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sábado, 5 de abril de 2025

Audiência Histórica em Manoel Vitorino-BA

Imagem: Instagram do prefeito

Audiência Histórica Escancara ABANDONO
ADMINISTRATIVO em Manoel Vitorino-BA



“Diagnóstico apresentado por prefeito Vinícius Costa

revela impacto brutal da má gestão anterior

sobre município marcado por vulnerabilidade social

e dependência de políticas públicas estruturantes.”



*por Herberson Sonkha



Manoel Vitorino, BA — Em um marco inédito de transparência e comprometimento com a verdade, a audiência pública promovida pelo atual prefeito Vinícius alcançou proporções históricas ao revelar, com riqueza de detalhes, a extensão do abandono administrativo herdado das gestões anteriores em Manoel Vitorino, município localizado no sudoeste baiano. A sessão, que foi transmitida ao vivo pelas redes sociais e acompanhada de perto pela população, escancarou uma série de irregularidades, dívidas, descasos e negligências que hoje comprometem a funcionalidade plena dos serviços públicos — especialmente para a parcela mais vulnerável da população, que depende integralmente do poder público.

Localizado no semiárido baiano, Manoel Vitorino possui uma população estimada em 14.343 habitantes (IBGE, 2025), dos quais mais de 65% vivem em situação de vulnerabilidade socioeconômica, com renda per capita inferior a meio salário mínimo. O município tem como base econômica a agricultura familiar, a pecuária extensiva e o setor de serviços públicos. Enfrenta ainda desafios estruturais sérios em áreas como saneamento básico (com apenas 9% de cobertura urbana), habitação popular, pavimentação, educação, saúde pública e assistência social.


O retrato do caos administrativo

Durante a audiência, o prefeito Vinícius expôs uma série de números alarmantes. A começar por uma dívida previdenciária com o INSS que, segundo a atual gestão, torna “impossível” de ser quitada sem que o governo federal reabra programas como o Refis — uma espécie de refinanciamento fiscal que permita renegociação de débitos com descontos. Segundo o gestor, a prefeitura acorda com bloqueios de até R$ 40 mil diários, comprometendo pagamentos de servidores, fornecedores e a cadeia econômica local.

"Estamos falando de uma bola de neve gerada por anos de irresponsabilidade fiscal e administrativa", declarou o prefeito. “Não se trata de atacar gestões passadas, mas de assumir que há culpados e de representá-los judicialmente para que os prejuízos à cidade sejam reparados.”

A análise técnica da equipe contábil revelou ainda que ausência de prestação de contas e gastos sem lastro orçamentário foram práticas comuns nos últimos anos, ferindo os princípios constitucionais da Administração Pública, especialmente os da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (art. 37 da Constituição Federal).


População dependente 100% dos serviços públicos

Com um Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de 0,578, considerado baixo, e uma economia anêmica, grande parte da população de Manoel Vitorino depende de serviços essenciais financiados pelo Estado, como o Sistema Único de Saúde (SUS), o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), a rede municipal de ensino, programas de convivência com o semiárido, carro-pipa, benefícios de transferência de renda e iniciativas voltadas à agricultura familiar.

“A crise administrativa impacta diretamente o cidadão comum — o trabalhador rural, o aluno da rede municipal, a mulher em situação de vulnerabilidade, o idoso sem aposentadoria, o agricultor sem assistência técnica e sem água no campo. Quando a máquina pública para, é essa população que mais sofre”, enfatizou o secretário de administração durante a audiência.

A situação chegou a tal ponto que o município perdeu a operação do Exército na entrega de água, o que significou uma perda anual superior a R$ 3 milhões, resultando em dois anos de desabastecimento hídrico severo nas comunidades rurais. De acordo com a atual gestão, foram mais de 6 milhões de reais de prejuízo acumulado somente com essa perda.


Medidas emergenciais e fundamentos legais

A equipe atual vem tomando medidas administrativas e jurídicas com o objetivo de estabilizar a saúde financeira da cidade. Entre elas:

1. Ampliação da fiscalização interna e externa;

2. Reestruturação do Portal da Transparência, que antes tinha apenas 0,5% de índice de avaliação e hoje já disponibiliza contra-cheques, receitas e despesas em tempo real;

3. Adesão a programas estaduais e federais, com destaque para a retomada do Carro-Pipa;

Representação aos órgãos de controle, como o Ministério Público Estadual, Federal, e o Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia (TCM/BA), com base na Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/1992) e no Regime de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar 101/2000).

A própria audiência pública já se constitui como um instrumento de accountability e participação popular, conforme previsto na Lei de Acesso à Informação (Lei 12.527/2011), um pilar da democracia participativa e da governança transparente.


Democracia substantiva e o sentido de comunidade

A condução da audiência revela um avanço notável na consolidação de uma democracia de alta intensidade, conforme conceituada por Boaventura de Sousa Santos, que defende que a verdadeira democracia só se materializa quando todos os cidadãos têm acesso igualitário aos bens públicos, às decisões políticas e à dignidade humana.

O prefeito e sua equipe propõem um governo com base em planejamento participativo, priorizando a escuta das comunidades, a prestação de contas contínua e a articulação de políticas públicas para além da gestão fiscal. "A ideia é curar as feridas deixadas, reconstruir a cidade e olhar para o futuro com esperança. Estamos focados em resultados, não em política", pontuou o prefeito Vinícius, encerrando a audiência com emoção.

Ele ainda anunciou que, em breve, apresentará o relatório de 100 dias de governo, que trará conquistas já alcançadas e planos para os próximos meses — incluindo a instalação de sistemas simplificados de abastecimento de água nas comunidades mais afetadas, como alternativa ao alto custo da operação com caminhões-pipa.


Reflexão e responsabilidade coletiva

A narrativa que emergiu da audiência pública extrapola o campo da política institucional e atinge o coração da cidadania: a corresponsabilidade pelo desenvolvimento local. “Não é momento de política. É momento de união, de reconstrução e de compromisso ético com o povo”, disse o prefeito.

Para o prefeito, sereno quanto às suas responsabilidades, mas perplexo diante da situação, “não se trata de atacar ninguém, e sim de proteger o povo e reconstruir nossa cidade. Este é o momento de união, verdade e coragem.”

A realidade exposta em Manoel Vitorino não é apenas um alerta para o município, mas um retrato de inúmeros outros pequenos municípios brasileiros esquecidos pelas políticas públicas de longo prazo e vítimas de gestões ineficientes, muitas vezes opacas e negligentes. Que a experiência sirva como um chamado à responsabilidade política, à ética administrativa e ao fortalecimento dos mecanismos de controle social, tão essenciais à democracia verdadeira.


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