estampada nos olhos desse pensador que revigora o sentido do populorum progressio. O texto plural me coube (afrodescendente e de Ogum) porque me fez andar festivo com a “caravana do deserto”, impulsionado pela escrita que agita na direção do mar de todos os santos, terra da justiça e da esperança. Kaô kabecilê, meu Pai Xangô!
Sua narrativa percorreu minhas veias, levantou-me em arrepios, fervilhou à guisa como bem observa e descreve as inúmeras narrativas de quem efetivamente vivencia o cotidiano da sobrevivência em busca de terra, salário, dignidade e pão. A parte que lhe cabe nesse quinhão... Cair recalcitrante, sem hesitar me permitir dançar por essa afetuosa picada da cilada da escrita, excepcionalmente anotada por quem escreve primorosamente, deixando pistas para caminhos mais densos, uma opção para quem gosta da teoria social critica.
Um texto deliciosamente escrito para quem ousa desafiar a si mesmo a reescrever a história dos invisibilizados, dos vencidos, dos proscritos. Sem arroubos, mas carregados de disposição, práxis política e estofo teórico para dialogar: "De pé, ó vítimas da fome. De pé, famélicos da terra".
Juca Ferreira, como sempre continua sendo muito feliz pela afortunada escrita com profundidade, sua ausculta lhe proporciona abordar a esperança de uma militância à esquerda. A narrativa decifra essas possibilidades em desuso pela tradicional hegemonia interna do partido que é a de ser companheiro das mudanças. Então, meu caro, “Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros”.
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