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Forças Armadas: um custo monumental e um retorno irrisório
Foto: Esquerda Diário |
*por Herberson Sonkha
No Brasil, as Forças Armadas recebem um orçamento estratosférico que ultrapassou R$ 78 bilhões em 2024. Tal montante representa um gasto quase mítico, sustentado por um país marcado pela desigualdade social, enquanto as universidades públicas, que efetivamente contribuem para o desenvolvimento da nação, operam com menos de 10% desse valor. Este abismo orçamentário não é apenas um dado econômico; é um retrato fiel de uma prioridade política perversa, que beneficia uma instituição historicamente marcada por ineficiência, repressão e descompromisso com as demandas sociais.
Desde a ditadura militar (1964–1985), as Forças Armadas brasileiras têm sido exaltadas como guardiãs da ordem e da soberania nacional. Contudo, sua atuação prática tem demonstrado o contrário. Durante o regime ditatorial, longe de proteger o povo, os militares instituíram uma máquina de repressão brutal, silenciaram vozes dissonantes e sustentaram o capital estrangeiro em detrimento do bem-estar do povo brasileiro. O legado da ditadura, portanto, não é de defesa, mas de desmonte democrático e endividamento público.
Atualmente, a justificativa para o orçamento inflado não encontra respaldo na realidade. As Forças Armadas não conseguem proteger a Amazônia diante do avanço do garimpo e do desmatamento ilegal, tampouco combatem o narcotráfico ou enfrentam as milícias que dominam territórios urbanos. Ainda assim, consomem mais recursos do que setores fundamentais, como educação e saúde. O resultado? Um gasto desproporcional que onera as contas públicas sem oferecer à sociedade resultados tangíveis.
Renato Russo, em Faroeste Caboclo, lançado pelo álbum Que País é Este da Legião Urbana, capturou em versos o sentimento de indignação contra essa inércia militar. Ao ironizar o "general de dez estrelas que fica atrás da mesa com o cu na mão", Russo denunciava não apenas a covardia, mas a desconexão das elites militares com as reais necessidades do país. Décadas depois, a crítica segue atual, reforçando o abismo entre o custo e a entrega das Forças Armadas.
Universidades públicas: um contraste evidente
Por outro lado, as universidades públicas, com um orçamento em torno de R$ 6,38 bilhões, entregam resultados concretos: formam médicos, engenheiros, professores, realizam pesquisas de ponta e desenvolvem tecnologias que transformam a vida dos brasileiros. Mesmo com subfinanciamento, essas instituições conseguem devolver à sociedade muito mais do que recebem, provando que o investimento em educação é um motor essencial para o desenvolvimento.
Se a lógica fosse meritocrática, o orçamento das universidades deveria ser prioridade absoluta. Mas o que se vê é um Brasil onde a balança pende para o militarismo vazio, um resquício de um passado autoritário que insiste em sobreviver, enquanto o presente clama por educação, ciência e cultura.
Reavaliar prioridades!
É urgente que o Brasil repense suas prioridades orçamentárias. Enquanto um setor parasitário suga bilhões sem oferecer retorno, outro é negligenciado apesar de sua comprovada eficiência e relevância social. A manutenção desse modelo não apenas perpetua injustiças, mas também compromete o futuro da nação.
O Brasil precisa decidir: continuará investindo em um aparato militar ineficiente e alheio às necessidades do povo, ou finalmente priorizará educação, ciência e saúde como bases para um país mais justo e democrático? A resposta, parafraseando o próprio Renato Russo, é mais do que uma questão política; é uma questão de dignidade.
*Herberson Sonkha, marxista-leninista.
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