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Na região Sudoeste, a mobilização está sendo articulada pelas mulheres negras feministas do Movimento Negro Unificado (MNU), em parceria com outros coletivos, entidades e movimentos de mulheres negras. A relevância do MNU é inegável: fundado em 1978 por intelectuais e militantes como Milton Barbosa, Hamilton Cardoso, Flávio Carrança, Vanderlei José Maria, Rafael Pinto, Neuza Maria Pereira, Jamu Minka e a intelectual e ativista Lélia Gonzalez, entre outros, tornou-se referência na luta contra o racismo no Brasil. Considerado o mais importante movimento negro da segunda metade do século XX, o MNU mantém atuação regional em Vitória da Conquista e municípios vizinhos.

Reunião em Vitória da Conquista

O primeiro passo será a formação do Comitê Impulsor Regional, marcada para o dia 19 de setembro, às 14h, no Centro Integrado de Direitos Humanos (Av. Otávio Santos, nº 744 – Bairro Recreio, Vitória da Conquista – BA). A reunião discutirá a organização da caravana do Sudoeste rumo à Marcha, abordando questões como logística, alimentação, segurança, acolhimento das participantes e articulação política.

De acordo com a convocatória, o objetivo é garantir uma caravana “segura, acolhedora e potente”, capaz de representar a diversidade e a força das mulheres negras da região. O Comitê funcionará como instância organizativa, responsável por transformar a mobilização em presença efetiva em Brasília.

Denúncia e reivindicação

As organizadoras ressaltam que a Marcha Nacional será um espaço para expor ao mundo as denúncias históricas do movimento negro: o racismo estrutural, o sexismo e as diversas formas de violência contra as mulheres negras. Ao mesmo tempo, a mobilização terá caráter propositivo, com a exigência de justiça, reparação histórica e políticas públicas concretas que garantam saúde, educação, moradia digna, segurança pública sem racismo e igualdade de oportunidades.

“O protagonismo das mulheres negras é central nesse processo. Ao nos organizarmos, mostramos que não vamos aceitar mais a invisibilidade nem a marginalização. Marchamos por reparação, por justiça e pelo bem viver”, afirmam as militantes do MNU Sudoeste.

Mobilização necessária

Mais do que simbólica, a mobilização nacional é estratégica. A participação massiva em Brasília é vista como forma de pressionar o Estado brasileiro e dar visibilidade a reivindicações que, isoladamente, dificilmente recebem resposta. Ao mesmo tempo, fortalece a unidade e o protagonismo político das mulheres negras, reafirmando a luta histórica por igualdade racial e de gênero.

O Comitê Impulsor Regional será também um espaço de cuidado coletivo: organizará recursos, garantirá segurança física e psicológica das participantes, articulará parcerias locais e construirá redes de solidariedade para assegurar que nenhuma mulher fique de fora por falta de condições financeiras ou vulnerabilidade social.

Histórico de luta

O MNU, articulador da mobilização no Sudoeste, nasceu em um período de intensa repressão da ditadura militar. Em 7 de julho de 1978, no viaduto do Teatro Municipal de São Paulo, o movimento lançou publicamente sua luta contra o racismo e pela valorização da identidade negra. Desde então, tornou-se referência nacional e internacional na luta por direitos e igualdade.

Na região Sudoeste da Bahia, a atuação das mulheres negras feministas do MNU reafirma essa tradição, organizando-se para que a região não apenas esteja representada na Marcha, mas também participe ativamente da construção de uma agenda nacional de reparação e bem viver.

Agenda

Reunião de formação do Comitê Impulsor do Sudoeste: 19 de setembro, às 14h, no Centro Integrado de Direitos Humanos, Vitória da Conquista – BA.

Marcha Nacional por Reparação e Bem Viver: 25 de novembro de 2025, em Brasília – DF.

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* Herberson Sonkha é editor do Blog do Sonkha e membro do Movimento Negro Unificado (MNU) Sudoeste.