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quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Qual o papel da força policial em um governo que se propõe minimamente progressista?


*por Herberson Sonkha


Neste mês em que entidades do Movimento Negro promovem diversas atividades para refletir criticamente sobre as múltiplas expressões do racismo e fortalecer a luta antirracista, a Bahia enfrenta uma contradição gritante. Enquanto se intensificam as ações em memória e resistência, o silêncio ensurdecedor do governo estadual e do órgão responsável pela promoção da Igualdade Racial frente à contínua matança de jovens negros pela polícia nos impõe um questionamento urgente: o governo da Bahia é refém das forças policiais ou compactua com este extermínio?

O papel da polícia em um governo progressista deveria ser diametralmente oposto a práticas de repressão e extermínio. Em vez de perpetuar um sistema violento e racista, a força policial deveria operar sob diretrizes voltadas à promoção de segurança cidadã, com respeito aos direitos humanos e combate efetivo às desigualdades estruturais. No entanto, os dados alarmantes sobre a letalidade policial no estado, somados à ausência de respostas concretas e políticas públicas transformadoras, sugerem um alinhamento tácito ou mesmo uma incapacidade de romper com os mecanismos históricos que sustentam a violência estatal contra a população negra.

Esse cenário exige uma reflexão profunda: qual a responsabilidade de um governo que se diz progressista diante de uma realidade de genocídio negro? Permanecer em silêncio ou omisso é, de fato, uma escolha política que legitima a continuidade dessas práticas. O compromisso real com a justiça racial e a proteção da vida passa, necessariamente, pela revisão das políticas de segurança pública, pela desmilitarização das forças policiais e pela implementação de ações que garantam a dignidade da juventude negra.

Enquanto o governo não tomar posição explicita e corajosa frente a essa questão, o Movimento Negro continuará sendo uma voz crítica indispensável na luta contra o racismo e pela vida, expondo as contradições de um estado que precisa urgentemente escolher entre justiça ou conivência.


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