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domingo, 25 de fevereiro de 2018

O teórico do papel higiênico




*por Mauricio Campos

Maurício Campos
O teórico do papel higiênico chegou de sua viagem de pesquisas. Esperavam dele, os seus críticos, um fulminante fracasso. Entretanto, o teórico do papel higiênico chegou cheio de papel higiênico. A flamejante convicção, o árduo desejo de expor ao mundo suas conclusões a respeito da Terra plana, da sociedade contemporânea e a fraude da viagem à lua. Com o odor típico de seus argumentos, aproximava-se dos críticos o teórico do papel higiênico. Logo ouvir suas revelações anais a respeito da geografia terrestre.




— A terra é plana! Não é porque dizem que ela é redonda que eu devo acreditar.

— Que absurdo retruquei eu aquelas fortes teorias.

Naquele momento eu fiquei perplexo. Talvez os rumores de que o teórico do papel higiênico tinha como fonte de Pesquisas, a rede esgoto de televisão e a imprensa monopolista do grupo Abril 29, fossem verdade afinal.

Eis então naquela roda de debates acirrados, onde vários intelectuais se digladiavam no confronto de ideias, o teórico do papel higiênico avança:

 — Bandido bom, é bandido morto! Nossa bandeira jamais será vermelha! Amemos a população.

— como Honduras? Perguntei eu.

— não, pois assim como a população japonesa é menor que a dos Estados Unidos, a população de Honduras por ser menor não morrem tantas pessoas assim.

— Impossível! — eu disse — no Japão até a polícia é desmilitarizada.

Então como sempre polêmico, retrucou o teórico do papel higiênico:

  Vai para cuba! Nós não damos moleza para petralhas comunistas.

Apavorado com tamanho conhecimento tentei o ambiente amenizar, mudei o rumo do debate para a questão da viagem lunar.

— Mentira! O homem jamais pisou na lua. Os Comunistas soviéticos gravaram tal acontecimento em um estúdio, e agora usam esta demagogia para bolivarianizar a América — disse o teórico.

— Fascista! Retrocou o intelectual que ali debatia.

— Fascistas são vocês, porventura não sabeis que o nazismo foi de esquerda? Perguntou o teórico do papel higiênico.

Impactante fora aquele dia, em que o teórico do papel higiênico mandou ver em suas teorias. Eis então que o rumo dos debates atingiu o seu clímax.

— O socialismo matou mais de 100 milhões de pessoas! Exclamou teórico do papel higiênico.

— O capitalismo vem matando desde o século XV — Eu retruquei com convicção.

— Me indique um livro sério que mostre o total de morte do capitalismo — disse o teórico TPH.

— Mas teórico do papel higiênico, além de haver mais de 600 anos, continua aumentando todos os dias. Isto é incontável — Eu afirmei com voz trêmula.

— Já que não tem, isto comprova minha teoria, mas se quiser um número o socialismo tem um. 100 milhões de mortos — afirmou o teórico com ar triunfante.

Logo após este combate de ideias, edificante de nível excelente, totalmente coerente, saiu derrotado, porém contente. Aquele teórico brilhante e extraordinário, ultrarreacionário expõe suas teorias como o canto de um canário. Implacável, inteligente e excêntrico.

Este é o cara, o teórico do papel higiênico.



24/02/2018

*CAMPOS, Maurício. Crônica - O teórico do papel higiênico. 2018

By Maurício Campos

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