Translate

Seguidores

terça-feira, 23 de setembro de 2025

Professor Reginaldo é pré-candidato à Reitor da UESB

Foto: Nagual Pardo

Professor Reginaldo Santos Pereira é lançado como pré-candidato
à Reitoria da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)



*por Herberson Sonkha




VITÓRIA DA CONQUISTA/BA - O processo sucessório da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) ganhou contornos mais definidos no último domingo (21), quando o reitor Luiz Otávio de Magalhães anunciou, durante a tradicional Feirinha do Bairro Brasil, em Vitória da Conquista, o nome que representará seu grupo na disputa pela reitoria: o professor Reginaldo Santos Pereira, de 49 anos, atual pró-reitor de Graduação.

O local escolhido para o anúncio não foi casual. Ao levar a notícia para um espaço popular, frequentado majoritariamente por trabalhadores e trabalhadoras, a gestão sinalizou que a universidade não pode se restringir a gabinetes ou auditórios formais, mas deve dialogar diretamente com o povo. É um gesto simbólico que reafirma o caráter público e social da UESB.


Continuidade com renovação

A escolha de Reginaldo aponta para a continuidade do projeto político-pedagógico iniciado nas últimas gestões. Em vez de ser vista como um simples prolongamento, essa continuidade é apresentada como garantia de estabilidade institucional e preservação de avanços conquistados em tempos de crise orçamentária e de ataques à educação pública.

O próprio pré-candidato frisou o compromisso com o debate coletivo: “Nós temos aí 2026 como marco da sucessão eleitoral (...) e o nosso grupo gestor, coordenado pelo professor Luiz Otávio de Magalhães, já iniciou os debates, já tem uma discussão importante apresentando a nossa candidatura à reitoria da Universidade, é uma pré-candidatura”. Ao se declarar pré-candidato, Reginaldo não antecipa uma imposição, mas abre espaço para a construção participativa de sua plataforma, garantindo que a comunidade acadêmica seja protagonista na definição dos rumos da universidade.


Escuta e participação como método

Em sua fala, Reginaldo destacou que o Plano de Gestão será construído a partir da escuta ativa dos segmentos internos: docentes, técnicos administrativos e estudantes. Diferente de uma promessa vaga, essa postura encontra lastro em sua atuação na pró-reitoria de Graduação, marcada por iniciativas de diálogo e pela defesa da participação.

Nessa perspectiva, a futura gestão pretende ser fruto de um processo democrático, onde cada categoria terá espaço real para intervir. Ao não apresentar metas fechadas neste primeiro momento, o professor reforça que o plano não será imposto de cima para baixo, mas sim resultado de uma construção coletiva.


Universidade como motor regional

Outro ponto destacado foi a importância da UESB para o desenvolvimento do interior da Bahia. Reginaldo lembrou que estudantes e egressos da instituição atuam em cidades como Itapetinga e Jequié, contribuindo de maneira decisiva para o fortalecimento social, econômico e cultural da região. “Nosso Plano de Trabalho vai potencializar a importância dessa Universidade no desenvolvimento regional, educacional, técnico, científico, político, cultural, ético e estético”, disse.

Esse discurso, longe de generalista, reafirma uma visão de universidade como agente transformador da sociedade. Mais que formar mão de obra, a UESB cumpre papel histórico de formar sujeitos críticos, capazes de intervir nas contradições de classe, nas desigualdades raciais e nas disputas por direitos.


Um perfil marcado por raça, classe e gênero

Professor do curso de Pedagogia, integrante do Programa de Pós-Graduação em Educação (mestrado e doutorado) e atual pró-reitor de Graduação, Reginaldo reúne experiência acadêmica e administrativa. Mas sua trajetória ultrapassa currículos formais: trata-se de um intelectual negro, que se afirma e se reconhece como tal, respeitado dentro e fora da UESB.

Sua práxis político-pedagógica tem como referência a luta de classes, a crítica às desigualdades estruturais e a defesa de políticas afirmativas de raça e gênero. Essa postura, que dialoga com os movimentos sociais e com a agenda da universidade pública crítica e emancipatória, dá à sua pré-candidatura um caráter simbólico: pela primeira vez, a UESB pode ter à frente de sua reitoria um homem negro que conjuga saber acadêmico e compromisso político. 


Desafios transformados em possibilidades

Críticas comuns em disputas universitárias — como a ideia de que a continuidade significaria imobilismo ou que discursos amplos seriam vagos — são, na verdade, pontos de força. A continuidade representa segurança institucional em meio a instabilidade política e econômica. E o discurso amplo, ao invés de limitar, abre espaço para que toda a comunidade participe da definição de prioridades, garantindo legitimidade social e pluralidade acadêmica.

O desafio da permanência estudantil, da contratação de técnicos e docentes e da ampliação da infraestrutura não é ignorado: são reconhecidos como pautas centrais que só podem ser enfrentadas de forma coletiva, com mobilização interna e articulação política junto ao Estado. 


Caminhos para a sucessão

Com a indicação de Reginaldo Santos Pereira, a UESB inicia oficialmente a corrida pela reitoria. Sua candidatura aparece como uma proposta de estabilidade com renovação, fundada no diálogo e na valorização da diversidade. Para além da disputa interna, ela projeta a universidade como espaço de resistência e transformação em uma Bahia marcada por desigualdades históricas.

Mais do que a continuidade de um grupo, o nome de Reginaldo simboliza a afirmação de que a UESB precisa seguir sendo pública, laica, popular e comprometida com os que mais necessitam dela. Sua trajetória acadêmica e militante, associada à identidade negra e ao compromisso com pautas de classe e gênero, pode abrir um novo ciclo na história da instituição, onde a universidade e a sociedade caminham lado a lado.


0 comments :

Postar um comentário

Buscar neste blog

por autor(a)

Arquivo

Inscreva seu e-mail e receba nossas atualizações: