Translate
Seguidores
segunda-feira, 5 de agosto de 2013
Botequim de Merinha: nossa eterna Pasárgada...
agosto 05, 2013
|
por
Vinícius...
|
Praça do Lindóia: Espaço que se transformou na moderna Praça Barão do Rio Branco |
"Se considerarmos que música é a combinação de ritmo, harmonia e melodia, de maneira agradável ao ouvido. O que fazem na Bahia e vendem como música é uma perversidade com que tem o mínimo de compreensão do que é música, isto não passa de ruídos, portanto recomenda-se o senso crítico que não se deve considera-las como música na acepção da palavra, nó máximo chamaria de lixo"
*por Herberson de Sonkha
O Botequim de Merinha é refúgio daqueles que não encontram assento entre os banais, contudo é um lugar agradável e factível, porque longe disso, de segunda a sexta, a vida corre seu curso normal e incólume e sem perspectiva, a curto prazo, de mudanças significativas. Os fugidios do mundo real, cuja fuga deve ser uma possibilidade estratégica para quem não pretende adequar-se a visão modista do afamado ecletismo musical, inexoravelmente tem que viver neste mundo tórrido de ruídos, lixo musical, e descansar nos finais de semana e feriados deste insuportável mercado que insiste em chamar ruídos de música. Além disso, há uma roda de bambas que acredita que outro mundo é possível.
No Botequim de Merinha a conversa não se dá entre publicitários, advogados e engenheiros recém-formados em crise ideológica, porque hesitam entre as benesses do milionário mundo da publicidade e as convicções política partidária de esquerda que impõe dificuldades materiais acompanhada do clássico malabarismo para manter as finanças em dia. Mas, entre professores, servidores da administração pública e militantes de esquerda em extinção, regado à indefectível cerveja e intercalado por mordiscadas do tradicional tira-gosto de fígado cozido.
O ambiente é um pouco diferente dos bares apertadinhos e bem movimentados cariocas, com azulejo azul e branco e um teto de forró de madeira envernizado, um balcão velho, com estufa com ovos cozido, peixe frito e fígado cozido com tomate e pimentão. Em cima do balcão um frasco arredondado de vidro com tampa azul que conserva batatinha cozida num liquido amarelado do tempero e uma baleira cheia de frascos com tampas de alumínio encardido, repletos de doces. Na parede prateleiras com cinzano, jurubeba, cortezano, Malzebeer da Antártica, Tubaína com rótulo da metrópole paulista cheia de edifícios e ares cinzentos; conhaque cinco estrela presidente; garrafas de aguardente Pitú; garrafas de cerveja antártica com o rótulo de um pinguim azulado. Nas laterais vários cartazes, alguns com a tabela do jogo do bicho, campanha de alistamento no exército e propaganda de cigarro Advance, Plaza, Continetal, hollywood..
O maior propagandista do Botequim de Merinha, um recinto com ares familiar e aspetos inacabado, é o amigo João Paulo que além de ser um grande debatedor destas questões, canta e dança como nos tempos do Ticronays, Taquara, festa da Padroeira na Praça da Sá Barreto, Praça das Borboletas e os shows enfrente do Lindoia. Francamente, ele tem razão de advogar esta causa, porque aquele agradável círculo vicioso, exuberante por suas coisas boas constituiu-se na maior republica dos intelectuais apaixonados por música de qualidade, cantadas e tocadas pela velha guarda conquistense e, o que é melhor, sem embargo de poder conversar livremente sem a censura que inibe quaisquer formatos de dialogo classificando-o de inaccessível ou ultrapassado; ou porque é mais denso intelectualmente.
Muitas inflexões, reflexões e debates sobre temas como revolução, Karl Marx e o marxismo, teologia da libertação, Hegel, teoria anarquista, movimento negro, Zumbi dos Palmares, Antônio Conselheiro, Sertão e Cangaço, Capitalismo, Sociologia marxiana e weberiana, Michael Foucault, críticas ao fim da modernidade contemporânea, sobre o famigerado mercado da música baiana que mais parece ruídos, o futuro da humanidade e o papel da educação, enquanto pedagogia paulofreiriana para libertação dos oprimidos, como instrumento de transformação social.
Ao contrário de Manoel Bandeira, quando facciona um lugar inexistente para ser o seu abrigo, lugar predileto e agradável, nossa Pasárgada existe e lá, Botequim de Merinha, geralmente vara-se o dia e parte da noite, sendo impelidos pela música e embrenhados em polêmicas intermináveis, que na maioria das vezes nem prestamos atenção que o tempo corria a velocidade da luz. O Botequim de Merinha é o que Manoel Bandeira invocou como sendo a sua Pasárgada em seu poema ou um pedacinho da chamada Republica de Platão, contrariando a ideia de senso comum que assegura com certo rompante de dono absoluto da verdade, que: Política, música, religião e futebol não se discute porque isso é igual ao Anus, omnis homo habet.
O Botequim de Merinha, também Taberna dos Revolucionários, é bastante diferente e recomenda um passeio aos anos 70 e 80. Naquele tempo em que íamos para o bar para discutir política, futebol e religião e de lá surgiam grandes propostas e pensamentos como as que ganharam as ruas de Vitória da Conquista em fins dos anos 90, se transformando no Governo Participativo, lá no Boca de Forno que funcionava ao lado da Loja onze, do Superlar, onde hoje funciona o Hiper Bom Preço ou o Bar do finado Bila, na Moderato Cardoso.
O Botequim de Merinha é único e possuem características memoráveis que o diferencia dos demais Bares comuns da cidade: A velha guarda do samba reprisa memoráveis canções dos velhos carnavais, da MPB dos anos 80 e o regional comparece revendo composições do tempo em que Edgar Mão Branca cantava regional. Tudo isso num clima tranquilo, pois é frequentado por excelentes musicistas e estes com certeza tem assento especial por lá.
Nossa Pasárgada, na Rua Paulino Santos, ao lado da Escola São João Batista, próximo ao Viaduto que liga o Bairro Guarani ao centro e adjacências, marca um tempo longínquo dos intelectuais boêmios dos cafés conquistenses, distinto dos folguedos dos coronéis do café conquistense. A proposta apoiada pelo intelectual, professor, compositor e historiador da música baiana, João Paulo Pereira, é um esforço hercúleo do mesmo e de alguns outros nostálgicos inveterados pela boa música na tentativa de resignificar o conceito de barzinho que permeou o fim do século XX e continua permeando as primeiras décadas do século XXI, com seus lixos musicais, conversas banais e prosaicas e uma atmosfera hedonista.
No que pese saber que Vitória da Conquista tem o Café Society, muito bom por sinal, mas com uma proposta musical e de ambiente diferente, sabemos também que é difícil encontrar espaços privados que possa atender a este público mais exigente, haja vista que a grande coqueluche do momento, infelizmente, é o arrocha, funk e o famigerado pagodão, que na verdade de pagode não há nada. O que caracteriza este espaço é a oferta de ruídos que a mídia com sua estratégia de marketing agressivo insistem em vender como “música baiana”, que na verdade não há essa musicalidade pretendida, muito menos que seja produção exclusiva na Bahia.
Se considerarmos que música é a combinação de ritmo, harmonia e melodia, de maneira agradável ao ouvido. O que fazem na Bahia e vendem como música é uma perversidade com que tem o mínimo de compreensão do que é música, isto não passa de ruídos, portanto recomenda-se o senso crítico que não se deve considera-las como música na acepção da palavra, nó máximo chamaria de lixo, diferente do que foi trash egresso do Heavy metal dos anos 70 e 80 que incorpora elementos da Nova Onda Do Heavy Metal Britânico (NWOBHM) que surge inicialmente na Inglaterra, populariza-se na Europa e ganha o mundo, com a música hardcore punk se constituído num novo estilo.
Que pena que Gabriel García Márquez não tenha influenciado positivamente outras mães, como fez com a Senhora Belisa Ribeiro que, após ler o livro “Cem anos de Solidão” do Gabriel García Márquez, desistiu de chamar o pequeno Gabriel Pensador de Pablo... O livro tem o poder de humanizar e influenciar positivamente as pessoas e, é justamente por isso, que continuo acreditando que se os pais lessem mais, certamente seus filhos poderiam ser melhores no gosto pela leitura e refletiria na formação emocional, intelectual, cultural e, principalmente musical dos filhos.
De volta ao Botequim de Merinha, eram quase duas da madrugada e ouvíamos aquelas música que entrava na veia como veneno e nos enchia de nostalgia fazendo com que observássemos do alto da janela que dava para Rua Dom Pedro II, fazendo relembrar dos bons tempos em que tomávamos banho na barragem do Poço Escuro e acompanhávamos a saída dos desfiles carnavalescos da Rua Sá Barreto, dezenas de foliões com suas mortalhas ficam concentradas no arco do Clube Social Conquista, pois a entra ficavam apara Rua Sá Barreto e não para a Rua Paulino Santo, ou Praça Sá Barreto. Recordo-me que há via uma placa que dizia que a pedra fundamental foi lançada por pelo Prefeito Edvaldo Flores em 1956, os responsáveis pela obra foram José Pedral Sampaio e Aliomar Coelho, concluída e inaugurada em 1958.
A música fluía madrugada adentro como veneno nas veias alimentando um sonho quase impossível de ser realizado que era voltar no tempo e embriagar-se com os anos 80, com doses cavalares de músicas do Ultraje a Rigor, Titãs, Legião Urbana, 14 bis, Barão Vermelho, Kid Abelha, Ira, Legião Urbana, Ultraje a rigor, Engenheiros do Hawaii, Titãs, RPM, Claudio Zoli, Marina Lima, Elba Ramalho, Maria Bethânia, Zizi Possi, Fafá de Belém, Elis Regina, Gal Costa, Rita Lee, Rosana e Joanna, Caetano Veloso, Chico Buarque, Milton Nascimento, Tom Jobim, Guilherme Arantes, Flávio Venturini, Ivan Lins e Gilberto Gil. Músicas internacionais com Michael Jackson, Cher, Madonna, Debbie Gibson e Cyndi Lauper, Tina Turner, Private Dancer, Kylie Minogue, Janet Jackson, George Michael, Boy George, Lionel Richie, David Bowie, Whitney Houston, Paula Abdul, Prince, Billy Idol, Bruce Springsteen, Laura Branigan, Roxette, A-ha, U2, The Police, Duran Duran…
Vou embora pra Pasárgda...
Assinar:
Postar comentários
(
Atom
)
Buscar neste blog
+Lidas na Semana
por autor(a)
Arquivo
-
▼
2013
(118)
-
▼
agosto
(27)
- David Harvey: importância da imaginação pós-capita...
- Entenda por que médicos cubanos não são escravos
- Palco Alternativo: Carisma de Paulo Alabart encant...
- Palco Principal: O Festival de Inverno é uma turnê...
- O PT PRECISA MUDAR
- Mídia Ninja e Fora do Eixo: uma polêmica necessária
- Diálogo com Ruy Medeiros
- Por que os homens inventam histórias?
- COMUNICAÇÃO ORGANIZADA: Blogueiros querem criar as...
- EDUARDO BOAVENTURA: “Vivemos num Estado culturalme...
- Blogueiros de Vitória da Conquista e a comunicação...
- Waldir... Ô Waldir, porque tu és assim?
- Filosofia das Batatas
- Cineasta rompe o silêncio e denuncia como trabalha...
- Por que batemos em nossos filhos?
- BRUMADO: PROFESSORES MUNICIPAIS IRÃO REALIZAR PARA...
- DISCURSO DA SECRETÁRIA NA 5ª CONFERÊNCIA MUNICIPAL...
- Da mi-carême ao carnabeach: história da(s) micaret...
- Botequim de Merinha: nossa eterna Pasárgada...
- Um novo momento dos trabalhadores na América Latin...
- Egito: Morsi foi derrubado pelo movimento revoluci...
- O Navio Negreiro – Castro Alves (Poema na integra)
- Brasil: A Esquerda Marxista entra no Diretório Nac...
- Sobre o PT, a esquerda e as massas
- Análise do poema Navio negreiro – Castro Alves Par...
- OS VEREADORES DO PSB DE CONQUISTA E A HIPOCRISIA
- O vereador, o médico, o povo sábio e o povo tolo
-
▼
agosto
(27)
0 comments :
Postar um comentário