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EDITORIAL | O Grito do Povo Conquistense
O grito da população conquistense contra a repressão bolsonarista
de Sheila Lemos em Vitória da Conquista
*por Herberson Sonkha
VITÓRIA DA CONQUISTA (BA) – O Fórum Sindical e Popular (FSP) de Vitória da Conquista se prepara para o dia 7 de setembro de 2025, data oficial da Independência do Brasil. Neste dia, o povo trabalhador do Sudoeste baiano organiza o 31º Grito dos Excluídos e Excluídas, ato nacional que traz como lema:
“Vida em Primeiro Lugar – Cuidar da Casa Comum e da Democracia é luta de todo dia”.
Mais do que uma palavra de ordem, o lema expressa uma denúncia direta contra o projeto de morte imposto pelo capitalismo neoliberal e pela extrema-direita bolsonarista que ainda governa municípios como Vitória da Conquista, sob a gestão da prefeita Sheila Lemos (União Brasil).
O sentido histórico do Grito e a manipulação da independência
Criado em 1995, durante o governo do ex-prefeito José Pedral, o Grito dos Excluídos e Excluídas nasceu como contraponto ao desfile cívico-militar do 7 de Setembro. Enquanto o Estado exalta uma independência formal e limitada de 1822 — conduzida por uma elite escravocrata e colonialista —, o Grito ressignifica a data, transformando-a em espaço de luta por uma segunda independência, que só será possível com a libertação da classe trabalhadora frente à exploração capitalista e ao imperialismo.
É justamente essa memória que Sheila Lemos e o bolsonarismo buscam sufocar. Para esvaziar o ato popular, o governo municipal tem recorrido a práticas de intimidação: desloca veículos e motos em estilo de motociata bolsonarista para abafar a mobilização e, em ocasiões anteriores, a prefeita sequer permaneceu no palanque, deixando claro seu desprezo pelas vozes do povo.
A luta pela vida contra o lucro e a repressão estatal
O lema “Vida em Primeiro Lugar” denuncia a lógica de morte imposta pela mercantilização da vida. Em Vitória da Conquista, isso se materializa na precarização dos serviços públicos, no sucateamento da saúde, na privatização velada da educação e na devastação ambiental em nome do lucro de poucos.
A prefeita Sheila Lemos, alinhada ao bolsonarismo, utiliza a máquina pública e os aparatos repressivos do Estado não para garantir direitos, mas para silenciar a população organizada. O espaço democrático das ruas é substituído por um palco de intimidação fascista.
Justiça social e a negação da democracia popular
O Grito dos Excluídos e Excluídas é, historicamente, um chamado contra injustiças sociais estruturais: concentração de terras, exploração do trabalho, racismo estrutural, desigualdade de gênero e genocídio da juventude negra. Essas pautas confrontam diretamente o projeto político de Sheila Lemos, herdeira do bolsonarismo e representante da elite conservadora conquistense.
Do ponto de vista sociológico, como lembra Louis Althusser, a repressão não é um excesso isolado, mas função do Estado burguês enquanto aparelho repressivo. Assim, ao mobilizar motociatas para abafar o Grito, Sheila Lemos reafirma seu alinhamento à violência simbólica e física contra a classe trabalhadora.
As pautas concretas: reformas estruturais contra a elite
O Grito de 2025 articula-se ao Plebiscito Popular, com reivindicações centrais:
Fim da jornada 6x1 – contra a superexploração do trabalho, realidade vivida por comerciários, profissionais da saúde e trabalhadores de serviços em Conquista.
Taxação dos super-ricos – medida que atinge diretamente as elites que financiam campanhas e sustentam politicamente o bolsonarismo local.
Isenção de IR até R$ 5 mil – enfrentamento ao sistema tributário regressivo que penaliza trabalhadores e protege milionários.
Essas propostas ameaçam os privilégios das classes dominantes e, por isso, encontram resistência do governo municipal.
Serviços públicos, meio ambiente e democracia
O Grito também reafirma bandeiras históricas:
Educação, saúde e transporte público de qualidade – direitos previstos na Constituição de 1988, mas sistematicamente desmontados por políticas neoliberais. Em Conquista, sob Sheila Lemos, a saúde enfrenta filas, a educação sofre cortes e o transporte coletivo está subordinado à lógica do mercado.
Defesa do meio ambiente – contra o avanço do agronegócio predatório e da especulação urbana, que destroem o Cerrado e afetam diretamente as populações periféricas.
Defesa da democracia popular – entendida não como o voto a cada quatro anos, mas como exercício cotidiano de organização popular, nos bairros, sindicatos e associações comunitárias.
É justamente essa democracia popular que a gestão municipal tenta sufocar.
As ruas como campo da luta de classes
Em 2025, o ato se concentrará no cruzamento da Avenida Integração com a Régis Pacheco, espaço popular marcado pelo fluxo cotidiano da classe trabalhadora. Ocupá-lo é disputar a cidade contra o monopólio simbólico e repressivo da prefeitura.
Sheila Lemos age como porta-voz do bolsonarismo local ao tentar naturalizar a ideia de que as ruas pertencem às elites e à direita. Mas as ruas são do povo, e somente na ocupação popular elas se tornam território de resistência.
Vida em primeiro lugar contra o fascismo local
O chamado final do Grito — “O Grito é de todos e todas nós! Vamos às ruas afirmar que a vida vem em primeiro lugar!” — assume, em Vitória da Conquista, um caráter ainda mais urgente. A cidade vive sob um governo que governa com os métodos do fascismo bolsonarista: intimidação, criminalização dos movimentos sociais e submissão total ao capital.
A luta do 31º Grito dos Excluídos e Excluídas, portanto, vai além da defesa de melhores condições de vida. É uma batalha histórica e política contra o projeto de morte da extrema-direita. É a luta pela vida contra o lucro, pela democracia popular contra o autoritarismo, pelo poder do povo contra o poder do capital.
Em Vitória da Conquista, o Grito ecoa mais forte porque enfrenta, de forma concreta, a repressão direta de um governo que não representa o povo. Sheila Lemos pode mobilizar carros e motos para tentar silenciar o protesto, mas jamais apagará a voz da classe trabalhadora organizada.
Enquanto houver exclusão, haverá Grito. Enquanto houver bolsonarismo, haverá resistência popular.
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* Herberson Sonkha participa desde 1995 e integra a coordenação do Grito dos Excluídos e Excluídas em Vitória da Conquista
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